Sinopse: Objetivo
da ética maçonicamente orientada.
O Rito Escocês Antigo e Aceito tem rica filosofia da qual o maçom dispõe
para sua autoconstrução. Este cabedal filosófico reflete-se na sociedade na
forma de mudanças que promovem libertação do sistema humano que subjuga o
pensamento das pessoas. E todas as mudanças sociais e políticas ocorrem antes
na mente e depois se materializam na forma de ações e produtos em constante
evolução e graus de complexidade.
A transformação é obtida aos saltos pelos que trabalham os neurônios
constantemente. Abruptamente, despertam, fixam-se e mudam conceitos, verdades.
Ao longo da história humana os saltos intuitivos sempre foram influenciados
por fatores ambientais, genéticos e culturais. O software da mente gravado no
hardware do cérebro humano só progride em resultado da troca de informações
entre indivíduos em debates, conversas ou leituras.
O método maçônico visa estes saltos intuitivos de seus adeptos para
encontrar a solução de problemas que se refletem na sobrevivência pacífica da
espécie humana.
O homem sempre usou dos pensamentos de seus semelhantes para desenvolver
máquinas, escrita, arte, ciência e toda a cultura existente. O maçom usa seus
companheiros para deles extrair e desenvolver pensamentos que mudem sua forma
de pensar e agir no campo moral.
Da camaradagem desenvolvida nas reuniões brota a força que muda
intelecto, emoção e espiritualidade. É a energia condicionadora que o grupo
social exerce sobre o indivíduo.
E isto é realidade desde a época das cavernas, onde um ser humano
influiu na educação do outro, até acumular no presente toda a vasta cultura
política, metafísica, social e tecnológica. O maçom é multiplicador da
filosofia político-social da Maçonaria.
Do conjunto de atividades do filosofar maçônico ele desenvolve posturas
que constituem o código de ética que dirige seus passos e que se reflete no
meio social.
E como ética e moral se confundem, pois é tênue a sua diferença e
profundo o seu alcance, convém esclarecer o que é a ética maçonicamente
orientada.
Na conceituação da Ética é possível identificar dois grandes campos de
concepções fundamentais: Na primeira concepção, "o bem seria para onde se
dirigiria o homem", e na segunda concepção, "o bem seria uma
realidade, embora não inscrita na natureza, humana e alcançável"
(Abbagnano, 1998, página 380 e 381).
A Ética, um ramo da Filosofia que busca os princípios ou fundamentos da
natureza das ações humanas, pode também referir-se a princípios que fundamentam
o pensar humano, sem formular ações ou regras de conduta, precisas e fechadas.
Ética, também chamada de Filosofia da Moral, é caracterizada por ser um
pensar reflexivo dos princípios ou fundamentos que determinam os valores e as
normas que governam a conduta humana.
Nesta perspectiva, a Ética enquanto Filosofia da Moral mantém ampliadas
ligações de natureza prática com outras áreas do conhecimento humano, dentre as
quais, a biologia, a antropologia, a economia, a sociologia, a teologia, a
história e a política. São áreas do conhecimento caracterizadas por serem
disciplinas regidas pela lógica cartesiana da sistematização, com ordenamento
racional e perda do caráter sagrado, portanto ciências descritivas ou experimentais.
A Ética, enquanto Filosofia da Moral, ao contrário, busca a determinação
dos fundamentos ou princípios que justificam a natureza de teorias normativas e
estando determinados os fundamentos ou princípios, aplica-os, se necessário, e
quando for o caso, aos dilemas morais.
Algumas áreas do conhecimento que eram objeto de estudo da filosofia, em
especial da Ética, após a revolução industrial e a consequente
profissionalização e especialização do conhecimento, estabeleceram-se como
disciplinas independentes e científicas.
Assim, pôde a Ética ser definida como a área da filosofia que estuda as
normas morais nas sociedades humanas e que pretende explicar e justificar os
costumes de uma determinada sociedade, bem como, solucionar dilemas a ela
inseridos.
A Moral é um conjunto de normas e regras estabelecidas por cada
sociedade e aplicadas ao cotidiano de cada pessoa. A moral ocorre em dois
planos: o normativo e o factual. De um lado, nela encontramos normas e regras
que tendem a regulamentar a conduta dos homens e, de outro lado, um conjunto de
atos humanos regulamentados por eles; cumprindo assim a sua exigência de
realização (Vásquez, 1998, página 51-64). A Moral, com suas normas e regras que
orientam e julgam as ações do indivíduo sobre o que é certo e errado, bom e
mau, moral e imoral. Um pensar sobre a conduta.
