REFLEXÕES MAÇÔNICAS


 

Ocupei a Secr. Est. de Orient. Ritual. do GOERJ, depois do GOB-RJ e também a Secr. Ger. de Orient. Ritual. do GOB... Quando ocupava o cargo de GM Est. Adj., participei das revisões dos rituais com o Irmão Marcos José.

Sempre fui ritualista e defendi a padronização das práticas ritualísticas, mas, sempre tem um ‘mas’, passei a observar a preocupação marcante dos Irmãos com esses procedimentos, em detrimento dos ‘PORQUÊS’...

Então me recordei do meu 1º Vig., ele obrigava que cada um de nós aprendizes, erámos 4, que descrevêssemos o que entendíamos de cada alegoria e símbolo maçônico encontrado no ‘Templo Maçônico’... Assim, erámos obrigados a estudar e interpretar a simbologia dos símbolos e alegorias, emitindo nossa interpretação e opinião.

Costumamos dizer que o conhecimento maçônico está oculto por símbolos e alegorias, VERDADE! Porém, a algum tempo, os maçons não estão descobrindo esse conhecimento... Estão muito preocupados em colocar o pezinho para frente depois para trás, medindo até com uma régua a distância, sem saber porque o pé vai para a frente depois volta...

Vejo os Irmão preocupados em repetir rigorosamente movimentos, posturas e palavras sem saber o porquê, como robôs, como máquinas repetindo movimentos e como papagaios repetindo palavras e frases, sem saberem o seu significado.

Estudando a história da Ordem, observamos que a primeira organização maçônica que estruturou a organização maçônica, a GL de Londres e Westminster, em 1717, depois GL da Inglaterra e posteriormente GL Unida da Inglaterra, foi fundada por Lojas Maçônicas que se reuniam em Tabernas.

Nessa altura vemos a primeira inconsistência da ordem atualmente, ao se reunirem em tabernas, antros de beberagem, comilança e promiscuidade, não seria possível a presença de qualquer livro sagrado, prática religiosa que só foi incluída nos locais que passaram a serem específicos para as reuniões maçônicas, os ‘Templos Maçônicos’, após 1717, quando o maçom James Anderson, ministro da Igreja Protestante da Escócia, incluiu a obrigatoriedade da presença bíblia nos Templos Maçônicos, na Constituição da GL, publicada em 1723, e que ficou conhecida como Constituição de Anderson.

Nós maçons, gostamos de nos proclamar ‘Livres Pensadores’, porém, um Livre Pensador é um inconformado, alguém que não aceita qualquer coisa sem questioná-la, alguém que busca o conhecimento através do estudo, da pesquisa, do questionamento e da interpretação permanente de fatos e dados disponíveis.

Somos realmente Livres Pensadores? Ou repetidores obstinados de movimentos, comportamentos, palavras e falas, sem questionar o porquê de fazer isso ou aquilo?

A ritualística é um “MEIO” para se alcançar um “FIM”, o “Conhecimento”, mas parece que a algum tempo os maçons a transformaram em um “FIM”! Segue-se o ritual rigorosamente, sem saber o porquê das práticas ali estabelecidas... O importante é cumprir rigorosamente o que determina o ritual, sem se importar em entender o porquê...

Fico preocupado ao ver a ritualística se transformar em um dogma... Pratique o que está escrito, sem questionamento ou reflexão, quando alguém erra ou questiona uma prática maçônica, parece que está blasfemando contra os céus maçônicos!

Espero que tenham entendido minha posição... O importante não é todos fazerem igualzinho, o importante é saber o que está fazendo e por quê! Por exemplo, na abertura da Loja o importante é questionar o 1º Vig. se o Templo está coberto, e isso é claro, ninguém é cego, e todos entraram juntos e trancaram as portas, então existe várias razões para o VM, fazer esse questionamento, que obviamente não é uma razão física, bem vamos em frente, a questão fundamental é o VM questionar o 1º Vig. sobre a cobertura, então, no meu ponto de vista, tanto faz a forma como o questionamento é feito – “Irmão 1º vig. qual o 1º dever do vigilante em Loja?”; “Irmão 1º Vig. qual é o 1º dever na abertura da Loja do vigilante?”; “Amado Ir. 1º Vig. qual o 1º dever do vigilante na abertura da Loja?”; “Ir. 1º Vig. o templo está a coberto”; “Irmão 1º Vig. qual é o 1º dever do vigilante na abertura da Loja?”; como os Irmãos podem observar, o mais importante foi feito pelo VM, apenas usando frases diferente, assim, o que é fundamental, o questionamento do dever do 1º Vig., foi feito!

No passado não existiam rituais, eram compiladores, que apenas traçavam as linhas básicas das sessões. Em nome dessa tão desejada padronização, os rituais foram ficando cada dia mais detalhados, incluindo falas e depois detalhando os procedimentos.

Hoje, com os rituais tão detalhados, um sujeito de inteligência mediana e que saiba ler, compra um ritual no sebo, dá uma olhada em alguns sites na internet, que explicam tudo sobre procedimentos maçônicos, entra em uma Loja, participa da sessão e se duvidar até ocupa um cargo. Pois os rituais e os sites na internet permitem que qualquer um acompanhe uma sessão e participe só acompanhando o ritual.

Mas, como os maçons faziam no passado se não existiam frases para repetir? “Frequentavam a Loja!” E aprendiam como se desenvolve a sessão, não decoravam falas, mas, sabiam o que deveriam falar, e quando deveriam falar, não existiam comandos no ritual, como – ‘Irmão M. Cer. faça isso, faça aquilo’, mas, o M. Cer. sabia o que fazer e quando fazer, assim, um invasor, mesmo que conseguisse um compilador, não iria entender nada e nem acompanhar a sessão... Maçonaria era ensinada e aprendida de “boca a ouvido!”, coisa que ouvi de um MM inglês!

Procurem estudar, pesquisar, perscrutar, questionar e descobrir os grandes ensinamentos e conhecimentos ocultos nos símbolos e alegorias maçônicos... Cabe a você, só a você, encontrar e decifrar o conhecimento oculto, pois, cada um descobrirá a mensagem que está oculta na simbologia, que foi oculta para você descobrir... Isso é desbaste da pedra, e um trabalho pessoal, unicamente seu!

Pensem nisso...

Eduardo G. Souza

 

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