Como instituição iniciática, a Maçonaria adota para o ensino e
estudo de sua filosofia, a apresentação de Símbolos e Rituais. Este método
consiste na interpretação intuitiva dos Símbolos e Rituais, e é eminentemente
auto- didático.
Ritual Maçônico é uma representação, uma demonstração alegórica,
um teatro ritualístico. Rituais (ou cerimônias) são fundamentais para o maçom.
Dentre eles, destacam-se: o Ritual de Iniciação: de profano a
Aprendiz; Ritual de Elevação: de Aprendiz a Companheiro; e o Ritual de
Exaltação (Rito Escocês Antigo e Aceito) de Companheiro a Mestre, que é a
encenação da morte de Hiram Abiff.
Os Rituais são cerimônias de transformação interior - há uma
interconexão entre o consciente e o inconsciente. “Iniciação” é uma palavra
oriunda do latim “initiare”, “início ou começo em”.
O termo “iniciação” tem um sentido designado pelo uso comum da
palavra: é o “início” de alguma coisa. Mas a expressão “Ritual Iniciático” é
usada em dois contextos diferentes: em primeiro lugar, um Ritual Iniciático é a
cerimônia de aceitação de um indivíduo por determinado grupo.
Nessa primeira acepção, o Ritual Iniciático tem um caráter
social, que demarca a relação da pessoa com a coletividade ou com algum
segmento da sociedade. Portanto, quando o indivíduo entra para um determinado
grupo, esse ingresso é comemorado com um Ritual de Iniciação.
Em segundo lugar, a expressão “Ritual Iniciático”, indica não
uma mudança de condição social, mas uma transformação interna: o que se
modifica é o próprio ser do iniciado e, consequentemente, sua consciência e
percepção.
Trata-se de uma verdadeira transmutação, no sentido alquímico do
termo.
E, ao contrário do primeiro tipo, não envolve uma cerimônia
pública. É um reconhecimento externo de uma mudança interior, que já se
processou.
Neste segundo sentido, a Iniciação ocorre quando o neófito
estabelece contato com as forças arquetípicas e deixa seu campo de consciência
ser transformado pela exposição a essas forças, que se expressam por meio de
manifestações simbólicas, que cabem a ele decifrar.
O cérebro, durante práticas de Rituais (ou de meditação), passa
a operar em ondas mais lentas.
Durante o Ritual, o indivíduo entra num estado alterado de
consciência, com ondas cerebrais alfa e teta, que lhe permitem acessar o
inconsciente.
Esse estado alterado de consciência é alcançado pelo pensamento
e a emoção, colocados na dramatização.
Quando acontece a emoção (intensidade e perfeição na atuação de
cada maçom), o cérebro não consegue perceber o que é “realidade” e o que é
“teatro”, entendendo o Ritual como realidade no presente. E, cada maçom,
acessando seu inconsciente individual, estará conectado com o inconsciente
coletivo.
No Ritual de Iniciação, há uma transmutação, um renascimento
interior, proporcionando uma nova percepção de si mesmo e do mundo. O iniciado
passa por “provas”, como acontece com cada indivíduo durante sua vida.
Por esse motivo, o símbolo maçônico da Iniciação é a morte –
morrer para a vida profana e renascer para a Vida Maçônica. Morte e nascimento
são dois aspectos entrelaçados e inseparáveis de toda mudança. Os Rituais de
Iniciação na Maçonaria englobam esses dois sentidos.
O Ritual se destina a legitimar o ingresso do indivíduo na
Ordem, e concomitantemente, seu interior está se desenvolvendo por meio de uma
série de evoluções graduais que vão ampliando seu consciente e inconsciente.
A Iniciação tem como especial e fundamental objetivo, dissolver
e eliminar aspectos negativos, que possam estar impedindo o crescimento
pessoal: medos, egoísmo, etc.
O ato da Iniciação não
pretende extirpar definitivamente do homem seu ser profano e o mundo. A
finalidade é fazê-lo conviver com o profano e o conhecimento sagrado.
