ARLS CARATINGA LIVRE Nº 0922


 

O povo, as nações, cada qual tem suas efemérides, suas datas comemorativas.

A formação dos países antigos, a descoberta de novos, a independência política são datas que ficam para a posterioridade, jamais serão esquecidas.

E nós Obreiros da ARLS CARATINGA LIVRE Nº 0922 “PORTADORA DA CRUZ DA PERFEIÇÃO MAÇÔNICA”, temos também, nossa história, escrita nos anais da nossa cidade, e na nossa Ordem Maçônica. 

NOSSA HISTÓRIA 

Em 14 de agosto de 1912, nasceu do idealismo de muitos homens que já pertenceram à maçonaria, hoje glorificando-se no Oriente Eterno, embora tenham ingressado em outras cidades, inclusive Manhuaçú, e, por coincidência, foi a ARLS UNIÃO DE MANHUAÇÚ, daquela cidade que patrocinou a criação e instalação da nossa CARATINGA LIVRE, e por isso é considerada nossa Loja-Mãe.

Quando dos primeiros anos de formação, a ARLS CARATINGA LIVRE, foi dirigida por vultos que fazem parte de sua história. É o caso, por exemplo, de João Evangelista de Azeredo Coutinho, farmacêutico de profissão, que doou este terreno para construção do primeiro Templo Maçônica da cidade de Caratinga.

Por isso, ARLS CARATINGA LIVRE, tem uma dívida de gratidão com a família COUTINHO. Muito do que somos hoje, devemos aos descendentes de João Evangelista, que por sinal, fez parte da primeira diretoria, já na época de sua fundação.

O prédio antigo, da Loja, foi demolido nos anos 60 do século XX, dando lugar ao atual, no mesmo endereço. Missão difícil, mas não impossível. Com a participação dos valorosos Irmãos daquela época, e com a liderança do nosso saudoso Sapientíssimo Jovino Guzela de Abreu, concluímos nossa meta, o novo prédio da nossa CARATINGA LIVRE, hoje denominado Edifício Maçônico Jovino Guzela de Abreu. 

ARLS CARATINGA LIVRE – RELIGIÃO - FILANTROPIA 

E demonstrando que a maçonaria pugna por um ser supremo que é o Grande Arquiteto do Universo, a Segunda Igreja Presbiteriana  de Caratinga , iniciou  suas atividades religiosas, em uma sala do nosso Edifício Maçônico, cedida sem ônus, de acordo com o testemunho do saudoso presbítero da 1ª Igreja de Belo Horizonte, maçom, Dr. Jayro Boy de Vasconcelos, então Juiz de direito, em Belo Horizonte, em sua obra intitulada “A Fantástica História da Maçonaria" 1º Edição – 1999 – pág. 60, por ter sido testemunha ocular do fato.

Na sua gloriosa caminhada a CARATINGA LIVRE tem desenvolvido trabalhos de grande importância a sociedade de Caratinga e região.  Muitas são as obras sociais, mas de todas elas, uma, pela sua excepcionalidade, vamos mencionar, é a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, movida pelo sentimento de solidariedade e pelo comprometimento com a causa humanitária, com a doação do terreno no fundo da Loja pelo Irmão Omar Coutinho.

A APAE, foi fundada aos 18 de maio de 1974, nas dependências do prédio da Loja Caratinga Livre, na gestão do Venerável Mestre Onofre Fernandes Rocha Filho, sendo sua 1ª Diretoria assim constituída:   Presidente:  Margarida Vilela Vieira (esposa do nosso Irmão Dr. Hugo Vieira). Vice-Presidente: Maria Rita Ribeiro Magalhães (esposa do Dr. Paulo Magalhães). Tesoureiro: Ir. Júlio Barbosa. Adjunto de Tesoureiro: Ir. Robson Leite de Matos. Secretário: Ir. João Guilherme. Adjunto de Secretário: Ir. Klinger Ferreira Penna. 

ARLS CARATINGA LIVRE E SUAS GERAÇÕES 

Da nossa ARLS CARATINGA LIVRE, surgiram as ARLS: OBREIROS DE CARATINGA, FRATERNIDADE ACADÊMICA DE CARATINGA e FILHOS DA ACACIA. 

A ARLS CARATINGA LIVRE E A FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE UNIDO 

De tantas participações gloriosas da nossa CARATINGA LIVRE, vamos relembrar uma, voltando o ano de 1948, exatamente no dia 17 de julho de 1948, no Templo da ARLS CAYRÚ Nº 762, no Oriente do Méier, Poder Central (da época) Rio de Janeiro, nossa CARATTINGA LIVRE, ali estava na presença do nosso saudoso IR. ADOLFO DE SOUZA REZENDE, juntamente com mais 29 representantes de Lojas, entre elas: Comércio e Arte (Rio de Janeiro), União Cosmopolita (Ponte Nova), Esperança do Arquiteto (Raul Soares), Verdadeira Caridade (Carangola), Nilo Peçanha (Guassui/ES), para discutirem e aprovarem a Constituição do GRANDE ORIENTE UNIDO, criado em 13 de março de 1948, pelos nossos saudosos Irmãos: Álvaro Palmeira, Osmane Vieira de Resende e Moacyr Arbex Dinamarco.

No início de 1950, a Grande Loja do Brasil era absolvida pelo Grande Oriente Unido. Essa fusão duraria até 1956, quando Palmeira era o seu Grão-Mestre. A 22 de dezembro desse ano, pelo Decreto nº 1767, era aprovado o Convênio para incorporação e reincorporado, ao Grande Oriente do Brasil, das Lojas do Grande Oriente Unido, com base no tratado ajustado a 27 de fevereiro de 1954, que havia sido acertado entre o Grão-Mestre do GOB, Almirante Benjamim Sodré, e Leonel José Soares.

Esse Convênio foi assinado no mesmo dia 22 de dezembro, pelo então Grão-Mestre, Ciro Werneck de Souza e Silva, e pelo Grande Secretário, Antônio Astorga, representando o GOB, e pelo Grão-Mestre Álvaro Palmeira e pelo Grande Secretário Aberlado Albuquerque, representando o Grande Oriente Unido. Retornando assim todas as Lojas ao GOB, sendo que em 1963, era eleito Grão-Mestre do GOB, o IR. ÁLVARO PALMEIRA.

