A CRISE DA LOJA



Li já há algum tempo que um maçom americano, acadêmico, efetuou um estudo sobre a Maçonaria européia e as suas Lojas, tendo concluído, além do mais, que as Lojas maçônicas europeias, independentemente das respectivas Obediências e ritos praticados, tinham tendência a atravessar crises significativas a intervalos entre cerca de 25 a 35 anos. Mais concluía o dito investigador que essas crises que assolavam as Lojas europeias ou não eram superadas e a Loja abatia colunas, ou eram superadas e a Loja reforçava-se na sua solidez.

Não recordo já quem foi esse acadêmico maçom e porventura haverá razão para esse esquecimento, pois, com todo o respeito pelo trabalho de investigação, tratamento de dados e análise que terá tido, estas suas conclusões não se me afiguram serem estrondosa novidade nem incrível descoberta, antes puro e simples senso comum. O que, no entanto, não retira valor ao trabalho efetuado, pois, pelo menos, tem a virtude de alertar para a questão. O fato de algo ser de senso comum não significa que se esteja atento a isso...

Para mim, é pura questão de senso comum que, ocorrendo uma crise numa Loja (e já agora, em qualquer organização social humana...), das duas, uma: ou a crise não é superada e a Loja (a estrutura social) chega ao seu fim, não tendo mais condições para prosseguir a sua atividade, ou é superada e essa superação resulta num reforço da solidez da Loja (estrutura social). Já há muito que diz o Povo, na sua proverbial e secular sabedoria, que o que não mata, engorda!

Quanto ao estabelecimento da existência de crises em ciclos de 25 a 35 anos, bem vistas as coisas também não é fator de grande admiração, sendo mesmo evidente a causa de tal: a transição geracional.

Que existe uma relação de simbiose ente a Loja e os respectivos obreiros, geradora de modificações na Loja e em cada um dos obreiros, já o tinha mencionado no texto O outro termo da equação. Que as opções organizativas e de funcionamento de Loja determinam a sua evolução, também o mencionei no texto Da diferente evolução das Lojas. Resta consignar que um importante fator na evolução das Lojas é a transição de gerações.

A característica diferenciadora da transição geracional em relação aos outros fatores de evolução de uma Loja é que, enquanto os demais decorrem em harmoniosa, lenta e mesmo imperceptível, ou quase, mudança, aquela propicia ou impõe uma potencial abrupta correção do paradigma da Loja.

A Loja consolida-se num grupo, mais homogêneo ou heterogêneo, também em termos de idades. Cria os seus hábitos, as suas rotinas. Estabelece os seus princípios e fixa os seus objetivos. Qualquer problema é resolvido tendo em conta esses princípios, hábitos, rotinas e objetivos.

O padrão é harmonioso e durável. Até ao momento em que porventura deixa de o ser... O que mudou? Em bom rigor, nada. Ou, se preferirmos, tudo! O fator de mudança, de possível estabelecimento de crise, de fixação de patamar a ser superado, de mudança a ser efetuada de forma mais abrupta do que se estava habituado é bem conhecido de todos nós. Tão bem conhecido, que até nos esquecemos dele: a passagem do tempo!

Num dado período, os problemas são resolvidos de determinada forma e tudo vai bem. Mas, 25 a 35 anos passados, de repente verifica-se que os problemas de agora são diferentes dos de antes, que a forma de lidar e trabalhar da Loja, que antes foi eficaz, que ao longo do tempo foi satisfatória, agora já não satisfaz.

Porventura os problemas são os mesmos ou de idêntica natureza, mas agora se apresentam de forma diferente ou necessitam de uma diferente rapidez na sua resolução. Ou a simples evolução do mundo e do ambiente social, e das tecnologias, e da sociedade, tornam obsoletamente ineficaz o que antes fora remédio acertado. 

Em dado momento, com surpresa, a Loja apercebe-se que os seus hábitos, as suas rotinas, as suas formas de lidar com as situações não obtêm já os mesmos resultados positivos de anteriormente. No entanto, a evolução desde há anos e anos foi harmoniosa. Muitos dos que ajudaram a estabelecer as rotinas, os hábitos, os procedimentos, continuam a ser preciosos e respeitados elementos da Loja.

Os que se lhes foram juntando integraram-se harmoniosamente e foram dando a sua contribuição para a paulatina, normal e expectável evolução da Loja. Nem sequer se pode, honestamente, dizer que se faz agora como se fazia há 25 ou 35 anos. 

Mudanças e evoluções naturais foram ocorrendo. Os mais novos integraram-se no que os mais antigos construíram. Os mais antigos foram evoluindo com os mais novos. Como se explica que se descubra agora um desfaçamento? 

A resposta está na paulatina e imperturbável passagem do tempo e na erosão que esta causa nas pessoas e nas estruturas. Aqueles que há 25 ou 35 anos foram os pilares da Loja hoje já não o são, já deram o lugar na primeira fila a outros.

Onde antes decidiam e assumiam responsabilidades, agora assistem e limitam-se a aconselhar. E, se não for assim, se o poder de decisão e de execução ainda neles reside então o problema da Loja é bem pior! 

Agora a Loja é dirigida por outra geração de homens bons que pretendem tornar-se melhores. Utilizam as regras e os procedimentos que encontraram que aprenderam que, aqui e ali, foram sendo naturalmente modificadas. Mas não são as suas regras. São as que receberam.

