AS COLUNAS ZODIACAIS



INTRODUÇÃO
Nossos antepassados, ao observarem o céu e o movimento das estrelas e astros, em seu cotidiano, começaram a perceber a relação dos mesmos com a época do ano.

Com a observação cotidiana dos astros, os antigos começaram a dar nomes de animais do seu dia a dia, neste grupo de estrelas, dai surgindo os doze signos dos zodíacos. Desse estudo, surgiu à astrologia, A astrologia vem do grego antigo astron., "astros", "estrelas", "corpos celestes", e logos, "palavra", "estudo", sendo que da astrologia surgiu à astronomia.

Na história humana existem diversos povos que desenvolveram essa técnica de se observar o firmamento. Mas foram os sumérios, na realidade o primeiro povo que a sintetizou, sendo que eles deixaram a nós, o legado da astrologia, e posteriormente a astronomia.

O termo Zodíaco vem do grego antigo, zódia, dai zodiakos - “círculo de animais” - que nada mais é que uma faixa celeste imaginária, que se estende entre 8 a 9 graus de cada lado da eclíptica e que com essa coincide. A eclíptica, é o caminho aparente que o Sol, do ponto de vista da Terra, percorre anualmente no céu. Essa faixa foi dividida em 12 casas de 30 graus cada uma, chamadas de constelações (do latim “conjunto estelar”.

AS COLUNAS
As colunas zodiacais representadas em nosso Templo, são colunas da ordem Jônica, tendo no seu capitel, os Pantáculos, que segundo o ocultismo, são fontes inesgotáveis de energias e forças que encerram incalculáveis poderes dentro de si, e que é a representação de cada signo com o planeta e o elemento da natureza que o caracteriza. Essas colunas são colocadas no Ocidente, sendo seis ao Norte e seis ao Sul.

Elas servem como símbolos do caminho do Maçom que está evoluindo, sendo sinal de crescimento, moral, material e espiritual.

Em nossa Ordem, os ritos maçônicos usam os signos, sinais do zodíaco, em sentido simbólico, não no sentido de horóscopo especificamente, como o do nascimento de uma pessoa, seus projetos etc. Em nosso rito o REAA, ele tem por finalidade educar e instruir o Maçom, a semelhança de outros símbolos e ferramentas estudadas.

As colunas são postadas junto às paredes, e com já dissemos, são seis ao Norte e seis ao Sul. A sequência das colunas é o seguinte: de Áries a Peixes, iniciando-se com Áries ao norte próximo à parte Ocidental, e terminando com Peixes ao Sul também próximo à parte Ocidental.

Esses signos são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Balança ou Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio Aquário e Peixes. As colunas começam com o signo de Áries, pois é em março que se inicia o “ano astrológico”, tendo relação com o Equinócio de Primavera no hemisfério norte (de outono em no nosso hemisfério sul), que acontece por entre os dias20 e 21 de março, período esse que marca o nascimento de um novo ciclo. 

É quando o Sol ingressa e passa pelo 0º de Áries, ou seja, o ponto vernal. 

O ponto vernal é quando o Sol, passando pela eclíptica, cruza o equador celeste próximo aos dias 20 ou 21 de março determinando o início da primavera para o hemisfério norte e o de outono para o hemisfério sul

Apesar de localizar-se hoje, devido à precessão dos equinócios, na constelação de peixes. Tal precessão, ocorre a cada 25.770 anos. 

Ele é chamado de Grande Dia. Devido a esse fenômeno, ocorrerá com o tempo, a antecipação dos equinócios, com a mudança na posição dos astros.

           
Pois bem. Existe uma correlação na coluna zodiacal relacionado aos Graus simbólicos. Ao Grau de Companheiro corresponde Libra ou Balança; e os ao Grau de Mestre Maçom são os signos de Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. 

Os demais são relacionados aos Aprendizes - Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem.

Vejamos sucintamente a representatividade de cada um, sendo que eles também estão relacionados aos doze filhos de Jacó que deram origem as doze tribos de Israel, bem como aos doze apóstolos de Jesus.

