O RAMO DE ACÁCIA


Quem me conhece sabe que não sou dado a grandes explicações simbólicas, nem tão pouco tenho seguido a via do esoterismo.

Acredito que as coisas têm um fundamento e que esse fundamento poderá ser encontrado na História, nos Usos e Costumes, ou em Livros Sagrados.

O que fazemos com as coisas pode derivar da interpretação dada, tenha ela sido a mais correta ou não, ou simplesmente diferente.

Hoje decidi pegar na Acácia.

A Maçonaria elegeu como um dos seus símbolos a Acácia, outros, e apenas a título de exemplo, são o Esquadro e o Compasso.

Por que a Acácia e não o Cedro? Sabemos pela tradição e pela História que estas madeiras foram usadas no Templo de Salomão, base simbólica da Maçonaria Especulativa tal como a conhecemos atualmente.

Aliás, o Cedro é muito mais mencionado como material de construção do Templo que a Acácia, mas não é utilizado na simbologia Maçônica.

E a Acácia, ou mais propriamente o Ramo de Acácia (Inglês: Sprig; Francês: Rameau) passou a ser claramente um símbolo.

As primeiras referências à Acácia aparecem no Antigo Testamento no Livro do Êxodo. Aqui Deus determina que seja esta a madeira e não outra a que será utilizada para a construção da Arca a Aliança onde estão depositadas as Tábuas da Lei, bem como para a construção da mesa Para os Pães da Preposição e outros objetos de culto utilizados naquele que foi na verdade o primeiro Templo.

Não um templo de pedra como o que o rei Salomão constrói (ou manda construir), mas um templo móvel que era erguido nos acampamentos do Povo Judeu.

A estrutura deste Templo Móvel é depois emulada por Salomão para a construção do Templo em Jerusalém, respeitando as proporções e os compartimentos. Nesse Templo foi depositada a Arca da Aliança e os demais objetos de culto.

Ora o Templo era revestido a cedro, mas os Objetos de Culto em Acácia.

O termo hebraico é Shittah e pensa-se que referencia a espécie de Acácia hoje conhecida por Nilotica ou Seyal. Sendo que na região também existem a Albida, Tortilis e Iraqensis.

Mas esta referência é à madeira de Acácia. Todavia como já disse antes o Símbolo é o Ramo de Acácia.

E as referencias ao Ramo de Acácia aparecem também relacionadas com os Hebreus, mas não com o Templo.

De entre as tribos do Povo Judeu uma originou a linhagem dos Sacerdotes. Primeiro no Templo móvel e depois no Templo de Jerusalém. Ora por uma questão religiosa estes Sacerdotes não podiam aproximar-se de cadáveres humanos e por consequência das respectivas campas.

Na altura os cemitérios não estavam tão organizados como atualmente e os defuntos eram inumados nos terrenos fora das cidades, mas muitas vezes sem critérios de localização. Ora isto representava um problema para os Sacerdotes, pois para cumprirem os preceitos religiosos tinham que saber onde estavam essas campas.

Como sabemos a Acácia é considerada em muitos sítios uma praga, pois precisa de poucos recursos para viver e em caso de incêndio é a primeira planta a aparecer, não deixando que as espécies autóctones voltem e assim causando desequilíbrios ambientais.

Esta característica seguramente levou a que as campas passassem a ser marcadas com um Ramo de Acácia para assim serem facilmente reconhecidas pelos Sacerdotes.

Daqui à Lenda de Hiram é um passo, pois a lenda situa no espaço e no tempo a estória da morte de Hiram, espaço e tempo que são os que acabo de referir, Jerusalém na época da construção do templo.

Na Lenda Hiram é assassinado e o seu cadáver enterrado fora da cidade para encobrir o crime. Todavia a regra mandava marcar a sepultura com um Ramo de Acácia.

Temos aqui a ligação.

Hoje o ramo de acácia continua a ser usado como símbolo, sendo que e tanto quanto consegui perceber é o Ramo da Acácia Nilotica ou Seyal, ou eventualmente o da Acácia Robinia.

Ficam aqui as imagens de cada um deles e cada um de vós que tire as conclusões.


José Ruah

QUEM FOI HIRAM ABIFF?



A maçonaria é uma entidade filosófica, com grande envolvimento com a cultura e que se comunica com os seus membros, preferencialmente por intermédio de símbolos.

Não se sabe ao certo qual é a sua origem; muitos historiadores querem localizá-la há milhares de anos, nos tempos pré-bíblicos, existindo muitas informações e também lendas a este respeito, algumas dignas de fé, outras nem tanto.

É importante frisar que toda e qualquer discussão a respeito da Ordem Maçônica sempre envolverá aspectos atinentes ao rico e complexo simbolismo das suas movimentações, normalmente hermético para o não iniciado na Instituição, o que leva a especulações.

O nome Hiram Abiff é um destes nossos símbolos, cujos feitos tornaram-se uma lenda (transmissão de eventos históricos por via oral), como está registrado na Bíblia Sagrada , ou seja, sua ligação com a construção do Templo de Salomão e a sua morte em condições trágicas.

Tentarei esmiuçar estes relatos; neste texto, pela limitação do espaço que é gentilmente concedido pela direção do jornal DM, irei me ater, somente, à figura do homem Hiram e na próxima semana tecerei considerações a respeito dos seus feitos, principalmente a sua participação na construção do Templo de Salomão e a causa da tragédia da sua morte.