Adaptaram-se a elas. Mas, em maior ou menor medida, a evolução delas não logrou acompanhar a diferença que a sua geração faz em relação à anterior, em sintonia com a evolução da Sociedade, do mundo e da técnica. Agora são eles que dirigem, mas o volante e o assento não estão ergonomicamente adaptados a si - ainda estão feitos à imagem e semelhança da geração anterior.

O problema é que a geração anterior ainda aí anda. E é respeitável e respeitada. Afinal, tem muito mais anos disto do que a atual. E criou e manteve as regras que serviram a Loja durante muitos anos. E pensa e defende que o que antes foi bom para a Loja não há razão para não continuar a ser bom agora.

O dilema é que agora a responsabilidade é de outra geração. Que respeita e considera os mais antigos. Que compreende as regras que estabeleceram e em que se integraram. Mas que não se sente já confortável nelas. Sobretudo que vê não terem elas a mesma eficácia que tinham. Que concluiu que alguma coisa tem de mudar para que a Loja possa continuar a ser essencialmente a mesma auspiciosa realidade em que, gostosamente, entraram.

Que periodicamente esta questão se ponha na Loja não é nada de admirar. É a vida a decorrer. Simplesmente. Por muito cordata e harmoniosamente que se tenha processado a evolução, chega sempre um momento que não basta evoluir, que há um degrau a vencer, uma mudança a fazer, em que a evolução em tudo não chega em que se tem de inventar e fazer diferente e novo.

E em que convivem elementos que criaram o que há e a quem lhes custa que se mude o que com eles resultou com novos obreiros que vêem que há mudanças a fazer e têm a tendência de mudar tudo, por vezes pondo desnecessariamente em causa algo que vem de trás.

A crise necessariamente que chega quando ocorre a transição geracional. Para resolvê-la satisfatoriamente é imperioso que uns aceitem que nem tudo o que com eles funcionou bem continua a ser suscetível de bem continuar a funcionar e que os outros interiorizem que nem tudo o que vem de trás está obsoleto e ultrapassado, que mudar não é fazer tábua rasa do que existe antes aproveitar do que há o que é útil que continue modificar o que convenha ser modificado e introduzir de novo o que seja útil que de novo se acrescente.

Com Sabedoria na atuação, Firmeza, que é Força, nas escolhas e Elegância, que é Beleza, no trato, a Loja consciente do desafio enfrenta-o, muda o que tem a mudar, conserva o que tem a conservar, honra os mais antigos pelo que fizeram e continua a beneficiar da sua experiência e prossegue nas novas bases que os novos tempos, os novos hábitos, as diferentes circunstâncias aconselham.

A Loja que o não souber fazer inevitavelmente que definha, declina, progressivamente vê as suas colunas minadas até ao momento em que elas abatem. 

A Loja que souber reconhecer a sua crise e as suas causas e lograr efetuar as mudanças necessárias, sem ser contra ninguém, mas com todos colaborando no essencial, essa, sim, fortalece-se e prossegue galhardamente... por mais 25 ou 35 anos, até se voltar a pôr em causa e se reformular de novo.

O acadêmico Irmão americano estabeleceu isto. Mas - digam-me lá! - bem vistas às coisas é ou não questão de simples bom senso?

Rui Bandeira


ÁGAPE FRATERNAL & COPO D’ÁGUA



Somente existe no mundo maçônico, oficialmente dois Grandes Orientes Federais, o da França e o do Brasil. No sistema Grandes Lojas, o maior do universo maçônico, o encontro após as Sessões são chamados de Ágape Fraternal, termo que vem dos Gregos e significa amor fraterno.

Momento em que nós Maçons devemos dividir nosso amor com os Irmãos. No Brasil foi introduzido pelo Grande Oriente o famoso Copo D’Água, que segundo alguns historiadores maçônicos dizem significar que devemos nos reunir após as Sessões mesmo que seja para um copo com água (hihihi). Castellani não gostava do termo e eu também não; mas ele era Castellani.

E, por estarmos no Brasil, o termo soa mais como uma gíria do que o verdadeiro intuito e os brasileiros amam usar termos assim.

Na Grande Loja somente utiliza-se Ágape Fraternal, o que Salomão fazia todas as noites, ele mandava matar 30 bois diariamente, fora cabritos, cordeiros, frutas, pães e mel. Está em Provérbios.

Por: José Castellani, do livro Dicionário de Termos Maçônicos.

É a sessão ritualística em que os maçons se confraternizam em torno de uma mesa de refeições.

De maneira geral, a Loja de Mesa deve ser instalada nos edifícios maçônicos, em salas apropriadas. Podem, todavia, ter lugar em qualquer outro edifício, contanto que tudo seja disposto de maneira que, de fora, nada se possa ver e ouvir; isso significa que a Loja de Mesa deve ser coberta a olhos profanos, já que se trata de uma sessão ritualística.

A Loja de Mesa, antigo costume maçônico, deve ser instalada pelo menos uma vez por ano, de preferência no solstício de inverno (no hemisfério Sul), ou de verão (no hemisfério Norte).

Os solstícios ocorrem quando o Sol atinge sua posição mais afastada do equador terrestre: para o hemisfério sul, o solstício de verão ocorre quando o Sol atinge sua posição mais austral (meridional, sul), enquanto o solstício de inverno ocorre quando o Sol atinge sua posição mais boreal (setentrional norte). 