 A sequência completa das colunas são as seguintes: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, ao lado Norte, no sentido do Ocidente – Oriente, e Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes ao Sul, no sentido Oriente- Ocidente.

Coluna nº 1:Áries, - coluna do Norte, corresponde à cabeça e ao cérebro do homem Planeta Marte e ao elemento Fogo. É o início de tudo. Da busca espiritual.

Coluna nº 2:Touro, a coluna do Norte, corresponde ao pescoço e à garganta. -Planeta Vênus e o elemento Terra. Símbolo da vida na matéria.

Coluna nº 3:Gêmeos, - coluna do Norte, correspondendo aos braços e às mãos, Planeta Mercúrio e ao elemento Ar. A representação mais comum é a de dois homens abraçados, que indica a elevação espiritual. 

Coluna nº 4:Câncer (ou Caranguejo) -coluna do Norte, corresponde aos órgãos vitais respiratórios e digestivos. Corresponde à Lua, ao elemento Água. Nas igrejas católicas esta sempre próxima a pia de batismo, como a indicar a religação com a vida espiritual.

Coluna nº 5: Leão, coluna do Norte, corresponde ao coração, centro vital da vida física. Corresponde ao Sol e ao elemento Fogo. Indica a persistência que devemos ter, a força para prosseguirmos em nossa elevação espiritual.

Coluna nº 6: Virgem, coluna do Norte; corresponde ao complexo solar que assimila e distribui as funções no organismo. Como faculdade intelectual exprime a realização das esperanças. Planeta Mercúrio e ao elemento Terra.

Coluna nº 7:Libra (Balança), Coluna do Sul - Simboliza o equilíbrio entre as forças construtivas e destrutivas. - Planeta Vênus e ao elemento Ar.

Coluna nº 8: Escorpião, Coluna do Sul, Planeta Marte.  Elemento Água. . Representa as emoções e sentimentos tanto negativos como positivos, como rancor, obstinação.

Coluna nº 9: Sagitário, Coluna do Sul. Caracterizada por Júpiter e pelo elemento Fogo. Representa a mente aberta e o julgamento crítico.

Coluna nº 10: Capricórnio, Coluna do Sul – Planeta Saturno. Elemento Terra. Simboliza a determinação e a perseverança.

Coluna nº 11: Aquário, Coluna do Sul - Planeta Saturno - Elemento Ar. Representa o sentimento humanitário e prestativo.

Coluna nº 12: Peixes, Coluna do Sul, Planeta Júpiter. Elemento Água. Simboliza o desprendimento das coisas materiais.

CONCLUSÃO
Podemos concluir que as colunas foram introduzidas em nossa Ordem, para indicar o caminho de evolução do maçon. Cada coluna zodiacal representa uma etapa na em nossa evolução, demarcando nossa caminhada espiritual. Alguns autores, dizem que as colunas não são da maçonaria, e que foram introduzidas posteriormente no REAA, ficando tal debate para uma próxima oportunidade.

DERMIVALDO COLLINETT – M.M.
ARLS RUI BARBOSA – GLMG – OR. DE SÃO LOURENÇO

Bibliografia:
José Castellani – Astrologia e Maçonaria – 3ª Edição Revisada
Xavier Musquera – As Chaves e a Simbologia na Maçonaria
CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora Ltda., 414 páginas, São Paulo, 2001;

CONJECTURAS DE UM MAÇOM IDOSO



Não sejamos velhos tolos. Sejamos sábios idosos. Para tanto, temos que ser humildes (M.S. Cortella)

Irremediavelmente chegamos a um momento da vida maçônica em que a deficiência da força e do vigor da juventude colhe suas consequências.

O nosso trabalho já não é requisitado e as contribuições até então realizadas deixam de ser reconhecidas. Temos uma leve desconfiança de que, após anos de entrega, no nosso entorno as coisas começam a ficar diferentes.

Muitas das vezes, olhamos para os lados e não vemos mais aqueles diletos irmãos que valorizavam a nossa companhia e conosco se empenharam na senda maçônica e, hoje, repousam merecidamente no Oriente Eterno.

