Outrora, a velhice era uma dignidade; hoje, ela é um peso.
"Francois Chateaubriand"
Quando fui iniciado, a vida para mim ganhou um novo sentido,
pelas novas amizades e pelo ensinamento que recebia nas instruções de meus preceptores.
A sessão maçônica era uma coisa extraordinariamente nova e
reveladora. Sonhava em crescer na ordem e ser como aqueles irmãos mais antigos,
pois via neles tanto conhecimento e amizade, meus sábios inspiradores.
Aqueles “velhinhos” eram a porta para meu ingresso no
conhecimento e na filosofia da Arte Real.
Para mim, eles viviam num mundo de felicidade e que aquilo era
uma herança, que levariam até os dias da velhice.
Esse sentimento inundava o meu espírito de paz e esperança.
Jamais poderia pensar que o caminhar dos anos trouxesse
consigo mudanças tão importantes. Parece que a juventude não conhece o
segredo para a transmutação e quando a idade avança, somos pegos por uma
realidade surpreendente, às vezes desalentadora.
A ordem que servimos por décadas a fio, dispensando os maiores
esforços, nos abandonara na idade senil. Justamente quando estamos mais
carentes e fragilizados.
Na America do Norte, os maçons idosos vão para o albergue da
ordem onde vivem em paz e dignamente.
Toco nesse assunto, levando em conta casos de irmãos que vivem
no mais completo abandono maçônico. Vitimados por uma enfermidade não saem para
lugar algum, aprisionados em suas casas.
Essa realidade é bem diferente dos templos aconchegantes e das
amplas festas e Copos D'Água que um dia frequentaram. Aquela alegria barulhenta
e os abraços fraternos deram lugar ao abandono, ao ostracismo involuntário e ao
silêncio cósmico que arrasa seu moral.
Se tivessem a mão amiga de um irmão, poderia ir à Loja, aos
almoços e de novo serem felizes.
A maçonaria, pródiga em ajudar os velhinhos dos asilos profanos,
vira a cara para seus próprios membros que nem sempre precisam de apoio
pecuniário, apenas de uma visita.
A tentativa de levar irmãos à casa de um enfermo sempre resulta
em fracasso, pois ninguém se interessa. Os Veneráveis Mestres, esses, nunca
vão.
O tempo corre célere e a vida escapa pelos dedos como o
mercúrio.
Irmãos, ainda há tempo, embora curto, para amar o próximo, pois
o Céu não pode esperar.
T.'. F.'. A.'.
Laurindo Roberto Gutierrez
Membro da Loja de Pesquisas Maçônicas - Londrina - PR
Laurindo Roberto Gutierrez
Membro da Loja de Pesquisas Maçônicas - Londrina - PR