Preliminarmente,
devo dizer que a síntese desta peça de arquitetura é analisar as várias
significações que os bons exegetas atribuem ao pentagrama.
Como se
sabe, e nunca é demais repetir, toda a ritualística do Segundo Grau gira em
torno da Letra G, da Estrela Flamejante e do Número 5.
Os rituais
das diversas obediências ensinam que a Estrela Flamejante é o símbolo do
Companheiro por que:
“O Companheiro é chamado a tornar-se um
foco ardente, uma fonte de luz e calor. A generosidade de seus sentimentos deve
incitá-lo ao devotamento sem reservas, mas com o discernimento de uma
inteligência verdadeiramente esclarecida, porque está aberta a todas as
compreensões”.
Note-se que
falta ao vocábulo devotamento à complementação. Devotamento a que?
Pensamos
que o Companheiro deve devotar-se, sem reservas, ao estudo ao seu aprimoramento
filosófico e espiritual, mas, sobretudo aos seus semelhantes. Isto porque o
Segundo Grau é, antes de qualquer coisa, social.
Daí por que
é necessário que ele saiba ser compassivo e tolerante com o próximo sem,
todavia, abrir mão de certos princípios morais e éticos.
Outra coisa
que se lê nos rituais é a explicação das razões por que a Estrela Flamejante se
constitui de cinco pontas:
Para figurar os quatro membros do homem e a cabeça que os governa.
Esta como centro
das faculdades intelectuais domina o quaternário dos elementos ou da matéria.
Assim, a Estrela Flamejante é mais particularmente emblema do poder da vontade.
Lavagnini
ensina que:
Em um primeiro lugar podemos ver na Estrela de Cinco Pontas a imagem de um
corpo de homem, com as pernas e os braços abertos, em correspondência com suas
quatro pontas laterais e inferiores, mantendo a ponta superior relacionada à
cabeça.
É uma
postura de equilibro ativo e de capacidade expressiva, por meio do qual o homem
se ache no centro de sua vida, e com sua atividade, irradia de si mesmo sua
própria luz interior, exatamente como se faz a estrela no espaço”.
Essa
explicação de Lavagnini é, normalmente, a que se vê em quase todos os autores
que procuram explicar o Pentagrama, que também é chamado de Estrela Hominal.
É pena que
na maioria das vezes os escritores maçônicos se prendam, não sabemos por que
razões, a uma lógica muito convencional de pesquisa e de busca, praticando os
mesmos métodos, algumas vezes nada ortodoxos, que norteiam a busca e a pesquisa
das ciências profanas.
Pensamos
que o buscador, o pesquisador, o estudioso maçom não pode e não deve ficar
preso a determinadas metodologias que encarceram o pensamento e levam, não
poucas vezes, a invencionices que tentam apresentar com selo de verdade.
A maçonaria
nos dá plena liberdade de exegese. Não temos necessidade de inventar.
Necessário é que nos libertemos de certos valores só aplicáveis às ciências
profanas.
Enquanto
que na maioria dos ritos é adotada a Estrela de Cinco Pontas, no Rito de York
está presente a Estrela de Seis Pontas ou Hexagonal.
Encontramos
muito pouca coisa que nos fornecesse, com exatidão, o verdadeiro significado da
estrela de seis pontas que nos pudessem auxiliar na justa interpretação de seu
significado. O próprio Varoli, um dos maiores pesquisadores da Ordem no Brasil,
disse quase nada a respeito.
Voltando à
Estrela de Cinco Pontas, devemos dizer que existe ainda outra interpretação;
aquela que faz alusão aos cinco sentidos do homem.
Varoli
escreve:
“As cinco
pontas da estrela ainda lembram os cinco sentidos que estabelecem a comunicação
da alma com o mundo material – tato, audição, visão, olfato, paladar, dos
quais, para os maçons, três servem à comunicação fraternal.
Pois é pelo
tato que se conhecem na luz e nas trevas pelos toques.
Pela
audição se percebe as palavras e as baterias; e pela visão se notam os sinais.
Mas não há como esquecer que pelo gosto se conhecem as bebidas doces e amargas,
bem como o sal, o pão e o vinho.
Finalmente,
pelo olfato se percebem a fragrância das flores e os aromas do altar dos
perfumes.
Ao
estabelecer uma relação das pontas da estrela com os sentidos humanos, preferimos
concluir que a Estrela Flamejante incorpora duas interpretações: a primeira
sobre o microcosmo físico que se prende ao domínio da forma, e a segunda, ao
microcosmo psíquico que se relaciona com o domínio da consciência.