Novos irmãos, novas energias, disputa por ocupar espaços, firulas políticas, competições. Os valores, os fundamentos, continuam os mesmos, mas revestidos de novas roupagens e com leituras mais “atualizadas”, que nos fazem sentir que nossas habilidades estão caindo em desuso. Quem sabe não é hora de partirmos para outras atividades?

Nesse admirável mundo novo, não é bom ficarmos onde não há mais espaço para enfrentar embates, contribuir com sugestões, nem mesmo para ser ouvido. Ainda tem muita vida lá fora! E vida não digital!

Não resta dúvida de que a idade costuma comprometer capacidades cognitivas como a memória e a rapidez de aprendizagem, que podem ser compensadas por outros atributos, hoje as conhecidas como habilidades transversais (soft skills), como experiência, conhecimento, espírito de liderança, colaboração, capacidade de gestão, de comunicação (oral refinada e escrita de primeira) e empatia.

Costumamos ser um pouco mais lentos ao lidar com telas, dispositivos eletrônicos e as redes sociais tão naturais na geração digital e o novo normal que ai está. Para nós, estar conectado tem outro sentido. Trabalhar seguro nas nuvens, também!
Ser controlado por um algoritmo, assustador.

Encenar um olhar fresh sobre os “problemas”, meu Deus! Linkedin?? Vade-retro!

Não se pode avaliar competências e capacidade pelos aniversários acumulados. Isso é tendencioso e discriminatório. Sejamos jovens ou velhos, os critérios de avaliação são outros.

Vivências podem viabilizar soluções e contornar riscos. É preciso que fique bem claro: idoso é aquele que tem muitos anos e velho aquele que acha que sabe tudo, que já está pronto. A Maçonaria nos ensina a vencer os preconceitos, que no caso vertente se consuma na rejeição a estereótipos, cabendo-nos propugnar por avaliações inteligentes, criteriosas e imparciais.

Nada de dramas, lamúrias ou rabugice, mesmo quando dizem que somos idosos vaidosos, que é uma rima rica e deixa-nos como aquele emoji da carinha pensativa do WhatsApp. Será verdade?

Uma coisa é certa, às vezes falamos muito, mas temos convicção de que tempo de Ordem não põe mesa, a travessia sim, e ainda temos muito a lapidar.

A nossa régua é individual. O importante é que a vivência nos permite reconhecer e valorizar nossos acertos, as marcas que deixamos o nosso legado, e a aprendizagem decorrente dos erros cometidos. O prazer é olhar para trás e contemplar o caminho seguro que edificamos para a sustentabilidade da Ordem.

E esse amadurecimento nos enseja a vislumbrar que agora é o momento de colher o que plantamos junto aos nossos familiares e amigos, aqueles a quem tornamos felizes durante nossa caminhada.

E precisamos ter clareza de propósitos para encarar esse novo estágio dessa experiência material do espírito. O futuro talvez não seja mesmo onde pensamos que estamos.

Ah, antes que caia no esquecimento! Quem for curioso que pesquise no Google “A Fábula do Cachorro Velho”. A narrativa encerra um grande aprendizado: “não mexa com cachorro velho… idade e habilidade se sobrepõem à juventude e intriga. Sabedoria só vem com idade e experiência”.

Enfim, continua valendo o ditado: os incomodados que se …….. E, sendo esta uma reflexão fictícia, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

“Para o ignorante, a velhice é o inverno da vida; para o sábio, é a época da colheita” (Talmude)

Autor: Márcio dos Santos Gomes
Márcio é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas – 197 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Escola Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves D'Almeida, da Academia Mineira Maçônica de Letras
Fonte: O Ponto Dentro do Círculo

BURACO NEGRO MAÇÔNICO (O ANTIGO VENERÁVEL)




Você fez o seu caminho para o Oriente. Planear esse objetivo consumiu-o; saturou a sua vida. Pensamentos sobre orçamentos e programas preencheram o seu cérebro até que não houvesse espaço para mais nada e, sim, houve grande parte que você teve que memorizar.