  
SERGIO LUIZ CARVALHO
MI. CIM. 109422

VIRGEM, A ÚLTIMA COLUNA DO NORTE


 

Nos quatro artigos anteriores (922: Áries – Outono – Fogo – Maçonaria; 923: Câncer – Inverno – Água – Maçonaria; 924: Libra – Primavera – Ar – Maçonaria; e 925: Capricórnio – Verão – Terra – Maçonaria), apresentei as quatro Colunas, as quatro Estações do Ano e os quatro Elementos, vinculando-os aos correspondentes Equinócios e Solstícios.

Mas, nos quatro, havia a mesma frase sobre Maçonaria. Qual é o motivo?

Para frisar que não importa o que estudamos, em qual vertente encaminhamos nossos pensamentos e quão abstratos ou concretos podemos ser, Maçonaria será sempre:

Uma escola de Moral e Ética que utiliza símbolos e alegorias para, com eles, desenvolver nos Maçons a capacidade de especularem de onde vêm, onde estão e para onde vão COMO CIDADÃOS E PARTÍCIPES CONSCIENTES DOS GRUPOS EM QUE ESTÃO INSERIDOS.

Feita essa explicação, peço a compreensão para retornarmos ao tema Colunas Zodiacais. Não creio que haja Colunas mais importantes, porém a Coluna de Virgem tem minha especial atenção.

Ao acompanharmos a marcha do Sol pela Abóbada Celeste, iniciamos em Áries, passamos por Câncer e agora, junto à Balaustrada, encontramo-nos sob os influxos da sexta Coluna Zodiacal. Estamos prontos para atravessarmos o eixo da Loja, mudarmos o sentido da visão e trabalharmos no mais belo grau da Maçonaria.

A Constelação de Virgem recebeu esse nome, pois o personagem mitológico que a inspirou era uma deusa imaculada, que não se corrompeu e manteve-se pura dentro dos valores que representava. Uma vertente credita a Themis, deusa grega por meio da qual a justiça é definida, no sentido moral, os sentimentos da verdade, da equidade e da humanidade, colocados acima das paixões humanas.

Desgostosa com tantas guerras na Terra, acendeu aos céus, metamorfoseando-se em estrelas que desenham uma donzela, signo do que deve ser o mais puro: a inocência, a falta de maldade quando for preciso julgar.

Na astrologia, Virgem – ou Virgo – é o signo cujo elemento é a terra, regido por Mercúrio, e encontra-se nos Templos encerrando a Coluna do Norte. Os influxos virginianos findam coincidentemente com o último dia do inverno e o primeiro dia da primavera.

A vida vegetal, por sua vez, carrega a inteligência do criador e a descoberta da vaidade das folhas. A planta, no silêncio do inverno, trabalha para a perpetuação da espécie, através da semente.

Visualizamos a primavera como a estação das cores e das flores, mas é preciso “ir mais além”, além do que é visto, além do presente, para além do exterior. A missão profícua está, pois, no interior:

“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores; se não houver flores, valeu a sombra das folhas; se não houver folhas, valeu a intenção da semente.”

Faço aqui um à parte: essa frase é do professor Mauricio Francisco Ceolin, atribuída – de modo equivocado – ao militante Henfil. Este, ao ser questionado sobre o fato, simplesmente respondeu que recebeu os versos “de um puro em Jundiaí”, sem dar o devido crédito ao correligionário.

Sendo a água a vida, a terra é o viver! E nós, humanos, somos a semente do Divino. Fácil compreender a analogia da semente na terra com o embrião na gestante. Ambos estão encarcerados na escuridão e no silêncio, necessitando de água/sangue que alimenta e complementa sua transformação. Ambos completaram seu primeiro ciclo/prova no útero da terra/mãe. Ambos aspiram à luz e a vivenciar os augustos mistérios da criação.

Façamos nosso exercício especulativo dominical.

QUANTAS VEZES USAMOS CORRETAMENTE A INOCÊNCIA PARA JULGAR?
QUANTAS VEZES VANGLORIAMOS AS FLORES EM DETRIMENTO DAS SEMENTES?
QUANTAS VEZES ESQUECEMOS QUE O PLANETA TERRA É A GRANDE MÃE?
CRIADOS À SEMELHANÇA DO CRIADOR, DEVEMOS CRIAR UM MUNDO MELHOR!

Neste ­17º ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

JUBILEU DE DIAMANTE DA ARLS UNIÃO, ORDEM E PROGRESSO-GOB-RJ


 

A noite de hoje é muito representativa, para todos nós, maçons e não maçons. É com orgulho e felicidade que estamos participando da realização deste evento, que é o Jubileu de Diamante da Loja Maçônica União Ordem e Progresso nº 1229. Chegar aos 75 anos, com boa saúde – administrativa, financeira, organizacional etc.), poucas instituições conseguem essa proeza.

A nossa Loja Maçônica começa sua vida no ano de 1948, numa casa situada na Avenida Cesário de Melo, nº 1039 (esquina com a Estrada do Cabuçu). O seu primeiro presidente (a quem denominamos de Venerável Mestre) foi o Irmão ANTONIO AGNELO DA SILVA, cujo busto está na sala contígua ao Templo.

No ano de 1951, na gestão do Irmão JOSÉ AZEVEDO SILVA, foi adquirido o terreno, onde foi lançada a pedra fundamental, para a construção do Templo onde estamos agora. É uma longa história de muita luta e sacrifícios, que contou com a abnegação de inúmeros Irmãos e suas esposas, bem assim com o apoio de seus respectivos familiares.

Na parte relativa aos nossos Irmãos antecessores, a maioria dos quais já no Plano Espiritual, convém enfatizar que os mesmos devem ser considerados verdadeiros desbravadores, pois concorreram eficazmente para a concretização de um projeto, iniciado no ano de 1914, interrompido e retomado em diversas ocasiões.

