A PALAVRA E O SÍMBOLO


O homem, no início de sua caminhada, tinha dificuldades e limitação para se comunicar e se expressar até mesmo por conta de sua reduzida capacidade cerebral.

Levando-se em conta a Teoria Evolucionista e voltando ao passado remoto encontraremos o homem primitivo semelhante a um símio, emitindo grunhidos e com um vocabulário – se considerarmos grunhidos, como fala – muito pequeno, muito restrito, necessário apenas para sua sobrevivência.

Na medida em que foi evoluindo, formando as ideias e o entrelaçamento entre elas, começou a memorizar coisas, a distinguir sentimentos, há observar o tempo e a definir o espaço.

Nesses primeiros momentos o registro daquelas expressões era feito através de desenhos contendo imagens de pessoas ou animais, armas e instrumentos, conforme podemos ver nas pinturas rupestres. 

O homem aprendeu com os acontecimentos, os lugares, o clima, por onde passou e sua memória começou a captar e a registrar situações, a idealizar. Muitas delas se tornaram rotineiras e foram recebendo identificações ou nomes, formando ideogramas.

A palavra passou a representar alguma coisa e tornou-se símbolo tanto pelo som quanto pela escrita, mesmo sendo primitiva, mesmo sem ter ainda se tornado um alfabeto.

Quando as famílias foram crescendo, formando tribos, clãs, cidades e estados, a necessidade de se comunicar foi aumentando proporcionalmente e, então, a palavra começou a fazer parte de um idioma.

O homem deixou de ser nômade, tornou-se sedentário e passou ao cultivo das terras e a criação dos animais que faziam parte de sua cadeia alimentar. 

Os primeiros registros dessa situação surgem na região da Mesopotâmia, entre os rios Tigres e Eufrates. Ali aparece a civilização sumeriana, que nos deixou como legado as primeiras escritas, vieram também os babilônios e outros povos. A partir de então a humanidade começou a registrar com mais fidelidade os fatos históricos.

Pouco mais adiante encontramos a escrita egípcia e seus hieróglifos e assim por diante.

É bom ressaltar que o conhecimento dessas escritas – que começam a ter forma de alfabeto – era de uns poucos e aqui estamos nos referindo a “palavra escrita”.

Para que tenhamos uma ideia, na Idade Média tínhamos aproximadamente 95% de analfabetos. Imagine isso na Antiguidade.

Ocorre que a palavra nua, pronunciada de um para o outro, era uma herança forte e a tradição do conhecimento era repassada de pessoa a pessoa, de família a família, de povo para povo, mas encerrava também seus segredos e seus mistérios. Daí se falar muito na Arte da Memória.

Entre os judeus, as palavras se aliaram aos números e a Cabala resume todo esse conhecimento.

Entre os Hindus palavras se tornaram Mantras, emitindo em uma constância e tonalidade o seu som. Dizia-se e ainda se diz, com base nos relatos do passado, que há uma “palavra desaparecida” ou uma “letra” faltante na entoação dos Mantras e que se descoberta dará a pessoa o domínio do mundo.

Entre os Obreiros da Arte Real se fala na “Palavra Perdida”, na “Palavra Sagrada”, etc.

Inigo Jones, arquiteto inglês, dizia que tudo o que existia no mundo e fora criado pelo homem, vinha da mente, ou seja, do pensamento, de algo imaterial e que na concepção da ideia se transformava em realidade, ou seja, tudo que existe é criação nossa, mas aquilo que já existia e faz parte da natureza é criação da mente de alguém a que chamamos de Deus ou Grande Arquiteto do Universo.

Analisando resumidamente o texto que estamos escrevendo, podemos notar que as palavras são a expressão de ideias, num primeiro momento, ou seja, a expressão daquilo que está sendo criado, mas é também o plasmar dessa criação, ou um processo de incalculável poder. Talvez, por isso, tenhamos o seguinte ditado popular: “a boca fala o que o coração sente”.

Além de ser uma forma de comunicação, a palavra é também forma de expressão, de criação e de destruição. Com uma palavra se faz a guerra e com uma palavra se faz a paz.

A palavra expressa sentimento, transforma um ambiente, e pode fazer o bem ou o mal. Pode, inclusive, materializar esses sentimentos.

A palavra é, na realidade, a mãe de todos os Símbolos até por que pode conter todos eles.

As palavras ditas produzem vibrações e conduzem sentimentos decorrentes de uma ideia. Assim, a palavra “amor” transmite uma sensação boa, uma vibração positiva, enquanto que a palavra “ódio” significa o contrário e assim por diante.

Muitas vezes falamos na formação de uma Egrégora como se ela contivesse apenas bons sentimentos, mas não é assim. Ela contém sentimentos, energias, vibrações, que podem ser boas ou ruins.

Há outra expressão popular que diz que são três as coisas que não voltam atrás: “a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”.

Na história da Maçonaria a “palavra” carrega toda a força das antigas tradições nos seus aspectos místicos, esotéricos e filosóficos e tem uma importância de imensa relevância em nossa ritualística.

Por tudo isso, podemos notar que a palavra é um bem precioso e que deve ser usada sempre no sentido de se construir um mundo melhor, de transformar o homem velho, no homem novo, de nos conduzir em nossa jornada espiritual.

A palavra pode ser uma chama que alimenta nossa alma, mas pode ser também o fogo que destrói. Pode ser motivo de união e de afeto, mas pode, também, ser a razão de guerras e de ódios. Ela pode ser o frio que faz bem, mas também o frio que mata. É preciso ter sabedoria para se usar as palavras. O seu domínio é a essência de um sábio.

A filosofia maçônica nos induz a fazer o bem, a sermos homens justos e de bons costumes, a vencermos os vícios e a construirmos um mundo melhor e, sendo assim, devemos primar pelo bom uso das palavras e pelo cuidado na geração das ideias.

A palavra entre nós, Obreiros da Arte Real, deve simbolizar sempre Sabedoria, Força e Beleza.

Finalizando, a você que terminou de ler esse texto, gostaria de lhe dirigir algumas boas palavras: “Que o Grande Arquiteto do Universo o abençoe, ilumine e cubra de bênçãos”!

Que assim seja!

Ir.’.José Roberto Cardoso
ARLS Estrela D´Alva nº 16


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