Então chegou lá. Deu vida a esses programas. Geriu o orçamento. Foi atingido pelo inesperado e deu resposta… e venceu.

Agora o seu ano está a chegar ao fim. Onde, pergunta-se você, foi o tempo? Tudo passou tão rapidamente. De repente, você percebe que está a viajar perto da velocidade da luz em direção ao horizonte de eventos… aquele ponto sem retorno… do grande buraco negro da Maçonaria: a vida depois de se ser o Venerável Mestre da sua Loja.

Talvez isto não o atinja imediatamente. Oh, aquelas primeiras semanas após o final do seu mandato… aquela doce época em que a responsabilidade é nula, o peso da liderança repousa sobre os ombros de outra pessoa; quando vai a Sessões, não planeia nada, não faz nada e usa aquele novo avental de Antigo Venerável, em estilo desportivo… é um nirvana reservado para poucos… o novo Antigo Venerável júnior, recém-empossado.

Mas é uma ilusão. Você acaba por perceber que foi sugado para o grande vazio. O esquecimento aguarda. Você não se pode sentar no Norte, perturbando a performance ritual para sempre. Você pode ouvir atentamente os debates sobre o menu para o próximo jantar, ler as atas e reclamar da ultrajante conta para consertar o ar-condicionado.

Você percebe que eles podem fazer tudo isto sem si. Semanas atrás, você era a pessoa mais importante da Loja. Agora você é, pelo seu padrão, irrelevante. Você nem é o mais importante de todos os Antigos Veneráveis. Você está no fundo da lista.

E como qualquer coisa que alcance a singularidade num buraco negro, você desaparece. A experiência mostra-nos que isto acontece com muitos, possivelmente a maioria dos Antigos Veneráveis. Gradualmente, param de comparecer às reuniões, desaparecem e deixam-nos a imaginar o que lhes terá sucedido.

Ao tentar combater esta tendência, em vez de “de onde é que eu vim?”, surge uma nova pergunta: “para onde é que eu vou?” ou, mais simplesmente, “e agora?”. O fato é que a maioria de nós não quer ficar sentado sem fazer nada. Precisamos de relevância, algo para fazer, um objetivo, um projeto, uma responsabilidade, uma razão de ser.

Parte do seu planejamento ao se aproximar do Oriente deve ser o de descobrir o que você fará quando tudo acabar. A sua Loja tem muitas necessidades a que você pode atender: talvez precise de um novo Oficial de Educação da Loja, que preencha um lugar de Oficial, um mentor para os novos iniciados, um historiador da Loja, alguém para assumir o comando de um projeto cívico ou, Deus o livre, um novo Secretário.

Também existem órgãos anexos a serem considerados. Os Ritos York e Escocês em particular, oferecem mais oportunidades para a educação, comunhão e serviço comunitários maçônicos que almejamos. Os comitês da Grande Loja precisam sempre de pessoal. Pode até escrever um artigo para os Midnight Freemasons.

Faça o que fizer, prometa que vai permanecer ativo; e as atividades que escolher deve incluir aquelas que o façam voltar aos alicerces da nossa Fraternidade – a sua Loja.

Steve Harrison
Tradução de António Jorge

Fonte
Midnight Freemasons


DEZ COISAS A CONSIDERAR ANTES DE PEDIR A PALAVRA



Como eu já fiz todos os erros elencados neste artigo, resolvi partilhar as minhas reflexões com os irmãos. Antes de pedirmos para usar (ou abusar) da palavra em Loja, que tal pensarmos melhor e considerarmos algumas pequenas coisas?

Quando falamos em Loja, os outros irmãos são obrigados a escutar-nos.

A ritualística não permite que eles nos interpelem, argumentem conosco ou então que se levantem e saiam. Eles não têm escolha, terão de escutar tudo o que quisermos dizer sem nos interromper. Portanto, sejamos misericordiosos não os forçando a escutar tolices.

Grande parte dos assuntos que são tratados em Loja poderiam, e deveriam ser tratados antes ou após a reunião, na sala dos passos perdidos ou no salão da Loja. 