 Para melhor entender o significado desta comemoração, apresentamos a síntese dos relatos contidos nos livros de Atas, da ARLS União Ordem e Progresso nº 1229; donde foram obtidas informações que nos permitiram reconstituir parte da nossa história, neste rincão da antiga Zona Rural do então Estado da Guanabara.

Nossa pesquisa remonta à época em que a Loja, fundada em 13 de junho de 1948 e regularizada em 26 de dezembro do mesmo ano, passou a ser denominada de Loja Capitular, em 06 de outubro de 1949, já que, em certas ocasiões, encampava os três primeiros graus simbólicos, além dos chamados superiores, indo até ao Grau 18 (Sublime Capítulo Rosa Cruz do REAA) e realizava sessões conjuntas, com as Lojas Olegário Maciel (Bangu) e Octacílio Camará (Santa Cruz).

Sendo utilizada tal designação até 04 de dezembro de 1968. Recordemos que, bem antes, mais precisamente no dia 13 de novembro de 1968, os Irmãos que estavam presentes na reunião, tomaram conhecimento do advento de um novo modo de vivenciar a Maçonaria, assistindo, extasiados, uma palestra ministrada pelo Ex Soberano Grão-Mestre Geral Álvaro Palmeira, que falando pausadamente, explicitava as dúvidas que surgiram, não deixando margens para contestações.

Naquela ocasião, o Templo estava cheio, pois vieram Irmãos que integravam as Lojas: Barão de Teffé (Itaguaí), Independência II (Cascadura), Octacílio Camará (Santa Cruz), Fraternidade e Civismo (Centro), bem assim o Supremo Conclave do Brasil.

Na ocasião, o palestrante enfatizou que: “pode sentir a necessidade de uma profunda reforma na Maçonaria. E que, o Rito Brasileiro não suprime nenhum fundamento vital da Filosofia Maçônica, mas procura adaptá-los à uma realidade atual.” Numa das reuniões seguintes, os Irmãos deliberaram pela mudança do Rito, que até então era praticado. Fizeram a opção de aderir ao recém reimplantado RITO BRASILEIRO.

A mudança de Rito foi radical e, para o prosseguimento dos estudos dos Altos Graus, face a diferença de conteúdo, seja o pedagógico, o ritualístico e o doutrinário, a abordagem precisou ser feita de maneira muito diferente, para não dizer, revolucionária.

Assim, o Capítulo Estrela de Belém (Grau 4 ao 18) e o Grande Conselho Kadosh Washington Luís (Grau 19 ao 30), foram criados para atuar sob o pálio do Rito Brasileiro. A Loja Maçônica União Ordem e Progresso vem a ser a terceira mais antiga da Zona Oeste, em funcionamento ininterrupto.

As duas mais antigas, são a Loja Otacílio Camará (em Santa Cruz) e a Loja Olegário Maciel (em Bangu). E, desde sua constituição, sempre esteve envolvida em franca atividade social extramuros, nas áreas cultural, educacional, esportiva, de saúde e filantrópica.

Pelos umbrais de nossas portas, adentraram personagens marcantes, a saber: o Grande Primaz Cândido Ferreira de Almeida, o Senador Nelson Carneiro, os Deputados Federais Luís Alfredo Salomão, Alcir Pimenta e Daniel Silva, o então Administrador Regional Moacyr Bastos, os Presidente da Associação Comercial e Industrial e do Rotary Club, Antônio Vinhas e Ivani Rodrigues, respectivamente, dentre outros.

Naturalmente, a travessia não foi realizada por um ou dois integrantes da nossa Loja. Foi um esforço conjunto, foi uma comunhão de propósitos, com alguns desacertos, inúmeros equívocos e atritos, que, em certas ocasiões resultaram em afastamentos, alguns temporários, outros definitivos.

Mas, nada disso impediu ou desmobilizou os Irmãos aqui presentes, os quais realizaram um feito digno de ser consignado nos Anais dessas Lojas. Nos eventos anteriores, sempre recordamos os nomes dos Irmãos que se destacaram, prestando excelentes serviços à nossa Loja. Isso significa dizer que, nem sempre fazemos justiça aos feitos realizados pelas administrações mais recentes.

Por essa razão, vamos tomar a liberdade de inovar e dar honra a quem tem honra, para salientar a atuação exitosa do atual presidente, nosso Irmão Paulo Roberto Ferreira de Souza.

O Irmão Paulo Roberto, ao longo de seus mais de vinte anos de vida maçônica, em inúmeras ocasiões recusou as indicações para assumir a presidência de nossa Loja, por motivos de ordem profissional. Entretanto, jamais deixou de aceitar a ocupar outros cargos, nas administrações que se sucediam.

Mas, o “Tempo é o senhor da Razão” e, no momento oportuno, já quase aposentado, nosso Irmão Paulo Roberto se viu diante de um novo desafio: que foi o de administrar a Loja Maçônica mais antiga do maior bairro do Rio de Janeiro, que é Campo Grande. Colocando mãos à obra, com o prestimoso auxílio da cunhada Maria da Conceição, nosso Venerável Mestre empregou toda sua energia e criatividade, para levar a efeito a sua nobre missão.

E, não se deu por satisfeito enquanto não reencaminhou todo processo da atualização do estatuto social da Loja, que havia ficado paralisado, em razão da pandemia; supervisionando e acompanhando a realização de obras de manutenção predial, através da repintura de paredes e de pequenos consertos de alvenaria e do telhado; da restauração da parte elétrica; da colocação de portas gradeadas, nos corredores, tornando mais seguros os acessos laterais; conduziu a cerimônia de homenagem póstuma em memória do Irmão Sérgio Pimenta Ferreira, com o descerramento de placa afixada no marco de pedra, em formato piramidal.

Por fim, nosso Venerável Mestre entregará ao seu legítimo sucessor, a Loja em perfeitas condições financeiras e administrativas, com a real possibilidade de ser condecorada com a comenda da Estrela da Distinção Maçônica, que é conferida às Lojas Maçônicas que completam 75 anos de atividades ininterruptas.