Antes de tudo preciso deixar bem claro que os leitores iniciados na Ordem Maçônica, tangidos pelo coração, sabem quem foi e o que representa a legenda Hiram.

A busca da sua identidade material, que timidamente nos propomos a fazer, transcende este impacto inicial e leva-nos à procura de fatos históricos reportados no velho Testamento. Inicialmente vamos verificar o que a Bíblia diz a respeito deste personagem, conforme é do conhecimento de todos os maçons, acrescentando o relato feito pelo Pastor da Igreja Anglicana da Inglaterra, J.S.M. Ward, no seu livro "Who was Hiram Abiff? - Quem foi Hiram Abiff?" publicado em 1925 em Londres e posteriormente reeditado pela London Lewis Masonic em 1986, que baseou suas pesquisas na Palestina, quando comparou os relatos bíblicos com relatos profanos e, principalmente, estudou as raças que habitavam a Síria e a Ásia Menor na época da construção do Templo de Salomão.

Dentre outras publicações, foram consultados três outros importantes livros The History of Freemasonry - A História da maçonaria, de Albert Mackey, publicado pela primeira vez em 1881 e reeditado em 1996 por Random House Value Publishing, N.York; (The Secrets of Solomon´s Temple - Os Segredos do Templo de Salomão, de Kevin L. Gest. Gloucester, USA, 2007) e o fabuloso (The Builders - Astory and study of freemasonry - Os Construtores, a História e o estudo da maçonaria, de Joseph Fort Newton, Virginia-USA, 1914. Está descrito na Bíblia, (2 Crônicas 2:13-14) que Salomão, pretendendo levar adiante a idéia de Davi, seu Pai, de construir um Templo em louvor ao nome do Senhor e um Palácio para sua morada, solicitou auxílio de Hiram, rei de Tiro.

Além da ajuda material (madeira de cedro, cipreste e pinho do Líbano) Salomão pediu, também, que lhe fosse enviado um "homem sábio", que provavelmente ele já sabia quem seria para comandar a construção. O Rei Hiram enviou-lhe um "comunicado", enaltecendo a sabedoria e a inteligência, do seu indicado, um seu homônimo, que era Hiram Abiff.

Ainda se lê em (2 Crônicas 2:13-14), que neste mesmo "comunicado" o rei Hiram faz uma descrição detalhada da capacidade laborativa de Hiram: "Trata-se de um homem que sabe trabalhar em ouro, em prata, bronze e ferro, pedra, madeira, púrpura, jacinto, linho, escarlate, laura, todo gênero de escultura e é capaz de inventar, engenhosamente, tudo o que seja necessário para qualquer trabalho e trabalhará com os teus artistas e com os artistas do teu Pai".

Em (I Reis) estão bem especificados os trabalhos desenvolvidos por Hiram no Templo; são enumeradas todas as obras por ele realizadas, com destaque para duas colunas de bronze, que depois de construídas, ele as denominou de Jaquim e Booz e estavam colocadas, respectivamente, à direita e à esquerda da entrada do Templo, representando Judá e Israel, os dois Reinos que foram unificados por David, pai de Salomão.

Existem duas versões Bíblicas para a origem deste Arquiteto Hiram Abiff; em (II Crônicas) esta escrito que ele era filho de uma tribo denominada Dan, enquanto que em (I Reis) ele é tido como filho de uma mulher viúva, originaria da tribo de Naftali.

Se consultarmos os tratados de arqueologia, iremos verificar que estas duas tribos, Dan e Naftali, estavam situadas nas redondezas de Tiro. Para dar mais veracidade a esta afirmativa, deve-se salientar que as duas versões Bíblicas afirmam que Hiram teria sido um homem que morava na cidade de Tiro.

Este relato é muito significativo porque Tiro era um dos centros de trabalho da região de Adonis, portanto um local de conglomerado populacional. Os testemunhos conflitantes acerca da identificação da tribo a que sua mãe pertencia, pode ser explicável pelo fato de que talvez ela não fosse uma judia propriamente dito, porém era oriunda de outra tribo de difícil localização nos mapas atuais. Aos olhos da maioria dos historiadores é interessante manter a afirmação de que o grande Arquiteto do Templo de Salomão tinha sangue judeu nas veias.

Dentro dos conhecimentos atuais, talvez devêssemos considerar que ela realmente pertencia a uma tribo denominada "Dan", senão vejamos: "Dan", naquela época, era dividida em duas sessões; uma de pequena dimensão que era separada da parte principal e estava localizada à direita da tribo de Naftali e entre os seus vizinhos fenícios, os habitantes dessa sessão seriam considerados como oriundos de uma tribo da fronteira, sem uma especificação correta, até pelas dificuldades topográficas e de localização.

É necessário salientar que a maioria das pessoas daquela época, nasciam e morriam em um mesmo lugar, sem nunca arriscar uma viagem mais longa e a comunicação era exclusivamente verbal. Por onde ela passou, justamente a tribo que os judeus mais conheciam, que era a tribo Fenícia, denominada de Nafftali, dá-nos a impressão de que a mãe de Hiram Abiff era viúva (Reis 1:7-13); baseado nestas observações, os maçons estão acostumados a se denominarem de "filhos da viúva", uma vez que consideramos Hiram Abiff nosso irmão.

Não há dúvida de que o pai de Hiram era um Fenício de quem aprendeu a profissão. Está claro que o maior número de trabalhadores que ele requisitou, quando foi chamado para construir o Templo de Salomão, são os Fenícios que ele conhecia. Definida a sua origem, podemos discutir o porquê do seu nome.

