Inicialmente gostaria de dizer que, mesmo não sendo especialista no
assunto, mas tendo em vista a necessidade de compreendermos o Simbolismo
Maçônico, nos propomos à reflexão sobre os aspectos e noções básicas que
compõem esta simbologia por considerá-la de suma importância para nossa
evolução maçônica.
Considerando que, a Maçonaria pode ser definida, de maneira
simplificada, como “um sistema de moral velada por alegorias e ilustrado por
meio de símbolos”, ou seja, que ela se assenta em formas ou objetos concretos
que apresentam um ou vários significados. Por isso, torna-se necessário
compreender essas formas de representação.
Nessa linha de entendimento, podemos dizer que, geralmente, no estudo da
Maçonaria encontramos três níveis de representação simbólica, a saber: Emblema, Alegoria e Símbolo,
destacando que há entre cada uma delas distinção quanto ao seu significado.
Dessa forma, temos que, Emblema é segundo alguns
estudiosos, uma forma representativa de menor complexidade do que a Alegoria,
bem como esta é menos complexa do que o Símbolo propriamente dito.
O Emblema pode ser definido como uma insígnia ou um distintivo. Como
dito anteriormente, ele é um símbolo de menor complexidade nessa escala
representativa, por exemplo, o esquadro sob o compasso ou vice e versa.
Dentro do Simbolismo Maçônico, o Emblema é uma figuração simbólica,
recheada de desenhos e cores representativas, geralmente acompanhadas de um
dístico.
Outro aspecto da Simbologia Maçônica é a Alegoria, uma palavra de origem
grega, que representa certos atos ou ideias. Ou seja, ela nada mais é do que a
forma figurada de um pensamento, ficção ou metáfora, de tal maneira que, na
expressão ou entendimento comum, tem um significado e no sentido esotérico,
outro, por exemplo, a alegoria da pedra bruta.
Podemos dizer que, a alegoria nos é apresentada através de imagens
claras, formadas por símbolos concretos, tal como a representação alegórica da
justiça, a qual é figurada por uma balança.
Ainda compondo o Simbolismo Maçônico, temos o Símbolo propriamente dito,
que é representado por um objeto ou sinal convencional, através do qual se
indica outra coisa que não aquela que inicialmente possa nos parecer.
O símbolo pode ter vários significados e a revelação de cada um deles
ocorre de acordo com o estágio evolutivo de cada um de nós.
Com isso, é possível dizer que, o Símbolo é mais velado que a alegoria,
pois este requer uma maior introspecção de quem o examina, revelando seus
possíveis significados conforme o momento e a evolução de cada um.
Embora a distinção entre Alegoria e Símbolo requeira um exame um pouco
mais minucioso de quem os observa, com relação ao emblema, isso se torna um
exercício menos complexo. Assim, podemos destacar que a diferença entre o emblema
e o símbolo é que, aquele é objetivo, ao passo que este requer uma maior
introspecção para compreender seus possíveis significados.
Segundo o grande escritor maçônico Mackey, a palavra emblema é usada
geralmente como sinônimo de símbolo, embora os dois nomes não expressem
exatamente o mesmo sentido (como já apontamos anteriormente) e, conclui que:
“Todos os emblemas são símbolos, mas a recíproca não é verdadeira”. O que
ressalta esse caráter mais pragmático do emblema em relação ao símbolo.
Nessa perspectiva, ressaltamos que o Simbolismo é um sistema de
representação que visa memorizar fatos e tradições, bem como exprimir crenças
ou verdades de um povo ou, no nosso caso, de pessoas iniciadas na Maçonaria.
Segundo Theobaldo Varoli Filho, “O Simbolismo Maçônico é o culto da
Ética Universal, por meio de Símbolos e Alegorias. Ele se distingue por sua
universalidade e como expressão de ideias pacificamente aceita pela humanidade
civilizada”.
Com isso, podemos depreender que, os Símbolos Maçônicos não devem ser
interpretados livremente a fim de que sejam evitadas distorções quanto ao seu
significado, uma vez que eles buscam sintetizar lições morais e universais,
aceitas por todas as crenças e filosofias.
Lembramos que, o Simbolismo Maçônico nos Graus 1º, 2º e 3º (Maçonaria
Simbólica) estão, basicamente, representados pelos instrumentos dos pedreiros
livres a época da Maçonaria Operativa.
A estrutura hierárquica do conhecimento esotérico ou maçônico pode ser
compreendida através da organização em uma escala ascendente dos níveis de
representação do Simbolismo Maçônico.
Assim, temos como base o emblema, cuja interpretação se refere apenas ao
que se vê o que é efetivamente concreto a qualquer um, exemplo, a trolha (um
instrumento ou ferramenta de trabalho do pedreiro/operário). Seguidamente, há o
nível alegórico, no qual vemos o que está nas entrelinhas: a trolha serve para
construir nosso templo interior ou saciar nossa fome.
No ápice, temos a representação simbólica, neste nível a interpretação
vai além das entrelinhas e a intuição se faz presente de maneira absoluta.
Portanto, concluímos que, o Simbolismo Maçônico é sempre um véu a ser
descortinado, o qual constitui um sistema de conhecimento que se adéqua mais à
memorização intuitiva do indivíduo, uma vez que a interpretação da Simbologia
Maçônica possui um caráter etéreo e metafísico, o que requer uma constante
evolução do Maçom, bem como uma busca incessante pelo conhecimento.
Aildo Virginio Carolino
Secretário Estadual de Gabinete – GOB-RJ