Agradecendo ao Supremo Arquiteto do Universo, por ter nos permitido estar juntos na noite hoje.

Campo Grande-Rio de Janeiro-RJ

JOÃO DIAS, 33 – IRB 5650 Grande Secretário do SCB

14/06/2023

A MAÇONARIA


 

A definição mais simples que se possa referir é que a Maçonaria é uma sociedade secreta.

O ritual iniciático a define: “Uma instituição que tem por objetivo tornar feliz a humanidade, pelo amor, pelo aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e à religião”.

Essa definição representa, no entanto, apenas um comportamento exterior, uma vez que a Maçonaria agrega um grupo de iniciados que, além de amarem o próximo, amam-se a si mesmos, evoluindo mentalmente, na incessante busca do saber.

Toda instituição que recebe seus adeptos através do processo iniciático foge do comum vulgar pois, existindo uma “seleção”, a Maçonaria ocupa-se dos problemas superiores, fugindo do vulgar.

O maçom, como elemento componente da instituição, por sua vez, deve comprovar pertencer a uma entidade seletiva e destacar-se do mundo profano, como exemplo.

Não se reconhece o maçom pelo “sinal”, pela “palavra de passe”, mas pela conduta.

O maçom foi “pinçado” mercê̂ da vontade do grande arquiteto do universo, que é Deus, entre milhares de pessoas; é um “destaque” e por esse motivo ele faz jus às benesses que a Maçonaria dispensa.

O maçom deve, a todo momento, ser grato por ter sido “chamado” e demonstrar essa gratidão pelo seu viver.

“Escrevo para ti, maçom ativo.

Escrevo para ti, maçom adormecido.

Escrevo para ti, maçom sonolento.

Escrevo para ti, maçom que crê na existência do Grande Arquiteto do Universo.

Escrevo para ti, maçom cristão.

Escrevo para ti, profano de alma maçônica.

Escrevo para ti, homem sem esperanças!”

Daniel Sitta

FLAMEJANTE OU FLAMÍGERA?


 

Muitos perguntam qual dos termos está mais apropriado para ser usado: Flamejante ou Flamígera? Devido às diversas traduções dos rituais em línguas inglesa e francesa para o português, e que ainda vieram do português de Portugal e migraram para o Brasil, existem dúvidas quanto aos termos Flamejante e Flamígera que são adjetivos da Estrela e da Espada que constam da simbologia da Loja Maçônica.

Consultando o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa encontramos os seguintes significados:

Flamejante (flamejar + ante) adjetivo de dois géneros 1. Que flameja 2. (Figurado) ostentoso, vistoso, flamante.

Flamígera (latim flamminger, -gera, –gerum) adjetivo (Linguagem poética) Que origina ou traz consigo chamas.

O termo original para a estrela em inglês é BLAZING STAR, que segundo o Dicionário Michaelis traduz blazing como em chamas, ardente, resplandecente, fulgurante.

O termo original para a espada em inglês é FLAMING SWORD, que segundo o Dicionário Michaelis traduz flaming como flamejante, ardente, brilhante.

Sem defender uma ou outra tradução ou interpretação, vamos analisar as suas raízes históricas e possíveis traduções de como chegaram até aos nossos dias.

A estrela

Em primeiro lugar consultamos Bernard Jones, eminente membro da Loja Quatour Coronati 2016 da Inglaterra que é categórico em afirmar que a Estrela que consta na simbologia maçónica é a de SEIS pontas ou o Hexagrama, não se devendo confundir com a de cinco pontas. Está é a estrela que vemos colocada no alto dos painéis referentes ao segundo grau do simbolismo ou Companheiro.

Porém Mackey defende a tese de que a Estrela Flamejante é de CINCO pontas onduladas e não retas para nos dar o sentido de flamejante. Isto iremos ver mais adiante.

Tal Estrela aparece pela primeira vez citada num catecismo maçónico no ano de 1700 no Manuscrito Sloane 3329, como BLAZING STAR:

Q. – How many Jewles belong to your Lodge?

A. – There are three the Square pavemt the blazing Star and the Danty tassley.

Pergunta – Quantas joias pertencem à sua Loja?

Resposta – Existem três: o pavimento Esquadrado a Estrela flamejante e a orla Dentada com borlas.

O Manuscrito foi datado em ser de 1700, mas pode ser muito mais antigo, onde além da estrela, é também encontrado pela primeira vez a palavra Freemason escrita junto e não Free Mason como em textos anteriores, além de deixar evidente a existência de três graus e não apenas dois como noutros documentos.

Já Albert G. Mackey na sua Enciclopédia Maçónica fornece-nos mais detalhes da Estrela. Vamos reproduzir trechos desse verbete (os textos entre parêntesis são os nossos comentários):

A Estrela Ardente ou Flamejante, que não deve, no entanto, ser confundida com a Estrela de Cinco Pontas, é um dos símbolos mais importantes da Maçonaria e aparece em vários graus. Hutchinson diz: “É o primeiro e mais exaltado símbolo que exige a nossa atenção na Loja”.

Sem dúvida, deriva essa importância, primeiro, do uso repetido que é feito dela como emblema maçónico; e segundo, da sua grande antiguidade como símbolo derivado de sistemas mais antigos.

Por mais extensa que tenha sido a aplicação desse símbolo nas cerimónias maçónicas, não surpreende que tenha havido uma grande diferença de opinião em relação à sua verdadeira significação.

Mas essa diferença de opinião foi quase inteiramente confinada ao seu uso no Primeiro Grau. (Mackey cita o uso da Estrela Flamejante no primeiro grau e atualmente a encontramos apenas no Segundo Grau). Nos graus superiores, onde houve menos oportunidades de inovação, a uniformidade de significado atribuída à Estrela foi cuidadosamente preservada.

Aparece no quarto, nono e vigésimo oitavo grau do antigo e aceito rito escocês

Quando, no entanto, nos referimos à Maçonaria Antiga, encontraremos uma diversidade considerável na aplicação desse símbolo.