Este último ocorre a 21 de junho, que é, então, a época mais propícia para a Loja de Mesa, embora muitas Oficinas a realizem no dia 24 de junho, aproveitando o solstício e homenageando o padroeiro de muitos ritos maçônicos, São João, o Batista.

Também pode ela, ser realizada no solstício de inverno no hemisfério norte, 21 de dezembro, ou a 27 de dezembro, em homenagem a São João, o Evangelista.

Nos primórdios da Franco-Maçonaria, ainda na de ofício, ou operativa, eram comuns, nos solstícios, esses repastos fraternais; posteriormente, por influência da Igreja e dada à proximidade dos solstícios com as datas dedicadas aos dois São João, eles passaram a ser realizados nestas.

Também recomendam muitas Obediências, principalmente europeias, que, além do banquete ritualístico, realizado por ocasião do solstício de inverno, seja realizado outro, em forma "profana", por ocasião do solstício de verão. 

Nessa oportunidade, é recomendada uma excursão ao campo, para o reencontro com o Sol e a Natureza, em sua plenitude, seguida de banquete, com a presença de familiares e amigos dos maçons da Loja.

 COMPILADO POR ROBERTO DE JESUS SANT’ANNA – M.’.M.’.
GOSP/GOB - REAA


O FILTRO DA LOJA



“Há quem muito se deu, dele muito se exigirá; e há quem muito se entregar, muito se lhe pedirá”

Um templo maçônico é construído, unindo-se tijolo a tijolo com a argamassa reparada pelo pedreiro, que assim levanta suas paredes e verifica a sua perfeição com o auxílio do Prumo e do Nível, tornando a aparência rude em lisa com a Trolha, utilizada para estender o reboco e cobrir todas as irregularidades, para anunciar que está tudo correto, proclamando: tudo está justo e perfeito, fazendo parecer o edifício como formado por um único bloco e por isso, a Trolha pode ser considerada como um emblema de tolerância e indulgência com que todo Maçom deve dissimular as faltas e defeitos de seus Irmãos.

É esse o segredo da vida dotada de força. Apenas com a inteligência não se pode ser um ser moral, nem fazer política. A razão não basta, as coisas decisivas passam-­se para além dela. Os homens que fizeram grandes coisas amaram sempre a música, a poesia, a forma, a disciplina, a religião e a nobreza. Iria mesmo ao ponto de afirmar que só as pessoas que assim procedem conhecem a felicidade! São esses os chamados imponderáveis que dão o cunho próprio ao senhor, ao homem; aquilo que ainda vibra na admiração do povo pelos atores é um resto incompreendido disso.

Porém é o Mestre quem diz que sua obra está perfeita. Dentro deste templo construímos uma Loja. Uma Loja é construída com a energia dos Irmãos, ela encerra todas as virtudes dos seus membros, mas também todos os seus vícios. Se permitirmos que as virtudes prevaleçam, ela se enche de brilho e reflete em seus criadores a aura de felicidade, de paz, de harmonia, de satisfação, de bem estar físico e espiritual.

Vício é o hábito mau, oposto à virtude, que é o hábito bom. Vício é tudo quanto se opõe à natureza humana e que é contrário à ordem da razão; um hábito profundamente arraigado, que determina no indivíduo um desejo quase doentio de alguma coisa, que é ou pode ser nocivo. É tudo o que é defeituoso, o que se desvia do bom caminho. Sendo coisas extremas, os vícios estão em oposição não só com a virtude, senão também entre si; as virtudes, pelo contrário, concordam sempre entre si.

Quando permitirmos que os vícios, os erros, o egoísmo, o individualismo, dominem, isso nos devolve a sensação de opressão, angústia, desânimo, desilusão.
Mas quem é o filtro que se coloca diante de nossos defeitos de modo a não permitir que eles se amplifiquem dentro do templo e transformem a Loja?

Quem é que amplia nossas qualidades, tornando os trabalhos justos e perfeitos?
Quem é que com suas críticas ajuda Loja a crescer?

Quem é que com seus elogios nos enche de orgulho, mas nos alerta que nas Lojas Maçônicas, os ótimos são apenas bons?

Quem é que diante de nossas divergências nos lembra que os motivos que nos unem são maiores do que aqueles que nos separam?

É o Venerável Mestre. Esse é Irmão que, no decorrer de sua administração, deve saber filtrar as queixas, saber amplificar as qualidades; que se cala como um sábio para evitar desavenças e que fala como profeta aos que sabem ouvi-­lo.

Juiz por Instalação… Salomão por mérito, manifestação de respeito, fidelidade, subordinação e digno de reverência. O peso que exerce o Venerável Mestre na administração da Loja é decisivo. Ele é o que suas ações exemplificam.

Na Maçonaria, como em qualquer outra instituição humana, são comuns as homenagens a Maçons que se distinguem por seus méritos; essas homenagens, todavia, devem ser prestadas com parcimônia e recebidas com humildade; a parcimônia, para que elas não se transformem em moeda vil, em balcão de comendas; a humildade, para que o homenageado tenha em mente que o dever está acima das galas momentâneas.

O que se espera do dirigente

O Venerável Mestre não é apenas um condutor de reuniões (se bem que de cada reunião deva nascer o encaminhamento para a solução dos problemas propostos. Se uma reunião for estéril e o seu resultado ineficaz, estarão comprometidas e desacreditadas as reuniões seguintes). Sem sombra de dúvidas, podemos afirmar que o Veneralato é uma investidura que impõe ao Maçom importantes e sérias responsabilidades, cuja incumbência deve ser efetuada com galhardia, zelo e satisfação, ainda que sejam as tarefas difíceis e a jornada árdua. É, pois, um sacerdócio e uma magistratura à altura do Rei Salomão.

