Qual
é o significado da Palavra Sagrada no Rito Escocês Antigo e Aceito nos seus
Graus Simbólicos?
Considerações
Antes das considerações propriamente ditas deixo
aqui a seguinte recomendação. Nas Lojas Simbólicas os apontamentos concernentes
a este tema resumem-se apenas e tão somente ao simbolismo.
Devido à pluralidade de ritos praticados pela
Maçonaria, muitos destes possuem graus de aperfeiçoamento, ou os ditos altos
graus, muito comuns no Rito Escocês Antigo e Aceito, por exemplo.
Assuntos inerentes aos graus que não dizem respeito
ao simbolismo, dentre eles, a Palavra Sagrada, não devem ser tratados nas Lojas
Simbólicas – no simbolismo trata-se apenas dos graus de Aprendiz, Companheiro e
Mestre.
Dadas estas considerações, também cabe aqui outro
esclarecimento. O termo “sagrado” em alusão ao complemento da Palavra tem o
significado de “dignidade” e “consagração”, daí se faz cogente a compreensão
que o vocábulo não possui em Maçonaria qualquer conotação religiosa.
Quanto ao significado da Palavra Sagrada. Primeiro
no sentido de reconhecimento ela é parte integrante dos verdadeiros segredos da
Ordem (Sinais, Toques e Palavras). Assim é o importante método do telhamento
que averigua a qualidade do Maçom conforme os três graus do franco maçônico
básico.
Segundo – quanto ao seu formato de transmissão,
alude no Rito em questão, a etapa iniciática – Intuição (o Aprendiz soletra),
análise (o Companheiro dá por sílabas) e a síntese (o Mestre a dá por pronúncia
direta).
Esta questão é tão importante que revela a etapa
iniciática do Obreiro. Nenhum Irmão será verdadeiramente iniciado, elevado e
exaltado caso não conheça os segredos do Grau que, em linhas gerais,
compreendem os Sinais, Toques e Palavras.
Terceiro – de maneira doutrinária a palavra, ou
palavras, conforme o Grau elabora uma lição de sociabilidade e progresso, cujo
emblema é o principal artifício de igualdade e o despojamento de títulos
profanos no Canteiro da Maçonaria.
Isto significa que só detém a Palavra àquele que
estiver realmente apto para a possuir – um Aprendiz só tem a Palavra se tiver
passado regularmente pela cerimônia de Iniciação. Um Companheiro só será um
Companheiro se tiver sido antes um Aprendiz. Por fim o Mestre que para chegar à
plenitude só o será se antes tiver sido um Aprendiz e um Companheiro.
A Maçonaria rechaça qualquer distinção profana nas
suas lides. Assim, a Palavra é um rótulo emblemático da etapa de
aperfeiçoamento na Moderna Maçonaria.
No caso do simbolismo do Rito Escocês Antigo e
Aceito há ainda o uso da transmissão da Palavra Sagrada para a abertura e
encerramento dos trabalhos. Esta prática remonta a um passado distante, desde o
Operativo, e a conferência da demarcação da obra para o início da construção e
o confronto ao seu término para despedir os obreiros contentes e satisfeitos.
É por esta razão que há a referida transmissão que
tem o sentido figurado de verificação. Como hoje não usamos literalmente o
nível e o prumo para marcar e conferir a obra dado que a matéria prima não é
mais a pedra e sim o Homem, o artifício especulativo é o uso correto da Palavra
na sua transmissão.
Isto significa que se a Palavra estiver correta,
tudo estará Justo e Perfeito para se iniciar o labor, assim como que ao seu
término o objetivo fora qualificadamente conseguido – note que no ritual isso
acontece tanto para abrir a Loja quanto para fechá-la, inclusive os
protagonistas que pronunciam o termo “justo e perfeito” têm com joias o nível e
o prumo (Primeiro e Segundo Vigilantes).
Finalizando este breve comentário, a Palavra
Sagrada está presente na Maçonaria desde os canteiros medievais e pode ser
acuradamente observada nos “fragmentos” e “antigas obrigações” da Sublime
Instituição que possui aproximadamente oitocentos anos de História.
No princípio eram apenas duas Palavras, pois a
Maçonaria era composta por duas classes. Posteriormente, já na Moderna
Maçonaria e com o aparecimento do Grau de Mestre (1.724) seria incluída a
Palavra do Terceiro Grau embasada na Lenda de Hiram.
Pedro Juk, M. M. – Secretário Geral de Orientação
Ritualística do Grande Oriente do Brasil