O Templo, como o próprio nome diz, é um local sagrado, onde não se deve tratar de assuntos corriqueiros ou picuinhas administrativas. Agir assim é profanar o sagrado Templo maçônico.

O Templo não é um palanque político. De nada adianta queixar-se eternamente da conjuntura política e econômica. A Maçonaria pode e deve tentar mudar a realidade nacional e mundial, mas isso só pode ser feito com ação. Palavras e lamúrias recorrentes só servirão para fazer com que cheguemos mais tarde e casa e não irão mudar o mundo.

O Templo não é um púlpito onde se devam fazer pregações ou então ministrar palestras sobre questões metafísicas e filosóficas.

Especulações esotéricas servem muito mais para cansar quem as ouve do que para trazer algo de efetivamente concreto. Lembremo-nos que os pobres Irmãos são obrigados a ouvir-nos quando resolvemos, num desvario de insana vaidade, exibir o nosso “profundo conhecimento”.

A nossa vaidade já deveria ter sido sepultada na câmara das reflexões…

O Templo não é um divã ou um consultório psicológico onde devemos emitir as nossas indignações ou fazer histéricos desabafos. Será que as questões mundanas que andam “entaladas nas nossas gargantas” realmente interessam aos outros irmãos (os quais, repito, são forçados a ouvir-nos) ou à nossa Ordem?

O Templo não é uma mesa de bar e nem um clube, onde se contam casos “interessantes” (somente para quem os conta…) ou se fala de boatos ou questiúnculas. Antes de tudo, estar num Templo exige postura e respeito pela egrégora. Conversas de bar caem bem num bar.

Quando formos ministrar alguma instrução, convém lembrar que, conforme determina o ritual, devemos fazê-lo utilizando um quarto de hora. Ora, isto equivale há exatos 15 minutos. Nada mais do que isto.

Qualquer mensagem pode ser passada e absorvida nesse período. Mais do que isto dispersa a atenção do ouvinte, fazendo com que o mesmo se perca em devaneios, além de minar a sua santa paciência.

Qualquer outra comunicação deve ser dada nos 3 minutos que o ritual preconiza. Três minutos são tempo de sobra para passar a essência de uma mensagem de maneira clara, concisa e precisa. Mais do que isto é verborréia e só serve para motivar os irmãos a não voltarem nas próximas sessões.

É sempre bom lembrarmos que, para nos estarem a ouvir, os Irmãos estão a prescindir de estar no aconchego dos seus lares e estão a dispensar-nos o seu precioso tempo.

Será que não é um dever moral e um ato de amor respeitarmos e valorizarmos este tempo que os irmãos nos dispensam ouvindo-nos?

Será justo fazer com que esses irmãos voltem para os seus lares com a sensação de tempo perdido?

Será que é sensato alongar-se na leitura do expediente?

Muita coisa pode ser afixada no quadro da Loja e os boletins podem ser lidos na internet. Será que é racional gastar longo tempo a falar sobre os eventos sociais da Loja?

Será que não teríamos uma reunião mais gratificante se, de fato, somente usássemos da palavra para falar sobre algo que seja verdadeiramente a bem da Ordem, da Loja ou dos Irmãos?

Lembremo-nos: se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro.

Meus Irmãos, aí estão algumas reflexões. Creio que todos nós devemos refletir sobre elas. Talvez ajudem a responder àquela eterna pergunta que se nunca cala dentro de nós: porque será que, ano após ano, as Lojas estão cada vez mais vazias?

T A F

Carlos Alberto Mourão Júnior, 33º
Primeiro-vigilante da ARLS Acácia do Paraibuna, Juiz de Fora, MG

A HUMILDADE, UMA REFLEXÃO



A humildade é, senão a mais importante, uma das muitas lições do grau de aprendiz. E uma lição que acompanhará o neófito durante todo o seu percurso maçônico, tornando-se numa das pedras angulares na construção de um templo sólido e duradouro.

E a humildade que enfatiza a sabedoria, a força e a beleza. A história da humanidade está repleta de exemplos de indivíduos que se creem superiores as leis do homem e do próprio G A D U.

