O CONCEITO FILOSÓFICO DE TEMPO E A RÉGUA DE 24 POLEGADAS



O presente artigo aborda a questão da régua de 24 polegadas e o conceito filosófico do tempo, buscando afirmar que o instrumento conferido ao aprendiz maçom contém diversos elementos de contemplação dos filósofos gregos. O artigo ressalta que o maçom, ao usar a régua como um instrumento cotidiano pode obter “tempo” para a vida maçônica e familiar, evitando-se a ausência em ambos os ambientes.

A Questão do Tempo
A maioria das pessoas, lógico supor, admite uma compreensão intuitiva do tempo. Pra essa maioria o tempo é algo ao mesmo tempo cotidiano, empírico, científico, fácil e complexo, poético e assustador, sentimental ou frívolo.

Falamos do ontem, do hoje e do amanhã. Referenciamos no passado de nossas vidas, para hoje planejarmos e pensamos no futuro de nossas famílias. Enfim, existe um tempo que passa ao mesmo tempo em que outros passam o tempo.

Para muitos o passado como tempo é história e o futuro especulação. O hoje e o agora não existem, sendo apenas uma referência de segundos entre o passado e o futuro.

Deus é, diriam alguns, logo não existe passado ou futuro na mente de Deus. Talvez por isso Santo Agostinho tenha escrito em suas Confissões: “O que é o tempo? Se ninguém pergunta, sei o que ele é; mas se alguém me pergunta e tento explicá-lo, já não sei mais.” (SANTO AGOSTINHO, 1997).

Poderíamos, partindo da premissa acima, considerar que o tempo é algo ou objeto de difícil definição, podendo apresentar diversos conceitos e abordado de formas diferentes, dependendo do ramo da ciência, seja arte, geometria, biologia, astronomia, matemática, física, sociologia ou filosofia.

Não se pretende neste artigo uma abordagem sobre cada um desses aspectos, mas apenas demonstrar que o simbolismo da régua de 24 polegadas, em especial no Rito de York, possui profunda atualidade filosófica sobre o que concerne ao tempo.
A Régua de 24 polegadas na Maçonaria

A primeira observação que fazemos é quanto às características básicas da régua, um instrumento simples, milenar, que nos ensina, de uma forma mais simples ainda, o caminho direto entre dois pontos, dois destinos. Com a régua medimos um seguimento do infinito. Uma parte de nossa vida. A retidão que buscamos.

Após a cerimônia de iniciação maçônica, no primeiro grau da Ordem, o Aprendiz Maçom recebe uma régua, ou é instado a pensar sobre a utilidade de “uma régua de 24 polegadas”, que, devidamente dividida em três partes iguais, deve remetê-lo a adequar a utilização do tempo cotidiano. A Maçonaria a adota porque simboliza o dia com suas vinte e quatro horas, exigindo dos maçons uma adequada utilização das horas do dia.

No campo maçônico, a graduação nela colocada de vinte e quatro polegadas, serve para mensurar o tempo, as vinte e quatro horas do dia, em que o homem deve distribuir suas atividades. No Rito de York, a “cautela” ganha importância na vida do maçom. Associar, portanto, a cautela à régua de 24 polegadas nos parece ser um bom caminho para explorarmos o conceito de tempo.

Um maçom deve usar no cotidiano de sua existência, as 24 polegadas como representação de 24 horas, divididas em três partes de 8 horas: descanso, trabalho e solidariedade.

Assim deve de certa forma, dividi-las entre suas atividades matinais, nem sempre realizadas, como sua primeira refeição diária, às vezes esquecida. Outras horas dedicadas ao seu trabalho; à necessária recreação, muitas das vezes não considerada; suas reflexões, em geral pouco ou mal aproveitadas; e o merecido repouso, como nos prega a mensagem maçônica. E as outras oitos horas servindo a Deus ou a algum necessitado.

Filosoficamente, poderíamos dizer tratar-se de um caminho entre a norma e a ordem, entre o que se quer fazer e o que se deve fazer, entre o passional e o racional, entre a direção da ponta do malho ao topo do cinzel. Indica a própria construção do homem, a lapidação de sua forma mais bruta em busca da perfeição (RAGON, 2005).

O exercício na separação de cada tempo, dando o ritmo necessário para cada etapa, faz com que o homem evolua, cresça se realize e desenvolva habilidades que de outra forma poderia pensar ser impossível realizá-las.

A constante assertiva de muitos maçons contemporâneos de que “não tem tempo”, quer para ir à Loja ou realizar atividades de filantropia, demonstra uma não utilização dos princípios maçônicos sobre a administração do tempo (ALCÂNTARA FILHO, 2012).

Segundo os conceitos filosóficos do simbolismo maçônico, “tempo obtido” seria uma vitória pessoal, inigualável, uma capacidade de autogestão, ou a pura demonstração da vontade, de responsabilidade e do reconhecimento de si própria. 

Um caminho que se propõe reto é íntegro e honesto. Cada nova ação proposta deverá ser bem estudada, analisada, e, para ser edificada, basta incluí-la nos intervalos de cada ponto de nossa régua, utilizando para isso os princípios éticos que envolvem a liberdade, a igualdade e a fraternidade (BAYARD, 2004).

No campo simbólico, junto ao malho e o cinzel, a régua forma um conjunto de ferramentas, ou instrumentos, que devem ser usados pelo Aprendiz em seu trabalho, como diz o ritual do Rito Escocês Antigo e Aceito. Já no Rito de York, mais antigo que esse, a régua de 24 polegadas está associada ao “martelo de corte”, um instrumento muito mais apropriado ao trabalho no “desbastar” da Pedra Bruta.