Lembremo-nos que todo o Maçom possui um compromisso com o futuro da Ordem e deve ter facilitado os meios de participar das atividades da Loja. Cada um a seu nível, dentro de suas condições e capacidade, mas é tarefa do Venerável orientar, coordenar e comandar (= mandar com), cabendo-lhe a execução e o esforço em procurar todos os recursos para:

Buscar a satisfação dos irmãos, de suas atividades ritualísticas, filosóficas e sociais; 

Manter e melhorar o desempenho da Oficina, funcionando de modo pleno, inteiramente voltada para cumprimento do programa estabelecido pela Constituição e Regulamento Geral;

Procurar sempre fazer mais e melhor, capacitando a Oficina para: 

– que haja vida, trabalho, ação e comunhão de idéias com seus Irmãos;
– manter os Irmãos unidos e integrados para que se completem e complementem as partes, ouvindo todos e procurando concordância de ideias, de opiniões, num trabalho conjunto, harmonioso e  produtivo de todos os Irmãos.

Estimular a participação, o raciocínio e a reflexão de todos os Obreiros, inclusive dos Companheiros e Aprendizes, nas tarefas que executam. Dando-­lhes objetivos e solicitando-lhes o auxílio, ganhando com isso benefícios de toda ordem. Todos os Irmãos devem pensar, questionar, raciocinar e procurar os meios de otimização das atividades. É privilégio do Venerável elogiá-­los por isso, ou cobrar-lhes atuação e maior empenho.

Diversos são os caminhos para se fazer alguma coisa.

Em que pareça o sistema gerencial da Loja Maçônica ser um conjunto de elementos, materiais ou ideais, nitidamente participativos, entre os quais se possa encontrar ou definir alguma relação, os Obreiros de uma maneira geral reagem à participação. Daí, os atributos e qualificações que o Venerável Mestre deve ser naturalmente dotado para vencer o primeiro obstáculo de sua administração, que é a incapacidade natural que o homem tem para conseguir e obter compreensão, cooperação e auxílio dos outros.

Sempre existirão diferentes formas de se compreender e solucionar um problema ou melhorar alguma coisa. É preciso buscar a solução que satisfaça aos objetivos fixados, às necessidades do momento e a opinião sensata dos Mestres e da maioria dos envolvidos. Cooperar, trabalhando para que todos sejam beneficiados; com o cuidado para não enveredar pelo caminho do individualismo – valorizando as qualidades peculiares – suas e também dos ouros, lembrando, porém, que não é ele, por “estar” Venerável Mestre, o valor mais elevado, mas sim, que juntos os atributos e conhecimentos que habilitam alguém a desempenhar essa honrosa função, adquirem mais forças.

Ao Venerável Mestre cabe continuar servindo, direcionando a ação e fomentando a cooperação entre todos, porque seu papel é interpretar os fatos e tomar as decisões mais eficazes. Com seu exemplo, outros, em igualdade de condições farão o mesmo. Assim teremos melhores dirigentes, e consequentemente, uma Maçonaria mais em concordância com seus fundamentos originais.

Rogamos, humildemente, a bênção divina para que um dia, em isso acontecendo, daremos como alcançado, o nosso intento.

Permita Senhor do Universo, a realização dos sonhos que acalentamos!

Autor: Valdemar Sansão


O QUE VINDES AQUI FAZER?



Dependendo de onde ou a quem está pergunta está sendo feita, nós teremos as mais diversas respostas.

Um exemplo seria se você fizesse está pergunta a um aluno numa sala de aula. Ele poderia lhe apresentar as mais diversas respostas do tipo: Estou aqui porque meus pais querem ou Eu quero ter um aprendizado para ser alguém na vida ou ainda eu quero ter uma profissão. E por ai vai...

Agora, se você faz está mesma pergunta a um maçom independente do seu grau e ele estando dentro de uma loja, ele lhe dará a seguinte resposta: Vencer minhas paixões, submeter minha vontade e fazer novos progressos na Maçonaria.

Ah! Então todos vão te dar uma única resposta.

Mas será que todos, estão realmente aqui com este propósito?

Será que todos estão preparados ou se preparam para isso?

Se livrar das paixões a ponto de vencê-las não é uma tarefa fácil, se você não pegar numa “enxada” hoje, amanhã e depois de amanhã e sempre, para cortar o mato de sua vida, ele vai crescer e todos os frutos da carne vão florescer em você: libertinagem, impureza, devassidão, idolatria, magia, ódios, discórdia, ciúme, rivalidades, dissensões, facções, inveja e outras coisas semelhantes.

Por isso, a vida maçônica é um contínuo combate. Não apenas um combate exterior, mas principalmente interior. É preciso combater nossa natureza humana, não deixando-a  livre, ao contrário, devemos podá-la.

Submeter as minhas vontades, ou seja, sujeitar minhas vontades a meus deveres. Deveres com minha família, deveres com meu trabalho, deveres com meus amigos e/ou irmãos, deveres com a sociedade num todo. Outra tarefa que nos faz exercitar todos os dias.

É fácil? Claro que não! Enfim, não existe uma “fórmula pronta”; o que existe é um exercício cotidiano a que devemos nos obrigar, para que consigamos vencer a maioria de nossos embates internos.