Das cinzas viemos às cinzas retornaremos independentemente do grau, status ou título.

O Maçom não respeita o homem pela sua riqueza profana ou sua posição social, mas preocupa-se sim com a qualidade do caráter que este possui. Daí dizermos que o Maçom é igualmente amigo do rico e do pobre desde que sejam pessoas de bem.

O pavimento mosaico lembra-nos do potencial humano tanto para o bem, como para o mal. Sendo que a pedra bruta simboliza a nosso estado inicial, cru e imperfeito. Contudo a pedra cúbica demonstra que é possível aperfeiçoar-nos.

O Maçom deve aprender que é um erro assumir o manto da liderança sem demonstrar as qualificações necessárias aos seus irmãos.

Os verdadeiros lideres não buscam, nem lutam pelo poder, o poder vem até eles, porque é lhes imposto pelos que o rodeiam e nele reconhecem as qualidades para guiá-los.

O primeiro passo na direção da aquisição da verdade é a humildade da mente, que nos mostra a nossa ignorância e a nossa necessidade por conhecimento, de modo a estarmos preparados a recebê-lo.

“Bem aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Matias 5:3)

A lição é difícil, mas também vital. Cito uma passagem do livro de S. João bem conhecida.

Quando se preparavam para partilhar a refeição da Páscoa. Jesus aproveitou o momento para ensinar uma lição necessária e os apóstolos jamais a esqueceriam.

Ele tomou uma toalha e água e foi. de discípulo em discípulo, lavando seus pés. Isto era. por costume, serviço dos servos mais humildes, mas aqui o criador do universo estava-se humilhando diante de simples galileus. 

Quando terminou, ele voltou- se para os apóstolos e perguntou? Compreendeis o que vos fiz? Pós me chamais mestre e o senhor e dizeis hem. porque eu o sou. Ora. se eu sendo, o senhor e o mestre vos lavei os pés também deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para, que como eu vos fiz. Façais vós também. Em verdade vos digo que o servo não é maior que do que o seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou. Ora. se sabeis estás coisas, hem aventurados sóis se às praticardes”. Em João 13:1-17

Assim sendo, a humildade é uma virtude que duvida que o seja. Pois quem se gabasse da sua mostraria simplesmente que ela lhe falta. A humildade torna as virtudes discretas. É o conhecimento, ou reconhecimento, de tudo o que não somos. Facilmente se envereda pelo caminho da falsa humildade, da gabarolice, da presunção e da soberba.

E neste contexto transcrevo um excerto de um texto de um I Italiano, já passado ao Oriente Eterno em 1946, Arturo Reghini e que descreve a sua visão da Maçonaria que o rodeou e que deve servir de alerta para a que a nossa realidade não seja está.

Que os maçons dos nossos dias, ouvindo falar de cabala, misticismo, magia, sorria com superioridade, conta menos do que nada porque lhe falta, com raríssimas exceções, competência na matéria: e porque os sorrisos desdenhosos não destroem os fatos. (…)

Os maçons contemporâneos têm. Pelas antigas ciências ocultas, a simpatia que o diabo têm pela água benta e, não podendo oficialmente renegar a suas origens, satisfazem-se em renegá-las com os fatos, considerando-as uma espécie de pecado original da Ordem (…).

E posto que o elemento jovem, cheio de ardor, não vê à hora de dar um belo pontapé nos velhos símbolos e nos arcaicos rituais, estes se mantêm ainda vivos por duas razões: porque a necessidade de ter uma base comum como plataforma dos múltiplos sinais e palavras convencionais torna necessário conservar a base já universalmente e tradicionalmente aceite, e porque o múltiplo significado dos símbolos derivados da analogia ínsita na filosofia esotérica permite aos maçons não lhe dar senão uma interpretação ética vaga e pouco comprometedora.