De qualquer forma, a régua era usada pelos maçons operativos, aqueles que remontam das lendas míticas aos construtores de templos, para executar um trabalho de precisão na construção, medindo, delineando, ajustando o traçado ou limites do corte de uma determinada pedra para uma construção específica.

O Tempo: Primeiros Conceitos
Aristóteles (1995), em sua obra “Physique IV, Tratado do Tempo”, faz uma reflexão sobre a realidade física do tempo, aquela que é medida pelos relógios, dando inclusive a impressão que descarta o tempo psicológico, demonstrando que o tempo é uma ilusão. Para ele, o momento presente, como “instante”, não pode existir para o homem, pois não pode ser percebido instantaneamente, como no sonho (BURNET, 1994).

Ele formula uma questão-chave: “O tempo poderia existir sem a alma e o pensamento, que são os verdadeiros sujeitos de toda a medição? (218b)”. Depois de uma análise desta questão, ele mesmo formula a resposta afirmando que isso poderia ser válido para todas as coisas, menos para o tempo e o movimento.

As respostas acima seriam analisadas séculos depois por Santo Agostinho. Mas, retornando a Aristóteles, podemos ressaltar a definição de seu objeto: “O tempo, se não é o próprio movimento, é seu número calculado, isto é o resultado da medição” (219). Assim ganhamos consciência do tempo pelo fato do movimento representar uma sucessão contínua, definida como um antes e um depois, ou seja, “O tempo é o número do movimento conforme o antes e o depois” (219b).

Lógico que já evidenciamos esses conceitos aristotélicos no simbolismo da régua de 24 polegadas, no sentido de podermos medir numericamente um espaço de movimento menor (ciclo de oito horas) durante um dia (três ciclos de oito horas).

Analogamente, no item 223-b da mesma obra, Aristóteles diz que “a locomoção circular (o movimento dos astros no céu) é a melhor medida, porque seu número é o mais conhecido”, o que também remete a simbolismo maçônico do Rito Escocês.

Heidegger (2012), ao citar Platão, afirmou que o tempo nasceu quando um ser divino colocou ordem e estruturou o caos primitivo. O tempo tem, portanto, de acordo com Platão, uma origem cosmológica. Ele procura estabelecer a distinção entre o “ser” e o “não ser”. O mundo do “ser” é fundamental e não está sujeito a mutações. 

Ele é, portanto, eternamente o mesmo. Este mundo, entretanto, é o mundo das ideias, apreensível apenas pela inteligência e pode ser entendido utilizando-se a razão. O mundo do “não ser’’ faz parte das sensações, que são irracionais, porque “dependem essencialmente de cada pessoa” (LUCE, 1994).

O domínio do tempo estaria nesse segundo mundo, assim como tudo o que se observa no universo físico, tendo assim uma importância menor. Talvez possa ser dito que, para Platão, o tempo essencialmente não existe, uma vez que faz parte do mundo das sensações.

O Tempo da Alma
Platão (2002), em Timeu, afirma que o “deus quis que todas as coisas fossem boas”. Portanto, para ele, esse deus:

[…] teve a ideia de criar uma espécie de imagem móvel da eternidade, e, enquanto organizava o céu, criou à semelhança da eternidade imutável em sua unidade, uma imagem em eterna evolução, ritmada pelo número; e é isto que chamamos de tempo. À constituição do tempo, ele combinou o nascimento dos dias, das noites, dos meses e do ano (Platão. Timeu e Critias ou Atlântida, 2002).

Esses princípios mostram a universalidade do ensino simbólico da Maçonaria, em especial na régua de 24 polegadas, pois o ciclo se repete, a cada oito medições numéricas, num ciclo ininterrupto de três medições. Ou seja, a cada hora, a cada dia, mês e ano. Enfim, a régua e os conceitos platônicos nos remetem a nossa própria vida e eternidade.

Santo Agostinho (op. cit) oferece-nos outra reflexão sobre o tempo onde ele opõe a eternidade imóvel num eterno presente e o tempo que passa. Para ele o “Verbo” eterno é o criador de todos os tempos em que a criação pode ocorrer. E no capítulo XIII afirma que não havia tempo antes que o tempo existisse, mostrando que o futuro não existe ainda, o passado já não existe mais e presente vai desaparecer à medida que o tempo avança, sendo, portanto efêmero.

Outra contribuição de Agostinho é que do tempo “psicológico” de Aristóteles constrói a ideia de tríade:

[…] passado-presente-futuro que não existem em atos, mas nas representações de nossas mentes, e se existem nas representações de nossas mentes, eles o fazem na forma presente, pois é no presente que concebemos ou imaginamos o futuro e nos recordamos do passado (cap. XVII)”. (ABRÃO & COSCODAI, 1999).

A humanidade tem necessidade de medir o que ela concebe como tempo. A régua de 24 polegadas expressa essa necessidade. Portanto, deve ser dividida em três partes iguais, pois aqui o tempo se apresenta como número e, como todos os números, indicando quantidade – quer de tempo ou de horas – não passa de um produto prático de pensamento.

Considerações Finais
A natureza do tempo tem sido um dos maiores problemas desde a antiguidade, quer no que concerne à medição, passagem, fluidez, linearidade ou circularidade, se divino, cósmico ou meramente físico.

Acredita-se cada vez mais que ele é uma das propriedades gerais do pensamento humano ou uma se suas exterioridades e que, para a compreensão e entendimento de nossa humanidade, precisa ser dividido em três dimensões lineares: o passado, o presente e futuro.

Sabemos que devemos a máxima de “nunca nos banhamos duas vezes no mesmo rio” a Heráclito (1988), que é o filósofo da transformação e do movimento perpétuo. Conceito que reforça o princípio de que a divisão igual em 24 partes da régua, embora repetida cotidianamente pelos maçons, nunca terá o mesmo objetivo, pois se renova automaticamente, ao final de cada ciclo de 24 horas.