E fazer novos progressos na Maçonaria? Essa transformação da mente para a prática ou interiorização dos conceitos transmitidos é lenta necessitando sempre de uma reflexão sobre a simbologia apresentada.

Devemos passar de “teóricos” a “construtores” do edifício social, sendo obreiros edificadores da humanidade em marcha para um mundo melhor e mais esclarecido.

E, não se iluda, porque não há vitória sem lutas. E as nossas lutas, ao invés de nos derrotarem, têm que ter o poder de nos estimular a ir em frente e a valorizar nossas vitórias.

Enfim, porque vou a Loja frequentar a sessão? Para que eu continue aprendendo a vencer as minhas paixões, a submeter a minha vontade, e, possa assim, fazer novos progressos e novos conhecimentos na Maçonaria.

  
Bibliografia
Ritual Grau 1 – REAA – GOB – 2009


Trabalho realizado por:
Carlos Alberto de Souza Santos - M I - CIM 209514
A.R.L.S. Harmonia e Concórdia n° 4418 – GOB/RJ



COMO DEVEMOS PRATICAR A CARIDADE.



Falamos muito, na Maçonaria e outras instituições filantrópicas, de caridade e beneficência, como deveres que os mais afortunados têm para com o "miserável e carente de sorte". Mas dificilmente caridade e beneficência chegam a ser uma experiência verdadeiramente caridosa e benéfica, porquanto procedem de um erro, ao invés da verdade, somos chamados a contribuir muitas vezes para reforçar e tornar estático ou crônico o mal que desejamos eliminar, reforçando a sua raiz.

Como ensinaram todos os sábios de todos os tempos (e isso pode ser, em alguns aspectos, o paradigma da verdadeira sabedoria), a raiz e a primeira causa de todos os males devemos procurar no erro ou na ignorância. E até que não se corrija esse erro e esta ignorância, todas as formas de caridade não serão mais do que um paliativo, pois não elimina a raiz do mal, mas muitas vezes é feito, muitas vezes contribuímos com a consciência do mal que estimulamos para torná-lo mais forte e vital.

Por exemplo, há sem dúvida aquele tronco de solidariedade oportunamente circulado a favor de um irmão necessitado, ou de outro caso piedoso, pode constituir uma ajuda útil e providencial, especialmente se os presentes são generosos em suas contribuições, como pode ser a ajuda direta para outro irmão.

Mas se, com a ajuda monetária (cujo valor e a eficácia devem ser temporários e transitórios) os presente acompanham, como quase sempre acontece, seus sentimentos e pensamentos de compaixão e, pior ainda, de comiseração, ou de alguma forma se considera a pessoa necessitada como impotente e em estado de inferioridade, a influência desses pensamentos são pouco desejáveis e efetivas a ajuda, na medida em que contribui mais para abater, ao invés de realçar seu estado moral e a confiança em si mesmo.

O mesmo deve ser dito, com mais razão, de todas as formas de beneficência, que ao invés de uma simples e espontânea manifestação do espírito de fraternidade entre irmãos livres e iguais, manifesta, claramente, a distância que medeia entre o benfeitor e o beneficiário, ou de alguma forma se transforma essa dádiva em humilhação, com a qual paga muito caro o apoio recebido. Não dizemos nada da caridade que serve como pretexto para ostentação e vaidade, porque neste caso, dificilmente poderia ser digno desse nome.

A verdadeira caridade deve ser secreta e espontânea e não deve envolver-se em qualquer forma de humilhação. Prevenir as necessidades de um irmão que está claramente em dificuldade é muito mais fraterno que esperar que este peça ajuda, porque com o pedido isso já está quase pago e nenhuma coisa que se paga tão caro como as pedindo.

A mão que dá como verdadeiro espírito de fraternidade deve esconder-se, e "esquerda não deve saber o que faz a direita". Devemos, portanto, evitar a prática em uso em algumas lojas de pedir a outras oficinas uma contribuição para ajudar um irmão e especialmente dar o nome do irmão.

Nem mesma na própria oficina devemos dar o nome da pessoa socorrida, porque não há nenhuma necessidade de que seja conhecida, com exceção daqueles diretamente envolvidos na ajuda.

Ir. ALDO LAVAGNINI


OS DIFERENTES NÍVEIS DA REALIDADE MAÇÔNICA



INTRODUÇÃO
Irmãos! Eu não me incomodarei em ser taxado de visionário, assim como nunca me incomodei com o rótulo de maçom-esotérico. Acredito que a Maçonaria precisa dos diferentes tipos de Maçons.

Na franco-maçonaria, reis, nobres, clérigos, plebeus, farsantes, revolucionários, esotéricos, ocultistas, simbolistas, historiadores, astrólogos, escritores, cientistas, espiritualistas, filósofos, hermetista, místicos, visionários e idealizadores conviveram de forma harmônica e pacifica,emprestando valiosa contribuição para que a Ordem pudesse sobre-existir na atualidade.

Passaram-se trinta e cinco anos desde que fui iniciado. A minha escalada na senda maçônicas não foi estéril. Neste meio espaço-tempo ascendi do grau um ao grau trinta e três. Colaborei na fundação e na funcionalidade de sete Lojas. Escrevi cinco livros sobre assuntos/temas estritamente maçônicos (e um sexto livro encontra-se em fase de acabamento).

