O primeiro dever dos dirigentes de uma Loja Maçônica é o PLANEJAMENTO. A
curto prazo, esse planejamento consiste na simples e criteriosa elaboração da
Ordem do Dia.
A diretoria deve, com antecedência, estabelecer os pontos de interesse da
Oficina que serão apreciados na reunião. Ninguém deve ser pego de surpresa, com
as calças na mão. A médio e longo prazos, o planejamento compõe-se da DEFINIÇÃO
DOS OBJETIVOS DA LOJA:
1.
para que estamos aqui?
2.
em que ponto estamos?
3.
para onde vamos?
4.
que estratégias usar?
5.
quem cuidará de quê?
6.
metas de crescimento coletivo e/ou
desenvolvimento pessoal
7.
auxílio aos Irmãos que, por acaso,
tenham dificuldades para acompanhar o processo de concretização dos objetivos
da Oficina.
Esses sete pontos perfeitos, aplicáveis ao justo progresso de qualquer
empreendimento, pressupõem pessoas incumbidas de um OFÍCIO, envolvidas
entusiasticamente numa ocupação.
Essa ocupação pressupõe certo grau de
habilidade e a aceitação dos riscos e dificuldades que envolvam os encargos. Só
então, surge a transcendência do que chamamos Missão. Por isso, os que possuem
esse grau de habilidade são chamados OFICIAIS.
Tradicionalmente, em todos os países, a estrutura dos cargos oficiais em
Loja é o mesmo e seus nomes derivam do idioma e do antigo sistema parlamentar
inglês.
São os seguintes os principais cargos dessa dinâmica OFICIAL e cujos
títulos coloco, inicialmente, em inglês a exemplo das Lojas criadoras dos
ritos. Em francês não é muito diferente: Worshipful Master é o mesmo que
Venerável Mestre [le vénérable, em francês], cargo existente e obrigatório em
TODOS os tipos de Loja – sejam simbólicas, especiais, de estudo, de pesquisas,
autorizadas, ocasionais ou outras.
Isso porque, segundo o Landmark X, “o Governo da Fraternidade, quando
congregada em Loja é exercido por um Venerável e dois Vigilantes. Qualquer
reunião de maçons congregados sob qualquer outra direção, como, por exemplo, um
presidente e dois vice-presidentes, não seria reconhecida como Loja.”
Worshipful significa, para os ingleses, digno, honrado e respeitável. É assim
que dever ser, ora essa…
Os dois vigilantes são chamados Senior Warden, ou Primeiro Vigilante
[premier surveillant em francês] que, entre outras coisas, CUIDA DA INSTRUÇÃO
DOS APRENDIZES; e o Junior Warden [deuxième surveillant]. O Segundo vigilante,
entre outros encargos. além de bater malhete, CUIDA DA INSTRUÇÃO DOS
COMPANHEIROS.
A palavra warden, em inglês, significa gerente ou pessoa
encarregada da observância de certas condutas; em francês, surveillant é aquele
que mantém a ordem no local de trabalho, diferente do vigilant/vigilante que,
nesses idiomas, tem o sentido de vigiar, que não é o nosso caso.
Vejam bem a quantas andaram nossas traduções! Acontece que muitos dos
tradutores dos antigos rituais não conheciam a filologia nem a linguística, nem
a morfologia do inglês ou do francês dos Séculos XVII e XVIII.
Resultado:
caíram nos falsos cognatos: Assim, “latir” espanhol gera o falso cognato latir
– voz do cachorro – enquanto que significa bater, pulsar; apellido é sobrenome;
exquisita é o mesmo que “deliciosa”; data em inglês significa dados,
informações; injury, significa ferimento…
O Marshal, Conductor ou Master of
Ceremonies, [maître des cérémonies] é o Mestre de Cerimônias. Aqui a tradução
está correta. DELE É O DEVER DE CONDUZIR OS RITUAIS. É o Diretor Ritualístico
da Loja. Se a Oficina trabalha com ordem e perfeição, se os rituais são feitos
com correção e sem atropelos, o mérito é do Conductor Mestre de Cerimônias.
Nesse particular, aconselho os Mestres de Cerimônias a não aceitarem
ingerências em suas funções, tampouco estalidos de dedos da plateia.