Mas está interpretação moral do simbolismo maçônico não salva sequer as aparências. Nem atenua a enorme degenerescência da Ordem, tão reduzida que está ao estritamente necessário e com valor puramente formal, superficial e cerimonial. (…)

Os templos já não servem para o culto maçônico, mas para as exercitações retóricas dos mais ou menos caríssimos irmãos. A degeneração é geral. (…). Quando se sabe que as atividades das lojas se resume a banquetes semanais com fraterna embriaguez. A ignorância da história e filosofia maçônica tornou-se tão espessa que não surpreende encontrar erros de simbolismo nos ornamentos do Grande Oriente no Palazzo Giustiniani.

Creio ter ficado bem ilustrado, que o caminho da soberba e do egocentrismo bate facilmente a porta do templo. Que é possível que a bajulação barata e a vaidade se sobreponha aos verdadeiros objetivos da ordem.

Que ânsia de ostentar medalhas ao peito, aquele avental mais ornamentado e de possuir pilhas de diplomas e honrarias alimentasse, alimente e alimentará o percurso de muitos membros da ordem do passado, presente e futuro. A torre de babel não é o caminho, para quem busca a sabedoria salomônica.

Lichtenberg dizia que a humildade teria de ser a virtude daqueles que não tem qualquer outra.

Assim, retomo a importância da verdadeira humildade.

Sem humildade, não serviremos outros como deveríamos, porque aqueles que são arrogantes e egoístas querem ser servidos, e não servir.

Sem humildade, não seremos seguidores. Os orgulhosos querem serem chefes e cobiçam a posição e a influência de outros.

Sem humildade não buscaremos realmente a verdade. O homem orgulhoso pensa que já conhece as respostas, e não quer depender de quem quer que seja. A arrogância também impede nosso entendimento da verdade. Se não queremos admitir a necessidade de mudança, ou não queremos aceitar o fato que alguma outra pessoa sabe mais do que nós, nosso orgulho será um bloqueio fatal.

Sem humildade, não reconheceremos nossos próprios defeitos. Somos até capazes de enganar nossos próprios corações para não vermos nosso próprio pecado.

Sem humildade é difícil aceitar a correção. O que rejeita a disciplina menospreza a sua alma, porém o que atende à repreensão adquire entendimento. Provérbios 12:1 “Quem uma a disciplina ama o conhecimento, mas o que aborrece a repreensão é estúpido.”

O outro lado deste problema é que a pessoa arrogante também não perdoa o erro dos outros. O orgulho é inerentemente egoísta, e nos torna facilmente ofendidos e lentos a perdoar. Isto cria uma tremenda barreira à fraternidade e amizade. A pessoa que não perdoa não será perdoada.

E o que é o verdadeiro Maçom, senão um homem humilde despojado dos preconceitos profanos, consciente das suas limitações, ansioso por crescer e construir o seu templo interior e tornar-se um homem melhor. E procurar humildemente a excelência, a perfeição mesmo sabendo que está fora do seu alcance, mas este fato não o assusta, nem o impede de se lançar nesta contenda.

Nelson Rodrigues da Costa M M – R L  Nova Avalon – GLLP/GLRP


MAÇOM NÃO GOSTA DE ESTUDAR MAÇONARIA



Se você é do grupo de maçom que não gosta de estudar maçonaria com certeza não irá ler a matéria a seguir transcrita.

"Desde que fui iniciado, percebo uma espécie de arrepio entre os maçons quando se fala em “estudar maçonaria”. 

A princípio, estranhei muito isso − pois os que me indicaram para  participar da Ordem e os que fizeram minha sindicância, garantiam que a Maçonaria era uma escola de filosofia moral, social e espiritual, estruturada num sistema consciente, uma união de homens sábios e inteligentes, ligados pelo dever de esclarecer e preparar a humanidade para a emancipação e progresso.

Quem não se entusiasmaria com uma “propaganda” dessa?

E quem, nos tempos tumultuosos que vivemos não se entusiasma diante de uma “pregação” dessa magnitude?

Por que então – eu sempre me perguntava, e ainda me pergunto – esse ar de admiração, esse estremecimento de espanto e calafrio quando falamos em “estudar maçonaria”?

Por que a estupefação que desanda em deboche e pilhéria quando nos referimos à História, à Filosofia, à Psicologia e a literaturas especializadas?

