“A palavra é de prata e o silêncio é de ouro” (Provérbio chinês)
Muito se tem questionado sobre o uso da palavra na Maçonaria,
principalmente em relação aos Aprendizes. Algumas Lojas têm por norma não
conceder a palavra ao Aprendiz, por constar nas nossas lições que
“simbolicamente” ele deve permanecer em absoluto silêncio, cabendo-lhe somente
ouvir e observar.
Recorrendo ao ilustre Irmão José Castellani, em seu livro “Consultório
Maçônico” – Volume VIII – Editora A Trolha, ele afirma textualmente, que:
“…essa proibição não é constitucional nem regimental. Tradicionalmente,
sabe-se que as sociedades iniciáticas, geralmente de cunho religioso, os
Neófitos limitavam-se durante certo tempo, a ouvir e aprender.”
“Era o caso do Mitraísmo persa – culto do deus Mitra, o Sol – que era
composto de sete etapas; na primeira o neófito era o Corvo, porque o corvo, no
Mitraísmo, era o servo do Sol e porque ele pode imitar a fala, mas não criar
ideias próprias, sendo assim, mais um ouvinte, do que um participante ativo.
Idem para as Escolas Pitagóricas, onde existiam três etapas: Ouvintes,
Matemáticos e Físicos.”
“…em Maçonaria, todavia, não existe essa tradição, mas, sim, o Simbolismo.
Ou seja, simbolicamente, o Aprendiz é uma criança, que não sabe falar, mas só
soletrar. Isto é simbólico e não pode ser levado ao pé da letra. O Aprendiz
pode e deve falar em assuntos inerentes ao seu Grau, ou nos que interessem a
comunidade, de maneira geral.”
Entendamos, de uma vez, que o Aprendiz Maçom não usa da palavra em Loja,
por lhe faltar capacidade da oratória, mas, sim para observar o cumprimento de
um período de silêncio, que é de fundamental importância para o seu
aperfeiçoamento. É no silêncio que o Aprendiz vai se livrando das asperezas da
Pedra Bruta que é ele próprio. O silêncio é o primeiro salário que a Loja lhe
concede, é uma ferramenta que, sabendo utilizá-la, muito contribuirá para o seu
aprimoramento.
Para os que já estão na senda, desde longas datas, recomenda a razão que o
Maçom, seja qual for o grau que ostente, deve refletir e ouvir a voz da
consciência, antes de fazer um pronunciamento.
Em todos os momentos moldamos nosso destino de conformidade com a nossa
consciência, sendo o pensamento o principal alicerce de toda a criação.
Quando externamos o pensamento através da palavra, automaticamente
lançamos uma centelha energética que viabilizará o processo criativo. Através
da fala criamos uma vibração que faculta uma melhor aceitação daquilo que
estamos pensando. Precisamos, pois, ter ciência da importância da palavra
proferida. Se assim não procedermos, poderemos estar criando situações
embaraçosas e alimentando acontecimentos indesejados.
Sejamos mais objetivos em nossos pronunciamentos; que nossas palavras
sejam alentadoras, que expressem o nosso zelo e amor, ao contrário dos que,
infelizmente, carregam acirradas críticas, inconformismo, insatisfação, sem
contribuir para o crescimento da Loja e da nossa Ordem.
Mudemos nossa postura como tribuno. Falemos de coisas boas, mesmo que
sejam apenas perspectivas, ou então voltemos à condição de Aprendiz,
permanecendo em silêncio, demonstrando sabedoria.
Autor: José Airton de Carvalho
Zé Airton é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas Nº 197 (GLMMG) –
Belo Horizonte/MG; Membro da Academia Mineira Maçônica de Letras (Belo
Horizonte/MG), Membro Fundador e Ex-Venerável da Loja Maçônica de Pesquisas
“Quatuor Coronati” Pedro Campos de Miranda (GLMMG); Fundador e Ex-Presidente da
Escola Maçônica “Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida” (GLMMG); Membro
Correspondente Fundador da ARLS Virtual Luz e Conhecimento Nº 103 (GLEPA);
Membro Correspondente da ARLS Virtual Lux in Tenebris Nº 47 (GLOMARON); Membro
Correspondente da Academia Maçônica Fluminense de Letras (RJ); Membro
Correspondente da Academia Maçônica de Letras de Piracicaba (SP); Membro
Correspondente da Loja de Estudos e Pesquisas Luz e Saber Nº 187 (GLMERJ). e um
grande incentivador do blog.