Nos primeiros monitores maçônicos, imediatamente após o renascimento de 1717, a Estrela Flamejante não é mencionada, mas não demorou muito para ser introduzida. Nas instruções de 1735, é detalhado como parte das joias de uma Loja, com a explicação de que o “Pavimento Mosaico é o Piso Térreo da Loja, a Estrela Flamejante, o Centro e a Orla Dentada, a fronteira em torno de tudo isto!”

Em um painel primitivo do Aprendiz Admitido, copiada por Oliver, sem outra data além da que foi publicada no início do século passado “, a Estrela Flamejante ocupa uma posição de destaque no centro do painel simbólico. Oliver diz que representava a BELEZA, e foi chamada de a Glória no Centro.

(Há-se notar que no início da Maçonaria Especulativa existia apenas dois graus e painéis dessa época indicavam simbologia para esses dois graus num único simbolismo. O painel de Companheiro do REAA que aparece nos rituais atuais deriva do original pintado por John Harris em 1823 onde não constava a estrela. Cópias e versões posteriores adicionaram uma letra G, depois a letra G dentro de um triângulo e posteriormente a letra G dentro de uma Hexagrama)

Na palestra de Prestonian, a Estrela Flamejante, com o Pavimento Mosaico e a Orla Dentada, é chamada de Ornamento da Loja, e a Estrela Flamejante é assim explicada:

“A Estrela Flamejante, ou glória no centro, lembra-nos aquele período temível em que o Todo-Poderoso entregou as duas tábuas de pedra, contendo os dez mandamentos, ao Seu fiel servo Moisés no Monte Sinai, quando os raios da Sua glória divina brilhavam. Brilhante a ponto que ninguém poderia contemplá-lo sem medo e temor.

Também nos lembra a omnipresença do Todo-Poderoso, ofuscando-nos com o Seu amor divino e distribuindo as Suas bênçãos entre nós; e por ser colocado no centro, nos lembra ainda mais: que onde quer que estejamos reunidos, Deus está no meio de nós, vendo as nossas ações e observando as intenções e movimentos secretos dos nossos corações “.

(Note-se que a Estrela Flamejante está colocada no centro do Templo Maçônico na maioria dos seus ritos.)

No sistema de Hutchinson, a Estrela Flamejante é considerada um símbolo da Prudência”. É colocada”, diz ele, “no centro, sempre presente aos olhos do Maçom, para que o seu coração esteja atento aos ditames dela e firme nas suas leis; pois a prudência é a regra de todas as virtudes;

A prudência é o caminho que leva a todos os graus de propriedade; a prudência é o canal onde a auto aprovação flui para sempre; ela leva-nos a ações dignas e, como uma Estrela Ardente, ilumina-nos através dos caminhos sombrios e obscuros desta vida. ‘‘(Spirit of Masonry, edição de 1775, Palestra v, página 111).

E, finalmente, nas palestras revisadas pelo doutor Hemming e adoptadas pela Grande Loja da Inglaterra na União em 1813, e agora constituindo as palestras aprovadas dessa jurisdição, encontramos a seguinte definição:

“A Estrela Flamejante, ou glória no centro, remete-nos ao sol, que ilumina a terra com os seus raios refulgentes, distribuindo as suas bênçãos à humanidade em geral e dando luz e vida a todas as coisas aqui abaixo”.

Portanto, descobrimos que em vários momentos a Estrela Ardente foi declarada um símbolo da Divina Providência, da Estrela de Belém, da Prudência, da Beleza e do Sol.

A aplicação da Estrela Flamejante como um emblema do Salvador foi feita pelos escritores que dão uma explicação cristã dos nossos emblemas e, para o Maçom cristão, essa aplicação não será questionável.

Mas aqueles que desejam abster-se de qualquer coisa que possa prejudicar a tolerância do nosso sistema estarão dispostos a adoptar uma explicação mais universal, que pode ser recebida igualmente por todos os discípulos da Ordem, quaisquer que sejam as suas visões religiosas peculiares.

Essas pessoas preferem aceitar a expressão do doutor Oliver, que, embora muito disposto a dar um carácter cristão à nossa instituição, diz no seu Symbol of Glory (página 292): “O Grande Arquiteto do Universo é, portanto, simbolizado na Maçonaria pela Estrela Flamejante, como o Arauto da nossa salvação”. Antes de concluir, algumas palavras podem ser ditas quanto à forma do símbolo maçônico. Não é uma estrela heráldica ou estela, pois isso sempre consiste em seis pontos, enquanto a estrela maçónica é feita com cinco pontos.

Talvez isto tenha sido uma alusão involuntária aos cinco Pontos da Companheirismo (os cinco pontos de perfeição). Mas o erro foi cometido em todos os nossos modernos Tracing Boards (ou painéis simbólicos) de fazer a estrela com pontos retos, que formam, é claro, mas não representam uma estrela em chamas. John Guillim, editor em 1610 do livro A Display of Heraldirie, diz:

“Todas as estrelas devem ser feitas com pontos ondulados, porque os nossos olhos tremem ao vê-los”. No início do traçado já mencionado, a estrela com cinco pontos retos é sobreposta a outro dos cinco pontos ondulados. Mas os últimos agora estão abandonados e temos nas representações dos dias atuais o símbolo incongruente de uma estrela em chamas com cinco pontos retos. No centro da estrela havia sempre a letra G, que, como o hebraico yod, era um símbolo reconhecido de Deus, e assim a referência simbólica da Estrela Flamejante à Divina Providência é grandemente fortalecida.

Portanto não vimos referência alguma ao termo Famígera para a Estrela e assim consideramos que a melhor tradução é a de Estrela Flamejante onde aparecem nos painéis variações de ser com cinco ou seis pontas e com a letra G interna.

A espada

A espada com lâmina ondulada remete-nos à tradição descrita nas escrituras onde Yahveh determina que os seus Querubins ficassem na porta do Eden “para manter o caminho guardado de acesso à Arvore da Via”, com o fenómeno revoluto da espada curvada ou da lâmina flamejante da espada que gira.

Eram dois Querubins cada um do lado da entrada, com as suas espadas flamejantes.

