Hoje recebi um questionamento muito interessante, até para não
dizer inusitado. O Irmão “x”, nos abordou com a seguinte celeuma: “como uma
loja deve formar um irmão, para que seja um excelente maçom no futuro?”
À primeira vista, campo fácil para longas dissertações, longos
desenvolvimentos de teses e antíteses, por muitos estudiosos da Seara de nossa
Sublime Instituição.
Após pensar um pouco, me debrucei sobre o tema e confesso aos
amados irmãos, que a responsabilidade do mesmo, não era tão simplória de ser
mapeada.
Uma concatenação de pensamento de estruturação sequencialmente
hierarquizada, estava difícil de ser lapidada. Assim o que me parecia
tranquilo, se mostrou de difícil confecção, para ser colocado no papel de
maneira acadêmica e pueril como imaginei, a princípio do questionamento.
Mas deixando de retórica, e após muito refletir, vejo que tudo
“começa no principio, na escolha daqueles que irão ser nossos irmãos”. A
Maçonaria lapida o caráter, mas não a personalidade humana, que é imutável.
Assim, a matéria prima, o futuro irmão, tem que ser muito bem
escolhido, muito bem investigado, muito bem sindicado, e seu escrutínio seja
realmente sem favorecimentos, por ser meu colega, meu amigo, meu chefe ou
subalterno, político ou personalidade de renome em minha comunidade.
Lembremos sempre da máxima: muitos, mas muitos mesmos servem
para ser meus amigos, meus colegas, meus parceiros comerciais ou de
relacionamento em meu dia a dia, mas quantos desses realmente servirão para
serem MEUS IRMÃOS?
Se tivermos realmente tal questionamento, antes de indicarmos
alguém para ser iniciado, COM CERTEZA, estaremos construindo o futuro da
Maçonaria, que é dependente da formação de bons Maçons. Não se forma Bom
Caráter, de quem não tem Personalidade e coração sensíveis ao bem, de quem não
é Livre de Bons Costumes.
Assim, volto a ser incisivo, o primeiro grande passo na formação
de um maçom, de futuro para a Instituição, começa por nossas escolhas: “Quem
realmente pode ser digno de ser nosso irmão e não haver interesses pessoais ou
até mesmo escusos, como vemos em muitas oficinas, que só almejam imporem-se as
vaidades de seus membros, como forma cabal e néscia de demonstração de poder,
de uma efemeridade que chega às raias do ridículo das vaidades pessoais e até
mesmo de um grupo de pseudo- maçons”.
Agora feita uma boa escolha, aí sim, a resposta fica mais fácil
de ser explanada. O Verdadeiro bom irmão, já nasce maçom, já o demonstra em
suas ATITUDES no mundo profano, no seu relacionamento profissional, no seio de
sua família, em sua comunidade religiosa, no seu ciclo social, no seu
comportamento frente às crises e vitórias, enfim já está pronto para ser
lapidado.
Uma pedra bruta, na qual o maço e o cinzel irão tornar uma
escultura digna de uma beleza ímpar interior, de uma Força magnânima de
princípios e de uma Sabedoria de reconhecer na simplicidade, o verdadeiro
sentido do amor fraternal. A verdadeira Maçonaria é esculpida no interior da
subjetividade, legando a cada um o ônus de se inscrever no livro de presenças
da Grande Loja do Oriente Eterno...
Não se pode confundir o reconhecimento de direito, com o
reconhecimento de fato. Ter carteira, estar em dia com a Loja, é condição para
ser reconhecido como Regular.
Mas ser honrado, praticar os ensinamentos
maçônicos e vivenciar a essência da verdadeira filosofia maçônica, é ofício a
ser burilado e aplanado pelo Mestre Interior e pelos Vigilantes da própria
consciência e da vida.
O Maçom precisa ser um “Construtor de Templos à Virtude”, pois
assim são os ditames da Fraternidade. A Loja é a escola de sua formação. Para
esse mister, a ela os Maçons comparecem com assiduidade, para com os seus
Irmãos, instruírem-se reciprocamente nas práticas da Virtude.
O Maçom, mesmo esculpindo-se, adapta-se ao espaço que lhe foi
reservado no levantamento do edifício social, construindo seu templo interior.
Mas precisa estar advertido de que “na Construção do Templo”, de permeio, no
material, encontram-se vários obstáculos, entre eles a ignorância, os
preconceitos, a perfídia e o erro. A Loja é a escola de sua formação.
