A IRMANDADE DESCUIDADA



              A Maçonaria não pode ser cobrada por atos dos maçons.

            Talvez isto seja considerada uma frase irreverente, porém é sincera na medida em que todos sabem iniciados ou profanos, que em quase todos os rebanhos de ovelhas mansas escondem-se lobos.

            A Maçonaria, por princípios e cuidados, propõe-se sempre a separar o joio do trigo. Todavia, os disfarces às vezes pregam peças e, com isto, o nome da Fraternidade fica exposto a vis comentários. Temos o sentido da permanente vigilância e Igualitariamente nos propomos a dividir frutos doces e amargos, empunhamos a espada e os corpos ofereceram como escudo. Nada há de ser feito ao Irmão sem que levantemos nosso empenho em defendê-lo e ampará-lo. Isto é a essência da fraternidade maçônica.

            Quantos tropeços terão de dar até retornarmos às sábias essências.

            Esotericamente, o sentido da proteção é implícito na Maçonaria. Parece muitas vezes que nossos compromissos se restringem somente a um encontro ritualístico. Mas está longe disto. Repete-se na Ordem o que é muito comum em organizações do mundo profano. Só que aqui, nossos laços se ligam e antecedem ao Templo de Salomão, e se engrandecem à medida que, misticamente, convivemos e comungamos numa comunidade, grande sim, mas de mentes afins. É neste processo mágico, muito mais profundo para os que têm “olhos” para ver, que nos afirmamos e podemos compreender a divina intervenção do cosmo.

            Entretanto muitos comportamentos parecem esquecidos. Diz-se, muito amiúde, que os compromissos profanos e os organizacionais de uma Loja prejudicam o desenvolvimento espiritual ou místico de seus administradores dada a natureza de função que geram quase sempre atritos.

            Vemos um exagero nesta afirmação, mas o assunto leva-nos a refletir que, na maioria das vezes, as atividades administrativas cegam temporariamente os responsáveis e a essência mais pura e esotérica de sua função fica marginalizada. É também verificável, em grande maioria de fatos, que os desentendimentos ocorrem entre Irmãos por infusões de regulamentos administrativos, enquanto os ensinamentos, por conterem a verdade, são unificadores, e permitirem uma comunicação espiritual, harmoniosa e reflexiva, e os Irmãos comungando dos mesmos ideais, consegue incorporar as altas finalidades e podem manifestar o mesmo sentindo oculto na trilogia maçônica.

            No desempenho da administração temos o observar o “código” da legislação, aplicar suas leis e movimentar este mundo de direitos e obrigações que regem os maçons na Ordem. Nesta tarefa, às vezes árdua para os oficiais, não raro sobram resquícios para uns e amargas e veladas censuras para outros. São efetivamente “ossos do ofício”.

            Mas há um problema que causa profunda amargura a Irmãos, que se chama desatenção. A ausência sua nas sessões não são notadas. Uma análise em cada oficina nos fará ver que o germe do descuido e desatenção á Irmandade prejudica e alastra-se.
            Os maçons parecem, embora não todos, estar perdendo o sentido da expressão frater. Constantemente estamos penalizando nossos Irmãos como incursos no vigilante artigo 199. Ao se verificar o nível de sua utilização, nota-se que muitos sentenciados nem sequer foram procurados ou visitados no começo de suas faltas. Os contatos, isto sim, são feitos somente após longos períodos de ausência e muitas vezes só correm quando o processo eliminativo já se definiu.

            Passam-se os maçons, fica a Maçonaria. Mas até quantos tropeços teremos de perder, quantos tropeços teremos que dar, para retornar as sábias essências da doutrina maçônica?

M\M\ Milo Bazaga
REAA – GLMMG.



           

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