Mesmo sendo uma contraposição ao pensamento de Platão (op. Cit), que, ao defender um “ciclo mítico de eterno retorno”, onde o tempo era um movimento cíclico e assíduo, pois aquilo que acontecia no passado era repetido e retornava (VERNANT, 1992), a régua de 24 polegadas reafirma um conceito de que a repetição insensata de pensamentos e ações, diariamente, traz infortúnios.

Na perspectiva de Kant, o tempo é uma estrutura da relação do sujeito com ele próprio e com o mundo, uma forma “a priori” da sensibilidade, uma espécie de intuição pura e ao mesmo tempo, uma noção objetiva de observação e não extraído da experiência, ou seja, um dos limites para o conhecimento no plano da sensibilidade.

Independente do valor material, físico e matemático da medição do tempo, relacionando-o ao passado, presente ou futuro, à medida que o tempo se torna subjetivo ou psicológico, cada ser humano pode vivenciá-lo numa situação agradável, desagradável, lenta, rápida, penosa ou alegre. Conclui-se, portanto que o homem, pela sua condição de mortal, é afetado por processos diferentes do que ocorrem no espaço infinito.

Há uma assertiva na Maçonaria brasileira de que “somos todos aprendizes”. Sendo assim, a régua de 24 polegadas, pelo menos teoricamente, nos acompanha sempre. Se seu simbolismo é usado junto à nossa capacidade mental de reter acontecimentos e imagens passamos a ter uma condição fundamental para as características fundamentais da vida social, o que inclui obrigatoriamente a necessidade de “tempo” para nós mesmos e para nossas famílias.

Autor: Luiz Franklin de Mattos Silva
Fonte: Revista Fraternitas in Praxis
Luiz é biólogo, Mestre em Zoologia pelo INPA e Doutor em Biologia de Água Doce pelo INPA/Roseinstel School of Marine Science. Mestre Instalado, é membro da Loja Maçônica “Acácia de York No. 52”, Sumo Sacerdote do Capítulo “York No. 40” de Maçons do Real Arco e Grande Secretário de Planejamento Estratégico do GOIRJ.

Referências Bibliográficas
ABRÃO, B.S.; COSCODAI, M.U. História da Filosofia. São Paulo: Nova Cultural, 1999. ALCÂNTARA FILHO, N. Irmãos, Ajudai-me a Abrir Loja. São Paulo: Madras, 2012. ARISTÓTELES. Physique IV, Traité du temps. Paris: Kimé, 1995. BAYARD, J. P. A Espiritualidade da Maçonaria: da Ordem Iniciática Tradicional às Obediências. São Paulo: Madras, 2004. BURNET, J. O Despertar da Filosofia Grega. Trad. M. Gama. São Paulo: Siciliano, 1994. HERÁCLITO. Fragments et Témoignages, Les Présocratiques. Paris: Gallimard, 1988. HEIDEGGER, M. Platão, o Sofista. São Paulo: Editora Forense Universitária, 2012. LUCE, J.V. Curso de Filosofia Grega. Trad. M.G. Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994. PLATÃO. Timeu e Critias ou Atlântida. Rio de janeiro: Hemus Editora, 2002. RAGON, J. M. Ritual do Aprendiz Maçom. 8ª Ed. São Paulo: Pensamento, 2005. SANTO AGOSTINHO. Confissões. Rio de Janeiro: Editora Paulus, 1997. VERNANT, J. P. As origens do Pensamento Grego. Trad. I.B.B. da Fonseca. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 7ª ed., 1992.


ARMAS DA RECONSTRUÇÃO DE TEMPLOS



O trabalhador guerreiro; com a trolha em uma das mãos e a espada na outra”.

Em qualquer empreendimento, material ou espiritual, aonde o maçom se lance, há necessidade de trabalho constante. Daí o afloramento da boa vontade ser eficiente arma de defesa contra a oposição difamadora dos inimigos. No mínimo exige o aporte de coragem para enfrentar as vicissitudes da vida, entretanto, sem a existência de forte espiritualidade é praticamente impossível conciliar conflitos, sejam estes materiais ou espirituais.

É a característica e desenvolvimento espiritual que dá ao homem a possibilidade de sobrevivência neste sistema competitivo. Característica que só desenvolve plenamente se movida pelo heroísmo de vencer a si mesmo, pelas aspirações e ideias que o diferenciam dos outros animais e de outros iguais. Sua característica guerreira não é fortuita, aconteceu em resultado de sucessivas fases de seleção natural, da prevalência do mais apto.

É só olhar ao passado, na história da trajetória do homem até o presente e verificar que a jornada foi penosa, inclemente. Protegiam-se em locais lúgubres como florestas e cavernas, ou então, em encostas e escarpas para escapar aos predadores ou da fúria dos fenômenos naturais. A luta foi longa e muitos agonizaram para lançar o homem no atual estágio de desenvolvimento.

É notório que, apenas os agrupamentos de homens que detinham as mais desenvolvidas características espirituais progrediram e sobreviveram; os demais sumiram nas brumas do tempo sem deixar vestígio de suas passagens. Só as civilizações altamente desenvolvidas em espiritualidade deixaram marcas indeléveis de suas passagens e podem ser vistas hoje ainda.

Estas características passaram entre as gerações e, de tão significativas, gravaram-se na estrutura social, passando por herança aos herdeiros, representando a diferença entre a vida e a morte, felicidade e sofrimento.

Apenas as sociedades que obtiveram maior sucesso em sustentar características espirituais suplantaram as demais e dominaram por um tempo, normalmente enquanto primavam por altos valores morais e espirituais em suas sociedades. Só através da evolução espiritual é que foi possível obter recompensas de evolução e supremacia e nunca sem o empunhar da espada para defender-se dos inimigos.

