A SACRALIDADE DO TEMPLO



Após a estada no átrio, onde o maçom se despe mentalmente do aspecto profano, isto é, procede a uma desintoxicação completa, libertando?

Se de qualquer resquício de negativismo, ou seja, afasta de si qualquer mágoa que possa ter para com um irmão seu, adentra no Templo, obedecendo à ordem hierárquica, na "procissão", de conformidade com o Grau Iniciático, a posição administrativa e os usos e costumes da Loja.

A entrada é feita pela esquerda, obedecendo ao mostrador de um relógio, em marcha ordinária, ou seja, sem o sinal do Grau, e em "fila indiana", isto é, um a um.

O Mestre de Cerimônias é quem rompe a marcha, precedendo os aprendizes e o orientando para que ocupem os lugares a eles destinados, procedendo de igual forma para os companheiros e mestres.

Compete ao Mestre de Cerimônias guiar a procissão, porque é ele quem "bate à porta" que no ato encontra? Se fechada.

Antes dos membros do quadro ingressar no átrio, três irmãos dirigem-se ao Templo, permanecendo no seu interior, a saber: o Arquiteto, o Mestre de Harmonia e o Guarda do Templo Interno.

O Arquiteto tem o dever de prover que a Loja se encontre preparada para receber os Irmãos; o Mestre de Harmonia prepara o fundo musical e o Guarda Interno se posta à porta para abri-la tão logo isso lhe for solicitado.

Essas são as disposições normais e racionais que precedem o momento da introdução dos membros do quadro ao Templo.

Os três Irmãos que precedem à entrada dos demais, manterão um comportamento apropriado à sacralidade do Templo, isto é, o silêncio, o respeito e a compenetração de suas tarefas.

Não se pode esquecer que todo o Templo foi previamente consagrado pelo Grão-Mestre em cerimônia apropriada.

Essa "sagração" é um ato único; não se repete quanto naquele edifício funcionar um Templo. Trata-se de um ato litúrgico sagrado que imprime a permanente sacralidade e essa exige o tradicional respeito e a mística decorrente da consagração.

Totalmente impróprio será, dentro do Templo, sob pena de profanação, a falta de compostura, a algazarra, o desrespeito e a atitude agressiva dos Irmãos uns para com os outros.

Certa "corrente" admite que, enquanto ainda não presente o Venerável Mestre, os Irmãos possam adentrar, tanto pela esquerda como pela direita e desordenadamente, permitida até a conversa.

Para apresentarmos nossa crítica aos que assim pensam, basta nos lembrar que ao se abrir a porta, já há "sons" melodiosos significando o início da louvação ao Grande Arquiteto do Universo.

Inexistem ainda "provas" definitivas para uma afirmação categórica a respeito da obrigatoriedade de ser a entrada em Templo pela esquerda.

Cremos que a tese, ainda permanece polêmica de vez que, segundo alguns, a marcha obedece à direção dos ponteiros dos relógios; outro, que deveria obedecer à direção da rotação da Terra; terceiros que o movimento deveria ser o indicado pela agulha magnética da bússola; e, finalmente, que seria a rotação do Sol a comandar os passos do maçom.

Nesse constante pesquisar, ainda iniciando-se os trabalhos ao meio dia, quando o Sol está a pino e seus raios incidem sobre o maçom, perpendicularmente, iluminando-o a ponto de seu corpo não produzir sombra, nessa posição neutra comandaria o movimento dos passos, o "coração" que por estar situado à esquerda do peito, nessa direção comandaria a direção da marcha.

No Grau de Companheiro, adentramos no Templo pela direita e no Grau de Mestre pelo centro.

Os três posicionamentos devem ser observados em conjunto; se alterássemos a entrada do Grau de Aprendiz, seguindo pela direita, forçosamente deveríamos alterar a direção dos graus que se sucedem.

De qualquer forma, o fato da "entrada" é que deve manter a sacralidade do Templo; quem ingressa é o Irmão que se purificou no átrio; entra pela ordem hierárquica porque no Quadro da Loja essa é a sua posição; entra individualmente porque entra como elo e não como corrente; como membro do Quadro e não como Quadro.

E... com essas considerações, não devemos esquecer que a "saída" do Templo também é ordenada, agora, inversamente.

Ao retirarem-se os Irmãos, permanecerão somente dentro do Templo o Arquiteto, para colocar nos devidos lugares o que foi porventura desajustado; o Mestre de Harmonia, porque proverá o som até a saída do último Aprendiz; e do Guarda do Templo, porque, ao sair o último Aprendiz, ele "fechará" a porta. Momentos depois, ao esvaziar-se o átrio, o Guarda do Templo retirar-se-á, indo de encontro do Guarda Externo a quem cumprimentará. Ambos estarão convictos que cumpriram o seu dever.

Inicialmente, o Arquiteto, o Mestre de Harmonia e os Guardas adentrarão no átrio, junto com o Mestre de Cerimônias, com a finalidade de prepararem-se para o seu desempenho, de vez que todos os que adentrarem no Templo devem se convencer que estarão adentrando em recinto sagrado.

O Guarda Externo não adentra no Templo, mas purifica-se no átrio para exercer a sua função. Seria recomendável para o Guarda Externo que fosse permitido o rodízio a fim de propiciar indistintamente, a todo o quadro, a mesma oportunidade de "estar".

Rizzardo da Camino
                                                        
José Carlos Lopes 


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