DEZ COISAS A CONSIDERAR ANTES DE PEDIR A PALAVRA



Como eu já fiz todos os erros elencados neste artigo, resolvi partilhar as minhas reflexões com os irmãos. Antes de pedirmos para usar (ou abusar) da palavra em Loja, que tal pensarmos melhor e considerarmos algumas pequenas coisas?

Quando falamos em Loja, os outros irmãos são obrigados a escutar-nos.

A ritualística não permite que eles nos interpelem, argumentem conosco ou então que se levantem e saiam. Eles não têm escolha, terão de escutar tudo o que quisermos dizer sem nos interromper. Portanto, sejamos misericordiosos não os forçando a escutar tolices.

Grande parte dos assuntos que são tratados em Loja poderiam, e deveriam ser tratados antes ou após a reunião, na sala dos passos perdidos ou no salão da Loja. 

O Templo, como o próprio nome diz, é um local sagrado, onde não se deve tratar de assuntos corriqueiros ou picuinhas administrativas. Agir assim é profanar o sagrado Templo maçônico.

O Templo não é um palanque político. De nada adianta queixar-se eternamente da conjuntura política e econômica. A Maçonaria pode e deve tentar mudar a realidade nacional e mundial, mas isso só pode ser feito com ação. Palavras e lamúrias recorrentes só servirão para fazer com que cheguemos mais tarde e casa e não irão mudar o mundo.

O Templo não é um púlpito onde se devam fazer pregações ou então ministrar palestras sobre questões metafísicas e filosóficas.

Especulações esotéricas servem muito mais para cansar quem as ouve do que para trazer algo de efetivamente concreto. Lembremo-nos que os pobres Irmãos são obrigados a ouvir-nos quando resolvemos, num desvario de insana vaidade, exibir o nosso “profundo conhecimento”.

A nossa vaidade já deveria ter sido sepultada na câmara das reflexões…

O Templo não é um divã ou um consultório psicológico onde devemos emitir as nossas indignações ou fazer histéricos desabafos. Será que as questões mundanas que andam “entaladas nas nossas gargantas” realmente interessam aos outros irmãos (os quais, repito, são forçados a ouvir-nos) ou à nossa Ordem?

O Templo não é uma mesa de bar e nem um clube, onde se contam casos “interessantes” (somente para quem os conta…) ou se fala de boatos ou questiúnculas. Antes de tudo, estar num Templo exige postura e respeito pela egrégora. Conversas de bar caem bem num bar.

Quando formos ministrar alguma instrução, convém lembrar que, conforme determina o ritual, devemos fazê-lo utilizando um quarto de hora. Ora, isto equivale há exatos 15 minutos. Nada mais do que isto.

Qualquer mensagem pode ser passada e absorvida nesse período. Mais do que isto dispersa a atenção do ouvinte, fazendo com que o mesmo se perca em devaneios, além de minar a sua santa paciência.

Qualquer outra comunicação deve ser dada nos 3 minutos que o ritual preconiza. Três minutos são tempo de sobra para passar a essência de uma mensagem de maneira clara, concisa e precisa. Mais do que isto é verborréia e só serve para motivar os irmãos a não voltarem nas próximas sessões.

É sempre bom lembrarmos que, para nos estarem a ouvir, os Irmãos estão a prescindir de estar no aconchego dos seus lares e estão a dispensar-nos o seu precioso tempo.

Será que não é um dever moral e um ato de amor respeitarmos e valorizarmos este tempo que os irmãos nos dispensam ouvindo-nos?

Será justo fazer com que esses irmãos voltem para os seus lares com a sensação de tempo perdido?

Será que é sensato alongar-se na leitura do expediente?

Muita coisa pode ser afixada no quadro da Loja e os boletins podem ser lidos na internet. Será que é racional gastar longo tempo a falar sobre os eventos sociais da Loja?

Será que não teríamos uma reunião mais gratificante se, de fato, somente usássemos da palavra para falar sobre algo que seja verdadeiramente a bem da Ordem, da Loja ou dos Irmãos?

Lembremo-nos: se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro.

Meus Irmãos, aí estão algumas reflexões. Creio que todos nós devemos refletir sobre elas. Talvez ajudem a responder àquela eterna pergunta que se nunca cala dentro de nós: porque será que, ano após ano, as Lojas estão cada vez mais vazias?

T A F

Carlos Alberto Mourão Júnior, 33º
Primeiro-vigilante da ARLS Acácia do Paraibuna, Juiz de Fora, MG

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