Escrevi dezenas de artigos. Auxiliei intelectualmente centenas de maçons em sua escalada individualizada, e me relacionei com milhares de maçons brasileiros e de outras nacionalidades.Como diz São Paulo em sua Carta: “Combati o bom combate, cumpri a jornada, mantive a fé”.

Pode parecer estranho os parágrafos antecedentes – eu não tenho por hábito me colocar em meus escritos – mas tenho agora uma razão especial: presto contas da minha trajetória maçônica, identifico e discorro sobre diferentes níveis da realidade maçônica, apresento críticas e sugestões tendo como foco a atuação das Lojas e dos Maçons no desiderato de tornar feliz a Humanidade pelo aperfeiçoamento dos costumes, e para tal preciso demonstrar credibilidade sobre o que penso e escrevo.

A MAÇONARIA
A Maçonaria, desde suas lendárias e difusas origens, sempre se apresentou como sendo uma sociedade iniciática, de caráter esotérico, fechada, e voltada para a promoção do aperfeiçoamento moral e intelectual dos seus membros, e o melhoramento da qualidade de vida da Humanidade, chamando para si a responsabilidade pela propagação dos ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade entre os homens; motivando, a todos os que lhe são próximos, para a prática de elevadas virtudes, filantropia desinteressada, mútuo socorro, e cultura ilustrada; reunindo em suas Colunas homens de diferentes raças, religiões, línguas e culturas, com o objetivo de fazê-los alcançar a perfeição ético-moral por meio do simbolismo e alegorias de natureza mística e/ou racional, da filantropia e da educação.

Na visão do Maçom, a Maçonaria é uma Universidade, uma escola de vida, proposta formativa, educação permanente, onde um conjunto de homens bons, livres e inteligentes trabalham voluntariamente para o progresso da Humanidade, se batendo pelo aperfeiçoamento dos costumes e pela ética nas relações sociais, sob a égide da Liberdade, Igualdade e Fraternidade, rumo à conquista da felicidade geral e da paz universal.

Na visão do homem socialmente engajando, a Maçonaria impõe respeito e coleta admiração, reconhecendo nas ações dos Maçons o esforço para a construção de uma sociedade melhor, mais justa e mais fraterna. Na visão do homem comum – do povo – muitos imaginam ser a Maçonaria uma espécie de máfia, outros um clube, outros a imaginam um Estado dentro do Estado, enquanto muitos outros nem se dão conta da existência dos Maçons e muito menos da existência da Maçonaria.

Por si mesma, a Maçonaria é um modelo de sociabilidade ilustrada do que sempre foi pelo menos a contar de 1717, e a sua vocação é ser uma Entidade sem fronteiras. Funciona como uma âncora moral e espiritual para os Maçons e para a Sociedade seja pelos ensinamentos e conhecimentos de que é guardiã; seja por possuir os instrumentos teóricos, filosóficos, históricos, sociológicos, éticos e morais necessários para motivar seus membros ao burilamento intelectual; seja por fornecer os elementos necessários à ação, podendo desvelar a todos, no momento certo e oportuno, um dos seus maiores segredos: a unidade do amor incondicional ao próximo.

De fato, o objetivo mais característico da Ordem Maçônica a ser perpassado é o amor fraternal que orienta para fazer o bem na execução da sua sublime missão de unificação da humanidade, e as vozes que ecoam da cripta dos grandes filósofos – os mestres da terra – conduzem ao entendimento de que o Mundo é nossa família.

Todos somos filhos e filhas do Grande Arquiteto do Universo. Somos, pois, irmãos e irmãs, vez que criados pelo mesmos Pai. Na unidade divina não há diferenças radical entre os filhos de Deus além da língua, íris e datiloscopia. Cada um de nós somos no Universo de Deus uma particular visão espiritual da Humanidade.

A Maçonaria caracteriza-se, ainda, por ser uma instituição humanística que exalta tudo o que une e repudia tudo aquilo que divide, aspirando tornar a Humanidade mais feliz, mais fraterna, mais humana, enfim, aspirando constituir uma grande família de irmãos, vez que considera Irmão a todos os maçons, quaisquer que sejam suas raças, nacionalidade, convicções e crença, recomendando a divulgação de sua doutrina pelo exemplo e pela palavra, e pelo combate, terminantemente, ao recurso da força e da violência para a consecução de quaisquer objetivos.

Os ensinamentos maçônicos condensados na máxima “Ama Teu Próximo”, induzem à observância das leis; a vivencia segundo os ditames da honra; à pratica da justiça e da equidade e do amor ao próximo; e induzem ao trabalho incessante pela felicidade do gênero humano.

Em suma: ensina os maçons a dedicarem-se à felicidade de seu semelhante, não porque a razão e a justiça lhes imponham esse dever/obrigação, mas porque esse sentimento de fraternidade é a qualidade inata que nos faz Filhos do Universo, amigos de todos os homens, e fieis observadores da Lei do Amor que Deus estabeleceu no Planeta.

Nas palavras do Irmão Osvaldo Ortega, “o reflexo das ações maçônicas que por certo causariam um bem-estar à Ordem e as nossas vidas, não seriam somente as praticadas ritualisticamente no Templo. Seriam reflexivas sim, principalmente aquelas que aplicássemos no campo social e profissional onde atuássemos lá fora, por aquilo que aprendemos lá dentro.