Mackey explica-nos que a Espada do Cobridor do Templo Maçônico sofreu alterações simbólicas ao longo do tempo. Atualmente vemos o Cobridor com uma espada de lâmina reta. Mas isso é incorreto segundo Mackey, pois antigamente a Espada do Cobridor tinha a lâmina ondulada e fazia menção à Espada flamejante de foi colocada no leste do Jardim do Eden, e que girava para manter acesso à Arvore da vida.

Mackey ainda, no seu verbete:

FLAMING SWORD (Espada Flamejante) diz-nos que tal espada é feita de uma espiral ou torção na forma da lâmina e que é chamada na heráldica por Flaming Sword, (espada flamejante) lembrando as curvas ascendentes de uma chama de fogo.

Até recentemente (1858), esta era a forma da espada do Cobridor. Descuidado e ignorância tem levado muitas lojas a substituir a espada do Cobridor por uma comum. Portanto a espada do Cobridor é a Espada Flamejante que faz referência à espada que guardava a entrada do Paraíso como descrito em Génese (III, 24).

Mackey ainda invoca os maçons a restabelecerem os costumes antigos que foram deturpados ao longo do tempo, reforçando que o cobridor use a Espada Flamejante.

Conclusão

Embora com sentidos etimológicos diferentes, mas com sentido simbólicos similares, os termos Flamejante e Flamígera são equivalentes e foram utilizados de acordo com a vontade e simpatia do tradutor. Considerando os dicionários consultados, entendemos que o melhor termo para expressar a resplandecência tanto da Estrela como da Espada é FLAMEJANTE, embora existam aqueles que preferem Flamígera, o que equivalem.

Alberto Feliciano

Fontes

Enciclopédia de Mackey da Maçonaria

Freemasons Guide and Compendium de Bernard Jones.

 

VENERANÇA / VENERALATO


 

Em intenso período de Posses de Veneráveis é comum ouvirmos em Loja: “Que o eleito seja feliz em sua Venerança” ou “Que seu Veneralato seja próspero”. Você certamente já ouviu.

Notadamente os que chegam à Ordem, vão ouvindo os veteranos e seguem repetindo. E na verdade raros são os que poderiam explicar o uso deste ou daquele termo.

Lidar com nossa Língua é algo desafiador mesmo para os que são profissionais da área.

Visitamos Lojas com frequência e pudemos notar que pessoas das mais diversas graduações e das três Potências Regulares, mesmo membros da alta administração, usam costumeiramente ambos e sem muita suspeita de que um deles pode não estar sendo corretamente empregado.

Na internet, em rápida pesquisa por blogs e sites de estudiosos e até nas páginas oficiais vamos também nos deparar com tais palavras, o que confirma a grande confusão que ainda reina em nosso meio.

Fiquei curioso... Seriam palavras sinônimas? Já que eu mesmo só fui conhecê-las depois de iniciado e ao participar da primeira Sessão de Posse; utilizava sem preocupação uma e outra. Certa vez escrevi singelo texto, sendo alertado por sábio Irmão, que me perguntou: “Venerança?” Sem muito me detalhar, já tinha feito o brilhante papel do instrutor – aguçar minha a vontade de pesquisar. E foi o que eu, grato, fui fazer.

Em nossa Língua temos como referência o VOLP - Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa; não se trata de um dicionário, mas sim um catálogo oficial composto de um pouco mais de 380.000 palavras que são utilizadas na nossa língua. Nesta fonte, por incrível que pareça, não encontramos a palavra “Venerança”. Já a palavra “Veneralato”, sim, é encontrada. Este seguro referencial já poderia encerrar a celeuma.

Mas, vamos um pouco mais além:

A palavra Venerança seria composta de seu radical “Vener” + a vogal temática “a” e o sufixo nominal “nça”; este sufixo serve para indicar estado, ação ou qualidade. Portanto o significado da palavra seria ato ou qualidade de venerar. Notamos que não é bem o que pretendemos indicar ao usá-la em nosso meio.

Já na palavra Veneralato, seguindo o mesmo raciocínio acima, temos o sufixo “ato” significando posse ou grau relacionado a dignidades.

Embora a raiz etimológica seja a mesma, serão os sufixos que denotarão os diferentes significados.

A pessoa do Venerável é, de fato, digna de ser venerada, pois foi escolhido, eleito e será a grande Coluna de sua Loja. Pensando dessa forma, é evidente que a ação de o venerar poderia dar lugar ao neologismo “Venerança”; entretanto o ato de venerar, ou seja, a venerança seria nosso em relação ao Venerável e não dele próprio, como costumamos utilizar.

Concluímos, dessa forma, que Venerança é um termo inapropriado, que inclusive não existe no VOLP e nos principais dicionários que consultamos, embora tenha caído no gosto popular

dentro da Ordem Maçônica. O termo correto, embora pouquíssimo utilizado é, portanto, Veneralato.

Nossos sistemas e ritos são repletos de “usos e costumes”.

Esta breve, despretensiosa e singela pesquisa busca apenas trazer luz a este tema, ainda que saibamos, só o tempo depurará seu bom emprego em nossa língua.

Ir. Gutemberg

 

REFLEXÕES SOBRE O GRAU DE APRENDIZ


 

Numa noite extremamente fria no início de março de 2019, sentei-me sozinho numa sala adjacente à sala da Loja, preparado para uma Iniciação, aguardando nervosamente a concessão do meu primeiro grau de Maçonaria.

Nós tínhamos partilhado o jantar antes, e todos os homens que eu aprendi a respeitar e desfrutar da companhia me garantiram que esta seria uma óptima noite. Não houve gozos, nem piadas pueris sobre cabras, nada para além de uma sensação jovial, mas muito séria, de que aquela noite era importante. Esta noite era sobre mim. Eu era o único candidato nessa noite, mas um Irmão de quem me aproximei particularmente nos últimos seis ou sete meses tinha passado pela mesma experiência em novembro e agora podia participar na minha Iniciação.

