Os rituais antigos
registram que a forma da Loja é a de um “quadrado oblongo”. Talvez você esteja
pensando: “Como é possível um quadrado ser oblongo? Aí não seria quadrado, e
sim retângulo! Esse termo está errado!”
Se você pensou algo parecido,
saiba que muitos ritualistas ao longo dos últimos séculos pensaram como você.
Esses ritualistas também acharam o termo de certa forma contraditório e foram
substituindo-o ao longo do tempo. Hoje, vê-se “quadrilongo” e até a aberração
“retângulo alongado”! Ora, se é retângulo, então já é alongado, não é mesmo?
A verdade é que o
quadrado oblongo, o quadrilongo e o retângulo são apenas nomes diferentes para
a mesma figura geométrica. Nenhum deles está errado, nem mesmo o “quadrado
oblongo”, o mais antigo deles. Entenda o porquê:
Procure na bíblia a
palavra “retângulo”. Aliás, não procure porque você não encontrará. Isso não
significa que não há objetos e construções retangulares descritos na bíblia.
Simplesmente, o termo não existia.
Para que se entenda
melhor a questão, deve-se compreender o verdadeiro significado da palavra
“quadrado”. Quadrado vem do “quadratus”, que é o particípio passado do verbo em
latim “quadrare”, que significa “esquadrar”.
Assim sendo, quadrado, no
sentido original, era toda forma geométrica de quatro lados formada por ângulos
retos. Quando os quatro lados eram do mesmo tamanho, o quadrado era “quadrado
perfeito”, e quando dois lados paralelos eram maiores que os outros dois, era
“quadrado oblongo”. A palavra retângulo veio surgir muito tempo depois.
Mas quais as medidas
corretas?
“Sem simetria e proporção
não pode haver princípios na concepção de qualquer templo.”
Vitrúvio
O quadrado oblongo, como
todo retângulo, pode ter qualquer tamanho, desde que dois lados paralelos sejam
maiores do que os outros dois. Um templo maçônico, tendo a forma de um quadrado
oblongo, também pode ter qualquer tamanho, conforme o espaço físico, interesse
e recursos financeiros permitem. Mas a questão que interessa aos maçons é se há
uma proporção correta a ser respeitada, como bem sinalizou Vitrúvio, autor das
primeiras obras que detalham as Ordens de Arquitetura, tão importantes para a
Maçonaria.
Nesse sentido, existem
duas teorias:
A primeira é de que a
proporção é de 1×2, ou seja, as paredes do Norte e do Sul devem ter o dobro do
comprimento das paredes do Oriente e Ocidente. Essa teoria se sustenta na
proporção conhecida como “ad quadratum”, de origem romana e que foi muito usada
na construção de igrejas góticas.
A segunda teoria, e mais
aceita, é da Proporção Áurea, que é de aproximadamente 1×1, 618. Essa famosa
proporção, também conhecida como Proporção de Ouro e Divina Proporção, foi
utilizada na concepção do Parthenon e adotada por artistas como Giotto.
Também está presente na
natureza, como em algumas partes do corpo humano e nas colmeias, além de vários
outros exemplos envolvendo o crescimento biológico, o que torna tal proporção
ainda mais intrigante. Pitágoras, figura extremamente importante na Maçonaria,
registrou a presença da Proporção Áurea no Pentagrama, tornando esse o símbolo
de sua Escola. O próprio Vitrúvio era fã devoto da proporção.
O retângulo feito com
base na Proporção Áurea é chamado de “Retângulo de Ouro”. Para se ter uma ideia
de sua influência e aplicação até nos dias de hoje, os cartões de crédito
convencionais respeitam a Proporção Áurea.
Desvendado o “mistério do
quadrado oblongo”, é importante observar que a Maçonaria apenas declara que o
templo tem tal formato, sem explicitar qual seria a proporção adequada. Mas se
você é adepto de uma das proporções e não encontrá-la no templo de sua Loja,
não se preocupe. Afinal de contas, não se fazem mais templos como antigamente.
KENNYO ISMAIL