Ao pensarmos em
Maçonaria, o que vem a nossa mente, quase de imediato, é a figura do maçom.
Essa imagem é projetada em nossa sociedade atual, pela postura dos nossos
antecessores, que consolidaram seu caráter, hábitos e costumes irrepreensíveis
junto as mais diversas questões políticas e sociais das quais fizeram parte.
Nesse sentido,
nosso objetivo é o de reforçar o quanto os bons costumes que são indissociáveis
da Maçonaria, pois, através deles, o maçom consolida-se como paradigma da
sociedade a que pertence.
Assim, é importante
destacar que entendemos costume como o hábito ou a prática reiterada associada
à moralidade, geralmente observada pela sociedade, ou seja, procedimentos ou
comportamentos que são prescritos do ponto de vista moral. São atitudes ou
valores sociais consagrados pela tradição.
“Costume é a regra
aceita como obrigatória pela tradição ou consequência do povo, sem que o poder
público a tenha estabelecido”.
Vale à pena lembrar
que, a retidão, a honestidade, a lealdade, o respeito, a tolerância e a justiça
são imprescindíveis ao Maçom, uma vez que é visto como paradigma da sociedade,
significando que ele é possuidor de bons costumes e reputação ilibada.
Na Maçonaria, os
bons costumes são entendidos como valores morais indispensáveis ao maçom, os
quais representam o somatório de suas ações e comportamentos do passado e do
presente. Nessa esteira, a Maçonaria pode ser entendida como um centro de união
fraternal, onde a retidão, a responsabilidade e aperfeiçoamento devem ser
permanentes. Além disso, defende e propaga o respeito e a prática da ética e da
moral.
Os bons costumes
referem-se, portanto, como foi dito acima, tanto ao passado quanto ao presente,
isto é, correspondem ao somatório dos dois. Quando a conduta, o comportamento,
a postura e as atitudes positivas são reconhecidas pelos que estão mais
próximos ou pela sociedade em geral, podemos dizer que se trata de alguém de
bons costumes e, consequentemente, de reputação ilibada.
Dessa forma,
podemos dizer que o objeto principal deste trabalho é despertar no Maçom o
interesse pelo verdadeiro significado daquilo que nós chamamos de “Bons
Costumes”.
Entretanto, há
aqueles que acreditam que “os bons costumes” se referem tão somente ao estado
atual de uma pessoa, o que não corresponde à verdade, esse entendimento é
equivocado, uma vez que, os “bons costumes” podem ser compreendidos como a
prática reiterada de boas ações, abrangendo passado e presente.
A Maçonaria é uma
sociedade que, acertadamente, só admite em seu quadro, homens retos, de bons
costumes e possuidores de comportamento ético, moral e humanístico compatíveis
com sua finalidade, isto é, que vise alcançar o ápice do aperfeiçoamento
humano, razão pela qual, para ingressar nos seus quadros exige-se o
preenchimento de requisitos que contemplem a retidão do seu pretendente.
Há que ser
ressaltado que, a Constituição do Grande Oriente do Brasil, logo no seu artigo
1º corrobora o objetivo deste trabalho, dando balizamento para várias
situações. Diz o dispositivo legal que, a Maçonaria é uma instituição
essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e
evolucionista, proclamando a prevalência do espírito sobre a matéria.
Além disso,
estabelece que seus fins supremos sejam a Liberdade, a Igualdade e a
Fraternidade, pugnando pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da
humanidade. Assim, acreditamos que, a possibilidade de alcançarmos o
aperfeiçoamento humano deve ser precedido pelos bons costumes.
Desta forma, a
Maçonaria, através da observância dos seus princípios e valores, acima
enumerados, aliado à prática da beneficência e do cumprimento inflexível dos
deveres e responsabilidades, quer nos parecer que, por si só, poderia
justificar a repulsa que os maçons devem sentir em face da corrupção, ao mesmo
tempo em que defende e propaga o respeito e a prática da ética, da moral e dos
bons costumes.
Por outro lado,
quer nos parecer ainda que, a Maçonaria deseja, em primeiro lugar, proporcionar
o encontro do Homem Maçom consigo mesmo, transformando-o no seu próprio paradigma.
Assim sendo, faz-se necessário que, o Maçom esteja sempre atento ao aprendizado
e à prática correta dos princípios maçônicos, ao mesmo tempo em Material.