Eu tinha evitado propositadamente a tentação de pesquisar o que esta noite implicaria ou o que eu poderia esperar. Não tenho familiares ou amigos maçons e, portanto, estava realmente a entrar nessa experiência às cegas e estou feliz por isso. Sentei-me tremendo neste quarto frio, ouvindo ansiosamente as vozes murmuradas através da parede, tentando interpretar o que estava a ser dito, mas entre a velha parede grossa e o bater dos meus dentes, eu não conseguia entender.

Então, três futuros Irmãos entraram, sorriram para mim e perguntaram-me se eu estava pronto. O que se seguiu foi uma experiência transformadora que teve um impacto profundo na minha vida. Este foi o início de uma longa jornada de autodescoberta e crescimento pessoal. Nas duas horas que se seguiram, experimentei uma experiência espiritual que aprofundou a minha conexão com a Deidade, momentos de introspecção que me encorajaram a refletir sobre os meus valores e crenças, e algo que eu nem sabia que precisava na época, um sentido de verdadeiro amor fraternal com um grupo de homens com ideias semelhantes.

Os criadores desta experiência iniciática partilhada criaram uma experiência transformadora que tem um impacto profundo em cada novo Maçom. Cria um senso de fraternidade, promove o auto aperfeiçoamento e o crescimento pessoal e deixa uma impressão duradoura no coração e na mente.

Já vi algumas iniciações excelentes … também vi algumas iniciações não tão boas. Tive a sorte da minha Iniciação ter sido quase perfeita, pelo menos na minha memória. Lembro-me distintamente de tantas partes importantes que me fizeram realmente pensar sobre o que estava a ser dito e o que estava a acontecer ao meu redor.

Agora, apenas quatro anos desde aquele evento de agosto, estou sentado no Oriente para conferir o grau de Aprendiz a dois homens fantásticos. Estes candidatos passaram meses conhecendo os Irmãos da nossa Loja, eles ofereceram-se como voluntários em campanhas de arrecadação de alimentos, juntaram-se a nós para as refeições e provaram ser homens honestos dignos de se tornarem maçons.

A cada ensaio estou a captar detalhes e percepções que antes não me ocorriam. Tive o privilégio de ver muitos graus, em muitas Lojas diferentes, e todos eles são diferentes. As palavras são as mesmas, em geral, mas a ênfase, a cadência e a inflexão podem ser tão diferentes que quase alteram o significado das palavras.

Para os Irmãos que estão a ler, pensem na exigência que foi feita em algum momento do seu primeiro grau. A pessoa que perguntou estava a envergonhá-lo por não ser capaz de satisfazer o seu pedido? Você ficou confuso com isso, pois eles deveriam saber que você não poderia fazer o que foi pedido? Ou esse momento foi sombrio, ensinando-lhe a verdadeira moral do pedido e como no futuro poderia satisfazer isso para outro?

O seu avental foi apresentado numa recitação frenética de um longo ritual que parecia que estava a beber de uma mangueira de incêndio, ou foi feito numa velocidade que permitia que ouvisse cada palavra, com pausas apropriadas para lhe dar tempo de processar a honra e o privilégio que é fazer parte desta antiga e honrada fraternidade?

Ainda temos muito que praticar para a nossa próxima Iniciação para garantir que faremos tudo certo, ou pelo menos o mais próximo da perfeição possível. Embora o peso de liderar este grau esteja certamente sobre os meus ombros, estou emocionado por ter a oportunidade de trazer homens para a Luz Maçônica de uma maneira que sei que impactará as suas vidas para sempre. Só posso esperar que esta ocasião importante tenha um impacto tão grande nas suas vidas quanto a minha Iniciação teve na minha.

Erik M. Geehern

Tradução de António Jorge, M M

Fonte

Blog Midnight Freemasons

SOLITUDE MAÇÔNICA


 

O termo “Solitude” é utilizado na Psicologia e na Psicanálise para expressar, de forma reduzida, o gostar de estar sozinho. Entretanto, deixa-se bem claro que Solitude não é Solidão!

Mas o que esse conceito tem a ver com Maçonaria?

Com a Maçonaria, pouco! Com os Maçons, muito!

Conceitualmente a Ordem Maçônica “é uma associação de homens sábios e virtuosos que se consideram Irmãos entre si e cujo fim é viver em perfeita igualdade, intimamente ligados por laços de recíproca estima, confiança e amizade, estimulando-se, uns aos outros, na prática das virtudes”.

Os grifos já colocariam por terra a possível aplicação do conceito de Solitude entre nós. Porém, permitam uma alegoria.

Imaginemos que, se a Maçonaria fosse uma floresta, o conceito seria: é uma associação de árvores frondosas e vigorosas que se consideram Irmãs entre si e cujo fim é viver em perfeita equidade, intimamente enraizadas na recíproca protetiva e na geração do microclima e da retroalimentação, favorecendo umas às outras na manutenção do ecossistema.

A estrutura da floresta protege as árvores dos ventos fortes e mantém a umidade, e cada folha caída ao chão transforma-se em alimento para as demais.

Apesar dessa perfeita igualdade de função, dessa intimidade de ação e reação e do estímulo que uma possa dar à outra, isso não garante o crescimento da árvore.

O que faz a árvore, de fato, crescer é sua determinação interna. Só ela, em seu âmago, produz a força necessária para romper os torrões de terra e aprofundar suas raízes à procura de seu VITRIOL. Só ela é capaz de avaliar onde lançar seus galhos em busca da LUZ que ilumina e não cega.

Nesta alegoria, espero que os Irmãos entendam que estarmos juntos é muito bom. Contudo, o Irmão deve primeiro se encontrar.

Solitude é gostar de estar consigo mesmo. É ser Maçom pelo progresso, e não pela Ordem. É a dicotomia de entender que, embora participemos de atividades em conjunto, precisamos de um isolamento voluntário para tranquilizarmos a mente à procura da essência da Maçonaria.

TORNAR FELIZ A HUMANIDADE NÃO DEVE SER VISTO COMO UMA MISSÃO DA MAÇONARIA, MAS SIM DOS MAÇONS, POIS O LAR E A FAMÍLIA SÃO AS CÉLULAS DE TODAS AS SOCIEDADES QUE COMPÕEM A HUMANIDADE.