Os inimigos visíveis são mortos pela espada nos campos de batalha que se cobrem com sangue e, como consequência da derrotas, os seus castelos, templos e cidades são derrubados e incendiados; em muitos casos não sobra pedra sobre pedra. Os inimigos invisíveis, aqueles que conspiram para derrubar o templo interno de cada um, são eliminados por uma espada simbólica com capacidades de lógica, psicologia e gnosiologia.

A espada de defesa na construção e reconstrução de templos internos serve-se da lógica. É ela quem percebe quando o inimigo tenta, por insídia ou ignorância, destruir a construção. Embora a lógica pareça artificial, ela se impõe por si mesma. É a aplicação da razão ao pensamento enquanto pensado. É ferramenta do pensamento enquanto estiver no campo das ideias. Não atua no Universo físico, apenas no pensamento.

O grande inimigo da construção é construído no pensamento, e é lá que deve aportar a sagacidade da lógica da espada para matar raciocínios tortos e que conduzem ao erro. É importante entender claramente o que o orador verbaliza e absorver corretamente as estruturas das palavras e frases e sua organização interna. Cabe ao maçom saber falar bem e interpretar corretamente o que fala, usando com galhardia a linguagem para expressar seu próprio pensamento e entender o que os outros realmente verbalizam.

Não só ouvir, mas dar sentido lógico e aplicabilidade prática ou sensível. Deve ir além das palavras e descobrir falhas de raciocínio. Andar armado com a espada é necessidade em qualquer ambiente onde se reúnem homens. Todos têm interesses: uns bons, outros não! Que valor tem elogios ditos de forma a apenas fazer coceiras nos ouvidos dos ouvintes? Não é ofensa discordar! Desonesto é elogiar quando existe erro em algum raciocínio.

Desgraçada é a construção cujo alicerce é minado pela adulação e falsidade. É cada um em si quem permite que os outros o atinjam com suas armadilhas, com seus pensamentos errados, e isto dura até o momento em que se aplica a fria espada da lógica para derrubar pensamentos tortos. E onde está a lógica na composição da espada? Ela está no fio. Quanto mais aguçada a lógica, com mais facilidade ela corta os raciocínios errados e o derruba inimigo da construção.

A espada que é usada na construção tem mais uma propriedade: a psicologia, capacidade inata ou aprendida para lidar com outras pessoas e consigo mesmo, levando em conta suas características psicológicas.

Convém armar-se da espada que percebe a origem do pensamento expresso e qualificá-lo quanto ao tipo a que pertence. Qual linha ideológica defende. A lógica é dependente da psicologia, daí sua importância. A psicologia permite conhecer o processo de pensamento do homem, senão como saber onde atingir os pontos vitais do inimigo?

Conhecer bem o homem e os pontos fracos e fortes do seu pensamento é importantíssimo na luta para defender o pátio de obras de construção ou reconstrução de templos. É aprender a reconhecer onde se é mais vulnerável, onde as muralhas são mais frágeis e que eventualmente permitirão um ataque surpresa de vícios e paixões.

A psicologia é a essência do "conhece-te a ti mesmo". Sem conhecer a maneira como o homem pensa e sente é apenas luta inglória e o templo pode vir abaixo a qualquer sopro de contrariedades. Se a lógica é o fio da espada, a psicologia é a sua estrutura, o seu desenho é o que lhe dá forma.

Podemos associar fé à psicologia, que endurece o metal de que é feita. Fé é a crença no não visto. Acreditar na existência daquilo que o maçom representa apenas por um conceito, ao qual denomina Grande Arquiteto do Universo, é um ato de fé. É aceitar, mesmo sem ver, a manifestação de uma mente lógica que apenas cria as leis que dão vida. Este ato de fé é resultado da atuação de lógica e psicologia.

A esperança dá sentido e razão do porque lutar para defender o templo interno, aponta a direção para a espada atingir os pontos vitais do inimigo. É a certeza que o Criador não o colocou nesta bela nave espacial sem um propósito definido. Para alguns é indiferente viver em virtude da existência do mal, mas a maldade é criação do livre arbítrio da criatura e não do Criador. A intenção do Arquiteto é simples: felicidade.

Uma espada bem afiada, dura, bem desenhada, manejada com habilidade carece de mais uma característica: a gnosiologia; teoria geral do conhecimento humano, voltada para a reflexão em torno da origem, natureza e limites do ato de pensar; defende o pensamento quanto ao seu valor; estuda as relações entre as diversas verdades de um pensamento, entre o conhecimento e o objeto conhecido.

Em grosso modo é a psicologia e a lógica atuando juntas para construir pensamentos corretos, sem falha, onde a gnosiologia apenas os organiza e classifica. É o conhecimento resultante da interpretação correta do pensamento enquanto estiver na cabeça. É a organização de conhecimentos visíveis como visão, gosto, tato, e invisíveis, ou como fantasia, metafísica e outras.

Gnosiologia é necessária ao maçom para que esteja estruturado com uma espada eficiente, treinada e organizada para defender a construção de seu templo interior. É a espada do conhecimento que espanta todo e qualquer inimigo que tenta destruir a bela construção moral que cada maçom deve ser na construção da sociedade humana. É o motivo de o maçom estudar em sua loja os mais diversos assuntos do pensamento, guardando-os para aplicação em sua vida.

O resultado de todo conhecimento é ordenado e organizado pela gnosiologia. Ela é a espada toda. Está em todos os detalhes, de como este são belos, ordenados e prontos para o uso. Uma arma desprovida de treinamento, organização e método são o mesmo que possuir um revólver sem saber usá-lo, vem o meliante e leva tudo, inclusive a arma.