A justificativa
talvez seja que a saúde material se faz necessária, sobretudo quando da prática
da filantropia ou beneficência, uma das ações básicas da Ordem. Como já foi
dito anteriormente, a filantropia é, também, dentre tantas, uma das finalidades
da Maçonaria.
Sua terminologia
pode ser traduzida como a “Mão da Maçonaria” estendida aos necessitados, Irmãos
ou não, mas “dando com a mão direita sem que a esquerda saiba”.
Todavia,
modernamente, a solidariedade deve, a nosso ver e com razão, sobrepor-se à
filantropia, uma vez que esta, simplesmente, “dá o peixe”, ao passo que aquela,
“ensina a pescá-lo”, ou seja, em uma delas a fome é saciada por um dia, já na
outra, a fome pode ser afastada não por um dia apenas, mas para sempre.
Vale à pena lembrar
que, o progresso que a Maçonaria admite como essencial, pode ser definido como
melhoramento da humanidade, calcado no aperfeiçoamento ético, moral,
intelectual e social dos seus membros.
Além do mais, ela
tem como alguns de seus símbolos o Cinzel e o Malho que, juntos, servem de
instrumentos para desbastar a Pedra Bruta que somos e, ao mesmo tempo, construir
nosso Edifício Moral ou Espiritual.
Esta é a verdadeira
evolução humana, mesmo porque o Maçom deve, necessariamente, buscar a perfeição
humana, até tornar-se um Mestre de fato, não se deixando confundir com um
profano de avental. É bem possível que, para muitas pessoas, ser livre
significa não ter limites.
Contudo, para o
Maçom, a liberdade deve consistir numa via de mão dupla, ou seja, a liberdade
exigirá sempre uma correlata responsabilidade. Isto porque a liberdade não
exclui a disciplina, nem pode sobrepor-se à liberdade de outrem.
Assim sendo, “ser
livre e de bons costumes”, tem um significado extremamente importante para a
Maçonaria, uma vez que se presume que todo homem que preencha tais requisitos
estaria, a princípio, em condições de ser iniciado na Arte Real e poderia, até
mesmo, transformar-se em um bom Maçom, observador atento das tradições da
Ordem.
Entretanto, para
melhor compreender a frase acima, se faz necessário entender que ela seja
interpretada à luz da ética e da moral. A terminologia “Livre” expressa o
momento presente e diz respeito ao cidadão em pleno gozo de seus direitos
civis, os quais guarda limites ao direito alheio.
Já a expressão
“Bons Costumes”, refere-se não só ao presente, mas também ao passado, por
tratar-se de um somatório de condutas, alcançando até os dias de hoje, ou seja,
comportamentos e atitudes positivas reconhecidas pelos que estão próximos e
pela sociedade em geral.
Nesse sentido, anda
bem a nossa Ordem ao exigir que, para se iniciar em seus mistérios, há que ser
levado em conta o presente e o passado do candidato, de tal maneira que, seja
visto e analisado como um todo indivisível.
Só assim, será ele
considerado apto ou não, isto é, livre e de bons costumes para receber
permissão de ingresso na Ordem. Na verdade, homens de bons costumes são aqueles
que têm valor social reconhecido ou consagrado, que se orientam pelas coisas
justas, pela ética, pela moral, pela honestidade, pelas ideias mais elevadas,
pela disciplina e pelo respeito.
Eles não participam
de grupos que sejam desprovidos de moral ou honestidade, além do mais, devem
desfrutar de boa reputação e ter conduta irrepreensível em todos os seus
aspectos. Portanto, podemos dizer que, o homem livre é aquele isento de
preconceitos, de maledicências, ou seja, deve, necessariamente, ter a
consciência livre e que não tome o mal pelo bem.
Além disso, deve
ser desprovido de quaisquer vícios. Isso nos permite inferir que, a corrupção e
a ausência de bons costumes afastam toda e qualquer evolução ou progresso moral
do Maçom, enquanto que a observância à ética, à moral e aos bons costumes o aproxima
da sua evolução e progresso, especialmente, no campo espiritual.
Finalmente,
concluímos convidando a todos os maçons, principalmente os do Grande Oriente do
Brasil no Estado do Rio de Janeiro, a buscarem atitudes compatíveis com os bons
costumes, sobretudo, que sejam comprometidos com a moral, a ética e a evolução
maçônica, pois, só assim conseguiremos ascender ao patamar de Mestre Maçom de
fato.
AILDO VIRGINIO
CAROLINO Grão-Mestre do GOB-RJ