MAÇONARIA: O QUE VIEMOS FAZER AQUI MESMO?



Falar sobre espiritualidade na Maçonaria, talvez, incomode a alguns Irmãos céticos, que insistem em fazer de uma Ordem Iniciática um clube de serviços. Insisto nesse tema, a fim de tentar equilibrar os pratos da balança material/espiritual.

Minha singela colaboração vem em socorro e em respeito aos nossos reais objetivos. O que, hoje, vemos em nossos Templos, lamentavelmente, é um total desconhecimento e desrespeito ao simbolismo, à ritualística e à doutrina maçônica.

Profanam nossos Templos com assuntos que melhor seriam tratados em um botequim ou algo do gênero. Piadas e brincadeiras em meio à sessão ritualística ajudam a engrossar as fileiras dos Irmãos, que entram para Maçonaria e, por total desconhecimento da Sacrossanta porta em que um dia bateram pedindo ingresso, não permitem que a sublime doutrina toque seus corações.

Como entendo que para não ser parte do problema necessário se faz ser parte da solução, apresento essas breves linhas que ousam alertar àqueles que estão lidando, sem saber, com certas energias e, nem imaginam a consequência de não saber manipulá-las.

A razão de, ao sermos admitidos na Maçonaria, passarmos por um processo de “INICIAÇÃO” já responderia a tudo que propomos explicar. A palavra “iniciar”, em si, traduz uma ação.

Ação de transformação interna, uma preparação. Uma preparação de nossos veículos sutis para que possamos, através da circulação harmoniosa das energias em nosso Templo interno, (microcosmo) interagir com as energias que fluem em nosso Templo maçônico (macrocosmo).

Nossa mente é como um dínamo gerador de energias. E, o processo de iniciação, que não se finda na cerimônia de entrada na Ordem, vai nos condicionando cada vez mais para sermos sustentáculos físicos de excelsos seres ligados à Grande Fraternidade Branca, a qual, todas as verdadeiras Escolas de Iniciação estão, diretamente, ligadas.

Fomos chamados, por força de Lei de Evolução, para um trabalho sério e, lamentavelmente, ao longo do tempo temos nos descuidado disso e os reflexos não são outros, senão as dissidências, as brigas, divisões, disputas pelo poder e uma total profanação de nossa Ordem, desde nossos mais altos dirigentes até o mais desinformado Aprendiz.

Falamos em egrégora e até em quebra de egrégora, como se fosse alguma coisa palpável e sólida. Em verdade, muito pouco ou quase nada sabemos sobre o que acontece em uma ritualística.

Antes de adentrarmos em nossos Templos somos lembrados de nos despojarmos de todo e qualquer pensamento de ordem profana e de direcionarmos nossas vibrações ao GADU.

Estamos, constantemente, emitindo ondas mentais, e assim, criando “Formas Pensamentos”. Essas ondas emitidas têm a tendência, como, aliás, qualquer vibração, de se transmitir a toda matéria ambiente capaz de recebê-la, exatamente como a vibração de um sino, reproduzindo o som no ar.

O alcance da onda mental depende da persistência e, principalmente, da força de concentração com que foi gerada. Tais ondas, consequentemente, atingirão a frequência de ondas análogas de outros pensadores, juntando-se, tomando força e propagando-se em intensidade maior.

Assim se dá o processo de formação e de manutenção de uma egrégora. A egrégora maçônico formado há milhares de anos, quando em Loja aberta, interage com os Irmãos através de seus centros de força, também chamados de “Chacras”.

Essa interação de energias se dará em maior ou menor proporção, conforme o desenvolvimento e equilíbrio de seus corpos sutis, o grau de consciência do Irmão e, principalmente, de suas condições psíquicas e mentais naquela sessão.

Comumente ouvimos, com certo pesar, de alguns Irmãos, não muito assíduos em Loja, dizerem: “Preciso ir a Loja para recarregar minhas baterias”. Ledo engano!

Quando o destino nos faz bater a porta de uma Escola de Iniciação, seja ela qual for não é por vontade nossa. Causas e Efeitos nos proporcionaram essa oportunidade.
Nesse momento, somos chamados a participar ativamente da “Grande Obra”.

Alguns já chegam com certa bagagem e o seu despertar espiritual é instantâneo, enquanto outros, ainda, cegos pelas ilusões do mundo material, insistem em não acordar, perdendo a oportunidade de ascender um precioso degrau na Escada Evolucional.