O nome Hiram Abiff ainda causa controvérsia entre os estudiosos da maçonaria e das escrituras sagradas; parece que Abiff não seria, propriamente, parte do seu nome, pois Ab em Hebreu significa (Pai), a letra (i) teria o significado de (meu) e (if) significa, também, (meu), portanto o nome Hiram Abif deveria ser traduzido por (Hiram, meu pai). 

É necessário acrescentar que entre os Hebreus a expressão (Pai) significava uma honraria, pessoa proeminente a ser assim nominado, podendo significar, também, (Hiram, meu conselheiro), como afirma o Dr. Mc Clintock (citado no livro "The History of Freemasonry".

É interessante salientar que em (I Reis), não é feita referência a este segundo nome de Hiram, sendo encontrado somente em (II Crônicas).


Na verdade, para a maçonaria, o nome Hiram é o representante abstrato da ideia de um homem trabalhando no Templo da humanidade, cavando masmorras ao vicio e construindo catedrais à virtude e contentamos em nominá-lo "O Arquiteto", o pedreiro que construiu o Templo de Salomão. 

O Ir.’. Hélio Moreira é membro da Academia Goiana de Letras, Academia Goiana de Medicina, Instituto Histórico e Geográfico de Goiás e do Conselho Federal da Ordem do Grande Oriente do Brasil

A IMPORTÂNCIA DO TEMPO DE ESTUDOS PARA O MAÇOM ESPECULATIVO


O objetivo deste trabalho é tentar revelar a importância do Tempo de Estudo em Loja, o qual pode servir como fonte de reflexão e de exercício das virtudes valorizadas pela sublime ordem. Ainda, procura causar, neste restrito tema, alguma inquietação que provoque nos leitores (ou ouvintes) o gosto pela especulação. Primeiramente, vamos retomar às origens da maçonaria especulativa e o que vem a ser esse termo:
A Maçonaria Especulativa, também chamada Maçonaria dos Aceitos, iniciou-­se por volta do ano de 1717 da era vulgar e perdura até os dias atuais. Os maçons que nos antecederam eram predominantemente operativos e dedicados à arte de construir, embora não negligenciassem os conceitos de fraternidade e guarda dos segredos da Arte Real (Audi, Vide, Tace). Os maçons aceitos levam esse nome, porque foram aceitos entre os maçons operativos, mesmo sem possuir a mesma profissão dos maçons ditos antigos, utiliza do simbolismo das ferramentas operativas como forma de desbastar a pedra bruta, que eternamente seremos, seja do ponto de vista moral, espiritual ou intelectual.

O outro termo utilizado para designar os maçons modernos merece uma definição vinda do dicionário, ou seja, o que é especulativo, que vem de especular:
§  Especulativa: faculdade de especular.
§  Faculdade: poder de efetuar uma ação física ou mental; capacidade.
§  Especular: estudar com atenção e minúcia sob o ponto de vista teórico. Meditar, raciocinar.
§   
Ser maçom especulativo significa ser observador, perceber os princípios morais subjacentes aos símbolos e aplicá-­los no desbaste da pedra bruta e na construção de relacionamentos humanos confiáveis, sinceros e leais. Isso é feito através do estudo e da observação, tentando apreender a melhor forma de construir uma harmoniosa e perfeita fraternidade. O que os maçons especulativos fazem ultrapassa os limites de suas Lojas. O maior trabalho de um maçom moderno é aplicar de maneira prática e correta a sabedoria moral que, se espera, venha adquirindo durante sua vida maçônica.
O maçom vai à Loja para especular, estudar e aprender e volta ao mundo para trabalhar e aplicar o que aprendeu. O maçom especulativo não é mais um construtor material como o eram os mestres maçons operativos. Ele será, antes de tudo, um homem moralmente sadio em busca da luz da verdade, dedicado à construção do edifício moral próprio.
Símbolo maior disso é o Painel de Aprendiz, o qual devemos ter marcado a ferro e fogo em nossa mente. Na mais bela representação, segundo minha visão, vê-se o Aprendiz, meio homem e meio pedra bruta, se lapidando com o uso do maço e do cinzel. 
Enquanto o Aprendiz segura o cinzel, instrumento de precisão que desbasta a pedra bate-lhe com o maço, que é o símbolo da força que sozinho não desbasta, apenas destrói. Nessa alegoria vemos a construção de si mesmo, lapidando-se em busca da utópica perfeição, cabível apenas ao G.’.A.’.D.’.U.’., mas a qual deve ser perseguida dos pontos de vista já citados (moral, espiritual ou intelectual).
Se o maçom moderno deve ir à Loja para especular, estudar e aprender creio que momento mais que oportuno seja o tempo de estudo, ou, ¼ de hora (15 minutos). Entretanto, uma reflexão sobre a nomenclatura é válida, pois o que temos é tempo de estudo e não tempo de leitura. Para entender melhor, vejamos as definições extraídas do dicionário:
§  Leitura: ação ou efeito de ler.
§  Estudo: trabalho ou aplicação da inteligência no sentido de aprender uma ciência ou arte. Aplicação, trabalho do espírito para empreender a apreciação ou análise de certa matéria ou assunto especial. Ciência ou saber adquiridos à custa desta aplicação. Investigação, pesquisa acerca de determinado assunto.

