A origem dos Graus
Simbólicos é confusa, vez que, inexiste um documento que a descreva; tudo é
suposição, argumento e dedução.
A primeira fonte, é a
Lenda de Hiram Abif que seguindo a organização administrativa imposta pelo Rei
Salomão, dispunha de três classes de trabalhadores: Aprendizes, Companheiros e
Mestres; o próprio Hiram era um Mestre Arquiteto.
O evento trágico
envolvendo a morte de Hiram foi protagonizado por três Companheiros.
As Sagradas
Escrituras, no Livro dos Reis, informam palidamente sobre a construção do
Grande Templo e fala-se em "trabalhadores" e "Chefes
Oficiais", sendo o nome "servo" destinado ao próprio Salomão e a
Davi, como "Servo de Deus".
Não encontramos
classificação hierárquica dos trabalhadores, apesar das diversas tarefas, como
os talhadores de pedras, os carregadores e os artesãos.
A divisão de
Aprendizes, Companheiros e Mestres, é notada tão somente na Lenda de Hiram Abif
que, como lenda, não satisfaz e não preenche a lacuna; lenda é suposição
baseada em algum aspecto histórico.
Augusto Franklin
Ribeiro de Magalhães nos relata:
"A primeira
organização efetiva que se conhece data do ano 704 a.C. quando Numa Pompílio
estabeleceu em Roma um sistema de vários colégios de artesãos, que possuía no
ápice o Colégio de Arquitetos e englobava os gregos trazidos da África. Daí
vieram os Colégios Romanos, similares às organizações gregas, de acordo com a
legislação de Sólon. Tinham um regimento especial e celebravam suas reuniões
(Logias) a portas fechadas, em locais próximos ao do trabalho.
Conforme Pompier, seus
componentes "estavam divididos em três grupos: aprendizes, companheiros e
mestres e se obrigavam por juramento ante as ferramentas e os utensílios de
seus ofícios e profissões a ajudar-se mutuamente e a não revelar os segredos de
suas agrupações aos estranhos”. Tinham o costume de admitir como membros de
honra as pessoas que não pertenciam a seus ofícios, porém que eram consideradas
úteis para os agrupamentos e se reconheciam entre si por sinais e palavras
secretas Suas assembleias eram presididas por mestres eleitos para período de
cinco anos, assessorados por dois inspetores ou vigilantes.
“Dedicavam-se à arquitetura religiosa, civil, naval e
hidráulica e também dirigiam as construções militares, executadas por
soldados."
Esses Colégios
perduraram até o ano, aproximadamente, 1200 para dar lugar às
"Guildas".
Sem maiores
explicações, desses Colégios sacerdotes levaram a organização para os
conventos, tomando a si o encargo de construção dos conventos e das catedrais.
Se assim foi, pode-se
afirmar que a incipiente Maçonaria, passara a um regime religioso, cuja
influência (resquícios) permanecem até hoje, nos Rituais Maçônicos.
Os monges, da Idade
Média eram denominados de "Caementerii", "Latomii", e
também de "Massonerii".
1. Simbologia
Maçônica, Iº volume.
O "sigilo"
não dizia respeito à organização em si, mas à profissão, "os segredos de
cada profissão", em especial dos arquitetos que construíam as cúpulas, arcádias,
alicerces suportando o peso da construção, o equilíbrio das traves e a
dificultosa ramagem dos telhados.
Os monges
movimentando-se chegaram à Alemanha no século XII fundando a Corporação dos
Steinmetzen que reuniu os "talhadores de pedra" com as Guildas; evidentemente,
a origem foram as construções romanas; os monges aperfeiçoaram a organização
administrativa e a chefia tinha autoridade eclesiástica sobre os subordinados.
Pertencer a essas
organizações constituía um privilégio, tento como meio de subsistência, como de
proteção, pois aqueles "artífices" eram respeitados pelas autoridades
e pelo povo; todos tinham uma auréola de misticismo, formalizada pelo poder do
clero.