O caminho iniciático é tão sério que se soubéssemos de suas dificuldades para atingirmos o topo dessa Escada, jamais, teríamos ousado situá-lo.

É um caminho sem volta, pois cada passo que damos à frente abre-se um precipício as nossas costas. Reflitamos na frase de Sócrates “Homem, conheça-te a ti mesmo!”.

Precisamos tomar consciência, a princípio de nós mesmos e, em seguida, de nosso trabalho como iniciados maçons. Precisamos fazer Maçonaria de Verdade e conscientemente.

Francisco Feitosa

O QUE É A VERDADEIRA PAZ NA MAÇONARIA - UMA VISÃO HOLÍSTICA



Amados irmãos, presenciamos ao final dos trabalhos a singela e profunda frase: QUE A PAZ, A HARMONIA E A CONCÓRDIA, SEJAM A TRÍPLICE ARGAMASSA COM QUE SE LIGUEM AS NOSSAS OBRAS.

Vemos isso repetidamente inúmera vezes, e a grande maioria dos irmãos, não fazem a devida introspecção , sobre a profundidade simbólica, Filosófica e Esotérica contidas nesse aforismo enigmático.

O vocábulo PAZ exprime a tranquilidade, o sossego, a concórdia, o entendimento e a harmonia que reina no seio da humanidade, seja nos governos ou na sociedade particulares.

Ela é garantidora da boa convivência entre as pessoas e ausência de conflitos entre tendências. Daí poder dizer que a paz interior é a tranquilidade da consciência, assim como a beatitude é a paz do espírito tão indispensável à vida humana, permitindo assim que o homem se realize como ser criado à imagem e semelhança do Grande Arquiteto do Universo.

 É importante definir a paz no sentido bíblico: um estado de espírito motivado pelo fato de estar tudo bem. É o “shalom” dos israelitas, que por sua vez é traduzida como felicidade material, prosperidade, segurança, saúde e, também, a felicidade espiritual. Esta última só existe se a pessoa estiver bem como o GADU, que nos disse: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”.

E Ele quer que os homens vivam em concórdia uns com os outros, quando através do apóstolo Paulo, afirmou: “Seja vossa preocupação fazer o que é bom para todos os homens, procurando, se possível, viver em paz com todos, por quanto de vós depende”.

Aí surge uma pergunta: porque esse sequencial: PAZ***HARMONIA***CONCÓRDIA*** e não Harmonia, Paz e Concórdia ou Concórdia, paz e Harmonia ou outras possíveis combinações?

Qual o Sentido deste sequencial? Aí começa o entendimento do Simbolismo, que aflora no filosófico e se completa no Esotérico. Como irmãos maçons devemos nos conscientizar de que temos que buscar não só a paz pessoal, mas também a paz da coletividade Maçônica e da comunidade em que vivemos.

Mahatma Ghandi, com muita convicção afirmou: “Não existe caminho para a Paz; a Paz é o caminho”. Como caminho, o primeiro deles encontra-se na família, esta que em na Maçonaria uma enorme defensora, pois reconhece ser ela a base de tudo.

E nesse “tudo” está à fonte dos valores que uma pessoa carrega por toda a vida: respeito, tolerância, fidelidade, solidariedade, companheirismo e demais virtudes próprias as criaturas do bem. Diante, pois, de um horrível quadro da violência, nota-se que falta a paz na maioria dos lares do Universo de uma maneira geral e também nos lares brasileiros.

Dai concluir o seguinte: a paz começa em casa. Parafraseando o Meu Amado Ir Carmelino Souza Vieira, fazendo um transfer, podemos concluir que a Paz é à base de tudo.

Não existe Harmonia sem Paz... Não existe Concórdia sem Harmonia. Mas a Paz, subsiste por si só. Ela CONTÉM os outros dois , mas NÃO ESTÁ CONTIDA NECESSARIAMENTE, naqueles . Vejamos ipsis literis o que está contido no Ritual: “Conceda-nos o auxílio de Tuas Luzes e dirige os nossos trabalhos a perfeição.

“Concede que a Paz, a Harmonia e a Concórdia sejam a tríplice argamassa com que se ligam nossas obras.” Para que os trabalhos ocorram de forma “Justa e Perfeita” é necessário que os Irmãos estejam entrelaçados, unidos por meio da “tríplice argamassa”, pois sem ela não há Loja, se não houver a comunhão em Loja, por meio da União, não há “egrégora”, e não fluindo a energia não passamos de simples batedores de malhetes e te produtores de um ritual como tantos presentes na vida profana.