É notório que as possíveis definições de estudo coadunam justa e perfeitamente com o dever de um maçom especulativo, que é especular, estudar e aprender e voltar ao mundo para trabalhar e aplicar o que aprendeu. A especulação deve ocorrer logo após a apresentação do trabalho, momento esse muito rico no qual os irmãos podem contribuir para o enriquecimento do trabalho ou até mesmo propor questões para o irmão que trouxe o trabalho em Loja. 
Quando um irmão tece comentários a respeito do trabalho, é fato que enriquece o que foi exposto, mas também serve como forma de promover o exercício da oratória, que se bem feita, cria instantaneamente lideres, pelo simples fato de convencer mediante argumentos.
Fazendo um paralelo com o Quadro de Aprendiz, quando apenas lemos um trabalho e ninguém faz comentários, vamos embora crendo que a forma como estamos manuseando o maço e o cinzel é perfeita.
Por outro lado, as criticas e comentários nos impõem uma reflexão a respeito do manuseio e nos ajudam a apurar a arte do uso dessas ferramentas. Assim nos retiramos para o mundo profano com uma visão diferente daquela inicial quando da chegada na Loja.
Outro ponto sobre especulação a respeito do trabalho, que, creio eu, deva ser feita de forma quase que exaustiva, está no fato que essa prática vai de encontro à vaidade e ao encontro da temperança. 
A verdade é que quando alguém apresenta um trabalho em público, o que se espera são os aplausos e as palavras de agradecimento pelo belo trabalho exposto. Ninguém espera o contrário. Aqui vale a pena citar uma frase do escritor americano Norman Vincent Peale (1898­-1993):
“O mal de quase todos nós é que preferimos sermos arruinados pelos elogios a sermos salvos pelas críticas.”

O ser humano é vaidoso por natureza e, em geral, quando faz algo pelos outros, o faz não pela ação em si, mas na esperança de receber em troca o reconhecimento pela ação feita. A vaidade, segundo o dicionário, é o “desejo imoderado e infundado de merecer a admiração dos outros. Presunção mal fundada de si, do próprio mérito”. Acrescento: vício vil!
Sendo assim, esse momento de embate no tempo de estudos também é importante para ajudar a conter a vaidade e exercitar uma das quatro principais virtudes de um maçom: a temperança, a qual, segundo o dicionário é o “poder ou virtude pela qual o homem pode refrear os apetites desordenados”. “Parcimônia. Modéstia. Humildade”. Empregamos a temperança no tempo de estudos quando da forma como nos dirigirmos aos irmãos a respeito do assunto sendo especulado, o qual por sua vez, mesmo que a vaidade o instigue, deva usar a temperança para aplacá-­la e tratar o irmão como irmão.
Resumindo, creio eu ser o tempo de estudos momento único no qual o conhecimento trazido pode ser especulado e salutarmente debatido entre os irmãos, como forma de lapidar a pedra bruta do ponto de vista intelectual (conhecimento e reflexão) e moral (combate ao vício e estímulo às virtudes). Assim, faremos valer a resposta à indagação: “O que fazem em vossa Loja?”…”Levantam-­se templos às virtudes e cavam-­se masmorras aos vícios”.
Termino este trabalho a respeito da importância do estudo e da especulação com uma frase do escritor francês Bernard le Bovier de Fontenelle (1657–1757):
“É verdade que não podemos encontrar a pedra filosofal, mas é bom que ela seja procurada. Procurando-­a, encontramos muitos segredos que não procurávamos.”

Autor: Ivair Ximenes


MAÇONARIA OPERATIVA VERSUS ESPECULATIVA - RAGON X JORGE FERRO



Desde que Elias Ashmole e iniciados britânicos introduziram novos rituais na Ordem Maçônica, esta se difundiu seu esplendor pelos quatro cantos do globo com a rapidez de um raio. Sob a batuta do Reverendo James Anderson em 1717 foram sancionadas na Inglaterra as novas constituições, agora ditas especulativas em contrate com os regulamentos dos maçons operativos que ergueram as catedrais e monumentos que até os dias de hoje fascinam o expectador na Europa.

Foram eles também os construtores da vasta maioria das edificações públicas das capitais européias e os encarregados de sua reconstrução após catástrofes como os grandes terremotos de Londres e Lisboa e, bem mais recentemente, a Segunda Guerra Mundial, quando pequenos agrupamentos de “operativos” foram identificados e chamados aos trabalhos de “oficina”, pois só eles e somente eles - guardavam a sete chaves os segredos da geometria sagrada.

Estes mesmos “pedreiros livres” cujas origens remontam à Gália e às corporações do antigo Império Romano (quiçá às corporações de obreiros da Alta antiguidade e, com certeza, aos construtores da Índia durante os anos de magnificência de seus impérios). Na obra “La Masonería Operativa” de Jorge Francisco Ferro (Buenos Aires: Ed. Kier, 2008) é assinalada a presença na Índia da “Ordem de Vishwakarma” (literalmente, “O Grande Arquiteto do Universo”), composta por indivíduos da casta artesanal dos “Vaishas”.

Os mesmos grêmios artesanais existiam na Turquia, Bulgária, Servia (“Esnafs”). No império romano, sua matriz, eram os “Collegia Romani”, anteriores à era cristã, mais precisamente no reinado de Numa Pompilio (700 A.C.). Na Itália persistiram por décadas como os “Magistri Comacini”. Corporações similares se multiplicavam na Itália, na Inglaterra (York, Oxford, Londres) e Alemanha. Este foi o substrato humano e material que engendrou a maçonaria operativa.

