No edifício Maçônico, o Templo situa-se na parte mais
interna e vem separado da Sala dos Passos Perdidos pelo Átrio.
A denominação da Sala dos Passos Perdidos é poética;
significa o mundo em que a humanidade transita sem rumo certo, porque, se a
vida é apenas uma fase passageira, raramente o homem planeja com acerto a
trajetória que deve seguir nos anos que lhe são determinados pela vontade
Superior.
A Sala dos Passos Perdidos é a continuidade do espaço
profano, em que subsiste a promiscuidade e perdura a individualidade.
Não há qualquer seleção de cargos ou graus; todos são
Maçons, todos são iguais.
É hábito o Maçom chegar à sua Loja um pouco antes do horário
previsto para o início dos trabalhos.
Esse lapso é necessário para a “descarga” das pressões, para
“purgação” dos efeitos resultantes da promiscuidade do mundo e para a “limpeza”
da área espiritual.
Pelo fato da Sala dos Passos Perdidos preceder o Átrio, ela
mantém a energia necessária para que os ímpetos profanos se amenizem, a fim de
preparar a mente para o ingresso no Átrio.
Não é aconselhável a circulação na Sala dos Passos Perdidos
dos Maçons já vestidos com suas insígnias, cada qual com seu respectivo grau,
pois as vibrações emanadas das insígnias, dos adornos, do Avental, do balandrau
diferem uma das outras gerando confusões e conflitos.
No templo de Salomão, esse espaço se situava ao ar livre,
limitado por muros protetores.
Infelizmente, encontramos muitas lojas acanhadamente
construídas sem o planejamento da Sala dos Passos perdidos e do Átrio.
Evidentemente, a falha refletirá, bastante, no êxito dos trabalhos e na
preparação dos Maçons.
O Maçom ao entrar no Templo, dirigirá com segurança os seus
passos, não se perderá. No entanto, se não passar pelo Átrio vindo da sala dos
Passos perdidos, ele transformará o seu trajeto dentro do Templo, seus passos
se perderão. Na Maçonaria tudo tem razão de ser para existir!
O Mestre de Cerimônias, ao aproximar-se a hora para o início
dos trabalhos, conduzirá os irmãos ao preparo adequado para o ingresso no
Átrio. Chega o momento em que se deve cessar o murmúrio.
Lentamente, um após o outro, os Maçons buscam a porta do
Átrio e, silenciosamente se preparam colocando o seu balandrau, quando é o
caso, seu avental, seus adornos e joias e permanecem na expectativa do ingresso
do Venerável Mestre.
O que se entende por Átrio? No grande Templo de Salomão era
o vestíbulo no qual se encontravam as duas Colunas: B e J.
Sabemos que o Maçom tem plena certeza da existência de dois
Templos: Um Templo Material que é a sua Loja e o outro Templo, o Espiritual que
se encontra dentro de cada um. É na mente que nós preparamos o trabalho
espiritual. Essa é a parte exotérica maçônica.
O que faz o Maçom no Átrio? Ele se prepara para ingressar no
Templo.
Por que esse preparo? Porque não se pode entrar no Templo
sem uma prévia preparação.
O Maçom que passa pelo Átrio sem se preparar, não estará
ingressando no Templo, mas apenas passando pela porta que o conduz ao recinto
sagrado. Dentro do Templo, ele não fará parte da Egregora, será apenas “uma
presença amorfa e neutra”, ninguém tomará conhecimento dessa presença, porque
dela não emanam vibrações e fluidos. Portanto, nenhum Maçom deve ignorar o modo
como se preparar no Átrio.
A preparação é mental, embora o pensamento possa ser
induzido por intermédio de luminosidade adequada, de som apropriado, do perfume
do incenso.
Após minutos de meditação, silenciosamente, em fila dupla,
os Maçons ingressam “em si mesmo”, dirigindo os seus passos aos seus lugares.
Jorge Henrique Simões Porto
MM – ARLS Cedros do Líbano 1688 – GOB-RJ
Bibliografia: O Mestrado Maçônico – Rizzardo da Camino
NR: Jesus falava para os ouvidos que eram capazes de
entendê-lo.