A Pedra Bruta à primeira vista, é apenas um pedaço de
pedra tosca e imperfeita, um bocado de rocha com arestas vincadas e
ásperas, sem forma definida.
Tal se assemelha ao Aprendiz Maçom quando entra em Loja
pela primeira vez. Ele próprio é essa pedra grosseira. Ela representa o seu
estado e o longo caminho que ele tem ainda a percorrer…
O trabalho do Aprendiz consiste no desbastar dessa pedra
bruta; no seu aprimoramento pessoal e moral.
O Aprendiz com o auxílio do malho e do cinzel,
com sua vontade própria e o desejo de melhorar, deve desbastar essa pedra bruta
(ele) e dar-lhe forma, torná-la perfeita, com as suas faces bem polidas e
transformar essa pedra, numa pedra cúbica.
E essa transformação, passa por numa fase primária, burilar as
pontas, as arestas que a pedra tem. Tentar ele próprio, vencer
os seus medos e receios, “acalmar” as suas ansiedades, adquirir a
concentração e disciplina necessárias à tarefa a que se propõe.
Só dominando
os seus pensamentos poderá ele então dominar as suas atitudes.
Pensando com a clareza e discernimento necessário para que nada diga ou nada
faça que não tenha a certeza de fazê-lo.
E só depois desse “pequeno/grande trabalho”, no qual, também expôs
o interior da pedra à vista de todos, o seu Interior (Alma), é que poderá
então tornar a pedra mais harmoniosa, alisando e polindo a
sua face, através da sua persistência em se tornar melhor pessoa, sendo
mais solidário mais tolerante e mais fraterno com o seu próximo.
Só assim, a pedra começará a ganhar a forma desejada,
e se poderá concluir então, se o trabalho efetuado, se encontra
no caminho certo.
E só pesando os prós e os contras, o antes e o depois,
se conseguirá analisar o que se tem conquistado com este labutar. Que será
sempre mais do que o que se perdeu ou gastou em tempo e energia para se poder
dedicar a essa árdua tarefa. Certamente durante esse processo aumentou o seu
conhecimento sobre várias matérias, mas acima de tudo, melhorou o seu autoconhecimento
(o mais importante deste processo).
Como proporcionalmente, se perderam vícios e comodismos que nada
trazem de melhor à sua vida, e que só o “atrasam” na percepção do mundo em que
vive.
E é nesse mundo profano, em que o Aprendiz vive que deve ele
usar os seus conhecimentos e a experiência adquirida no polir a sua pedra,
que ele deverá exercer a sua influência. Sendo um exemplo de boa conduta para
os demais, sempre cumpridor dos deveres e regras tal como qualquer outro
cidadão seja obrigado a cumprir e a respeitar. Nunca estando acima da Lei, mas
ao seu nível.
E apesar do trabalho de se desbastar a pedra bruta, ser
um trabalho e caminho (evolução) pessoal, ele não se faz solitariamente. Existe
sempre alguém pronto para ajudá-lo nesse percurso, nunca o facilitando, mas
servindo apenas de apoio e guia. E esse acompanhamento, esse “guia”, ele pode
encontrar na sua Respeitável Loja, refletido nos seus Irmãos.
E na sua Respeitável Loja, através da partilha mútua de
conhecimentos e experiências em Loja com os seus Irmãos, fazendo uso do seu
tempo disponível (às vezes sacrificando inclusive a sua família), se envolvendo
mais nas atividades da Loja, estudando o catecismo, tomando atenção ao que lhe
dizem e cumprindo de forma laboriosa o ritual, que o aprendizado do Aprendiz se
faz (o próprio desbastar a pedra bruta é um processo de aprendizagem e
ensino).
Ele aprende porque usufrui da informação e experiências que os
seus Irmãos lhe podem oferecer. Mas também deve ele ensinar os seu Irmãos,
partilhando o que sabe e auxiliá-los no que eles mais precisem. Porque um dos
seus próprios deveres é também auxiliar os seus Irmão no desbastar das
suas pedras… Pois também ele os “transforma”, com a sua forma de estar,
exemplo de conduta e conhecimento.
Somente partilhando o que se tem, é que se pode obter
mais, nunca num sentido material, mas antes, num sentido espiritual.
Só doando parte dele próprio, poderá conquistar mais Conhecimento, ser
Respeitado e ter a Amizade dos seus Irmãos.
Às vezes pensa-se que partir pedra e polir a mesma, é um
trabalho fácil.
Mas desengane-se quem assim pensa. Se fosse assim tão fácil, eu
não seria Maçom!
Nuno Raimundo