O maçom que prima pela reconstrução constante de seu interior, de seu templo vivo, usa a trolha numa das mãos e empunha a espada na outra, e em virtude desta condição de permanente alerta é bem sucedido na vida, progride material e emocionalmente - apesar das dificuldades, é feliz.

Aprende a suportar a visão do ser e do que há de mais luminoso do ser, visão equilibrada que passa a interpretar como o bem. Só usa da espada para matar os inimigos que tentam bloquear o caminho para a luz, para intimidar e afastar os que tentam interferir na sua permanente reconstrução, razão da sabedoria, manifestação da felicidade.

O sumo do bem é encontrar a felicidade. Está consciente que é pelo valor, perseverança e firmeza com que trata seus assuntos internos que dependem seu sucesso na sociedade e constantes momentos de felicidade. Com este repetido trabalho de reconstrução do templo interno obtém a vitória da liberdade como consequência da coragem e da perseverança.

Está consciente que o caminho da luz é resultado da repetição que conduz ao hábito, pois quem tem por hábito repetir práticas virtuosas certamente encontra a felicidade. Trabalha para construir um ambiente de paz e harmonia onde possa crescer junto com seus irmãos e cidadãos do mundo, sempre alerta contra os ataques, os quais são repelidos com coragem e firmeza.

O ambiente que ele constrói internamente reflete-se ao seu redor, contamina aos que lhe são próximos. Surge o ambiente fraterno onde as pessoas tratam-se como irmãos, onde se reúnem diversos templos vivos semelhantes que têm profundo amor entre si, e como consequência, lá naquele local sagrado se manifesta aquilo que o maçom define pelo conceito de Grande Arquiteto do Universo.



Denilson Forato

O LUGAR DO APRENDIZ



O local onde uma Loja maçônica se reúne é pelos maçons designado de Templo. Dentro do Templo, e no decorrer de uma reunião de Loja, tudo existe segundo uma ordem determinada e todos têm assento em locais definidos.

O sentido de ordem, a segurança que psicologicamente é transmitida a quem se encontra num local ordenado, onde tudo e todos estão no seu lugar, ajudam à criação de uma atmosfera de confiança, descontração e concentração que é preciosa, quer para o bom desenrolar da sessão, quer para o conforto de todos, quer para a predisposição para atender aos assuntos do espírito, deixando-se efetivamente os metais à porta do Templo.

Como todos os outros obreiros, o Aprendiz tem o seu lugar determinado. Ou, melhor dizendo, uma zona da sala destinada a que ele ali se coloque e assista a tudo o que se passa. Esse lugar, essa zona, situa-se nas cadeiras traseiras do lado Norte da sala.

O lado Norte aqui em causa é, como quase tudo em Maçonaria, simbólico. Pode, portanto, corresponder ou não ao Norte geográfico. Normalmente, as salas onde decorrem as reuniões de Lojas têm a forma retangular, com a entrada colocada num dos lados menores. E quando não tem essa forma, utilizam-se os adereços necessários para que o local onde decorra a reunião tenha essa disposição.

O lado onde se situa a entrada é, por convenção, designado de Ocidente. Logo, o lado oposto, onde se coloca a Cadeira de Salomão, é o Oriente. A generalidade dos obreiros toma assento nos lados direito e esquerdo da entrada. Convencionado que está que a entrada se situa no Ocidente, o lado direito de quem entra é, portanto, o Sul e o lado esquerdo de quem entra é o Norte.

Portanto, o Aprendiz toma assento na segunda fila do lado esquerdo de quem entra. Como sempre, esta disposição tem um significado simbólico. Para ser entendido, há que ter presente que a Maçonaria nasceu no hemisfério Norte. Neste hemisfério, o que está situado a Norte é menos ensolarado, menos iluminado.

Em termos de Maçonaria, o Aprendiz ainda está na fase de transição da vida profana para a vivência maçônica. Está em processo de aprendizagem dos símbolos, dos princípios, da vivência, da Maçonaria. Está no início do percurso que todos os maçons procuram fazer, do seu aperfeiçoamento, da busca do Conhecimento do significado da Vida e da Morte, da Criação, do Universo, do Material e do Imaterial. 

Está como os maçons dizem, no início do caminho para a Luz. O Sol nasce a Oriente. Simbolicamente a Luz que o maçom busca encontra-se a Oriente. Daí que seja no lado que simboliza o Oriente que se encontra a Cadeira de Salomão, onde toma assento o Venerável Mestre, que conduz a Loja e os seus Obreiros na busca, individual e coletiva, do aperfeiçoamento e do Conhecimento, na busca da Luz.

O Conhecimento, para quem não está preparado, pode ser nefasto, pode ser incompreendido ou mal compreendido e, logo, recusado, afastado, distorcido. 

Portanto, o acesso à Luz deve ser gradual, em função da capacidade, da preparação, do Caminhante. Consequentemente, aquele que está ainda menos preparado, aquele que está ainda na fase inicial da sua Jornada, deve ser protegido do excesso de Luz, para que nele se não torne nefasto o que deve ser benfazejo. Assim, deve tomar assento na zona mais protegida da Luz, ou seja, no Norte.

Quanto ao fato de tomar assento nas cadeiras traseiras, e não na primeira fila, tal deve-se, quer ao fato de, quanto mais ao Norte estiver, mais protegido estar da Luz em excesso, quer, muito mais prosaicamente, ao fato de o Aprendiz ainda ter uma reduzida intervenção nos trabalhos e ser conveniente deixar a primeira fila ser ocupada por quem pode intervir ou necessita de circular pela sala...

