Se você é do grupo de maçom que não gosta de estudar maçonaria
com certeza não irá ler a matéria a seguir transcrita.
"Desde que fui iniciado, percebo uma espécie de arrepio
entre os maçons quando se fala em “estudar maçonaria”.
A princípio, estranhei
muito isso − pois os que me indicaram para participar da Ordem e os que
fizeram minha sindicância, garantiam que a Maçonaria era uma escola de filosofia
moral, social e espiritual, estruturada num sistema consciente, uma união de
homens sábios e inteligentes, ligados pelo dever de esclarecer e preparar a
humanidade para a emancipação e progresso.
Quem não se entusiasmaria com uma “propaganda” dessa?
E quem, nos tempos tumultuosos que vivemos não se entusiasma
diante de uma “pregação” dessa magnitude?
Por que então – eu sempre me perguntava, e ainda me pergunto –
esse ar de admiração, esse estremecimento de espanto e calafrio quando falamos
em “estudar maçonaria”?
Por que a estupefação que desanda em deboche e pilhéria quando
nos referimos à História, à Filosofia, à Psicologia e a literaturas
especializadas?
Nenhuma dessas coisas ou aspectos são mais espetaculosas do que
a avalanche de fotografias, medalhas, títulos, diplomas e condecorações de que
vivem alguns setores da Ordem. Condecorações, títulos, medalhas e
diplomas que só se justificam pelo mérito (sendo mérito o conjunto de fatos e
provas que norteiam uma decisão).
Pois bem: “estudar maçonaria” é fato e prova de relevância na
formação do Mérito Maçônico, ou seja: o adquirir habilidades e conhecimentos
próprios da “escola essencial” à existência e sobrevivência da Maçonaria, como
organização e instituição.
Se o que eu disse até aqui, nessas 240 palavras, pareceu
obscuro, recomendo uma releitura atenta (à moda das “análises e interpretações
de texto” dos cursos pré-universitários.
(Tive o cuidado de – eliminando, por substituição, quaisquer
palavras ou indícios referentes à Maçonaria − mostrar esse texto de 240
palavras a quatro jovens escolares na faixa entre 14 e 19 anos; e eles
entenderam perfeitamente o sentido do texto, apenas me questionando sobre os
significados das palavras “sindicância”, “emancipação”, “magnitude” e
“estupefação”. Um acerto interpretativo, portanto, de 98,3% do que eu
escrevera),
O que pretendo demonstrar com isso? Se quatro jovens em idade
escolar pré-universitária abarcaram, pelo entendimento, 98,3% desse texto,
significa que qualquer maçom – independentemente do nível de estudo formal
– tem potencial para ler, entender e colocar em prática a seguinte Síntese
de Conhecimentos ou de habilidades próprias da Maçonaria:
a) os textos ritualísticos;
b) as instruções dos Graus;
c) a legislação maçônica básica (que reúne os seguintes
documentos: A Constituição da Potência; o Regulamento Geral da Potência; a Legislação
Penal Maçônica e o Regimento Interno da Loja Simbólica.
É esse “LER, ENTENDER E COLOCAR EM PRÁTICA” acima citado que
constitui “ESTUDAR MAÇONARIA”.
Por que, então, a persistência nos mesmos erros?
Ninguém vai exigir do maçom que ele se especialize em história
egípcia, filosofia grega, cânones medievais, estética renascentista, matemática
superior, geometria descritiva de Gaspard Monge, geometria analítica, música ou
resistência dos materiais.
Pelo contrário: às vezes muita informação acaba criando confusão,
visto que não somos uma Universidade, e sim uma UNIVERSALIDADE.
Chegará o momento em que o maçom investigativo, ávido por
conhecimento, definirá suas prioridades na aplicação do escopo (intenção,
objetivo) geral da Maçonaria.
Ele poderá optar por uma “especialidade” e, paralelamente a um
dos saberes Universitários, desenvolverem esta ou aquela PESQUISA, por sua
própria iniciativa e no âmbito da Maçonaria.
Pode acontecer (e de fato SEMPRE acontece) que este outro ou
aquele outro definam suas prioridades como conquistar o cargo de Venerável
Mestre... ou alonguem seus anseios em alcançar o Primeiro Malhete de sua
Potência.
Então, esses desprendidos servidores de seus Irmãos se
empenharão mais ainda em PESQUISAS mais enraizadas e entranhadas nos textos
originais dos “Landmarks” e das “Constituições de Anderson”, além de esmerada
proficiência no que tange à Justiça Maçônica e à técnica legislativa Maçônica.
“CONCLUSÃO: Isto, meus caríssimos Irmãos, significa, em síntese,
“estudar maçonaria”; nada além do cumprimento do dever de iniciados e,
principalmente, daqueles que ostentam o avental de Mestre Maçom”.
N.da R. - O autor enfatiza que o maçom médio, para justificar a
ostentação do título de Mestre, deve estar preparado para entender e
compartilhar o conteúdo dos postulados da Ordem, positivados na literatura
básica, pelo menos, ficando as especializações nas múltiplas áreas do
conhecimento a critério do gosto e das aptidões de cada um.
Artigo de autoria do Mestre Maçom Instalado, da Grande Loja de
Minas Gerais, Escritor, Advogado, professor universitário e Músico
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