Os ensinamentos e a importância dos operativos foi desprezado por muito tempo. Era como se homens superiores em conhecimento e sabedoria “especulativa e simbólica” não pudessem se misturar a pobres e ignorantes operários que grosseiramente viam uma pedra bruta como uma pedra bruta e o malhete e o cinzel como reles instrumentos de trabalho braçal. O incensado Ragon (deveras elogiado por Madame Blavatsty) insinua que a arte das catedrais é inferior à obra monumental de Milton (nada temos contra o Milton, mas, sim contra a arrogância de Ragon) e considera os “operativos” como ambiciosos e lacaios dos patrões.

Do alto dos seus elevados estudos maçônicos e com o tom unificador e universalista que lhe foi peculiar Ragon sentencia em sua “Ortodoxia Maçônica”:

 “(...) a Franco-Maçonaria nada tem a ver, pois, com o pacto dos maçons construtores”. Comentando alguns autores, aduz que:

 “(...) Aqui se vê que a questão não foi sobre a arte material de edificar cujos segredos se vulgarizaram, desde longo tempo, e que são bastante inúteis ao franco-maçom (pois a arte de construir não era sua profissão)”. 

“(...) De outro lado, os maçons de profissão compreenderão a linguagem dos maçons filósofos, tratando das altas ciências ou dos mistérios antigos dos quais provieram? Deixemos esses obreiros geometrizar e se instruir nas suas honoráveis corporações, cuja meta é fornecer habitações aos ricos, que lhe podem retribuir e consintamos que os franco-maçons trabalhem nas Lojas, com zelo e gratuitamente, para o aperfeiçoamento e a ventura da Humanidade, esclarecendo e melhorando os seres humanos, pobres e ricos, fracos e poderosos.

Uma é profissão material e compulsória, pois todo homem deve ter uma situação para viver. A outra é o oficio que requer devotamento freqüentemente oneroso e de uma abnegação voluntária.

Todas as duas são honradas, mas não comparáveis: quem ousaria, seriamente, colocar em termos de comparação o plano em que se encontra traçada a magnífica Igreja de São Paulo e o em que foi descrita a obra imortal de Milton - duas obras primas, sem duvida, que, entretanto, seria extravagante querer confrontá-las.

Quem impediria a Grande Loja da Inglaterra estabelecer s, pouco a pouco, aquele traço de demarcação. Era seu dever.

Tendo-o faltado, ela arremessou para os séculos, uma confusão que a dividiu e que não havia sido esclarecida, na França. Desde o começo, ela deveria ter abjurado a trivial denominação de “freemason” (mentirosa para os seus membros) e adotado (se o orgulho nacional o tivesse consentido) o nome Frances de franc-maçon, que não tem de comum com o outro senão a terminação.

“Então, a divisão ficaria transparente e cessaria a discussão”
O posicionamento de Ragon, felizmente, foi contrariado pela historiografia moderna. Com efeito:

“A antiguidade do ritual operativo se sustenta na própria evidência interna e em sua coerência, as quais constituem uma das principais provas de autenticidade possíveis, possuindo os critérios corretos de avaliação das mesmas.

Este ritual [dos operativos, N.T] possui referências ao culto às estrelas em relação direta com a estrela polar, ao culto ao Sol, expresso na saudação ao Sol Nascente, ao culto ao fogo escondido sobre os lugares elevados, por meio dos candelabros colocados sobre as três colunas da Loja, cada uma das quais representa um dos três montes sagrados: Moriah, Sinai e Tabor. Muitos destes elementos foram conservados primeiramente por meio da tradição oral, a qual, não se deve duvidar, existiu muito antes da história escrita, e este é principalmente o caso quando se tratava de segredos que não era legítimo colocar por escrito.

“Os mais antigos dos livros sagrados do mundo foram conservados por meio da tradição oral antes de serem escritos”.

 “O ritual operativo é mais arcaico em suas formas e mais completo que o ritual especulativo e contém instruções práticas das quais o ritual especulativo só conservou ecos distantes. Quase todos os ensinamentos especulativos podem ser rastreados nas cerimônias operativas, mas muitos dos ensinamentos operativos não possuem nenhum tipo de correspondência com o ritual especulativo.

“Deste modo, muitas das cerimônias especulativas podem ser explicadas a partir do ritual operativo, ao passo que nenhuma das cerimônias operativas pode explicada pelo ritual especulativo”.

Nos dia de hoje, rendemos tributo ao Senhor Ferro que não só reabilita os operativos como revela o esplendor de escola das escolas de pedreiros livres que antecederam as “landmarks” do Século das Luzes. Que esta contribuição não seja nunca mais olvidada e acresça ainda mais o patrimônio de todos nós, maçons.


A/D

O GRANDE MISTÉRIO MAÇÔNICO


Tentam os profanos, de todas as formas, desvendarem os segredos maçônicos. Utilizam sistemas e normas de eliminação, culminando sempre com uma parafernália de conclusões confusas, absurdas.

Nossa simbologia, a vista dos curiosos, torna-se incompreensível. De forma esotérica buscam respostas, os leigos, porem não as encontram. Interpelam IIr.’. que na maioria das vezes se utilizam o silencio, norma quase sagrada de nossa Instituição. A partir disso é difundida a Maçonaria com seita satânica, intrusa Ordem que ataca as varias religiões, um Clube congregando homens a se ajudarem mutuamente. Tudo se fala, tudo se interpela e, na maioria das vezes, em tudo se falha quando esbarram na Verdade Final.

