As únicas notícias sobre o Templo de
Jerusalém são as que temos nos textos bíblicos e isto é compreensível, porque
os hebreus nunca formaram uma nação historicamente expressiva no mundo antigo,
sempre dominado por grandes civilizações.
O seu Templo foi um edifício de
proporções extremamente modestas se comparado com outros templos do seu tempo
ou mesmo anteriores.
Na realidade houve três Templos:
1o) - o Templo de Jerusalém (ou
Templo de Salomão), construído pelo Rei Salomão cerca dos anos 970/960 a.C,
completamente arrasado pelos Babilônios no ano 583 a.C;
2o) - o Templo de Zorobabel, reconstruído em 516 a.C, foi profanado no ano de 168 a.C. peio rei Antíoco IV que o reduziu a um templo de culto pagão e depois recuperado parcialmente pelos bíblicos Macabeus;
3o) - o Templo de Herodes, mais suntuoso que os dois primeiros, reformado completamente a partir de 20 a.C. e arrasado pelos romanos no ano 70 d.C.
Quando derrotado pelos babilônios no ano de 583, todos os hebreus foram levados prisioneiros para Babilônia e povos de outras regiões foram trazidos para o seu território. Este era um expediente adotado por quase todos os dominadores da antiguidade que visavam destruir a consciência de nacionalidade e a consciência cívica dos povos vencidos e assim evitar que novamente se levantassem conta eles.
Quando no ano de 516 os hebreus tiveram licença do rei Ciro para voltar a Jerusalém e reconstruir a cidade e o Templo, a grande tarefa dos personagens bíblicos Esdras, Nehemias e Zorobabel foi fazer renascer entre os hebreus que retornavam a consciência nacional, cívica, moral e religiosa entre eles.
Portanto, todos os sentimentos de nacionalidade e organização social existentes entre os hebreus, desde o tempo do Rei Salomão foram destruídos durante o exílio em Babilônia, e evidentemente nenhum eventual tipo de fraternidade ou sociedade de construtores terá resistido.
O Templo de Herodes, o último, foi arrasado no ano setenta de nossa era, e poucos dos primeiros cristãos o devem ter conhecido. Como existem poucos registros dessa época, pois mesmo referências a Jesus são raras e imprecisas, não se acredita que alguma fantasia da parte dos primeiros cristãos tivesse chegado aos primeiros maçons operativos.
È preciso lembrar também que o Templo
de Jerusalém era o templo dos Judeus que sempre consideraram o cristianismo uma
heresia judaica. Os primeiros cristãos nunca o consideraram um templo do
cristianismo, ao contrário, ele simbolizava o povo que martirizara Jesus.
Então é necessário procurar outra origem da fantasiosa imagem que o Templo de Jerusalém há tantos séculos vem despertando entre os Maçons, tanto medievais como Modernos. Como a Maçonaria Medieval originou-se das guildas dos construtores do início do século X, nenhum desses Maçons teve a oportunidade de conhecer algo acerca do Templo de Herodes.
Até o final do século XI, segundo o historiador Will Durant, o mundo ocidental cristão, estava há séculos sem nenhuma comunicação com a cultura do Oriente e que a Europa nem sabia da existência da religião islâmica, pois ainda nem tinham tomado conhecimento da ocupação do sul da península ibérica pelos muçulmanos no ano de 711. Com tão poucos conhecimentos históricos, desconheciam evidentemente a destruição do Templo de Jerusalém, ocorrida há quase mil anos.
Os primeiros cruzados (1.096 - 1.099) tomaram Jerusalém em 1099, e fundaram o Império Latino do Oriente em 1100. Em 1129, foi fundada a Ordem dos Templários sob o nome de "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão". Sua proposta inicial era defender os peregrinos que vinham a Jerusalém e também defender o Templo de Salomão. Os templários tiveram sua primeira sede junto a Mesquita de Al-Aqsa, que tem o formato de uma igreja. Diz a Enciclopédia Britânica que essa mesquita era o "assim chamado Templo de Salomão".
Parece evidente que os primeiros cruzados confundiram a mesquita de Al-Aqsa com o Templo de Salomão, e quando voltaram à Europa no início do século XII certamente contaram maravilhas da cidade Santa de Jerusalém e principalmente como era o maravilhoso Templo de Salomão. A imaginação popular tratou de fazer o resto, e o resultado é o que se observa hoje na literatura Maçônica, um Templo de Salomão grandioso, maravilhoso, de arrojada arquitetura e qualidades que nunca teve.
A suntuosa mesquita de Al-Aqsa. em forma de igreja, foi construída ao final do século VII pelo sultão Al-,allid sobre a esplanada onde tradicionalmente teria estado localizado o Templo. Esta mesquita continuou sendo embelezada pelos sucessores de Al-Wallid e ainda hoje é famosa por sua beleza.
