Meus Irmãos.
No dia 25/11/2023 completei 35 anos de Iniciado na nossa
Sublime Ordem.
Nessa longa estrada maçônica tive grandes alegrias, também
grandes decepções.
A finalidade do que estou escrevendo, é para demonstrar como
foi, e está sendo essa minha caminhada.
Citarei os fatos, não onde ocorreram. Quem me conhece sabe
de onde estou me referindo.
Como já citei em trabalhos passados, venho de uma família
paterna de maçons.
Em junho de 1987 recebi meu convite para ingressar na Ordem.
Foi um processo demorado, somente no ano seguinte, depois dos tramites formais,
fui informado da minha iniciação.
Ela estava tudo programado para abril de 1988. Faltando um
mês para que ela ocorresse, fui procurado pelo venerável da loja que ela tinha
sido adiada.
Questionado a razão do ocorrido, fui informando que no
processo de iniciação tinha sido constatado antecedentes maçônicos, e que a
minha iniciação ocorreria antes do final do ano.
Citei que esses antecedentes foram por mim informados, pois
vinha de uma família de maçons.
Achei uma desculpa deslavada. Depois disso, nova
documentação teve que ser encaminhada e outras sindicâncias foram realizadas.
Em novembro o fato se consumou!
Com o tempo descobri a razão desse adiamento, trocaram meus
documentos com outro Paulo, que acabou sendo iniciado no meu lugar.
Seguindo a caminhada: Aprendiz, Companheiro, e enfim Mestre.
Ocorreu a eleição para administração da loja, como ainda não
tinha tempo de mestre, não pude votar. Em maio aconteceu um fato triste, o
Orador eleito faleceu.
No enterro, fui chamado em um espaço reservado no cemitério,
onde fui informado que seria o novo orador da loja.
Nova eleição para o cargo foi realizada, nesta eu já estava
apto a votar, e naturalmente fui eleito.
Após a eleição, o orador de ofício, viajou para Portugal, e
na volta teve um derrame.
Já me colocaram no lugar dele até a posse!
Confesso que era totalmente inexperiente para a função,
alguns irmãos, sabendo disso, começaram a fazer questionamentos do tipo:
“gostaria de saber do irmão orador sobre esse assunto”.
No início fiquei meio perdido, mas depois de consultar
nossos regulamentos aprendi que o orador não está obrigado a responder, de
imediato, sobre qualquer assunto. Qualquer questionamento pode ser esclarecido
na sessão seguinte.
A partir daí mergulhei nas leis e regulamentos da ordem.
Nessa função fiquei 4 anos, após o término do mandato,
passei a primeiro vigilante.
Pela lógica, seria o próximo venerável, porém, próximo da
eleição, me chamaram, e me disseram a seguinte frase: “Deixa o portuguesinho
entrar que você será o próximo”.
Ele era muito mais novo na Ordem do que eu.
Enquanto isso, me deram o cargo de Artezata no Capítulo da loja.
E lá fiquei por 4 anos!
E mais uma vez colocaram um com menos tempo para presidir a
loja!
Voltei ao cargo de Primeiro Vigilante e tudo caminhava para
ser o próximo venerável.
Organizei a distribuição dos cargos, busquei colocar pessoas
com perfis determinantes para exercê-los, e sobretudo aqueles que nunca tinham
exercidos nenhum cargo.
Sabem por que razão? Pois a loja por ser de comerciantes,
não gostavam de quem tinha o curso superior. Nós éramos chamados de
“doutorezinhos da loja”.
Tudo corria normalmente, faltando duas semanas antes da
apresentação das chapas, recebo uma ligação de um irmão que morava em Angra
informando que havia sido realizada uma reunião, dos Mi.’.s da loja visando
derrubar a minha candidatura.
Fui para a briga e ganhamos a eleição, mesmo com atitudes
pouco louváveis dos concorrentes, que trouxeram, alguns irmãos afastados por
doenças para votar. O pior para eles que muitos votaram na nossa chapa.
Sempre ficava intrigado, por que não me queriam como
venerável?
Logo depois fui chamado pelo Grão Mestre Estadual para uma
conversa. Em primeiro lugar que ele estava torcendo para mim, e se caso eu
tivesse perdido, entraria com uma intervenção na loja.
A partir daí começou a relatar fatos que haviam chegado ao
seu conhecimento, que eu não tinha acesso.
A loja estava devendo ao GOB, e na época ao GOERJ. Me pediu
que priorizasse o GOB, e que, de imediato, não me cobraria as parcelas do
estadual.
Assumi a responsabilidade de quitar tudo até o final do ano.
Com minha posse a caixa preta da loja pode ser aberta: O tesoureiro estava a 4 anos no cargo sem
pagar nada; um irmão fez uma doação para loja de um aparelho de
ar-condicionado, com defeito, e cobrou, na época, 580 reais pelo conserto, cujo
mesmo continuou parado, entre outras irregularidades.