Tentemos pois, IIr.’., decifrar-nos mesmo o que seria o nosso maior Mistério… Seria um mistério nos congregarmos e formar uma família universal? Poderia ser um mistério, nos igualarmos uns aos outros, independente, da casta social ou racial? Ou um mistério a nossa união em torno de um bem comum, não só para maçons, como também para profanos?

É um mistério nossa crença num ser Onipresente, Onisciente, Onipotente? É um mistério estendermos as mãos para os necessitados sem que ninguém visualize essa ação? Ou seria um mistério o despojar das vaidades com a busca incessante da Verdade?

Quantos mistérios, quantas interrogações… A Maçonaria, na essência, se reproduz por alegorias e símbolos. Na realidade terrena se apresenta fincada em ações e participações coletivas em prol da humanidade. Ela é justa com os justos, perfeita com os perfeitos, todavia não se descarta os ignorantes, os imperfeitos. Faz deles instrumentos para o seu desenvolvimento, estudando-os, auxiliando-os. Nossa confraria é uma Luz!

O ponto máximo da Maçonaria é o esclarecimento. Várias tentativas são feitas pela Ordem, desde os tempos mais remotos, com a finalidade de introduzir na Terra e seres humanos, o sentimento de aprendizado, disciplina e pesquisa. Nossa Confraria foi uma semente, tornou-se uma árvore e agora, apresenta seus frutos a todos os seres do Universo. Fruto do saber, com sabor de Verdade.

Qual seria então, na realidade, o nosso grande mistério? Estaria ele ligado às monumentais construções do passado? Poderia estar na língua dos filósofos do presente, e do passado? Estaria na força dos magos? Em páginas de livros?

Não! O Grande Mistério Maçônico está na simplicidade que se configura a palavra amor. O amor e respeito a tudo e a todos. Não creio na existência de um mistério maior que o amor… Reconhecemos a Ciência, se nela estiver contido um trabalho salutar. Aceitamos o esoterismo desde que, baseado na verdade. Reconhecemos todos os credos que tenham Deus por princípio, meio e fim.

Como uma Confraria pode se dirigir a tantos ideais e interesses, senão pela participação ativa junto à sociedade. Como uma Ordem, dita diabólica, procura no Universo o coração divino para o melhor entendimento das misérias humanas? Na realidade seria necessária a existência de algum mistério?

Não, pois não existe mistério algum, só o amor…

E o que é o amor?
  

Ir.'. Douglas Garcia Neto
Venerável Mestre
A.'.R.'.L.'.S.'. Madras GOB-SP/GOB


LIVRE E DE BONS COSTUMES



A partir do momento que alguém se torna Maçom, há de se conscientizar que haverá um caminho longo a percorrer. 

Pode-se dizer que é um caminho sem fim.  Ao longo dessa caminhada há bons e maus momentos.  Os bons deverão ser aproveitados como incentivo, e os maus não poderão ser motivo de esmorecimento e desistência da viagem iniciada. 

A linguagem, sempre empregada nas Lojas Maçônicas, diz que o Aprendiz Maçom é uma pedra bruta que deve talhar-se a si mesmo para se tornar uma pedra cúbica. 

É o início da sua jornada Maçônica.  O nutrimento elementar para a viagem é conhecido do Maçom desde  nossa primeira instrução recebida:   A régua de 24 polegadas, o maço e o cinzel. 

Com o progresso, o Maçom vai recebendo outros objetos, tais como o nível, o prumo, o esquadro, o compasso, a corda, o malhete e outros.  Os utensílios de trabalho, obviamente, são simbólicos. 

Todos os símbolos nos abrem as portas sob condição de não nos atermos apenas às definições morais.  E é com o manuseio dessas ferramentas que se começa a tomar consciência do valor iniciático da Maçonaria em nossa 3ª instrução. 

O espírito Maçônico ensina, aos seus adeptos, um comportamento original que não se encontra em nenhum outro grupo de homens.  Se isso não for absorvido, não será um bom Maçom, livre e de Bons costumes.

Livre e de Bons Costumes implica que, apesar de todo homem ser livre na real acepção da palavra, pode estar preso a entraves sociais que o privem de parte de sua liberdade e o tornem escravo de suas próprias paixões e preconceitos. Assim é desse jugo que se deve libertar, mas, só o fará se for de Bons Costumes, ou seja, se já possuir preceitos éticos (virtudes) bem fundamentados em sua personalidade.

O ideal dos homens livres e de bons costumes, que nossa sublime Ordem nos ensina, mostra que a finalidade da Maçonaria é, desde épocas mais remotas, dedicar-se ao aprimoramento espiritual e moral da Humanidade, pugnando pelos direitos dos homens e, pela Justiça, pregando o amor fraterno, procurando congregar esforços para uma maior e mais perfeita compreensão entre os homens, a fim de que se estabeleçam os laços indissolúveis de uma verdadeira fraternidade, sem distinção de raças nem de crenças, condição indispensável para que haja realmente paz e compreensão entre os povos.

Livre, palavra derivada do latim, em sentido amplo quer significar tudo o que se mostra isento de qualquer condição, constrangimento, subordinação, dependência, encargo ou restrição.

A qualidade ou condição de livre, assim atribuído a qualquer coisa, importa na liberdade de ação a respeito da mesma, sem qualquer oposição, que não se funde em restrição de ordem legal e, principalmente moral.

Em decorrência de ser livre, vem a liberdade, que é faculdade de se fazer ou não fazer o que se quer, de pensar como se entende, de ir e vir a qualquer parte, quando e como se queira, exercer qualquer atividade, tudo conforme a livre determinação da pessoa, quando não haja regra proibitiva para a prática do ato ou não se institua princípio restritivo ao exercício da atividade.

