MAÇOM: DO MURAL A MORAL



“Mais valoroso que sejas pedreiro se este for o teu talento”.
― Nicolas Boileau

         Após a Sociedade Maçônica ter aberto mão do secretismo em função do discretismo face aos tempos modernos, eventualmente nos deparamos a situação de PProf.’. nos questionarem se somos MMaç.’.. 

Alguns IIr.’. preferem a circunspecção ou mistério sobre a questão, outros a altivez ao assumir este caráter. Mas, qualquer que seja a alternativa, será que de fato já refletimos o que significa tal termo tão peculiar? Claro, formamos uma noção filosófica e moral empírica do que quer é ser Ma.’. Espec.’. graças nossas instruções e conversas trocadas entre IIr.’., mas podemos nos assumir seguramente MMaç.’. sem sabermos a proveniência do termo?

Por questões práticas, nesta questão somos forçados a relegar teorias que origina os “Franco-maçons” “Maçons” etimológico-historicamente aos egípcios, fenícios, habirus e demais povos que tecerem os mistérios da antiguidade.

Podemos sim, nos ater concretamente palavra “Maçom” a sua significação usual de “Trabalhador em Pedra”, e, assim, (tentar) rastrear a origem do ofício e sociedade dos ainda OOper.’. MMaç.’.. Possivelmente não deve haver proveniência mais lógica que a raiz medieval latina “Macconer”(para construir) ou “Maconetus”(construtor), que ainda assim não se possui certeza da validade. Portanto, para melhor entender o conceito “Maçom”, o aspecto mais propício de investigação, seria suas aplicações documentadas mais longevas.

A palavra “Franco-maçom” ou simplesmente “Maçom” teve sua aplicação mais longeva observada entre os séculos XIII e XIV e até o século XVIII ela ressurgia de como sinônimo para diversos termos como: pedreiro, construtor, arquiteto, pedreiro-livre, trabalhador de pedra-franca, etc.

Na primeira época das pesquisas maçônicas, assumiu-se que os MMaç.’. OOper.’. tinham utilizado este termo de uma única forma e significado. Também foi presumido que a origem da palavra poderia lançar luz sobre a origem da Fraternidade.

 Atualmente os estudiosos abandonaram a primeira hipótese, pois, concluiu-se que há muito pouco sobre a origem da palavra “Maçom” para que esta possa explicar a origem da Maçon.’. em si. As informações colhidas a partir de diferentes períodos e lugares indicam que a palavra deve ter tido aplicações diversas, e que um Trabalhador/Artesão que poderia em determinado lugar/período ser chamado de Maçom e noutro não. Observemos as hipóteses em voga para o significado do termo:

     I.        Trabalhadores em Pedra-Franca: Muitas pedras empregadas em fundações e edificações eram de natureza bruta, desiguais na consistência, possuíam formações ásperas ou tortas. A pedra ideal para desbaste era a granulada, ou de grão fino que podia ser cortado em qualquer direção sem rachar ou lascar a peça, podendo de ter a superfície aplanada e polida. Estas eram conhecidas como “pedra-franca”.

    II.        Trabalhadores Formados: Os Aprendizes do ofício da construção eram subordinados a um Mestre por um determinado período de anos. Estes como o firmado em acordo, ao término de um período combinado e dada as instruções necessárias, eram avaliados (trolhados?) e então liberados (elevados?) do compromisso. Qualquer Mestre Maçom era neste sentido seria um “Maçom-Livre” ou “Franco-maçom”.

  III.        Trabalhadores Emancipados: Pedreiros locais por obedecer aos costumes e a lei civil, eram restritos às suas próprias comunidades, ao menos, em circunstâncias habituais. Os pedreiros construtores de catedrais e igrejas por sua vez não eram restringidos a uma localidade especifica e estavam francos para se deslocar livremente objetivando à disseminação mais fácil das edificações religiosas.

  IV.        Trabalhadores de Cidade-Livre: Uma vez que uma cidade recebia uma Carta Constitutiva própria, praticamente tornava-se um governo independente e ao decorrer do tempo cada morador de determinada cidade-livre tornava-se um cidadão. Fora dos muros havia a servidão, dentro a liberdade. Esta liberdade advinha dos "direitos" dos cidadãos habitantes daquela cidade. O membro de uma Corporação Maçônica de tal cidade seria um cidadão e, portanto livre, ao passo que um simples pedreiro fora dos muros não seria.

Possivelmente algum destes significados para "Franco-maçom", tenha encontrado seu caminho até as Antigas Constituições que outorgavam a autoridade civil para que as Lojas estabelecessem as direções da Maçon..’. Espec.’.. Talvez uma série de definições tenha convergido para o uso atual da palavra, de todo modo, a mesma continua a ter significados variados.

Mas o que nos vale toda essa história?

No que tange a etimologia de uma palavra, essa peça já satisfaria ao mero leitor, podendo ser descartada ou postada a outro qualquer... Afinal, há muito já deixamos as construções de murais para as especulações morais! Mas foram as construções em pedra desses pedreiros longevos que nos renderam nossas alegorias e símbolos, e seu exemplo pode e deve guiar nossas ações! Eles que empregavam tanta Força e Vigor sobre a pedra... Empregaríamo-nos, um equivalente sobre a sociedade como alegamos?

Escolheríamos com o mesmo critério que aqueles, as PP.’. BB.’. que iremos desbastar (I.)? E ainda, desenvolveríamos pelo tempo necessário, examinaríamos e então graduaríamos corretamente nossos AApr.’.(II.)? Nos dedicaríamos também a construção do T.’. alegórico que culminará em nossa tão almejada liberdade(III.)? Por fim, contribuiríamos para que nossa comunidade seja autônoma e, portanto nós mesmos (IV.)?

Para efeito, visitemos ainda o XXIV Landmark: “A fundação de uma ciência especulativa, segundo métodos operativos, e o uso simbólico e a explicação dos ditos métodos e dos termos neles empregados, como propósito de ensinamento moral (...)”. 

Este Landmark é a indicação inegável da necessidade de compreendermos profundamente o passado para a fundação do futuro. Somente pela mineração do que éramos, poderemos desbastar o que somos a fim de bem construir o que seremos...

Autoria de Tiago Roblêdo M.’. M.’.
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REFERÊNCIAS
Mackey's Encyclopedia of Freemasonry
Las Antiguas Corporaciones, M\R\H\ José Schlosser
Ritual de Aprendiz, Rito Escocês Antigo e Aceito 1928 - GLEB


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