Às vezes nos concentramos tanto em Sessões Magnas e reuniões que nos esquecemos de que, para mudarmos o mundo, precisamos mudar o homem.

A SOLITUDE MAÇÔNICA É O ENCONTRO CONSIGO MESMO! É RESERVADAMENTE ESTARMOS SEM EQUÍVOCOS, SOFISMAS OU RESERVAS MENTAIS DIANTE DE NOSSA CONSCIÊNCIA!

O VITRIOL É A ESPIRITUALIDADE QUE SE ENCONTRA DENTRO DE NÓS MESMOS!

Quando ela é encontrada, brota a fonte límpida e inesgotável do autoconhecimento e da autoconfiança e nos tornamos geradores de Luz.

Neste ­17o ano de compartilhamento de instruções maçônicas e provocações para o enlevo moral e ético dos Irmãos, permanecemos no nosso propósito maior de disponibilizar uma curta reflexão a ser discutida em Loja. O Ritual não pode ser delapidado. A Ritualística deve ser seguida integralmente. O Quarto-de-hora-de-estudo é fundamental em uma sessão Justa e Perfeita.

Sinto muito, me perdoe, sou grato, te amo. Vamos em Frente!

Fraternalmente

Sérgio Quirino
Grão-Mestre - GLMMG 2021/2024

 

PLACET DE ETERNO RECOMEÇO


 

O que diria o Maçom ao seu eu, ou à sua própria pedra?

O que diria o filósofo a si de seu, ou ao tempo e à era?

O escultor a uma perfeita e polida esfera?

Não é estranho que todos, nobres, ricos, príncipes e Reis

E pessoas comuns como eu e vocês

Sejamos todos construtores, com diversos papéis, ou da vida talentosos atores

Para o ato da peça de agora, e ao do final desfecho

Cortinar da decisiva hora, o fecho!

E assim, com humildade, cada um recebe, terno e percebe, de trabalho, o real ofício

Um conjunto de instrumentos, uma tarefa mui árdua e difícil, e um livro de luzidas regras:

E a cada um, deve o fazer conforme virtuoso o nobre tento, e sem na obra haver fissuras ou quebras

E antes que a efémera vida feneça, calmamente, e ao longo vento em uivo se entristeça, despeça

E antes que reste, somente, da vida o pesado lamento e triste peça

Construamos, esculpimos, com a arte acrisolada a pedra

A cada cinzelar dilema, escolhe:

Ou uma polida escultura acácia etérea

Ou o horror de tropeço e disforme e impolida pedra

Ou o mais acurado e luzidio fulgor

Ou da mais profunda e trabalhada escultura interior

Pega do teu cinzel, a aprendizagem de livre talante

Escolhe, no sábio caminho real marcante

Decide avante – a dor ou edificante amor?

Da polidez retirada escuridão e dor

Placet de eterno recomeço amor…

Alexandre Fortes, 33º – CIM 285969 – ARLS Cícero Veloso n° 4543 – GOB-PI

 

COLMEIA – UM SÍMBOLO PERDIDO DA MAÇONARIA


 

Este importante símbolo maçônico foi ignorado (ou talvez seja desconhecido) por praticamente todos os escritores Maçons.

Até mesmo a literatura internacional versa pouco sobre este símbolo, presente desde a cultura egípcia, passando pelos romanos, usado pelos cristãos primitivos, e que, posteriormente, inspirou imperadores, como Napoleão.

Com exceção do ser humano, qual o outro ser vivo que trabalha muito e em equipa, vive em comunidade, produz diferentes tipos de materiais, constrói casa para milhares de iguais, e tem forte hierarquia e disciplina?

A abelha trabalha duro e sem descanso, não para ela, mas para a comunidade.

Ela produz e ela constrói. Ela vive em harmonia com a natureza. A colmeia é o grande emblema do resultado do trabalho da abelha, da sua capacidade de construir algo em prol de todos. A abelha é o ser construtor, assim como o Maçom o pretende ser.

A partir disto, é fácil compreender como a colmeia se tornou um símbolo maçônico presente em antigos estandartes e aventais, e no Grau de Mestre Maçom, dos Rituais mais antigos da nossa Ordem. Não se sabe a partir de quando a Colmeia passou a constar nos Rituais maçônicos, mas já estava presente na Maçonaria desde, pelo menos, o início do século XVIII, como evidencia um catecismo maçônico irlandês datado de 1724:

“Uma abelha tem sido, em todas as épocas e nações, o grande hieróglifo da Maçonaria, pois supera todas as outras criaturas vivas, na capacidade de criação e amplitude da sua habitação. Construir parece ser da própria essência ou natureza da abelha”.

Há vários registros de colmeias, como parte integrante e de destaque de Templos e Rituais maçônicos, em Inglaterra, Irlanda, Escócia e EUA, no século XVIII. Porém, com a renovação dos Rituais, em boa parte do Reino Unido, a partir de 1813, este importante símbolo foi de certa forma, ignorado, surgindo, uma vez ou outra, em Lojas de Pesquisa, com exceção da Maçonaria americana, que manteve a sua importância no Ritual.

Para se ter uma melhor compreensão do significado maçônico da Colmeia, segue pequeno trecho adaptado do Monitor de Webb:

“A Colmeia é um emblema de indústria e operatividade. Ela ensina a prática destas virtudes a todos os homens. Viemos ao mundo como seres racionais e inteligentes; como tais, devemos sempre ser trabalhadores, jamais nos entregando à preguiça, e quando os nossos companheiros necessitarem, se estiver ao nosso alcance, auxiliá-los… Aquele que não buscar trazer conhecimentos e entendimento ao todo merece ser tratado como um membro inútil da sociedade, indigno da nossa proteção como Maçons”.

Enfim, um dos símbolos maçônicos com significado e ensinamentos mais profundos, simplesmente perdido nas brumas do tempo e nas páginas das incontáveis “revisões” promovidas pelos “sábios” de outrora.

Este é um verdadeiro “símbolo perdido” da Maçonaria.

Bernard Emile Pels

 

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