Enfatizamos que na Construção do Templo, de permeio, no
material, encontram-se vários obstáculos, como os supracitados, por isto a
Maçonaria coloca na mais alta advertência o combate a tudo aquilo que assola o
vulgo profano. É do seu ideário o combate a essa triste condição da humanidade,
alertando que a “ignorância, a perfídia os preconceitos são juntos ou
individuais, fontes de todos os vícios.”
O único meio eficaz para se combater a ignorância, os
preconceitos, a superstição e os vícios é o saber, pela simples razão do
próprio significado de cada um desses conceitos, ou seja:
– Ignorância significa o desconhecimento ou falta de instrução,
falta de saber.
– Preconceito significa o conceito ou opinião formados antes de
ter os conhecimentos adequados.
–Superstição significa o
sentimento religioso excessivo ou errôneo que, muitas vezes, arrasta as pessoas
ignorantes à prática de atos indevidos e absurdos, ou ainda, a falsa ideia a
respeito do sobrenatural.
– Vício significa o defeito que torna uma coisa ou um ato
impróprios para o fim a que se destinam.
É a tendência habitual para o mal, oposto da virtude. Aqui faço
um transfer ao início de nossas ponderações: “A NOSSA ESCOLHA de quem serão
nossos futuros irmãos, será sempre Ratificadora, daquilo que almejamos para
nossa Ordem”.
Podemos pressupor que todos os maçons tenham o domínio sobre o
saber necessário para comportarem de forma digna em todos os momentos, sejam
eles profanos ou maçônicos, mas precisam lembrar-se, sempre, que é mais fácil
sucumbir ao vício, que aprimorar a virtude. Outro paradigma importante:
A Maçonaria é uma escola de formação de líderes e lideranças .
Liderar, é influenciar positivamente as pessoas para que elas atinjam
resultados que atendam as necessidades, tanto individuais quanto coletivas e,
ainda, se responsabilizar pelo desenvolvimento de novos lideres.
Além disso é mister que forme líderes perseverantes, pois a
maior empreitada do homem maçom, em sua caminhada dentro da senda das virtudes,
é sua própria vida e não tem nenhuma garantia que será bem sucedido,
entretanto, pelo acumulo de conhecimentos, muitos de experiências frustradas,
ele sabe que a alternativa é prosseguir, lutando contras as adversidades e
incertezas, fazendo aliados, acreditando no Supremo Arquiteto do Universo e
persistindo no rumo do seu objetivo.
A perseverança é uma qualidade pois significa a firmeza, a
constância com que devemos nos empenhar em nossas atividades, porém atentos e
sempre atualizados porque tudo muda e nos precisamos mudar nossas atitudes e
nosso comportamento para não persistirmos em erro.
Assim, a cada ponto que elencamos ao assunto, torna mais
palpitante e enriquece o raciocínio, no desenvolvimento do tópico motivacional
do questionamento do irmão e torna cada vez mais, complexo e palpitante o seu
desenrolar.
Concluímos que o Maçom é livre, de bons costumes e sensível ao
bem e que, pelos ensinamentos da Maçonaria busca seu engrandecimento como ser
humano atuante e culto, combatendo a ignorância. A ignorância é o vício que
mais aproxima o homem do irracional.
Assim sendo e por ser Maçom, deve ele conduzir-se com absoluta
isenção e a máxima honestidade de propósitos, coerente com os princípios
maçônicos, para ser um obreiro útil a serviço de nossa ordem e da humanidade.
Não se aprende tudo de uma só vez.
O saber é o acúmulo da experiência e dos conhecimentos que se
tem acesso, mas, a ação construtiva da Maçonaria deve ser exercida de forma
permanente em todas as suas celebrações, trabalhos em Loja e no convívio
social, através da difusão de conhecimentos que podem conduzir o homem a uma
existência melhor pelos caminhos da Justiça e da Tolerância.
Mas sempre tenhamos em mente, como começamos essa dissertação: o
mais importante é a matéria prima. De nossas escolhas está o futuro da Ordem.
O verdadeiro maçom já nasce à iniciação apenas é a formalização
de qualidade de direito, pois de fato ele já o é desde seu nascimento.
Ir.’. Dario Angelo Baggiere
Montanha-ES