A VERDADE MAÇÔNICA



Passados alguns anos do meu ingresso na Maçonaria, obviamente tenho uma visão completamente diferente da Ordem agora. E responderei o porquê disso nessas “nem tão mau-traçadas linhas” seguintes... Logo após meu ingresso, muitas vezes me fiz as seguintes perguntas:

“O que verdadeiramente fazem aqui esses homens de bem, reunidos nesta sessão fechada, e com esta ritualística rebuscada”?

Qual o verdadeiro objetivo disso tudo?”“.

Presumo que esta indagação seja comum em qualquer cidadão recém-ingressado em nossa Fraternidade. Em questionários a mim fornecidos naquela ocasião, e também em perguntas contidas nos rituais, forneci respostas sem muita convicção.

“O que vindes aqui fazer?”

Ora, nas primeiras sessões, minha resposta mais honesta seria “Ainda não sei”.

“Que verdade é esta?” Ora, nos primeiros momentos, a única verdade era a que eu verdadeiramente ainda não sabia o que estava fazendo ali. Esse momento de “incerteza”, digamos assim, foi para mim, até certo ponto angustiante.

Eu tinha certeza de várias coisas, por exemplo: Eu sabia perfeitamente que estava entre homens bons, de caráter, e que de nenhuma maneira estariam se reunindo para “conspirações”, ou algo parecido, como muitas vezes se ouve “lá fora”, na vida profana.

Eu tinha certeza que as sessões, com a sua ritualística e seu simbolismo, celebravam tempos remotos, e que “tudo aquilo tinha um por que”. Mas ficava a sensação de que a certeza absoluta do “por que” de eu estar ali, essa eu ainda não tinha.

Mas o tempo foi passando... Informações múltiplas eu ia recebendo, e assimilando com avidez. Mas a angustiante sensação de ainda não saber perfeitamente o objetivo daquilo tudo ainda me intrigava.

Fui elevado, e pensei “agora saberei algo que preciso saber e ainda não sei”. Mas não mudou muita coisa... Mais informações, mais simbologia... Comecei a ler. Ler livros sobre a Ordem Maçônica pesquisar, me
aprofundar.

Mas a pergunta dentro do meu peito ainda incomodava. “O que verdadeiramente eu estou fazendo aqui?”.

Finalmente fui exaltado ao Grau de Mestre-Maçom. A ritualística da sessão de exaltação é belíssima, e faz realmente “renascer” dentro de nós algo que parecia “adormecido”, ou “sepultado”.

É um verdadeiro renascimento. A sensação é de que verdadeiramente renascemos para algo mais iluminado, mais puro e mais sublime.

Contudo, a resposta àquela perguntinha ainda não veio...

Continuei lendo, estudando, pesquisando, procurando... Certo dia, deitado em minha cama, lendo o livro “O Símbolo Perdido”, um “best-seller” do autor americano Dan Brown (autor de “O Código Da Vinci”), parece que “caiu à ficha”...

Eu estava, exatamente naquele momento de minha leitura, me perguntando se o autor do romance não estaria “popularizando” em demasia a Maçonaria, dando detalhes de rituais, entre outras coisas mais, e iniciei, comigo mesmo, uma crítica ao autor. Fechei o livro e comecei a pensar...

“Esse sujeito impertinente está popularizando uma sociedade secreta!” Mas continuei divagando... Voltei a me perguntar, agora com certa ansiedade: “Mas ele está popularizando o quê? Se eu ainda não sei perfeitamente o que é, na sua essência, a maçonaria, e já sou mestre-maçom, qual leitor deste livro, que não pertence à Ordem, irá saber algo?”

Ai, como eu disse antes, “caiu à ficha”... Na verdade, a “verdadeira verdade” não encontraremos em instruções maçônicas... Essa verdade está dentro de nós mesmos!

É certo que a Maçonaria, em tempos remotos de perseguições e “inquisições”, foi obrigada a se recolher e se esconder, para sobreviver. E hoje mantém sua discrição, em virtude desse passado, porém não é mais
perseguida.

Enfim, a sublime filosofia do ecumenismo religioso, com a crença em um Poder Espiritual Superior comum a todos os humanos, não precisa mais se esconder!!

O pensamento igualitário e fraterno não precisa mais secreto!

Pregamos simplesmente uma filosofia de vida, de superação de dogmas, e fundamentalmente de tolerância e de respeito ao próximo, respeito às diferenças!

Essa é a verdade buscada, e que cada um encontra à sua maneira, dentro da Maçonaria! Fechei o livro com uma sensação de leveza na alma...

Descobri a “verdade” que os maçons escondem...

E ela estava aqui tão pertinho, dentro de mim... Se há mais alguma “verdade” a ser descoberta no meu caminho na Ordem, eu saberei na hora certa.

Mas a “verdade” que eu queria saber por hora, eu descobri. E me libertei da angústia. Naquele dia dormi orgulhoso. Orgulhoso demais de ser maçom.


Cléber Capela – M.’. M.’. da ARLS Cedros do Líbano 1688 – GOB-RJ

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