Bem verdade é que a maçonaria é uma escola de aperfeiçoamento moral, onde nós homens nos aprimoramos em benefício de nossos semelhantes, desenvolvendo qualidades que os possibilitam ser, cada vez mais, úteis à coletividade. Não nos esqueçamos, porém, que, de uma pedra impura jamais conseguiremos fazer um brilhante, por maior que sejam nossos esforços.   

O conceito maçônico de homem livre é diferente, é bem mais elevado do que o conceito jurídico. Para ser homem livre, não basta ter liberdade de locomoção, para ir aqui ou ali. Tem liberdade o homem que não é escravo de suas paixões, que não se deixa dominar pela torpeza dos seus instintos de fera humana.

Não é homem livre, não desfruta da verdadeira liberdade, quem está escravizado à vícios. Não é homem livre aquele que é dominado pelo jogo, que não consegue libertar-se de suas tentações. Não é homem livre, quem se enchafurda no vício, degrada-se, condena-se por si mesmo, sacrifica voluntariamente a sua liberdade, porque os seus baixos instintos se sobrepuseram às suas qualidades, anulando-as.

Maçom livre, é o que dispõe da necessária força moral para evitar todos os vícios que infamam, que desonram, que degradam. O supremo ideal de liberdade é livrar-se de todas as propensões para o mal, despojar-se de todas as tendências condenáveis, sair do caminho das sombras e seguir pela estrada que conduz à prática do bem, que aproxima o homem da perfeição intangível.

Sendo livre e por conseqüência, desfrutando de liberdade, o homem deve sempre pautar sua vida pelos preceitos dos bons costumes, que é expressão, também derivada do latim e usada para designar o complexo de regras e princípios impostos pela moral, os quais traçam a norma de conduta dos indivíduos em suas relações domésticas e sociais, para que estas se articulem seguindo as elevadas finalidades da própria vida humana.

A ideia e  o sentido dos bons costumes não se afasta da ideia ou sentido de moral, pois, os princípios que os regulam são, inequivocamente, fundados nela.

O bom maçom, livre e de bons costumes, não confunde liberdade, que é direito sagrado, com abuso que é defeito, crê em Deus, ser supremo que nos orienta para o bem e nos desvia do mal.

O bom maçom, livre e de bons costumes, é leal. Quem não é leal com os demais, é desleal consigo mesmo e trai os seus mais sagrados compromissos, cultiva a fraternidade, porque ela é a base fundamental da maçonaria, porque só pelo culto da fraternidade poderemos conseguir uma humanidade menos sofredora, recusa agradecimentos porque se satisfaz com o prazer de haver contribuído para amparar um semelhante.                                                                                  

O bom maçom, livre e de bons costumes, não se abate, jamais se desmanda, não se revolta com as derrotas, porque vencer ou perder são contingências da vida do homem, é nobre na vitória e sereno se vencido, porque sabe triunfar sobre os seus impulsos, dominando-os, pratica o bem porque sabe que é amparando o próximo, sentindo suas dores, que nos aperfeiçoamos.

O bom maçom, livre e de bons costumes, abomina o vício, porque este é o contrário da virtude, que ele deve cultivar, é amigo da família, porque ela é a base fundamental da humanidade.

O mau chefe de família não tem qualidades morais para ser maçom, não humilha os fracos, os inferiores, porque é covardia, e a maçonaria não é abrigo de covardes, trata fraternalmente os demais para não trair os seus juramentos de fraternidade, não se desvia do caminho da moral, quem dele se afasta, incompatibiliza-se com os objetivos da maçonaria.

O bom maçom, o verdadeiro maçom, não se envaidece, não alardeia suas qualidades, não vê no auxílio ao semelhante um gesto excepcional, porque este é um dever de solidariedade humana, cuja prática constitui um prazer.

Não promete senão o que pode cumprir. Uma promessa não cumprida pode provocar inimizade. Não odeia, o ódio destrói só a amizade constrói.

Finalmente, o verdadeiro maçom, não investe contra a reputação de outro, porque tal fazer é trair os sentimentos de fraternidade. O maçom, o verdadeiro maçom, não tem apego aos cargos, porque isto é cultivar a vaidade, sentimento mesquinho, incompatível com a elevação dos sentimentos que o bom maçom deve cultivar.

Os vaidosos buscam posições em que se destaquem; os verdadeiros maçons buscam o trabalho em que façam destacar a maçonaria. O valor da existência de um maçom é julgado pelos seus atos, pelo exercício do bem.

BIBLIOGRAFIA
Marcos Antonio Cardoso de Moraes
A.’.M.’.
Dicionário Aurélio – 1999
Ritual de Ap.·.M.·. do REAA
Adaptação do Texto Original do Ir.·. Nery Saturnino - A.·.R.·.L.·.S.·. Amor e Fraternidade.


LUZES


"Sapiencia est sanitas animi!" **
** "A sabedoria é a saúde do espírito !"
Cícero (106 a.C-43 a.C)

Ptolomeu Soter, o Ptolomeu I (323-285 a.C), primeiro dos lágidas no Egito, há mais de 22 séculos, sabia, com certeza, que era um projeto ambicioso a construção de uma biblioteca “com todos os livros do mundo e com documentos de todos os povos”.  Entretanto, como naquele tempo (295 a.C) os decretos reais existiam para ser cumpridos, a dinastia dos Ptolomeu (Cleópatra foi a última linhagem) conseguiu o que queria.  Por vários séculos a Biblioteca de Alexandria foi o quartel-general do florescimento cultural e científico da Antiguidade que se seguiu à fundação da cidade por Alexandre, o Grande, e às suas grandes conquistas.

