Dando seqüência as considerações sobre os princípios
maçônicos previstos no primeiro artigo da Constituição do Grande Oriente do
Brasil de 2007, passemos nesta oportunidade a examinar rapidamente o Progresso
na Sublime Ordem, penúltimo de um total de cinco.
Os comentários dos outros três e temas correlatos já foram
publicados em números anteriores (de 6 a 13) desta conceituada revista.
E de logo podemos afirmar que progresso é todo avanço que
produz benefícios materiais ou espirituais, através de condutas de pessoas físicas
ou coletivas para satisfação de necessidades.
O progresso material se faz necessário em todo
empreendimento para o sustento da atividade desenvolvida, gerando riquezas que
é própria da finalidade a que se propõe.
Quando se instala uma empresa econômica o propósito é que
produza no final o lucro desejado, pois se isso não ocorrer estará fadada ao
malogro, implicando em prejuízo para todos os envolvidos, inclusive para o
Erário que deixa de arrecadar tributos.
Essa pretensão de lucratividade é lícita e moral por ser o
resultado da junção do Capital e Trabalho, criando riquezas na sociedade que
pode também ser prestação de serviços a quem dela necessitar.
É a dinâmica, em linhas gerais, do mundo econômico e até
mesmo entidades filantrópicas ou religiosas, embora não visem ao lucro,
direcionam seus esforços para o progresso material objetivando obter recursos
para cumprimento de suas obrigações sociais, mantendo a credibilidade que é um
elemento importante no seio da comunidade. E essa credibilidade conduz a uma
boa reputação com segurança para quem com elas se relacionar.
Esse anseio salutar de progresso material é importante na
vida social e sem ele a vida ficaria vazia e o Ser Humano estático, perdendo a
razão de ser.
A Maçonaria Milenar e Universal, como qualquer outra Ordem
também, adota o progresso material moral, lícito, ético e necessário para sua
sobrevivência neste mundo físico.
Mas ao lado dessa materialidade a nossa Ordem cultiva em
maior dimensão o progresso espiritual que é sua maior preocupação e finalidade,
começando pela desbastação da Pedra Bruta até onde o obreiro consiga chegar
para aproximar-se do G.’.A.’.D.’.U.’.
A fase simbólica básica encerra toda doutrina maçônica,
sempre marcada pela espiritualidade e desenvolvida com profundidade na Maçonaria
Especulativa ou Intelectual, estabelecida no artigo vigésimo quarto do “Código
Landmarks de Mackey” que assim dispõe: “A fundação de uma ciência especulativa,
segundo métodos operativos, o uso simbólico e a explicação dos ditos métodos e
dos termos neles empregados, com propósito de ensinamento moral, constitui
outro Landmark. A preservação da Lenda do Templo de Salomão é outro fundamento
deste Landmark.”
Na verdade, no primeiro grau o espírito está na
aprendizagem, eliminando as impurezas e buscando as virtudes, aprendendo que a
Ordem ensina a prevalência dessa espiritualidade sobre as coisas materiais,
pugnando pelo aperfeiçoamento da moralidade, da intelectualidade, para o Bem da
Humanidade.
Somente através do cumprimento do dever, da prática desinteressada
da beneficência e da investigação da verdade é que se alcança um estágio
elevado para se relacionar com a Divindade. Começa aprender o iniciado a
construir em seu coração um Templo de Virtudes que se estende por toda sua
existência maçônica.
Neste grau primeiro o sistema maçônico impõe que se exonere
de explorar seu semelhante e se omita dos privilégios e de regalias; enalteça o
mérito da inteligência e cultive o civismo.
Todos esses ensinamentos são princípios espirituais
consagrados já no aprendizado da nossa Ordem com a exortação de progresso para
o maçom.
No companheirismo exalta-se o Trabalho, transformando-se a
Pedra Bruta em Pedra Cúbica evidenciando um progresso espiritual que se atinge
em maior escala com o Mestrado onde o Espírito se sobrepõe totalmente sobre a
Matéria.
O convite ao progresso está sempre presente em todas as
etapas da vida maçônica, portanto.
Vê-se, assim, que o progresso no Estágio Azul é
predominantemente espiritual sendo estudado mais profundamente nos Altos Graus.
Observe-se que toda essa doutrina emana de Landmarks
(artigos décimo nono e vigésimo do Código Landmarks de Mackey) que rezam: “A
crença no Grande Arquiteto do Universo é um dos importantes Landmarks da Ordem…
A negação dessa crença é impedimento absoluto e insuperável para a iniciação” e
“Subsidiariamente a essa crença é exigida a crença em uma vida futura.”
Sobre o assunto supra comentei em monografia, que “A crença
no Ser Supremo do Universo, seja o nome que se queira dar, e vida eterna depois
da morte do corpo físico, são condições essenciais para a iniciação, além de
outros requisitos sociais de honradez, bons costumes, cultivo da moralidade,
ética e amor ao próximo. Qualquer rito que não exija esses requisitos
essenciais do candidato não é rito considerado maçônico, fazendo-se necessário
que o candidato declare solene e expressamente que realmente acredita no
exigido por este Landmark. Aliás, a expressão “Grande Arquiteto do Universo”
tem sua fonte na própria Bíblia: Hebreus (Novo Testamento), 11 e 10: “Porque
esperava a cidade que tem fundamento, da qual o artífice e construtor é Deus.”
(Código Landmarks de Mackey – Anotado – págs. 64/65 – 2009 – José Geraldo de
Lucena Soares).
De todo o exposto fácil é de se compreender que esse
progresso no seio maçônico é mais do espírito que de matéria, sendo a
interpretação correta, eis que visa à aproximação de todos os seres viventes
com a Divindade, sem nenhuma preocupação de religiosidade, embora estimule sua
adoção, desde que sejam observados os princípios e postulados estabelecidos nos
Landmarks e legislações ordinárias.
O último princípio a ser apreciado é o evolucionista e
poderá ser também objeto de algumas anotações no futuro.
Enviado pelo Ir.’.
José Geraldo de Lucena Soares
A.’.R.’.L.’.S.’.Fraternidade Judiciária • N0 3614 • GOSP/GOB
A.’.R.’.L.’.S.’.Fraternidade Judiciária • N0 3614 • GOSP/GOB