Esta regra só tem uma exceção: no dia da Iniciação, finda a respectiva cerimônia, o novel Aprendiz toma assento, até ao final da sessão (e só nessa sessão), na primeira fila do Norte. Também por uma razão muito prática: não faz sentido ser colocado mais atrás, porventura obrigando outros obreiros a desviarem-se para lhe dar passagem, para o que resta da sessão.

Dá muito mais jeito manter reservado um lugar na primeira fila que, há seu tempo, será então ocupado pelo recém iniciado. Afinal, depois do turbilhão de emoções que constitui a Iniciação, sabe bem sentar-se pertinho, pertinho, no primeiro lugar disponível e facilmente acessível...

A partir da sessão seguinte, e durante todo o tempo em que for Aprendiz, tomará, então assento na zona que lhe está destinada, os assentos traseiros do lado Norte. 

Protegido na sua zona, subtraído a movimentações, o Aprendiz está sossegado, em plenas condições de se concentrar, de tudo observar, de tudo apreender. Em Maçonaria, o Aprendiz é um Homem do Norte...

Rui Bandeira

Do Blog A Partir Pedra

O FOGO SEGUNDO A DOUTRINA SECRETA


O fogo não é um elemento, e, sim, um princípio divino. A chama física é o veículo objetivo do espírito supremo.

Os elementais do fogo são os de maior categoria. Todas as coisas desse mundo têm a sua aura e o seu espírito. O granito não arde porque sua aura é ígnea.

Os elementais do Fogo carecem de consciência física, porque são muito elevados e refletem a natureza humana. O éter é fogo. A parte ínfima do éter é a chama que fere nossa vista.

O fogo é a presença subjetiva da Divindade no universo. O fogo universal, em diferentes condições, converte-se em água, ar e terra. É o “Kriyashakti” de todas as formas de vida. Dá calor, luz, vida e morte. É o próprio sangue em todas as suas diversas manifestações, é o fogo essencialmente uno.

No fogo, sintetizam-se os Sete Cosmocratores. Na mais grosseira modalidade de sua essência, o fogo é a primeira forma e reflete as formas inferiores dos primeiros seres objetivos do universo. Os elementais do fogo são os primeiros pensamentos caóticos divinos.

Na terra, eles tomam a forma de salamandras ou elementais inferiores do fogo, que revoluteiam nas chamas. No ar, existem milhões de seres vivos e conscientes, que se apoderam de nossos emitidos pensamentos, também, ali existentes.

Os elementais do fogo estão relacionados com o sentido da vista e absorvem os elementais dos demais sentidos. Assim, só com o sentido da vista, podemos ouvir cheirar e saborear, posto que todos os sentidos sintetizam-se no da vista. Segundo Simão, o Mago, toda a criação culmina no fogo. Este era para Ele, como para nós, o princípio universal, a infinita potência emanada da oculta Potencialidade.

O fogo era a primitiva causa do manifestado mundo da existência e tinha duplo aspecto: manifesto e secreto. O aspecto secreto do fogo está oculto em seu aspecto objetivo, que, do primeiro, dimana. Para Simão, era inteligência tudo quanto se podia pensar e tudo aquilo sobre que se podia atuar. O fogo continha o todo. E como todas as partes do fogo eram dotadas de inteligência e de razão, eram suscetíveis de desenvolvimento por emanação e extensão.

Essa é, precisamente, a nossa doutrina do Logos manifestado, e as partes, primordialmente, emanadas são os nossos “Dhyan Chohans”, os “Filhos da Chama e do Fogo” ou os Eões Superiores. Esse fogo é o símbolo do ativo e vivente aspecto da Natureza Divina. Nele, subjaz a “infinita potencialidade na Potencialidade”, que Simão chamava “o que existiu, existe e existirá”, ou a estabilidade permanente e a imutabilidade personificada.

Da Potência Mental, a Divina Ideação se tornava concreta em ação. Donde as séries de emanações primordiais do pensamento engendram o ato, cuja mãe é o aspecto objetivo do fogo, e cujo pai é o aspecto oculto. Simão denominava “sicigias” (unidades pares) tais emanações, porque emanavam de duas em duas, uma como Adão ativo e outra como Adão passivo. Assim, emanaram três pares (seis Eões no total, que, com o Fogo, eram sete), aos quais Ele nominou: “Mente e Pensamento; Voz e Nome; Razão e Reflexão”, sendo o primeiro de cada par masculino, e o segundo feminino.

O direto resultado desse poder é produzir emanações, possuir o Dom de “Kriyashakti”, cujo efeito depende de nossa própria ação. Portanto, esse poder é inerente ao homem, como o é aos Eões Primordiais e, também, às secundárias emanações, posto que, tanto eles como o homem, procedem do único e primordial princípio da Potência infinita.

No “Philosophumena”, Simão compara os Eôes com a Árvore da Vida. E, na “Revelação”, disse: “Escreveu-se que há duas ramificações dos Eões universais que não têm princípio nem fim, como diamantes ambas da mesma raiz, a Invisível e Incompreensível Potencialidade, cujo nome é Sigê (o Silêncio). Uma dessas séries de Eões procede de cima.

É a Grande Potência, a Mente Universal (Ideação Divina ou “Mahat” dos hindus). É masculina e regula todas as coisas. A outra procede de baixo. É o grande Pensamento Manifestado, o Eão Feminino, gerador de todas as coisas.

“Ambas se correspondem mutuamente, acoplam-se e se manifestam à meia distância (a esfera ou plano intermediário) no Ar Incoercível, que não tem princípio nem fim”.

Este Ar Feminino é o nosso éter, é a luz astral dos cabalistas; portanto, corresponde ao Segundo Mundo de Simão, nascido do Fogo, ou o princípio de todas as coisas.