A Biblioteca de Alexandria não foi só depósito de papiros e pergaminhos.  Em sua essência, era centro do saber como instrumento da vida, que chegou a ter mais de setecentos mil volumes, em rolos de papiros, distribuídos em duas seções:  uma no bairro de Bruchion e outra no Serapeion, inutilizados pelas tropas de Júlio César, restaurados por Marco Antônio, e, os últimos restos foram incendiados em 640 d.C por Omar I, o Califa, que é lembrado por essa triste recordação e que morreu assassinado por um árabe fanático.

Fundada pelos sucessores de Alexandre, que havia erigido a cidade no auge do seu orgulho de conquistador adolescente, a Biblioteca já nasceu grandiosa, e durante sete séculos nenhum outro edifício do mundo reuniu tanta inteligência como o Mouseion de Alexandria, consagrado às musas protetoras das artes, das ciências e das letras.  O Mouseion compreendia jardim botânico e zoológico, uma escola de medicina, um observatório astronômico, diferentes locais para trabalho e pesquisa e uma biblioteca com centenas de milhares de papiros e pergaminhos. 

Os manuscritos da “biblioteca absoluta”, ou “biblioteca de Babel”, e do prestigiado centro de pesquisas, continham Euclides, (Sec. III a.C), o prodígio da Geometria, o astrônomo Cláudio Ptolomeu, o maior dos filósofos da Escola de Alexandria, Plotino (250-270 d.C), bem como a primeira tradução grega do Velho Testamento, a Septuaginta, feita por judeus conquistados por Alexandre.

A Biblioteca de Alexandria foi criada no século de Aristóteles e entre o filósofo e a instituição houve o próprio Alexandre, seu aluno.  As sangrentas expedições do jovem general, com todo o seu saldo terrível, serviram para expandir o pensamento que geraria o que hoje chamamos de Ocidente.  A sua inigualável arrogância deixou este resultado histórico no primeiro florescimento do Mediterrâneo.  E a maior das cidades que recebeu o seu nome pôde guardar todo o saber antigo e o transferir para o milênio seguinte.

Entre os estudiosos se perguntam se as guerras civis do Século III não houvessem destruído o conjunto arquitetônico da Biblioteca, e se os cristãos não tivessem queimado o que dela restava, teria havido a Idade Média?  Dizem, alguns, que é possível que sim: A Igreja, provavelmente, assumiria o acervo e o manteria fechado.  Afinal, ali se encontrava o sólido e lógico sistema de pensamento do mundo pagão que, entre outras coisas, colocava a verdade e a busca da verdade como centro da razão.  É imensurável o atraso no desenvolvimento da nossa civilização provocado pelo desaparecimento da Biblioteca de Alexandria.

As luzes do conhecimento estavam, todavia, com uma instituição, que embora tenha como data de fundação o ano de 1717, mergulha suas raízes na remota Antiguidade euro-asiática.  Essa Instituição é a Maçonaria.  Aos Maçons tal assertiva não causa estranheza, pois têm consciência de que a Maçonaria é estudo, um contínuo aperfeiçoamento do homem para atingir a verdadeira sabedoria, pelos degraus da tolerância, do amor fraternal, do espírito de pesquisa e perseverança, tendo a mente livre de quaisquer preconceitos.  Ela é repositária de conhecimentos acumulados na longa marcha da civilização e tem dado a sua contribuição à ciência, à política e à sociedade como um todo.  A Maçonaria é o luzeiro da Humanidade!

A Ordem Maçônica abre a porta para a iniciação, para o conhecimento e graças aos seus símbolos o Maçom pode adquiri-lo, tornar-se uma das luzes e servir a Humanidade através dos seus tradicionais objetivos: Praticar a mais desinteressada filantropia; combater a ignorância, a mentira, o fanatismo e a hipocrisia;  professar para com todos a maior benevolência;  desenvolver entre os seus membros os nobres sentimentos de amizade e tolerância;  procurar fazer voltar ao bom caminho aqueles que, por infelicidade, dele se vierem afastar;  promover a paz entre todos os homens e entre todas as nações;  fazer reinar o direito e a justiça;  defender os fracos contra os poderosos; lutar, lutar sempre para que a Liberdade, Equidade e Amizade reinem por toda a parte;  e, enfim, exaltar o culto mais profundo à Família e a Pátria. 

Os traços fundamentais do universo humano em que vivemos, as formas de atividade que julgamos peculiares à nossa civilização uma concepção clara e racional da Filosofia, da Ciência, da Política e do Direito têm, indubitavelmente, a marca da Maçonaria, que acumula conhecimentos legados desde os primórdios da Antiguidade e, através dos seus membros os difunde, porque ela é Universal e suas Oficinas se espalham por todos os recantos da Terra, sem preocupação de fronteiras e de raças.


Obras consultadas:

Charlier, René Joseph  -  Pequeno Ensaio de Simbólica Maçônica  Vida, Valmiro Rodrigues  -  Curiosidades - Volume I
Enciclopédia Barsa  -  Edição de 1967
O Estado de São Paulo  -  Jornal de 18.02.90
Jornal da Tarde  -  Jornal de 16.01.90
 Ritual de Aprendiz - GLESP - NI.IN.TI




 E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo/Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas/Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos/Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 – (GLESP)




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