Quando entramos
para a Maçonaria é comum sermos questionados sobre o que fazemos nas Lojas.
Aprendemos sobre isso nos rituais: Levantamos templos à virtude e cavamos
masmorras ao vício. Infelizmente não podemos explicar dessa forma porque o
entendimento depende da experiência vivenciada dentro das Lojas.
Assim como tudo que
se encontra na Maçonaria, essa expressão também é rica de significados, por
mais simples que possa parecer, e se conecta harmonicamente ao sistema de
símbolos que ilustram nossos trabalhos.
A começar pela
Iniciação: é-nos revelado o conceito de vício e virtude. O primeiro, em
especial, entende-se ser “um hábito desgraçado”.
Segundo dicionário
online de português, o significado de hábito é: Mania; ação que se
repete com frequência e regularidade; comportamento que alguém aprende e repete
frequentemente; Costume; maneira de
se comportar; modo regular e usual de ser, de sentir ou de realizar algo; Prática repetida
que se torna conhecimento ou experiência.
Ora… se temos um
hábito ou costume de fazermos ou nos comportarmos de forma que nos
prejudique ou prejudique a outrem, a curto ou longo prazo, entende-se ser um
hábito ruim, um hábito desgraçado, um vício.
O exercício de
olhar para si mesmo não é natural. Nossos olhos só têm acesso a nós mesmos
quando olhamos no espelho; nossos ouvidos não escutam nossa voz da mesma forma
como ela é proferida; os nossos sentidos nos proporcionam o reconhecimento do
mundo à nossa volta, e não do nosso interior. Fisiologicamente somos
constituídos para interagir com o externo; para trabalhar o interno é
necessário um “aprendizado”.
E qual é a grande
missão do Aprendiz? É conhecer a si mesmo. É saber (ou reconhecer) seus
defeitos, suas forças, seus medos, seu potencial; para que essa consciência lhe
sirva de base para tomar uma atitude (a Vontade é um atributo indispensável ao
Maçom) quando se fizer reconhecer um “hábito desgraçado”, ou mesmo uma virtude
que possa ser explorada.
Desbastar a Pedra
Bruta é fazer esse exercício. Exige um trabalho de introspecção para
identificar o gatilho destes hábitos. E quando descobrimos o que os dispara,
podemos decidir o que fazer: seguir no hábito ou contê-lo.
E esta é a chave
para o entendimento da expressão “Masmorras”. Desenvolver vícios é um atributo
inerente à nossa constituição humana e material. Não é possível extingui-los,
mas sim, contê-los, trancá-los nas masmorras do nosso mais profundo íntimo,
para que não atuem em nossos comportamentos ou interfiram em nosso Ser.
Desbastar a Pedra
Bruta é começar o caminho da espiritualização.
Autor: Leonardo
Chaves Moreira
Leonardo é Mestre
Maçom, membro da ARLS Águia das Alterosas, nº 197, jurisdicionada à Grande Loja
Maçônica de Minas Gerais, do Oriente de Belo Horizonte.
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