Nós o chamamos de Vida Una a Onipresente, a Infinita, a Inteligente e Divina Chama.


Hernani M. Portela

POR QUE MASMORRAS E NÃO GUILHOTINAS?


Quando entramos para a Maçonaria é comum sermos questionados sobre o que fazemos nas Lojas. Aprendemos sobre isso nos rituais: Levantamos templos à virtude e cavamos masmorras ao vício. Infelizmente não podemos explicar dessa forma porque o entendimento depende da experiência vivenciada dentro das Lojas.

Assim como tudo que se encontra na Maçonaria, essa expressão também é rica de significados, por mais simples que possa parecer, e se conecta harmonicamente ao sistema de símbolos que ilustram nossos trabalhos.

A começar pela Iniciação: é-nos revelado o conceito de vício e virtude. O primeiro, em especial, entende-se ser “um hábito desgraçado”.

Segundo dicionário online de português, o significado de hábito é: Mania; ação que se repete com frequência e regularidade; comportamento que alguém aprende e repete frequentemente; Costume; maneira de se comportar; modo regular e usual de ser, de sentir ou de realizar algo; Prática repetida que se torna conhecimento ou experiência.

Ora… se temos um hábito ou costume de fazermos ou nos comportarmos de forma que nos prejudique ou prejudique a outrem, a curto ou longo prazo, entende-se ser um hábito ruim, um hábito desgraçado, um vício.

O exercício de olhar para si mesmo não é natural. Nossos olhos só têm acesso a nós mesmos quando olhamos no espelho; nossos ouvidos não escutam nossa voz da mesma forma como ela é proferida; os nossos sentidos nos proporcionam o reconhecimento do mundo à nossa volta, e não do nosso interior. Fisiologicamente somos constituídos para interagir com o externo; para trabalhar o interno é necessário um “aprendizado”.

E qual é a grande missão do Aprendiz? É conhecer a si mesmo. É saber (ou reconhecer) seus defeitos, suas forças, seus medos, seu potencial; para que essa consciência lhe sirva de base para tomar uma atitude (a Vontade é um atributo indispensável ao Maçom) quando se fizer reconhecer um “hábito desgraçado”, ou mesmo uma virtude que possa ser explorada.

Desbastar a Pedra Bruta é fazer esse exercício. Exige um trabalho de introspecção para identificar o gatilho destes hábitos. E quando descobrimos o que os dispara, podemos decidir o que fazer: seguir no hábito ou contê-lo.

E esta é a chave para o entendimento da expressão “Masmorras”. Desenvolver vícios é um atributo inerente à nossa constituição humana e material. Não é possível extingui-los, mas sim, contê-los, trancá-los nas masmorras do nosso mais profundo íntimo, para que não atuem em nossos comportamentos ou interfiram em nosso Ser.

Desbastar a Pedra Bruta é começar o caminho da espiritualização.

Autor: Leonardo Chaves Moreira

Leonardo é Mestre Maçom, membro da ARLS Águia das Alterosas, nº 197, jurisdicionada à Grande Loja Maçônica de Minas Gerais, do Oriente de Belo Horizonte.


SIMBOLISMO DAS ROMÃS


A importância da romã é milenar, aparece nos textos bíblicos, está associada às paixões e à fecundidade. Os gregos a consideravam como símbolo do amor e da fecundidade. A árvore da romã foi consagrada à deusa Afrodite, pois se acreditava em seus poderes afrodisíacos. Para os judeus, a romã é um símbolo religioso com profundo significado no ritual do ano novo.

Quando os judeus chegaram à terra prometida, após abandonarem o Egito, aqueles que foram enviados voltaram carregando romãs e outros frutos como amostras da fertilidade da terra prometida. Ela estava presente nos jardins do Rei Salomão. Foi cultivada na antiguidade pelos fenícios, gregos e egípcios. Em Roma, a romã era considerada nas cerimônias e nos cultos como símbolo de ordem, riqueza e fecundidade.

A bebida extraída da romã entrou para a história durante o reinado de Salomão, em Israel. Ele mandou esculpir a fruta no alto das colunas de seu templo, onde hoje se encontra o Muro das Lamentações, em Jerusalém. Era para lá que os judeus levavam as romãs e outros alimentos sagrados na Festa de Pentecostes. Há ainda a crença de que uma romã possui 613 sementes, o mesmo número de mandamentos escritos da “Torá“.

Entre os plebeus, a romã ganhou outros significados, como amor, união, casamento e fertilidade, todos relacionados à grande quantidade de sementes que a fruta contém e à forma harmoniosa como elas se entrelaçam em sua polpa – na Grécia, por exemplo, era comum às mulheres consumirem romã em eventos religiosos para evocar a fertilidade.

A relação das Romãs com a Ordem Maçônica está na adoção, pela Ordem, do Templo de Salomão como modelo de seus Templos. Na busca de uma definição simbólica e perfeita para o Templo que cada um de nós tem em si próprio, a Bíblia fornece aos Maçons o Templo de Salomão, símbolo de alcance magnífico.

Todo o templo maçônico, incluindo o soalho, as paredes e o teto, é contemplado no Painel, tendo em sua composição duas colunas, sobre as quais estão plantadas Romãs.

Na maçonaria as romãs são mostradas através de três romãs entreabertas, no topo das colunas J e B. As “romãs da amizade” representam a prosperidade e a solidariedade da família maçônica. Ela é também vista como a unidade que existe entre todos os maçons do universo, da mesma forma que suas sementes, sempre juntas e proporcionando uma acomodação ímpar, acolhendo a todos. Sua simbologia é muito semelhante à Corda de Oitenta e Um Nós.