A essas ações os nossos pensamentos e palavras a elas deveriam estar síncronos” (Ortega, p. 60). Maçons devem ser gentis e afetuosos uns com os outros, irmãos, verdadeiramente. A Maçonaria Universal é a Grande Sociedade da Paz do Mundo.

OS MAÇONS
Independentemente do que se possa supor a seu respeito e individualidade, o Maçom é o que é,e será o que é, confiante e indecifrável. Em particular, é desconhecido do grande público, e quando conhecido, é considerado como participante de um grupo fechado de pessoas que se reúnem em segredo, que participam de rituais secretos e que tem em comum o propósito de ajudarem-se mutuamente.

O Maçom, por seu turno, pouco ou nada faz para se revelar. São por compromisso e por vontade própria, programados à discrição e ao isolamento voluntário da sua condição de Maçom. Me parecem fiéis seguidores de Albert Pike, o pregador da recomendação de que “o sigilo é indispensável em um maçom, não importando o Grau”(Pike, p. 5).

Há Maçons, contudo, que são por demais conhecidos do público por conta da sua área de atuação antes de ingressarem na Maçonaria, alguns destes, depois do ingresso guardam sigilo da condição de membro associado e assim mantém o anonimato e o distanciamento.

Outros ficam distinguidos/conhecidos depois de se tornarem membros de uma Loja Maçônica, mas, em ambos os casos, o conhecimento da condição de Maçom fica adstrita ao círculo de amizade do próprio Maçom. Acreditam que o fato de não se revelar é algo que sempre esteve, está e sempre estará a seu favor e a favor da Ordem. Evitam aparecer e de se dar a conhecer na sua condição de Maçom, embora a vocação do Maçom seja a de ser um Ser sem fronteiras.

Por outro lado, se a sociedade (o povo) pouco conhece da Maçonaria – sua história, tradições e realizações – é porque os Maçons não a divulgam adequadamente. A Maçonaria, contudo, não pede e ao que me parece, nunca pediu para ser divulgada, mas não comete crime quem se identificar como Maçom. Entrementes, devo antecipar que os Maçons vivenciam efervescentes atividades social, política e cultural dentro e fora da Ordem.

Os Maçons e as Lojas desenvolvem intensa programação ritualística e social não-ritualísticas, são festas, jantares, confraternizações, palestras abertas ao público e inúmeras outras atividades promocionais, proporcionando ao Maçom e aos seus familiares um relacionamento efetivo, no Universo particular da Maçonaria, dos Maçons e de seus familiares e amigos.

NADA MUDAR PARA SE MANTER
Aos Maçons, no Brasil e em todos os lugares, em todas as Lojas, em todos os ritos, são ensinados a prática da caridade e o interesse da ajuda à comunidade. Os Maçons são encorajados à prática da caridade e ao trabalho para o bem-comum. Estes dois aspectos são princípios maçônicos da benemerência que envolve os Maçons desde o início da franco-maçonaria na sua inatingível linha do tempo.

Aos Maçons, ainda, são ensinados a serem francos, honestos e verdadeiros, exigindo-se de cada um deles o mais elevado padrão de moralidade e eticidade. Isto não se muda. É causa pétrea.

Focado nas tradições e no conservadorismo dos Landmarks e das Antigas Obrigações, os Maçons se escudam para justificar algumas das suas ações e leniências na condução da própria atividade maçônica.

Nesta postura entre o novo e antigo, mudar ou não mudar, agir ou não-agir, fazer ou deixar-de-fazer, reside o grande desafio do livre-arbítrio, e muitos Maçons, assim,encontram justificativas e/ou saem do nível e do prumo e se afastam da retidão do esquadro e do compasso e da Maçonaria para a vida em comum da sociedade profana, orientando seu comportamento e entendimento à luz da realidade que lhe é permitido enxergar, em razão do seus próprios conhecimentos e avaliações.

E aqui fica o alerta: o fato de alguns Maçons não seguirem 100% às regras estabelecidas e acordada internamente, depõem não somente contra o próprio Maçom, mas contra toda a Irmandade.

É sabido que os diferentes níveis da realidade mundana moldam os homens e moldam os maçons (o termo nível aqui aplicado diz do valor intelectual e moral, dos diferentes estágios de padrão e qualidade dos homens e do maçom). A Maçonaria é um espelho da realidade mundana, sem que se possa atuar para inverter esse estado de coisas. As discussões em torno desse tema são inúmeras e improfícuas.

Ao ingressar na Maçonaria, o Maçom não desincorpora sua cultura (100%) mundana, mas ao iniciar uma nova caminhada precisa evoluir, crescer, precisa receber novos conhecimentos, novo desenvolvimento intelectual e cultural. A vida e a atividade maçônica, em sua essência, exigem duas ou três horas semanais do Maçom, e este só se eleva, rebaixa ou estaciona em realidade, na concepção do conhecimento cada um e na conformidade do grau de instrução efetivamente incorporado. Daí decorre os (des)nivelamentos.

Em verdade, a vida e a atividade maçônica no Brasil, nos graus iniciais, consume pouco tempo, imagino seja algo inferior a 2% do tempo semanal, mensal ou anual do Maçom (não disponho de números, mas avalio que são poucos os Maçons que dedicam parte significativa do seu tempo ou do seu trabalho à causa da Maçonaria e dos afazeres recomendados à prática, doutrina e cultura maçônica), o que quer dizer que depois de iniciado o maçom continuar a viver cerca de 98% para a realidade mundana e apenas 2% para a Maçonaria.