Nenhuma dessas coisas ou aspectos são mais espetaculosas do que a avalanche de fotografias, medalhas, títulos, diplomas e condecorações de que vivem alguns setores da Ordem.  Condecorações, títulos, medalhas e diplomas que só se justificam pelo mérito (sendo mérito o conjunto de fatos e provas que norteiam uma decisão).

Pois bem: “estudar maçonaria” é fato e prova de relevância na formação do Mérito Maçônico, ou seja: o adquirir habilidades e conhecimentos próprios da “escola essencial” à existência e sobrevivência da Maçonaria, como organização e instituição.

Se o que eu disse até aqui, nessas 240 palavras, pareceu obscuro, recomendo uma releitura atenta (à moda das “análises e interpretações de texto” dos cursos pré-universitários.

(Tive o cuidado de – eliminando, por substituição, quaisquer palavras ou indícios referentes à Maçonaria − mostrar esse texto de 240 palavras a quatro jovens escolares na faixa entre 14 e 19 anos; e eles entenderam perfeitamente o sentido do texto, apenas me questionando sobre os significados das palavras “sindicância”, “emancipação”, “magnitude” e “estupefação”. Um acerto interpretativo, portanto, de 98,3% do que eu escrevera),

O que pretendo demonstrar com isso? Se quatro jovens em idade escolar pré-universitária abarcaram, pelo entendimento, 98,3% desse texto, significa que qualquer maçom – independentemente do nível de estudo formal – tem potencial para ler, entender e colocar em prática a seguinte Síntese de Conhecimentos ou de habilidades próprias da Maçonaria:
a) os textos ritualísticos;
b) as instruções dos Graus;
c) a legislação maçônica básica (que reúne os seguintes documentos: A Constituição da Potência; o Regulamento Geral da Potência; a Legislação Penal Maçônica e o Regimento Interno da Loja Simbólica.

É esse “LER, ENTENDER E COLOCAR EM PRÁTICA” acima citado que constitui “ESTUDAR MAÇONARIA”.

Por que, então, a persistência nos mesmos erros?

Ninguém vai exigir do maçom que ele se especialize em história egípcia, filosofia grega, cânones medievais, estética renascentista, matemática superior, geometria descritiva de Gaspard Monge, geometria analítica, música ou resistência dos materiais.

Pelo contrário: às vezes muita informação acaba criando confusão, visto que não somos uma Universidade, e sim uma UNIVERSALIDADE.

Chegará o momento em que o maçom investigativo, ávido por conhecimento, definirá suas prioridades na aplicação do escopo (intenção, objetivo) geral da Maçonaria.

Ele poderá optar por uma “especialidade” e, paralelamente a um dos saberes Universitários, desenvolverem esta ou aquela PESQUISA, por sua própria iniciativa e no âmbito da Maçonaria.

Pode acontecer (e de fato SEMPRE acontece) que este outro ou aquele outro definam suas prioridades como conquistar o cargo de Venerável Mestre... ou alonguem seus anseios em alcançar o Primeiro Malhete de sua Potência.

Então, esses desprendidos servidores de seus Irmãos se empenharão mais ainda em PESQUISAS mais enraizadas e entranhadas nos textos originais dos “Landmarks” e das “Constituições de Anderson”, além de esmerada proficiência no que tange à Justiça Maçônica e à técnica legislativa Maçônica.

“CONCLUSÃO: Isto, meus caríssimos Irmãos, significa, em síntese, “estudar maçonaria”; nada além do cumprimento do dever de iniciados e, principalmente, daqueles que ostentam o avental de Mestre Maçom”.

N.da R. - O autor enfatiza que o maçom médio, para justificar a ostentação do título de Mestre, deve estar preparado para entender e compartilhar o conteúdo dos postulados da Ordem, positivados na literatura básica, pelo menos, ficando as especializações nas múltiplas áreas do conhecimento a critério do gosto e das aptidões de cada um. 

Artigo de autoria do Mestre Maçom Instalado, da Grande Loja de Minas Gerais, Escritor, Advogado, professor universitário e Músico



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