O grande número de grãos que a romã possui e sua propriedade afrodisíaca, fez com que a mesma fosse considerada, na simbologia popular, como sendo a representante da fecundidade e da riqueza. Este, talvez, seja o significado mais correto para as Romãs colocadas sobre as colunas de Salomão. No entanto, também, são simbolizadas como sendo a força impulsionadora para o trabalho e dispêndio de energia.

Na Maçonaria, os grãos da Romã, mergulhados na sua polpa transparente, simbolizam os maçons unidos com a energia e a força necessárias para realizarem o trabalho. Os grãos da romã simbolizam a união dos maçons em seus vários aspectos: o fisiológico, porque cada grão possui "carne", "sangue" (o suco) e "ossos", (as sementes).

Os grãos crescem unidos de tal forma que perdem o formato natural, que seria redondo; espremidos uns aos outros, são semelhantes a polígonos geométricos, com várias facetas; são lustrosos e belos, lembrando os favos de uma colmeia de abelhas; as abelhas trabalham sem descanso e assim lutam os maçons.

A Romã expressa, na sua coloração, a realidade. A coroa de triângulos ou coroa da virtude, do sacrifício, da ciência, da fraternidade, do amor ao próximo, está colocada numa extremidade da esfera. Simboliza o coroamento da obra da Arte Real. A flor rubra representa a chama do entusiasmo que conduz o aprendiz ao seu destino, iluminando a sua jornada.

As cores da Romã simbolizam: o verde, o reino vegetal; a amarela, o reino mineral; e a vermelha, o reino animal. As membranas brancas, que não constituem cor, mas a mistura de todas as cores como as obtidas quando o raio transpassa o cristal formando o arco-íris, simboliza a paz e o amor fraterno.

Em suma, a romã simboliza a própria Loja.

A romã é um dos símbolos mais autênticos e tradicionais da nossa Ordem. Nos nossos templos em que Colunas simbolicamente unem a terra com o céu, onde, ostentam as frutas da união - como uma dádiva, como favos de mel das abelhas, cheias de pureza e de beleza, sadias e como uma das mais perfeitas criações da natureza.

Cada romã passou a ser a representação de uma Loja e de sua universalidade. Suas sementes, como vimos, representam os Irmãos unidos pelo que é bom, pelo que é sábio, pelo que tem força e beleza, e pelo ideal comum.

A principal lição que devemos levar sobre as romãs está na forma como as sementes mantêm-se unidas "ombro a ombro". Apesar de seus formatos e tamanhos diferentes, as sementes se apoiam em perfeita união. São inúmeras e, como nós, espalham-se pelo planeta.

Cada Maçom deve zelar para que a árvore da Maçonaria venha a produzir frutos não afetados por pragas e doenças, e a união deve reinar em nosso meio em prol do bem comum.

A/D


A FORÇA DO AVENTAL DE APRENDIZ


Começo esta manhã transbordado de emoção.

Hoje, ao revirar minhas gavetas, descobri algo que parecia estar no varal do tempo.

Tive necessidade de limpar meu armário. Digo meu armário, pois nele só eu mexo. Lá, depois de tentar encontrar o que desejava, minha paciência parecia estar se esgotando.

Resmunguei muito. Quis brigar com o mundo, por não ver o que tanto queria.

De repente minha mão toca naquilo que eu não procurava, mas ali estava para me voltar à razão.

O varal do tempo me entregava a calma, a paz, a tranquilidade.

Faz tanto tempo, mas parecia que foi ontem que eu o recebi.

O meu Avental de Aprendiz, minha maior relíquia, meu maior troféu ganho em toda a minha vida, me esperava.

Esqueci-me do que procurava. Com cuidado do mesmo Aprendiz que viu as espadas cintilando pela primeira vez ou a minha emoção de ver a luz como o verdadeiro Maçom segurou-o.

Ah! Meu avental...!

Quanta saudade ao recebê-lo tão branco, tão puro.

Hoje, não está mais tão branco, mas continua puro, pois o meu trabalho na Pedra Bruta não foi em vão.

Ah! Meu Avental!

Dizer que tive vontade de lavá-lo, para continuar sempre alvo, demonstrando todo o meu orgulho, todo erro.

Ah! Meu Avental!

Quantas vezes eu acariciei como a um filho nas minhas aflições antes das reuniões.

Há quanto tempo você estava esquecido nesse armário.

Há quanto tempo não nos víamos não nos tínhamos um ao outro.

Ah! Meu Avental de Aprendiz!

Hoje nosso reencontro tem, com certeza, uma lição para mim.

Sei que não devo olvidar quão importante foi meu inicio.

Sei também que nosso encontro é para lembrar que devo sempre voltar e rever os ensinamentos, para que o orgulho e a vaidade não se apoderam de mim me mostrando o outro que não sou.

O avental de Aprendiz não pode ter o pó dos vícios, da ganância, da maldade.

O avental do Aprendiz é a satisfação da conquista, não o orgulho do poder.

Ao tocar o meu avental, volto a aprender ser humilde, a não deixar de lado tudo aquilo que foi tão caro, tão bom.

Quanta saudade, meu avental!

O tempo foi passando e eu aqui admirando o meu avental de Aprendiz.

Abro a gaveta para, novamente, colocá-lo no varal do tempo, mas minhas mãos teimam em tê-lo comigo.

Que fazer?

Já nem sei mais o que procurava no armário, mas com certeza, encontrei o que tanto precisava.

Eu precisava de paz, de um novo encontro comigo mesmo.

Eis a minha paz tão procurada, tão desejada, o meu avental de Aprendiz.

Aos poucos fui colocando o avental na gaveta e à medida que ele ia sumindo das minhas mãos, meus olhos deixavam cair lágrimas de saudade.

Meu coração disparava, minhas forças sumiam.

Quanta saudade, meu avental de Aprendiz.

A/D



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