Esse quadro só se altera um pouco com a permanência na Ordem, com ascese aos cargos de direção e/ou aos graus superiores da Maçonaria. Daqui também decorre os (des)nivelamentos.

Assim, muitíssimos maçons pouco sabem sobre a História, Filosofia, Doutrina, Lendas, Tradições, Rituais, e dos Usos e Costumes da Ordem, embora sejam bons e frequentes em Loja. Outros comparecem muito pouco às Sessões de Loja e sabem menos do que deveriam saber.

Alguns outros são verdadeiras esfinges, entram e saem silenciosos das sessões de Lojas, são como livros preciosos contendo sábios ensinamentos, mas que permanecem fechados nas estantes apanhando o pó do tempo. Outros, infelizmente, falam, falam e nada produzem.

Alguns outros são só festivos, são dados às festas e confraternizações maçônicas. Em resumo: os maçons são de tantos níveis quanto sejam as suas qualidades maçônicas e os trabalhos de suas Oficinas.

Embora a sociedade não se interrogue sobre onde, como, quando, por que e para que serve a Maçonaria, a formação do homem iniciado-maçom e a missão maçônica são nobilíssimas, e a discrição da Vontade Divina em conceder à Maçonaria a missão histórica de salvaguarda de uma sabedoria milenar, uma filosofia muito elevada e profunda e também milenar, o que faz com que a Maçonaria por via do Maçom, seja a fonte e o artífice da onda de progresso que vai unificar as fronteiras geográficas e os homens na universalidade da fraternidade, do amor e do perdão. Digo: A Maçonaria e o Maçom são fonte e artífice da onda de fraternidade que vai unificar a Humanidade. A vocação da Maçonaria é ser uma Entidade sem fronteiras.

CONCLUSÃO
Mais do que uma Instituição, a Maçonaria é uma universidade de acesso ao conhecimento ilimitado e tem uma proposta peculiar de ensino/aprendizagem no sentido iniciático da conscientização de morrer para nascer de novo e reconstruir-se de dentro para fora, o que significa dizer: praticar a ressurreição em vida. 

Comportaria, ainda, afirmar que a única realidade que atrela o Maçom à Maçonaria é a vontade de permanecer, de crescer, de se desenvolver, de ser diferente. Neste sentido, a Maçonaria tem por objetivo, tem por fim, e tem como meios (e em certa medida, os fins), os seus membros: os Maçons e a sociedade humana.

A Maçonaria ministra muitos saberes, ensina e ensina, mas também aprende e aprende, e em sua longa trajetória histórica, “aprendeu que somente vale a pena ficar com o Maçom convicto, que continua querendo aprender e elabora seu próprio projeto de vida conforme a doutrina maçônica” (DEMO, p. 70). E tanto isto é verdadeiro, que a Maçonaria não obriga ninguém a permanecer associado as suas Lojas ou em Graus e Ritos.

O Maçom é livre e tem a liberdade de escolha entre permanecer ou sair, evoluir ou estacionar na ascese maçônica. “Quem quer, permanece na Instituição, que não quer, se vai” (DEMO, p. 69).

Na etimologia latina, a palavra “educar” significa “puxar de dentro” (DEMO, p. 71) e através do tempo e mundo afora as realizações maçônicas não foram e não serão medidas pela ação dos seus membros e sim pela capacidade que eles tiveram ou venham a ter no futuro, no domínio do conhecimento e do aprendizado maçônico (nem sempre visível ou sensível), de se resolver, de se auto-construir, de lapidar-se a si mesmo antes de tentar lapidar aos outros.

É por conta deste tipo de ideal que a Maçonaria está disposta a orquestrar vozes de todos os timbres, independentemente de religião, raça, classe social, formatando contexto de generosidade infinita no qual todos, sem exceção, pode progredir e se aperfeiçoar, ou seja, nivelar-se.

Irmãos! Eu os considero a todos como meus Irmãos, e mais, eu também considero a todos os seres humanos como nossos Irmãos. Penso que devo convidá-los a enxergarem nas pessoas à nossa volta um Irmão.

Penso que o tempo é de agir e conclamo à que os maçons estendam e liberalizem os laços fraternais que os unem entre si a todos os homens esparsos pela superfície da Terra.

E encerro com duas frases lapidares: “Oh! Quão bom e quão suave é que os Irmãos habitem em união” (Salmo 133) e “Eis aqui quão bom e jucundo é quando os irmãos habitam a união” (Dante Alighieri, De Monarchia – XVIII, citando o salmo 133). Continuar seria algo próximo do “Mais-Que-Perfeito”.

Por Luiz Gonzaga Rocha

Obras de Apoio:
DEMO. Pedro, Maçom: Jeito de Ser, Brasília: ed. do autor, 2006.
ORTEGA. Oswaldo, Uma Luz nos Mistérios Maçônicos, São Paulo: Edições GLESP, 2003.
PIKE. Albert, Moral e Dogma do Rito Escocês antigo e Aceito, Tomo II, s/local impressão. s/ed, s/d.
ROCHA. Luiz Gonzaga da, Apontamentos para a História da Maçonaria: Pernambuco 1842/1852, Brasília: Impressus, 2014.
SARAIVA. Alexandre José de Barros Leal, Maçonaria: percepções, dúvidas, fé e razão de um obreiro feliz, Fortaleza: Relevo, 2009.
SOBRINHO. José Wilson Ferreira, Centelhas Maçônicas, Londrina: A Trolha, 2003.



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