É verdade que a maioria
dos homens, cegos e fascinados pelo poder, se esquecem que as edificações
destinadas à humanidade não podem prescindir de certos valores, principalmente
os valores espirituais.
Há muito temos procurado
saídas para esse estado de coisas e a construção de uma estrutura espiritual da
Maçonaria, para que os verdadeiros maçons, tomados de coragem, esperança e fé,
deixem os limites de suas oficinas e substituam a Maçonaria doméstica
praticada, pela Maçonaria Universal.
Analisemos duas frases
gravadas na câmara das reflexões:
”Se sois capaz de
dissimulações, tremei, porque penetraremos e leremos o fundo do vosso
coração”.
“Se temeis ter descoberto
os vossos defeitos, sentir-vos-ei mal entre nós. Afastai-vos!”.
Os vocábulos que compõem
tais frases são claríssimos e representam a base iniciática da Maçonaria, a
base da iniciação verdadeira e o autoconhecimento.
O idealismo sincero deve
habitar e, até mesmo, inflamar o coração dos maçons. É necessário que isso
aconteça, mas não é suficiente. Apenas desejar a verdadeira Luz e a assistência
aos menos favorecidos é muito pouco para nós. É imperativa a
realização, a transformação da alma, conseqüência de um trabalho árduo de
reforma interior, resultante de novos hábitos, o que não se consegue somente
por esforço intelectual. Tais mudanças exigem coragem, sacrifício e, sobretudo
sinceridade consigo próprio, por sinal tarefa das mais difíceis.
Para muitos, a Ordem tem
crescido, e bem, porque consideram crescimento o simples aumento quantitativo
sem se questionar sobre a qualidade dos novos maçons e porque não, também,
sobre certo comodismo por parte dos mais antigos.
A seleção deficiente, a
preocupação com o status do candidato, a ausência de instrução maçônica,
o abandono do ritual, a indisciplina, os usos e costumes, o desrespeito à
hierarquia e a prevalência da lei da vantagem têm transformado algumas lojas em
ineficiente clube de serviços e assim, estimulando os iniciados bem
intencionados, desencantados, a deixarem nossa Ordem.
O mundo de hoje é regido
pelo materialismo; apesar do esforço e do clamor das religiões, vivemos
rodeados de espelhos a refletirem imagens deformadas, que por um direcionamento
habilmente manipulado pelos órgãos de comunicação, formam mentalidades
condicionadas, alcançando todas as idades, principalmente as mais jovens.
Não é culpa do progresso
científico e tecnológico, mas do seu mau uso, não possibilitando um progresso
espiritual paralelo, criando a cada dia, mais necessidades materiais e tornando
o homem um egoísta, um egocêntrico.
Mas sejamos
otimistas!
A Maçonaria talvez seja
uma das únicas instituições capaz de reverter esse panorama; para isso, basta
devolvermos a ela a sua real identidade.
Necessitamos readquirir
as bases da verdadeira iniciação, perder as vaidades, retirar todos os
resquícios da intolerância, do egoísmo, do radicalismo, da superstição e da
ambição desmedida que nos cega e não permite a renúncia.
A tarefa principal da
Maçonaria é oferecer a verdadeira educação espiritual aos próprios maçons,
educação esta, capaz de alterar profundamente as bases de suas convicções
profanas. Muitos hábitos terão que ser desfeitos e substituídos por outros. Os
maçons no mundo profano, através de seus exemplos e testemunhos, formarão
outros homens à sua semelhança, estes formarão outros e assim desenvolver-se-á
uma reação em cadeia capaz de reformar a sociedade.
Procuremos, então,
conhecer os princípios básicos da Arte Real.
Aprofundemo-nos, passemos
à ação!
Trabalho do Ir.´. Carlos
Modesto Cabreira. Loja 22 de dezembro nº 14 – Nova Andradina - MS