“Aquele
dentre vós que nunca tenha errado que atire a primeira pedra” (Jesus, o
Cristo).
Quem está habituado a frequentar teatro, ou
espetáculos de dança, certamente já presenciou atores cometendo “gafes”,
atrizes perdendo adereços ou bailarinas tropeçando nas próprias sapatilhas e… surpreendentemente…
ninguém zomba, vaia ou critica. O autor corrige a própria “gafe” com uma
“tirada” espirituosa, a atriz continua o seu desempenho sem o adereço e a
bailarina levanta-se e continua sua apresentação com dignidade e esmero. Após o
término do espetáculo talvez leve uma “bronca” do diretor, mas certamente
receberá o abraço e o apoio fraternal de seus colegas e companheiros. E é só.
Essa tolerância do público, dos colegas e dos
companheiros, que também se revela nos desfiles, shows e espetáculos circenses,
muitas vezes inexiste no cerimonial maçônico. Já presenciei – e não poucas
vezes – um Mestre de Cerimônias cometer erros (e quem não os comete?) que
passariam despercebidos ou que em nada alterariam a essência do Ritual e da
Liturgia.
Se não fosse a intervenção desastrosa de um irmão
que, corrigindo-o acintosamente, causa um enorme mal-estar naqueles que,
compenetrados na essência da sessão, sentem nessa atitude uma quebra de
harmonia e de fraternidade. Ponho-me então a imaginar se ele, o intolerante,
age assim por perfeccionismo ou por uma necessidade egoísta de demonstrar aos
demais o seu conhecimento, o seu domínio do cerimonial, a sua sabedoria;
creiam-me: a resposta é quase sempre a segunda… infelizmente!
Pregamos a tolerância e a fraternidade, e é nesses
momentos cruciais que teríamos a oportunidade de exercê-la efetivamente na
prática. A “bronca”, ou a observação, podem ficar para o final da sessão
quando, então, no copo d´água, nos aproximaríamos do Irmão que errou e,
delicadamente, lhe diríamos:
- Parabéns pela sua atuação, Irmão Mestre de
Cerimônias. “Seu desempenho foi muito bom, quase perfeito, exceto por aquele
momento em que o irmão cometeu tal falta…”.
Agir assim, não é muito mais bonito?
Ir.’.Carlos Brasílio Conte
Autor do livro “A Doutrina Maçônica”. Editora
Madras