Sem esta União e a mistura não há a troca de energias e por conta disso não ocorre o aprimoramento individual, não ocorre o “desbastar a pedra bruta” inclusive. Vivemos um tempo de preocupação, um tempo de discórdia e de (des) harmonia, um tempo de desencontros e de individualismo intenso.

Estamos na era do consumismo, ou seja, da valorização das pessoas pelo o que elas tem sempre vinculado a um patrimônio ou até mesmo a estética de um poder aquisitivo, isso sempre em detrimento ao que a pessoa é como ser - humano, como ser no mundo.

No contexto social atual por conta da sensação de insegurança, por conta da globalização das informações por meio da tecnologia, vivemos uma relativização do tempo estático e com isso surge também a sensação de que tudo está perdido e que estamos em desordem total.

É evidente que falta na sociedade “paz”, bem como também falta a “harmonia”, sem contar a falta de “concórdia”, pois aparentemente tenho a sensação de que estamos na era da discórdia, ou seja, é moda discordar mesmo que não se tenha fundamentos plausíveis e razoáveis para fundamentar tal discordância.

Quando não vemos pessoas discordar uma das outras e chegar ao calor da problematização partirem para a violência física e verbal. Fraternos Irmãos é necessário e importante para a evolução de nossa sociedade que passemos exemplos de “paz”, de “harmonia” e de “concórdia”, buscando o consenso e o auxílio do nosso próximo profano.

É necessário que venhamos a nos importar com o que acontece em sociedade sob pena de sucumbirmos os mesmos males que vem sofrendo a nossa sociedade, sucumbirmos por valores perdidos.

Sejamos realmente IRMÃOS na verdadeira PAZ, pois somente assim teremos no bojo de nossa Sublime Ordem, a Harmonia e a Concórdia com que se liguem se argamassem e se completem, as nossas obras.

Ir.’. Dario Angelo Baggieri
M I CIM 157.465 Membro da Academia Maçônica de Letras do ES Cadeira nº 1 - Patrono Alferes Tiradentes

CAMINHOS DA LUZ – A IDENTIDADE DA MAÇONARIA




As fontes instituidoras da Ordem Maçônica surgi­das há vários séculos passados, vêm atravessando um longo tempo sem deixar que a mencionada instituição perca a sua verdadeira e primitiva identidade, conferindo-lhe uniformidade universal, preservando-a, proporcionando-lhe consistência material e direcionando obstinadamente ao alcance dos seus “fins supremos” caminhos luz

É dessas referidas fontes que se extraem vastos concei­tos e inúmeras interpretações do que, de fato, se possa entender por maçonaria, na essência da própria palavra.

E mais, no meio de todo o seu enunciado, faz-se pre­sente um eficiente método de aperfeiçoamento que é utilizado como instrumento indispensável e necessário à formação maçônica ideal dos seus adeptos.

Como é notórias, as ditas fontes, que se constituem dos princípios, preceitos, fundamentos e de todo o ordena­mento jurídico maçônico em vigor, recomendam a quem faça parte da mencionada instituição, a incondicional observância das regras de comportamento e de conduta fundamentadas na ética, na moral e nos bons costumes.

Vez por outra, tais regras são lembradas de modo sucinto por meio de frases de efeito como “ser Maçom é ter sobre os ombros um pesado fardo”; “ser Maçom é aceitar mais responsabilidades”; ser Maçom é estar disposto a acatar mudanças em relação aos padrões de comportamento recomendados pela maçonaria” e outras expressões assemelhadas. 

Isto ocorre com frequência nas palavras de maçons mais antigos, que já galgaram alguns degraus de conhecimento dentro da Ordem, em ocasiões propícias com o intuito de esclarecer aos novos iniciados, de forma objetiva, que os empreendimentos da referida instituição são nada menos que uma obra monu­mental, inacabada, sem prazo determinado para ser con­cluída e cujos trabalhos demandam esforço e muita dedi­cação.

Sim, há uma razão de ser para tudo isto! Não se pode deixar de reconhecer na maçonaria o seu poder, a sua com­petência, o seu preparo, os seus méritos e a capacidade dos seus membros, em cujas colunas ela se apóia mantendo-se como uma entidade de ações perenes, de devoção às suas sublimes aspirações, e ainda ser, ao mesmo tempo, uma espécie de banco escolar que tem por fim transfor­mar homens bons em célebres vultos benfeitores da humanidade. 