Prossegue Magalhães:
"Essa associação,
que passou a denominar-se de "Confraternidade dos Canteiros de
Estrasburgo", alcançou notoriedade. Erwin de Steinbach que a dirigiu,
submeteu ao bispo de diocese os planos para a construção da catedral de
Estrasburgo e, ao mesmo tempo, que iniciava as obras, deu aos seus operários
uma organização que se tornou célebre em toda a Alemanha. Em 1275, foi
realizada uma convenção histórica, talvez a primeira da Ordem. As Constituições
de Estrasburgo, de 1459 as Ordenações de Torgau, de 1462, e o Livro dos Irmãos,
de 1563, tornaram-se as Leis e Fundamentos que serviram de regra a essas
corporações, até o aparecimento dos primeiros Sindicatos alemães. A entrada dos
franceses em Estrasburgo, em 1681, e o Decreto da Dieta Imperial, de 1731.
acabaram com a Fraternidade dos Steinmetzen".
As Corporações foram
se ampliando, disseminando-se por toda a Europa, todas já desligadas dos
mosteiros e tendo vida própria.
As "Lojas"
mantinham as tradições recebidas das Guildas anteriores e conservavam "um
Ritual", rústico e simples orientado para manter o agrupamento coeso. Esse
Ritual, quiçá, tinha apenas um Grau: o do Aprendiz, mas, na evolução natural,
seguiu-se o de "Companheiro" para afinal, estabelecer-se o de
"Mestre".
Não há documento que
registre esse "nascimento". O Ritual não passava de uma
"adaptação" da organização dos monges.
Os rituais atuais do
Simbolismo Maçônico dão ao Grau de Aprendiz uma ênfase maior; é o Grau mais
complexo e básico, sustentáculo dos Graus posteriores.
O Grau de Aprendiz,
entre nós, é o mais divulgado de todos, vez que, nas centenas de Lojas que
existem no País, os trabalhos são realizados no I° Grau.
Praticamente, em cada
Estado (e são 27) há uma Grande Loja e, com raras exceções, cada uma possui um
Ritual diferenciado.
Mesmo que essas
diferenças sejam mínimas, não temos no Rito Escocês Antigo e Aceito, uma
uniformidade ritualística.
Já nos Graus
Filosóficos, as diferenças são oriundas dos diversos Supremos Conselhos
existentes; quanto às Grandes Lojas, os Rituais são idênticos, vez que,
emitidos por um único Poder, o Supremo Conselho.
No entanto, apesar das
"ligeiras" diferenças, o cerne é mantido e nenhum Ritual desrespeita
os Landmarks.
Nós, afirmamos que
essas diferenças caracterizam a Loja e constituem a sua
"personalidade".
Os maçons mais
antigos, como nós, por exemplo, já com 50 anos de Loja, enfrentamos algumas
dificuldades quando visitamos Lojas (e a nossa própria) vez que, encontramos
"inovações".
As alterações que os
Grãos-mestres introduzem, aparentemente inócuas, na realidade, às vezes ferem a
liturgia e alteram o sentido da frase ritualística.
Frequentemente, os
Rituais são renovados e assim, perdem o que a tradição deveria conservar.
"Eu aprendi
assim", "no meu tempo se fazia assim", são afirmações muito
comuns; a tendência é conservar a tradição, mesmo que esse contenha erros
vernaculares ou interpretações desusadas.
No entanto, as Lojas
progridem e a Fraternidade cresce; talvez esses alterações sucessivas, porque
feitas de boa-fé não prejudiquem tanto o organismo em si; os prejuízos
revelam-se na parte esotérica, que é a menos estudada.
A divisão simbólica em
três Graus recorda a tríade: corpo, espírito e alma nas suas distintas fases:
nascimento, vida e morte.
