Quando nossa Ordem preconiza, em seus regulamentos, a
necessidade de três anos de mestrado, para que um mestre Maçom possa
candidatar-se ao Trono de Salomão, está agindo com absoluta prudência e muita
sabedoria.
Ser Venerável Mestre de uma Loja vai muito além das funções supostamente administrativas e burocráticas, como erroneamente se poderia pensar. Para suportar o peso do primeiro Malhete é necessário, antes de tudo, despojar-se da dependência e das limitações da mente, algumas vezes embalsamadas por exclusivismos, vaidades, e orgulho. O trono a sabedoria requer de seu ocupante muita preparação, muito discernimento e muita sapiência.
Ao ser escolhido para ocupar o cargo de Venerável, de uma
Loja Maçônica, por mais tranquilo e experiente que seja o Irmão acaba se
deparando com uma sensação que não imaginara. O frio percorre a espinha dorsal
ao escalar a escada que conduz ao Trono de Salomão, o assento ao trono, a
abertura dos trabalhos e a impaciência dos irmãos, querendo ajudar, são fatores
que acabam influindo na condução dos trabalhos.
O Venerável que assume se constitui no alvo das atenções e
qualquer deslize, por mais insignificante que seja se torna motivo de
observações. Por isso é importante um preparo prévio.
O Venerável que não tiver a mínima tendência para a
liderança acaba sendo dominado e transformado em uma figura apenas decorativa,
se deparando daí, com outra situação, talvez a mais insólita e angustiante: o
isolamento!
O desejo do “poder” tão somente “pelo poder”, normalmente
nasce, com muita força, no coração do despreparado, invariavelmente despertado
pelo sinete do orgulho. Querer ocupar o maior cargo em Loja simbólica não é
censurável, muito pelo contrário, faz parte da ascensão ao topo da Escada de
Jacó.
O desafio é iminente. Por isso a Maçonaria é tida como uma
verdadeira escola da vida, de aprimoramento, de crescimento, de dinâmica de
grupo, de formação de líderes. Quem estiver disposto a assumir esse desafio,
aprendendo com ele, será um vencedor que conquistará o coração de todos os
irmãos do quadro.
É importante ter em mente que, embora seja a Maçonaria uma
Instituição alicerçada nos princípios da espiritualidade, fraternidade,
solidariedade e amor ao próximo, existem em seus quadros irmãos que,
conscientes ou não, se mantém, sempre em desarmonia diante das regras adredes
estabelecidas, com argumentos prolongados que muitas vezes não se coadunam com
os assuntos em questão.
A experiência que se adquire ao assumir o malhete é muito
enriquecedora. É nessa posição que melhor se visualizam e se sentem as
pulsações comportamentais dos obreiros.
Não se trata aqui de uma preparação apenas cultural antes
de tudo o conteúdo fundamental será humano e espiritual. Ninguém está em
condições de prejulgar quem quer que seja, mas todo aspirante ao principal
Malhete deve estar cônscio do eu apostolado junto a tão grandiosa missão.
Os irmãos que aspiram ao cargo de venerável precisam, em
primeiro lugar, refrear o instinto de vaidade, devem se preparar, não com
relação á ritualística dos trabalhos, fundamental sobre todos os aspectos, mas
também, com relação à administração, não negligenciando a importância do
controle do fluxo de caixa, balancetes, organização dos arquivos, com os
dados históricos dos obreiros, trabalhos realizados e apresentados, enfim, uma
loja maçônica deve ser administrada com o mesmo espírito com se administra uma
empresa, com colaboração de todos os irmãos que lhe insuflem energia e
sabedoria.
A loja é um organismo que pulsa e que se manifesta no
espaço e no tempo, constituindo-se em uma expressão ativa em constante
evolução. Ela é comunidade e, assim, terá de relacionar-se com outras
comunidades, sem deixar de lado um detalhe muito importante, que muitas vezes
passa despercebido: a comunicação entre todos os irmãos do quadro, independente
da simpatia ou da possível antipatia que possa existir com alguns deles. Esse
espírito de fraternidade e de solidariedade deve existir também com relação às
cunhadas viúvas e com os irmãos, que, por motivo de idade ou doença, já não
freqüentam mais a oficina, ficando em melancólica solidão, sem um manifestar
fraterno, sem um alô de saudade e de amizade, chegando mesmo a partirem para o
Oriente Eterno sem que ninguém fique sabendo.
A Hospitalaria de uma Loja Maçônica é muito importante,
pois a missão do seu ocupante é a de comunicar-se assiduamente com todos os
irmãos, principalmente com os ausentes e com os doentes. Se o irmão
hospitaleiro não tiver disponibilidade de tempo, disposição, paciência para o
relacionamento público, não deverá nem aceitar a indicação para o cargo.
Essa atividade é um exercício de doação e de solidariedade.