O Chaplain é o CAPELÃO da Ordem, reminiscência da função desempenhada
pelos capelães nas antigas Ordens de Cavalaria: capelania castrense,
ordinariato militar e capelania militar com atribuições religiosas, judiciais e
de aconselhamento.
É o responsável pela GUARDA DA LEI, pelo exato cumprimento
da Legislação Maçônica e dos Landmarks.
É, digamos assim, o ministério público da Oficina devendo, portanto, ser
exímio conhecedor da Constituição e Regulamento da Potência a que pertença a
Loja, de todas as leis, decretos e responsável pelo trâmite processual da
documentação inerente à regularidade da Loja. No Brasil, traduzimos o título a
partir do francês l’orateur e Chaplain virou ORADOR.
Pronto: alguns oficiais
que ocupam esse posto julgaram seu dever estribado na elaboração de entediantes
DISCURSOS.
Tornam-se tribunos sem toga e, muitas vezes, invadindo a seara dos
Vigilantes ou do Mestre de Cerimônias, chamando a si o direito de conduzir
rituais e dar instruções. E dá-lhe discurso! (Ruy Barbosa, maçom brilhante,
jurista, diplomata, escritor, filólogo e ORADOR DE VERDADE, levantaria do
túmulo, ostentando nas mãos sua obra Anistia Inversa – Casa De Teratologia
Jurídica, e gritaria um BASTA!).
O tesoureiro é o Treasurer dos ingleses ou guardião dos tesouros da Ordem,
conforme o uso dos antigos Templários e ordens de cavalaria. O tesoureiro é o
guarda do tronco e responsável pelo justo andamento das finanças e economia da
Oficina.
Noutras palavras: é o administrador de patrimônio da Loja. (Lembro-me
que, nos meus dias de Aprendiz, um instrutor ensinava que o tronco de
solidariedade tinha seu nome devido aos Templários que escondiam seus tesouros
e moedas sob grossos troncos das árvores na floresta de Ardennes! Uau,
acreditem se quiserem! pois “le tronc de bienfaisance” ou simplesmente TRONC
significa, no caso, o cofre onde são depositadas as oferendas e esmolas. Vale
lembrar que beneficência quer dizer filantropia e caridade; a isso se destina o
tronco).
Secretary – secretário – é o chefe de gabinete do Venerável Mestre. Forma
o principal elo de administração com o Tesoureiro e o Orador, cuidando para que
a Oficina não se depare com problemas de ordem administrativa, legal e
financeira. Dirigida por três, composta por cinco e completada por sete, longe
de interpretações exotéricas, o sucesso das Lojas está no planejamento
democrático, DISCUTIDO E AVALIADO COM CADA IRMÃO, na elaboração criteriosa da
Ordem do Dia.
Os demais Oficiais não citados nesse artigo (Chanceler, Hospitaleiro,
Diáconos, Expertos, Guarda e Cobridor e, Mestres de Harmonia, de Banquetes,
Arquiteto, Bibliotecário, Porta-Espadas e Bandeira, etc.) atuam entre as
engrenagens do Venerável, Vigilantes, Orador, Secretário e Mestre de
Cerimônias. Ninguém pode (nem deve) MONOPOLIZAR as sessões da Loja ou tornar-se
alvo constante das atenções. Na Maçonaria buscamos uma ESCOLA e não
professores.
Todos querem participar, muitos querem ser auxiliados em seu progresso na
Maçonaria. A Oficina, como um todo, quer saber quais as metas de crescimento
coletivo e pessoal, querem saber PARA QUE estão ali, que ponto chegamos e para
onde vamos.
Era mais ou menos isso que os marinheiros perguntavam a Cristovam
Colombo: – “Maestro, dónde vamos?!”
Pelo Ir.’. José Maurício
Guimarães
Este artigo não representa a palavra oficial de nenhuma Loja, Potência ou Corpo Maçônico. Trata-se, apenas, da opinião pessoal do autor.
Este artigo não representa a palavra oficial de nenhuma Loja, Potência ou Corpo Maçônico. Trata-se, apenas, da opinião pessoal do autor.