Como teria sido realmente o Templo de Salomão, ou o Templo de Jerusalém?
O Templo foi construído em Jerusalém sobre o Monte Moriah, um lugar hoje conhecido como a explanada das mesquitas, por estarem ali construídas as mesquitas de Ornar e a de Al-Aqsa.
O pequeno Templo estava no centro de um grande átrio reservado aos levitas (sacerdotes), que se comunicava por um pórtico com outro átrio destinado aos israelitas e às mulheres. Este último átrio comunicava-se também por um pórtico com o grande átrio reservado aos gentios (não judeus)- e que rodeava completamente todo o conjunto do Templo e os dois átrios anteriores. Foi provavelmente deste último átrio, o dos gentios, que Jesus expulsou os vendilhões.
No angulo sudeste do átrio dos gentios ficava o palácio do Rei Salomão e, no ângulo oposto, a noroeste, estava a Fortaleza Antônia, último baluarte de resistência, no episódio do cerco de Jerusalém pelos romanos no ano setenta da nossa era.
O portal do templo e os dois pórticos dos átrios internos ficavam em linha, todos voltados para o Oriente, e, portanto não havia as portas ocidental, setentrional ou meridional de que fala uma conhecida lenda.
No exterior do templo, junto às duas paredes laterais e à parede dos fundos, estavam construídos noventa cubículos distribuídos em três pavimentos, que se ligavam entre si por uma escada em caracol e que não se comunicavam com o interior do templo.
Ainda não se conseguiu definir a
finalidade desses cubículos, os quais foram encontrados também em outros
templos pagãos da época. É importante observar que a escada em caracol não
estava no interior do templo, mas fora dele, e era simplesmente uma escada de
comunicação entre os três pisos de cubículos.
O Templo era no seu conjunto uma tosca construção retangular de pedra talhada, cuja única particularidade arquitetônica externa era as duas colunas que ladeavam o pórtico da entrada, a única abertura para o exterior, voltada para o sol nascente.
Era um templo de modestas
dimensões, medindo no seu total 38,5 m de comprimento por 11 m de largura,
medidas pouco maiores do que aquelas dos templos maçônicos mais amplos dos dias
atuais. Mas é importante observar que os templos da antiguidade não se
destinavam a reunir grandes assembleias de fiéis no seu interior, pois sua
finalidade única era ser a morada do deus entre os homens.
Internamente, o templo se dividia em três recintos consecutivos: o vestíbulo, com 5,5 m de profundidade, o Santo com 22 m e o Santo dos Santos com 11 m. No vestíbulo, estavam doze grandes bacias sobre carrinhos, para o transporte de água. No Santo, estava o altar dos perfumes, o candelabro de sete braços e a mesa dos pães da proposição. No Santo dos Santos, separado do Santo por uma preciosa cortina, estava a Arca da Aliança no primeiro templo, e os rolos da lei no segundo templo. No átrio dos levitas e diante do Templo, ficava o altar dos sacrifícios e o mar de bronze com a água para as abluções.
Assim descrito o Templo de Salomão, observa-se que era uma construção até modesta em comparação com o porte dos muitos templos de sua época, e nada tinha de grandioso quanto a sua arquitetura, a não ser a riqueza de suas paredes interiores revestidas de ouro.
No Santo, só entravam os oficiantes, mesmo porque, atravancado com os móveis, não haveria lugar para muitas pessoas; o Santo dos Santos estava no ocidente do templo, era aberto apenas uma vez a cada ano e lá só entrava o sumo sacerdote. No interior do templo, portanto, não havia lugar para o trono do Rei Salomão.
As pedras para o templo, que durou sete longos anos de construção, foram extraídas e talhadas no subsolo de Jerusalém. A gruta daí resultante ainda lá está, e os Maçons de Israel nela fazem iniciações especiais. É claro que nunca houve dezenas de milhares de trabalhadores atuando na construção, simplesmente porque na pedreira subterrânea ou no canteiro de obras do templo, não havia espaço físico para tantos operários ao mesmo tempo, nem seriam necessários tantos trabalhadores durante sete anos, para construir um templo de dimensões relativamente pequenas.
Não são de admirar esses exageros
de números e tamanhos, pois eram muito comuns tanto na Bíblia quanto nos
documentos de toda antiguidade.
Procura-se justificar a presença do Templo de Salomão nas tradições maçônicas sob a alegação de que ele seria o símbolo da construção do nosso templo interior, apesar de as catedrais construídas pelos operários das guildas medievais serem imensamente mais perfeitas e mais esplendorosas do que jamais foi aquele Templo.
(Autor Desconhecido)