Os símbolos utilizados na cerimônia têm como finalidade, agregar
as forças arquetípicas para o iniciado. A promoção na hierarquia da Ordem
ocorre, quando sua consciência (do iniciado) atingiu um grau de desenvolvimento
satisfatório.
Os Graus maçônicos são os degraus do conhecimento a serem
alcançado pelo iniciado. Como todo processo de metamorfose, não há retrocesso
para o iniciado.
Uma vez maçom, sempre maçom. Transposto o portal que transmuta
o indivíduo, ele jamais será o mesmo. O iniciado morre para uma realidade e
renasce para outra dimensão de sabedoria.
As consequências do Ritual são irreversíveis: o milho que vira
pipoca, jamais volta a ser milho. O iniciado fez o voto de caminhar sempre
adiante, portanto, não pode mais retroceder.
Nos Rituais, são interpretadas, dramatizadas e vivenciadas
várias situações arquetípicas - arquétipos primordiais, muito mais antigos que
a própria linguagem.
Os Rituais, praticados em segredo são a imagem de processos
interiores, permitindo a elevação para o conhecimento, a sabedoria, de maneira
progressiva.
Os ensinamentos da Ordem dão-se, preferencialmente, através de
três caminhos: Rituais, Devocionais e Contemplativos. Os Rituais são o caminho
da ação e é o principal método de ensinamento da Ordem.
No caminho da devoção, há o uso da meditação, obediência e amor
fraterno – os aspectos devocionais acontecem por meio dos trabalhos
filantrópicos.
O caminho contemplativo acontece com o estudo de símbolos e os
valores que esses símbolos representam. Os Rituais estão carregados de
alegorias e simbolismos que se impõem desvendar e assimilar.
Os símbolos utilizados pela Maçonaria têm origens diversas.
Alguns autores dividem esses símbolos em dois tipos principais: os que tiveram
origem na Maçonaria Operativa e os que foram introduzidos a partir de
conhecimentos ocultistas, que se integraram à Maçonaria Especulativa (Alquimia,
Hermetismo, Astrologia, Numerologia, Cabala). Mas todos os símbolos devem ser
assimilados pelo maçom e interpretados de acordo com sua inteligência, grau de
evolução interior, sua maneira de ser e sentir.
Os símbolos são oriundos de diversas crenças, filosofias,
antigos mistérios, mas isso não implica que os maçons partilhem dessas crenças.
As mensagens contidas nos símbolos serão interpretadas,
compreendidas e interiorizadas, e passarão a fazer parte do ser e da
experiência de cada maçom. Ser maçom implica integrar o racional a uma entrega
mística.
Os Rituais e o estudo da simbologia permitem que os maçons
progridam no entendimento racional e emocional, nos conceitos que a Maçonaria
transmite. Com o aprofundamento de seus estudos, o maçom encaminha-se para a
verdadeira “espiritualidade” – sem dogmas, livre de crenças religiosas.
Na realidade, é mais um princípio filosófico “espiritualista”:
considerar que no homem e no Universo há “algo mais”, seja do ponto de vista
“imanente” ou “transcendente”.
Essa espiritualidade é um aspecto indissociável da condição
humana, e está muito mais além do que qualquer religião: espiritualidade é o
que coloca cada ser diante do absoluto, do infinito, do todo, da eternidade, de
seu “Deus”, de si próprio.
A espiritualidade maçônica é uma espiritualidade livre, pois
sugere um caminho individual para a relação com a Divindade, com o Divino. A
Ordem, respeitando as diferentes opções religiosas, não despoja o indivíduo de
seu entendimento espiritual. E, esse respeito é à base da harmonia e da
tolerância maçônica.
Como ensina Carl Sagan (maçom): “é essa espiritualidade que nos
permite sentir de uma forma mais intensa e profunda a beleza de uma trilogia
muito famosa e que define bem os grandes valores da humanidade: Liberdade,
Igualdade e Fraternidade.
E quando chegamos a esta fase em que, enquanto vamos construindo
o nosso templo interior, e vamos estabelecendo fortes laços de união com os
nossos Irmãos, é que estaremos realmente aptos a influenciar, positivamente, a
evolução da humanidade e a defender todos os seus grandes valores”.
M. Follain