A Ética investiga justamente o significado e propósito desses adjetivos,
tanto em relação à conduta humana, como em seu sentido fundamental e supremo.
Um pensar a partir de princípios ou fundamentos. Um infindável pensar, refletir
e construir.
Noutra perspectiva, existe a Moral como primazia exclusiva, defendida
por um sistema filosófico, o Moralismo, que fundamentou ideologias de
intolerância, de preconceito e de puritanismo.
Para alguns, a palavra Moral foi desqualificada por esta associação a
Moralismo e, deste modo, justificaram a preferência em associar à palavra
Ética, as regras e os valores por eles consagrados. No campo das ideologias,
não se pode deixar de apontar a diferença que se estabeleceu entre a lógica dos
que associaram a palavra Ética às regras e valores por eles consagrados e a
lógica dos moralistas, onde a Moral aparece como primazia exclusiva. Passou a
referir-se a julgamentos éticos, ou princípios éticos, quando seria mais
pertinente falar de juízos morais ou princípios morais.
Assim, existem pessoas que possuem um valor e por um processo
psicológico que legitimam as normas ou regras decorrentes e pautam sua conduta
por elas, sem controle externo, só porque estão emocionalmente convictas de
que, essa regra representa um bem moral. Outras pessoas por costume e por
hábito validam certas condutas.
Há aquelas que consideram determinadas condutas como boas, e assim,
devem ser praticadas. Aqui o juízo de valor como matriz para a legitimação das
normas. São exemplos de conduta Moral, de Moralidades.
Existem pessoas em que os processos inconscientes seriam os
determinantes da conduta moral, que são oriundos da sua individualidade pessoal
e social, responsável pela forma habitual e constante de agir do caráter e da
personalidade. Este é um exemplo de Ética, enquanto Filosofia da Moral.
A partir do final do século XIX, da era dos sofistas e início do século
XX, observa-se na Ética ocidental três perguntas constantes: seriam os juízos
éticos reflexos dos desejos dos que os criam ou verdades inseridas neste mundo;
seria a ação boa, fruto da racionalidade construída, introjetada ou inculcada
ou simplesmente ação vinculada ao interesse próprio; e ainda, qual seria a
natureza do certo, do errado e do bem.
Desde o início do século XX estes temas desenvolveram-se nas mais
variadas formas, com ênfase na aplicação da Ética para problemas práticos e
descritos como Ética normativa, Ética aplicada e Meta-ética. Esta última como
estudo que, diferente de prender-se à análise de teorias éticas ou julgamentos
morais, dedica-se à busca da natureza dos juízos morais, se objetivos ou
subjetivos.
Por óbvio, pode-se estar inserindo aqui a Ética Maçônica como estudo
contemporâneo e ajustado ao paradigma deste milênio, quando ela busca ajudar os
irmãos a legitimar intimamente valores, pela introjeção de princípios ou
fundamentos que os farão conduzir-se coerentemente por normas e regras,
consagradas como boas e virtuosas. Abordam-se os princípios ou fundamentos
filosóficos que pretendem ser valores intimamente legitimados pelos maçons e
passem a ser sistema de regras e normas que os norteiem e os qualifiquem nas
relações entre irmãos e sociedade.
Considera-se que o maçom aperfeiçoa-se gradativamente, lentamente
acordando dentro de si mesmo, pela autoeducação, autoconhecimento e relações
fraternas, esta ética maçonicamente orientada, onde algumas etapas o levam a
evoluir como pessoa humana pertencente a um único corpo vivo e interdependente
ao qual se denomina humanidade.
E esta humanidade é o que o maçom desenvolve em si em sua caminhada, em
sua busca por religação ao divino e para cumprir a especificação de projeto do
Grande Arquiteto do Universo.
A ética maçônica tem reflexos imediatos na vida do cidadão formado nas
colunas da Maçonaria.
O maçom que muda a si mesmo influencia o Universo inteiro e não apenas a
circunvizinhança. Isto é perceptível em sua vida quando ao mudar paradigmas
torna-se dono de seu próprio futuro.
Charles Evaldo
Boller e Carlos Alberto Peixoto Baptista
Rito: Rito Escocês
Antigo e Aceito
Grau do Texto: Aprendiz
Maçom.