Incontestável esta afirmativa porque há provas materiais abundantes nos seus arquivos dando conta de que incontáveis iniciados, ao assimilarem os preceitos e os fundamentos da Ordem, renasceram para uma nova vida tornando-se homens imortais na história de muitos povos.

A maçonaria sempre recomendou aos seus adeptos: Além da retidão de caráter, que se mantenham perseve­rantes na luta em busca do aprimoramento moral, intelec­tual e espiritual; que se curvem e se rendam perante a virtude, morrendo, de vez, para o erro; como entidade espiritualista que é, emana sinais de alerta aos maçons induzindo-os a praticarem constantemente a caridade, pois o seu exercício revela o desempenho de uma das mais sublimes e essenciais aditividades da referida ordem, sendo interpretado, quando decorrente da vontade da própria alma, como gesto de amor que reduz a distância entre criatura e criador; por fim, que os maçons trabalhem e se esforcem com dedicação na construção de um mundo cada vez melhor para quem nele habita.

Neste sentido, os seus propósitos vão desde o combate ao excesso dos prazeres mundanos, ao desvio de conduta, na maioria das vezes, motivados pela adesão ao tráfico e ao consumo de drogas, até a luta incessante contra a imo­ralidade, a ilegalidade e os preconceitos vulgares, medi­ante o emprego do bom exemplo dos seus membros e a devoção de cada um na prática constante das boas ações.

Entretanto, dentro de uma sociedade como a de hoje, que adota padrões comportamentais (em grande parte) eivados de vícios e erros de toda sorte, se compararmos a adoção de tais regras como conduta ideal a ser seguida pelos iniciados da maçonaria, sem dúvida, o resultado levar-nos-á ao convencimento de que esta difícil tarefa possa mesmo ser entendida como pesado fardo colocado nos ombros daqueles que se dedicam e se esforçam no cumprimento do dever maçônico.

Mas, visando o alcance dos seus ideais supremos, a mencionada instituição proporciona a todos os seus obre­iros a possibilidade de evoluírem e adquirirem progresso em relação aos preceitos da Ordem, utilizando-se da dou­trina do aprimoramento comportamental difundida nos seus rituais.

Esta doutrina tem, entre as suas múltiplas fina­lidades, a de afastar os maçons, tanto quanto possível, das trevas da ignorância, dando-lhes pleno conhecimen­to e capacitação para poderem, à luz da razão, optar livre­mente pelo caminho do bem, valor humano que a maço­naria universal recomenda seja tomado como fonte inspiradora de todas as ações e atitudes dos seus iniciados.

Porém, como tanto se ouve a prática do bem e o com­bate ao mal exigem do Maçom sérios sacrifícios. Um deles, como dispõe um dos seus rituais, é “saber impor um freio à impetuosa propensão ao erro para se elevar acima dos vis interesses” que atormentam muitas mentes. É preciso também trabalhar intensamente até acostumar o espírito a “curvar-se ante as grandes afeições e a não con­ceber senão ideias sólidas de bondade.”

Deste ponto de vista observa-se que um dos mais úteis e indispensáveis instrumentos à prática da virtude é a fraternidade. Fraternidade é o laço que deve unir os maçons como se estes fossem verdadeiros irmãos e ami­gos.

É o companheirismo e a lealdade entre pessoas que se dispõem a trabalhar juntas, almejando o mesmo objetivo, o mesmo alvo. No seio da maçonaria é ela (a fraternidade) a responsável pela convivência pacífica e harmoni­osa entre os maçons e essa união quando fortalecida por sincero sentimento fraterno faz surgir o amor ao próxi­mo.

Esta grandeza de espírito, no entanto, não é um dom natural e para adquiri-la demanda-se um bom tempo. À medida que avançamos no nosso aprimoramento, os defe­itos e os vícios vão dando lugar às boas qualidades até surgir em nós à disposição de ajudar o nosso semelhante.

Se bem comparado, o ânimo em ajudar alguém que se encontre em estado de necessidade é uma atitude positiva que brota do nosso íntimo como divinal raio de luz com as  suas nuances e peculiaridades. É a este fenômeno que se dá a denominação de amor ao próximo. Ele distingue-se de qualquer outro sentimento humano porque é gratuito, afetivo, universal, sincero, desinteressado e se manifesta marcando a sua presença em cada boa obra que realiza­mos.