Jules
Boucher, não aceita essa relação das pontas da Estrela Flamejante com os cinco
sentidos, diz ele:
“Quando
relacionaram os cinco sentidos às suas cinco pontas, a pobre estrela não teve
mais nenhum sentido!!!”
Não podemos
esquecer-nos que, acima de tudo, a Estrela Flamejante representa o homem ideal,
que deve ser a grande aspiração do Companheiro Maçom.
Não
olvidemos nunca que estrela é luz e a luz é o grande símbolo da verdade e do
saber.
O Sol, a
Lua, a Estrela Flamejante tem, na Maçonaria, uma significação bem diferente
daquela que lhes é atribuída no mundo profano. Se a luz material nos transfere
informações através de nossa visão, sobre o que existe ao nosso redor, as luzes
que cultuamos na maçonaria nos proporcionam outra visão, muito mais abrangente
e de muito maior valor para a nossa vida, pois que elas iluminam a estrada de
nossa existência, no campo mental e espiritual.
A Estrela
Hominal serve de alerta ao Companheiro Maçom sobre a sua responsabilidade de
auto-melhoramento, não se deixando dominar por paixão alguma, evitando todo e
qualquer excesso.
Quando a
maçonaria aconselha aos seus filhos de – ouvir sempre, falar pouco e trabalhar
bem, esta apontando sua ética, e, neste ponto, aproxima-se e muito dos
ensinamentos dos filósofos estóicos, que cultivavam uma filosofia de cunho
essencialmente moral, muito próxima daquela ensinada por Sócrates.
Os estóicos
se afastam dos ensinamentos de Platão e de Aristóteles no que diz respeito ao
conhecimento humano, sobretudo em relação os modos de conceber a verdade.
Para os
dois grandes filósofos gregos a verdade consiste na total correspondência entre
a representação mental e a situação real das coisas; para Zenão, o pai do
estoicismo, a verdade consiste na total compreensão do objeto que a mente é
obrigado a analisar.
O estóico
visava, antes de tudo, o domínio sobre si mesmo. Isto lembra ao Companheiro
Maçom que ele tem um compromisso do qual não se pode afastar e que assumiu a
partir do momento em que, como Aprendiz, iniciou seu próprio desbaste de
defeitos pessoais, o que exige domínio sobre si mesmo. Neste ponto, ele há de
ser estóico.
Logo é
preciso que procure distinguir sempre as diferenças que existem entre – paixão,
emoção e sentimento. A paixão é inadmissível no maçom; é perigosa e deve ser
afastada sempre porque é irracional e conduz perigosamente ao fanatismo.
Isto
significa que tudo se resume numa única palavra: virtude.
O maçom há de ser virtuoso. Mas o que é virtude? Virtude é uma disposição íntima pela qual a alma se põe em harmonia consigo mesma. Para os estóicos a prática da virtude consiste na anulação das paixões e na superação do próprio ego.
O maçom há de ser virtuoso. Mas o que é virtude? Virtude é uma disposição íntima pela qual a alma se põe em harmonia consigo mesma. Para os estóicos a prática da virtude consiste na anulação das paixões e na superação do próprio ego.
Se a ética
dá ao Companheiro uma ideia de força íntima é porque a razão se apóia no
sentimento e não na paixão ou na emoção.
Quando a
maçonaria quer que a pedra bruta se transforme em pedra cúbica, ela está
lembrando ao iniciado que ele deve manter uma luta progressiva e sem tréguas
pelo domínio de si mesmo, colocando o próprio ego sobre o mais absoluto
controle.
Que o
Companheiro ao fitar a Estrela Hominal se lembre que quando conseguirmos o
controle total sobre nós mesmos tornamo-nos inteiramente livres e responsáveis
e estamos realmente preparados para o exercício da arte real. Isto é difícil de
ser alcançado, daí a necessidade de que a luta seja diuturna e sem esmorecimentos.
Leibniz,
filósofo que viveu no Século XVIII, já dizia: “Só Deus é perfeitamente livre;
as criaturas o serão, mais ou menos, na medida em que se coloque acima das
paixões”.
O
Pentagrama pode comportar, simbolicamente, várias interpretações, todavia, e
antes de mais nada, ele representa a luz da inteligência que nos faz enxergar
os problemas interiores e os meios para enfrentá-los, e, por vezes corrigi-los
ou vencê-los.
Irm.•.
Lúcio Alberto Gomes
Bibiliografia
Cartilha do Companheiro
José Castelani e Raimundo Rodrigues – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda.
Cartilha do Companheiro
José Castelani e Raimundo Rodrigues – Editora Maçônica “A Trolha” Ltda.