LUZES


"Sapiencia est sanitas animi!" **
** "A sabedoria é a saúde do espírito !"
Cícero (106 a.C-43 a.C)

Ptolomeu Soter, o Ptolomeu I (323-285 a.C), primeiro dos lágidas no Egito, há mais de 22 séculos, sabia, com certeza, que era um projeto ambicioso a construção de uma biblioteca “com todos os livros do mundo e com documentos de todos os povos”.  Entretanto, como naquele tempo (295 a.C) os decretos reais existiam para ser cumpridos, a dinastia dos Ptolomeu (Cleópatra foi a última linhagem) conseguiu o que queria.  Por vários séculos a Biblioteca de Alexandria foi o quartel-general do florescimento cultural e científico da Antiguidade que se seguiu à fundação da cidade por Alexandre, o Grande, e às suas grandes conquistas.

A Biblioteca de Alexandria não foi só depósito de papiros e pergaminhos.  Em sua essência, era centro do saber como instrumento da vida, que chegou a ter mais de setecentos mil volumes, em rolos de papiros, distribuídos em duas seções:  uma no bairro de Bruchion e outra no Serapeion, inutilizados pelas tropas de Júlio César, restaurados por Marco Antônio, e, os últimos restos foram incendiados em 640 d.C por Omar I, o Califa, que é lembrado por essa triste recordação e que morreu assassinado por um árabe fanático.

Fundada pelos sucessores de Alexandre, que havia erigido a cidade no auge do seu orgulho de conquistador adolescente, a Biblioteca já nasceu grandiosa, e durante sete séculos nenhum outro edifício do mundo reuniu tanta inteligência como o Mouseion de Alexandria, consagrado às musas protetoras das artes, das ciências e das letras.  O Mouseion compreendia jardim botânico e zoológico, uma escola de medicina, um observatório astronômico, diferentes locais para trabalho e pesquisa e uma biblioteca com centenas de milhares de papiros e pergaminhos. 

Os manuscritos da “biblioteca absoluta”, ou “biblioteca de Babel”, e do prestigiado centro de pesquisas, continham Euclides, (Sec. III a.C), o prodígio da Geometria, o astrônomo Cláudio Ptolomeu, o maior dos filósofos da Escola de Alexandria, Plotino (250-270 d.C), bem como a primeira tradução grega do Velho Testamento, a Septuaginta, feita por judeus conquistados por Alexandre.

A Biblioteca de Alexandria foi criada no século de Aristóteles e entre o filósofo e a instituição houve o próprio Alexandre, seu aluno.  As sangrentas expedições do jovem general, com todo o seu saldo terrível, serviram para expandir o pensamento que geraria o que hoje chamamos de Ocidente.  A sua inigualável arrogância deixou este resultado histórico no primeiro florescimento do Mediterrâneo.  E a maior das cidades que recebeu o seu nome pôde guardar todo o saber antigo e o transferir para o milênio seguinte.

Entre os estudiosos se perguntam se as guerras civis do Século III não houvessem destruído o conjunto arquitetônico da Biblioteca, e se os cristãos não tivessem queimado o que dela restava, teria havido a Idade Média?  Dizem, alguns, que é possível que sim: A Igreja, provavelmente, assumiria o acervo e o manteria fechado.  Afinal, ali se encontrava o sólido e lógico sistema de pensamento do mundo pagão que, entre outras coisas, colocava a verdade e a busca da verdade como centro da razão.  É imensurável o atraso no desenvolvimento da nossa civilização provocado pelo desaparecimento da Biblioteca de Alexandria.

As luzes do conhecimento estavam, todavia, com uma instituição, que embora tenha como data de fundação o ano de 1717, mergulha suas raízes na remota Antiguidade euro-asiática.  Essa Instituição é a Maçonaria.  Aos Maçons tal assertiva não causa estranheza, pois têm consciência de que a Maçonaria é estudo, um contínuo aperfeiçoamento do homem para atingir a verdadeira sabedoria, pelos degraus da tolerância, do amor fraternal, do espírito de pesquisa e perseverança, tendo a mente livre de quaisquer preconceitos.  Ela é repositária de conhecimentos acumulados na longa marcha da civilização e tem dado a sua contribuição à ciência, à política e à sociedade como um todo.  A Maçonaria é o luzeiro da Humanidade!

A Ordem Maçônica abre a porta para a iniciação, para o conhecimento e graças aos seus símbolos o Maçom pode adquiri-lo, tornar-se uma das luzes e servir a Humanidade através dos seus tradicionais objetivos: Praticar a mais desinteressada filantropia; combater a ignorância, a mentira, o fanatismo e a hipocrisia;  professar para com todos a maior benevolência;  desenvolver entre os seus membros os nobres sentimentos de amizade e tolerância;  procurar fazer voltar ao bom caminho aqueles que, por infelicidade, dele se vierem afastar;  promover a paz entre todos os homens e entre todas as nações;  fazer reinar o direito e a justiça;  defender os fracos contra os poderosos; lutar, lutar sempre para que a Liberdade, Equidade e Amizade reinem por toda a parte;  e, enfim, exaltar o culto mais profundo à Família e a Pátria. 

Os traços fundamentais do universo humano em que vivemos, as formas de atividade que julgamos peculiares à nossa civilização uma concepção clara e racional da Filosofia, da Ciência, da Política e do Direito têm, indubitavelmente, a marca da Maçonaria, que acumula conhecimentos legados desde os primórdios da Antiguidade e, através dos seus membros os difunde, porque ela é Universal e suas Oficinas se espalham por todos os recantos da Terra, sem preocupação de fronteiras e de raças.


Obras consultadas:

Charlier, René Joseph  -  Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica  Vida, Valmiro Rodrigues  -  Curiosidades - Volume I
Enciclopédia Barsa  -  Edição de 1967
O Estado de São Paulo  -  Jornal de 18.02.90
Jornal da Tarde  -  Jornal de 16.01.90
 Ritual de Aprendiz - GLESP - NI.IN.TI




 E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo/Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas/Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos/Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 – (GLESP)




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