São fases progressivas
visando uma "construção" decorrendo daí que se fazem necessários um
aprendizado, uma comunicação e um mestrado; esse como garantia de perpetuação
da construção; um edifício, depois de concluído, destina-se a alguma função e
essa é permanente, sediada num complexo bem realizado e permanente.
A trilogia representa
a Deus, à Inteligência e à Virtude e essas fases influenciam a Vida.
Um nascimento e um
estágio de companheirismo seriam próprios da juventude; todavia, a Maçonaria
inicia a jornada com o homem adulto, vendo nele o desenvolvimento completo;
temos então, como se fosse um contrassenso, um adulto nascendo novamente.
Uma
"criança", ao mesmo tempo, adulta, recebendo o alimento próprio para
a criança.
O simbolismo esconde
sigilos, mistérios e esoterismos.
O Iniciado é,
simbolicamente, um recém-nascido e a vivência desse recém-nascido é realizada
dentro da Loja e não no mundo profano; sai da sessão de dentro de um Templo,
para a Sala dos Passos Perdidos, não o recém-nascido, mas um adulto renovado; a
sua inteligência compreenderá a transformação e o campo experimental, no mundo
profano será numa trajetória virtuosa.
A passagem pelo
aprendizado objetiva a "União",
o "Aperfeiçoamento" e a "Felicidade" da humanidade.
O "culto"
exercitado dentro do Templo redunda em benefício do físico, do intelecto e da
moral.
Portanto, a ação do
Aprendiz, materializa-se beneficiando o próprio Corpo (o afastamento dos
vícios) robustecendo o intelecto, pelos novos conhecimentos através do estudo e
do conteúdo de um catecismo.
O catecismo é o resumo
da Doutrina, parte compreensível de imediato e parte dependente do raciocínio
prolongado.
A Maçonaria fornece os
"princípios" estáticos; o simbolismo auxilia na interpretação e a
prática contribui para a evolução.
O Mistério maçônico
surgirá das regras contidas nos princípios e se revelará paulatinamente para o
indivíduo maçom.
Cada Grau (são 33)
possui seus Mistérios; ultrapassado o Grau de Aprendiz, os mistérios dos Graus
terão sido assimilados e ao final, chegado o maçom ao ápice da pirâmide, nenhum
Mistério existirá.
No entanto, as
revelações serão individuais porque ficarão dependentes do estudo e da perseverança.
Como a solução dos
mistérios é lenta e difícil, cada maçom conservará para si, e isso constituirá
o "sigilo".
Dentro dos Graus
Simbólicos, os "mistérios maiores" exaurem-se vencido o 3o Grau, ou
seja, o Mestrado.
O Grau do Aprendiz
filosoficamente vem consagrado ao desenvolvimento dos princípios fundamentais
de Sociedade (Maçônica e profana) e ao ensinamento de suas leis e costumes
compreendidos nas seguintes expressões: Deus, Beneficência e Fraternidade.
Deus,
porque constitui um princípio consagrado; o Maçom deve crer na existência de
Deus, caracterizado historicamente através das Sagradas Escrituras.
Beneficência, porque o coração do Maçom não pode permitir
que um Irmão (membro de sociedade) padeça necessidades.
Fraternidade, porque todos os homens são filhos de Deus,
portanto, simbólica, histórica e filosoficamente, nossos Irmãos.
O Aprendiz cumpre
esquadrejar a Pedra Bruta com
trabalho, capacidade, persistência e fé.
Sem preparar a Pedra
Bruta, não poderá o Maçom, entregar-se
à construção do Edifício moral, físico e espiritual; essas
três fases resultam em construção de um edifício material e espiritual que é o
corpo humano, compreendida a razão e a vida.
A
saída do estado de imperfeição somente é realizada através do trabalho.
Esse trabalho, quanto
ao Aprendiz é auxiliado pelos seus Irmãos de idade maior (2o e
3o Grau).
O Maçom trabalha em um
Templo onde se encontra a Loja que por sua vez mantém uma Oficina.
Aprendiz - Grau 1
Rizzardo do Caminho