Já o ocupante do cargo de Venerável deve irradiar segurança, desprendimento, ter muita paciência, tolerância e certa vocação para o comando. Ele deve ser autêntico, pacificador, aglutinador, e evitar, com sabedoria, as possíveis manipulações que possam ofuscar o brilho da gestão. O cargo propicia ao seu ocupante um rico aprendizado e uma condição primorosa para os mais atentos, que é a de se analisar. O Irmão, como Venerável, deve se auto-analisar e examinar como está se comportando sentado no Trono de Salomão e empunhando o Malhete que, em dados momentos, pode tornar-se mais pesado do que aparenta.
Já o ocupante do cargo de Venerável deve irradiar segurança, desprendimento, ter muita paciência, tolerância e certa vocação para o comando. Ele deve ser autêntico, pacificador, aglutinador, e evitar, com sabedoria, as possíveis manipulações que possam ofuscar o brilho da gestão. O cargo propicia ao seu ocupante um rico aprendizado e uma condição primorosa para os mais atentos, que é a de se analisar. O Irmão, como Venerável, deve se auto-analisar e examinar como está se comportando sentado no Trono de Salomão e empunhando o Malhete que, em dados momentos, pode tornar-se mais pesado do que aparenta.
Atento a esses pontos fica mais fácil compreender que, no
recinto sagrado de uma Loja Maçônica, todos os irmãos são iguais. Merecem ser
respeitados, sejam aqueles que ainda se encontram na categoria de Aprendiz e
que, pela circunstância do próprio grau, se posicionam de maneira indecisa e
pouco afinada com a sistemática dos trabalhos, sejam os irmãos do grau de
Companheiro, que se encontra em meio á jornada, trazendo a insegurança do grau
de Aprendiz e a ansiedade para galgar o grau de Mestre que se vislumbra à sua
frente. Esses irmãos já estão prontos para uma participação mais efetiva nos
trabalhos, na expectativa de sua almejada exaltação.
Entre os Mestres encontramos o amadurecimento e o
equilíbrio da Loja. Dentre eles estão os irmãos abnegados, laboriosos,
assíduos, muitos dos quais, embora antigos, nunca se preocuparam ou não tiveram
de se sentarem no Trono de Salomão e, nem por isso, se sentem diminuídos e
menos Maçom.
Esses irmãos que dão a medida exata de tudo àquilo que se
aprende quando ainda se está no grau de Aprendiz.
Ainda entre os mestres existem os Past-Masters (Ex-
Venerável) que, como é natural, trazem no íntimo o orgulho de sua gestão. Esse
sentimento merece todo o respeito e consideração, pois, de cada gestão, sempre
ficam marcas importantes e diferentes que enriquecem a história da Loja.
O Venerável que sai deixa, para sempre, uma marca, uma
lembrança e, ao mesmo tempo, acaba levando uma sensação agradável das
experiências vividas, dos desafios enfrentados e do dever cumprido.
Cada um dos obreiros é uma personalidade, é uma identidade.
Tem seus anseios e desejos. Tem necessidade de consideração, de reconhecimento
e de estima. Quando essas tendências são percebidas e respeitadas, o ambiente
se transforma no calor que dá a energia que, por sua vez, impulsiona o grupo
para frente em uma loja sempre viva e dinâmica.
Todos os componentes de uma loja maçônica possuem muito
valor e potencial e todos se dispõem a colaborar quando chamados. Estamos,
portanto, diante do princípio maçônico: união, compreensão, força,
companheirismo, lealdade, solidariedade, paciência, prudência, modéstia,
respeito e humildade!
Assim, ao Venerável é transferido o malhete para ser usado
com sabedoria e coerência, não se alterando diante de possíveis contrariedades
que possam ocorrer, pois é na diversidade de pensamentos que um grupo ganha
maturidade e crescimento.
Lamentavelmente é deixar de lado o amor fraternal e
provocar disputas infecundas dentro de nossas Lojas! O verdadeiro poder é o
moral, aquele conquistado através da humildade e da nobreza das ações, do
consenso de opiniões e da harmonia entre todos os irmãos.
É mais comum do que podemos imaginar os antagonismos
provocados pelas disputas de poder, que quase sempre acabam se transformando em
focos de divisões entre irmãos. Esta triste situação é típica quando o egoísmo
e o orgulho suplantam a tolerância e a humildade. Esta postura não está
coerente com todos os princípios basilares da Maçonaria.
Sedentos de poder, alguns irmãos perdem a consciência da
realidade, ficando subjugados às paixões trazidas do mundo profano!
A correção desses desequilíbrios compete aos Mestres
Instalados, cuja experiência e a serenidade deverão prevalecer sempre.
Divergências de opiniões, sempre existirão, por isso a sabedoria daqueles que
já ocuparam o trono principal, ser o fiel da balança nessas situações.