Foi feita uma limpeza na loja, foram afastados os
inadimplentes, com ajuda de algumas poucas cunhadas conseguimos quitar todos os
nossos débitos antes do final do ano.
A loja voltou a crescer, e ao término do meu mandato
estávamos com 42 irmãos no quadro.
Busquei fazer uma administração democrática, e cheguei a ser
chamado por um irmão de revolucionário do bem.
Em 2003, por mudança de Oriente, encerrei as minhas
atividades nessa loja.
Passei a frequentar algumas lojas do município, tendo, de imediato, me identificado com uma.
Era uma loja com um número reduzido de quadro. Para se ter uma ideia, após minha filiação, passou a ter 11 irmãos, sendo 2 companheiros.
Passei a visitar todas as lojas da região, convidando para nos ajudar na visitação. A resposta foi quase nula!
Cansei de dar número mínimo nas lojas visitadas. Fiz todos os cargos que vocês podem imaginar. Até presidi uma Elevação, pois o venerável não se sentia seguro para fazê-la. Só a sagração foi feita por ele.
Enquanto isso, muitas vezes, a caminho de minha loja, via irmãos em restaurantes, e não tínhamos número suficiente para abrir nossos trabalhos.
Porém, a nossa loja foi crescendo, começamos a nos reunir, também, fora do templo com nossa família.
Numa dessas reuniões, realizadas em minha casa, surgiu a ideia de construirmos o nosso próprio templo.
Uma sobrinha recebeu uma herança e se prontificou a doar um terreno para nós. Corremos a procura do mesmo e ele foi comprado.
Agora era outra tarefa: Como conseguir o dinheiro para a construção?
Doações surgiram, rifas, participação em barraquinhas de festas juninas, ajuda do Grande Oriente Estadual, e o dinheiro foi sendo conseguido, e partimos para construção.
Foi uma tarefa árdua, mas conseguimos!
O templo ficou lindo! As nossas cunhadas fizeram toda ornamentação em mosaicos.
Conseguimos a Sagração e passamos a funcionar regularmente no local.
Com o tempo, perdemos alguns irmãos. Alguns por abandono e outros por falecimentos. Mas estava dando para continuar.
Em 2006 assumi o cargo de Coordenador de Circunscrição, que anteriormente era chamado de Delegado Regional. Esse cargo, posteriormente, passou a de Assessor.
Embora com dificuldades tudo ia correndo bem. Era uma loja cheia de atividades. Porém, com o decorrer do tempo, um grupo familiar resolveu se perpetuar no poder.
A partir daí, tudo começou a dar para trás! Foi tanta intriga e artimanhas, que ao serem derrotados em suas intenções, acabaram saído da loja e se filiando numa de outra potência. Onde, posteriormente, acabaram sendo expulsos de lá.
Parece até que as forças negativas, criadas por eles, ficaram encravadas na nossa loja.
Aí veio a pandemia, os trabalhos foram suspensos.
Posteriormente, recebi uma mensagem via WhatsApp que haveria uma eleição fora de época.
Fiz de imediato um questionamento. Como poderia haver uma eleição pois, além do templo estar fechado, havia um venerável eleito regularmente.
A pergunta seguinte foi quais seriam os candidatos? A resposta não deixou dúvidas sobre a tentativa de golpe. Entre os “candidatos” tinha um que estava em estado vegetativo em um hospital e três inadimplentes a mais de um ano.
Imediatamente comuniquei ao Grão Mestrado essa atitude. A ordem foi clara: Mande cancelar essa eleição!
Como não conseguiram o seu intento, foi feita uma reunião em que as dívidas foram perdoadas, e no prazo legal seria feita a eleição.
Nesse momento senti que era hora de me retirar, mesmo sabendo que teria de abdicar do meu cargo, pois nessa loja não voltaria mais.
Sai e me filiei em outra loja da cidade, onde estou muito bem.
Alguns que vão ler esses trabalhos vão até questionar: Como ele, depois de tantos aborrecimentos, continua firme na Ordem?
Meus irmãos, Maçonaria para mim é missão! E pretendo continuar nela até o fim dos meus dias.
Sei que um dia terei que deixá-la, só que estarei dentro de um caixão! Sinceramente espero que demore muito esse dia.
Que o que escrevi sirva de incentivo para nunca desistir. Nossa Ordem é linda! É perfeita! Porém sempre vamos encontrar com falsos irmãos, aqueles que nunca deveriam estar na Ordem. Vamos fazer sindicâncias mais severas para impedir que essas pessoas possam ser chamadas de irmãos.
Como disse um tio maçom ao saber que seria iniciado:
” Pessoas que não prestam existem em todos os lugares. Não se iluda, você vai encontrá-los, também, dentro da Maçonaria.”
Sigam em frente e nunca desistam!
Paulo Edgar Melo
Membro da ARLS Resplandecer da Acácia, 3157-GOB-RJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário
É livre a postagem de comentários, os mesmos estarão sujeitos a moderação.
Procurem sempre se identificarem.