Quando se alcança a presidência de uma Loja através da
atração fraternal de todos os pares, este amor transcenderá as portas do
Templo, causando em todos uma sensação de igualdade, alegria e felicidade. A
Loja e todos os obreiros que a compõem progredirão muito mais e atrairão para o
seu círculo outros irmãos afins.
As energias positivas, fruto da harmonia e da concórdia
entre os irmãos não ficarão circunscritas ao ambiente da Loja, elas fluirão
para todo o universo.
Sentimentos contrários também afetarão a Loja e todos os
seus obreiros, pois a mente coletiva é a responsável direta pela formação e
manutenção da egrégora. Um ambiente onde a ambição e o apego ao poder são
predominantes cria uma atmosfera desagradável e negativa.
Nas associações, instituições e empresas do mundo profano,
até compreendemos certa tendência de seus integrantes para a formação de
facções sem qualquer comprometimento com o grupo. Dentro de nossas Lojas,
porém, esse tipo de atitude está totalmente equivocado e muito distante do amor
fraternal e da tolerância. É reprovável toda iniciativa na direção separatista.
São enriquecedoras as discussões construtivas, nascidas das
diferenças de opinião entre os irmãos, afinal somos diferentes uns dos outros.
O grande mérito reside em harmonizá-las. O quadro não perde quando os irmãos
trabalham com desprendimento e humildade em torno do consenso de opiniões,ao
contrário, ele sempre se fortalecerá.
Por outro lado, ninguém sai vitorioso quando prevalecem as
vaidades, o orgulho e a sede pelo poder.
De forma inteligente, como aspirante à Venerança deve
contornar as querelas entre obreiros, visando em primeiro lugar e acima de
tudo, garantir a paz e a harmonia dentro da Loja.
Aquele que pretende ocupar o trono principal de nossas
lojas necessitará ter como qualidade principal a humildade, pois sem ela
dificilmente conseguirá administrar as diferenças oriundas do mundo profano.
Nenhum obreiro, por mais iluminado e culto que seja jamais será o senhor
absoluto da verdade.
Ao futuro ocupante do Trono de Salomão, é conveniente
lembrar o que ele, o próprio Salomão, pediu a Deus quando se tornou rei:
“… Agora, pois, ó
Senhor, meu Deus, tu fizeste reinar teu servo, em lugar de Davi, meu pai; não
passo de uma criança, não sei como conduzir-me.” 1-Reis 3.7
“… Teu servo está no meio do teu povo que elegeste
povo grande, tão numeroso, que se não pode contar”. 1-Reis 3.8
“… Dá, pois, ao teu
servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente possa
discernir entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo?”.
1-Reis 3.9
Salomão, nos três versículos acima mencionados, dá prova
cabal de sua “Humildade” – Reconhece sua fraqueza humana, não é orgulhoso (“não
passo de uma criança, não sei como conduzir-me”), pede segundo sua vontade
divina e segundo suas necessidades.
Coração compreensivo quer dizer “coração dócil, pronto a
ouvir” – nas entrelinhas pede antes de qualquer outra coisa a “Sabedoria”,
pois sabe de sua grande responsabilidade (“povo grande, tão numeroso, que
não se pode contar”).
Nunca é demais lembrar:
“… A SABEDORIA deve
orientar-nos no caminho da vida; a FORÇA, animar e sustentar-nos em todas as
dificuldades; e a BELEZA, adornar todas as nossas ações, nosso caráter e nosso
espírito”.
“… porque a SABEDORIA exige sacrifícios que só
podem ser realizados pela FORÇA; mas ser SÁBIO com FORÇA, sem ter BELEZA, é
triste, porque é a Beleza que abre o mundo inteiro à nossa sensibilidade”.
Mais uma vez, de forma inteligente e sábia, nossa Ordem
recomenda-nos a consonância necessária entre os ocupantes das três principais
Colunas que sustentam nossas Lojas. Não é por acaso que para as três exige-se o
mesmo tempo de experiência e mestrado.
Conscientes dos nossos deveres e de nossas
responsabilidades como Mestre Maçom durante a escolha do futuro Venerável
Mestre, que todos reflitamos muito antes de emitirmos nossos juízos e
pensamentos.
Que as nossas palavras e as nossas atitudes estejam sempre
revestidas de ternura, amor e concórdia, que elas jamais sejam focos de
cizânias e desarmonias.
Não podemos em circunstância alguma, colocar nossos
interesses e a nossa vontade pessoal acima da Maçonaria, contrariando “nossos
próprios princípios e rituais” “Intransigências” e “Paixões” está exclusas da
ordem do dia!
Meditemos sobre a alegoria do pavimento Mosaico:
“O Pavimento Mosaico, com seus quadrados brancos e pretos,
nos mostra que, apesar da diversidade, do antagonismo, de todas as coisas da
natureza, em tudo reside a mais perfeita harmonia…”
“… pois toda a Humanidade foi criada par viver na mais
perfeita harmonia, na mais íntima Fraternidade”.
(Autor Desconhecido)