Adicionada ao sentimento fraterno de amor ao próxi­mo está também à solidariedade, disposição esta que consiste em alguém ajudar o seu semelhante, prestando-lhe um favor no sentido de superação das dificuldades decorrentes da causa que o estiver envolvendo, de manei­ra desinteressada, sem a intenção de receber recompensa alguma, o que acontece quase sempre pela convicção de se estar praticando um ato de justiça e nada mais.

No caminho de encontro com a luz, que por costume chamamos de aperfeiçoamento maçônico, de igual modo se faz presente à tolerância.

Do ponto de vista social, ser tolerante é admitir, nos outros, modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos. É a capacidade que deve­mos ter de ouvir e aceitar os outros, da maneira como realmente são, respeitando cada um nas suas convicções e diversas formas de entender a vida desde que tais con­vicções e formas não atentem contra direitos alheios.

A tolerância é a atitude mais útil e mais louvável na vida social porque o tolerante é capaz de aceitar opiniões e comportamentos diferentes daqueles estabelecidos pelo seu meio social, eliminando, desta forma, os sentimentos preconceituosos e racistas que comumente se manifes­tam no relacionamento humano.

A tolerância, às vezes, confunde-se com a paciência porque uma faz parte da outra. A tolerância é a virtude da paciência, segundo Santo Tomás de Aquino, visto que, dada a nossa imperfeição comum, temos que esforçar-nos em ser tolerantes ou pacientes uns com os outros.

Sacramentada em juramento solene, a obediência à maçonaria consiste no respeito pelos seus ensinamentos e no cumprimento destes, na forma como recomenda a referida instituição, o que implica dizer que o homem Maçom, para se tornar fraterno, solidário e tolerante, terá que admitir mudanças no seu padrão de conduta, conhe­cer bem os postulados, preceitos e normas da Ordem e perseverar na sua prática.

O pleno alcance destes objetivos, embora admitidos como tarefa dificílima, tem o seu lado compensador porque se trata de um aprimoramento de alta relevância do qual se beneficiam ambas as partes (Maçom e maçona­ria) e quem o atinge merece a honra, a respeitosa condi­ção e a dignidade de ser reconhecido por toda a irmanda­de como obreiro “justo e perfeito”.

Anestor Porfírio da Silva M I – ARLS Adelino Ferreira Machado Or de Hidrolândia – Goiás


QUAL SERÁ O FUTURO DA ORDEM MAÇÔNICA?



Abaixo, algumas informações sobre a Maçonaria no Brasil.

Obs. 1: 51% dos Maçons brasileiros têm acima de 60 anos.
Obs. 2: apenas 1/3 dos Maçons brasileiros tem menos de 46 anos de idade.
Obs. 3: Há um choque de gerações na Maçonaria brasileira entre os Maçons com menos de 46 anos e os de mais idade. A geração sub 46 foi educada por metodologias de ensino pós freireanas e piagetianas (a partir de 1970), nas quais se incentiva o questionamento, o exercício da antítese, o que parece ser, de certa forma, mal visto pela geração mais velha. A geração mais jovem também apresenta características mais críticas, tem uma média maior de nível de escolaridade e de hábito de leitura.
 (fonte: relatório da CMI).

Ainda segundo o relatório da CMI, os anseios dos Maçons mais jovens divergem essencialmente dos anseios dos Maçons idosos. Como estes são a maioria nas Lojas brasileiras, aqueles acabam por perder o interesse nos assuntos maçônicos, desligando-se, assim, dos quadros das Lojas.

Outro fator citado pelo relatório da CMI são as insatisfações apontadas, as quais ficaram em terceiro e quarto lugares, respectivamente, quais sejam os chamados "profanos de avental", como são conhecidos no Brasil os maçons que não têm comportamento maçônico; e os chamados "donos de Loja", fenômeno em que um Ex-Venerável Mestre ou um pequeno grupo desses buscam concentrar o poder de tomada de decisão em uma Loja.

Assim, a camada mais jovem, com comportamento mais questionador, aponta suas insatisfações em relação aos "donos de Loja", "reuniões sem conteúdo" e "desinteresse dos irmãos". Já a camada mais velha aponta suas insatisfações em relação aos "profanos de avental", "desvalorização das opiniões" e, pasmem, "reuniões demoradas".

Por fim, analisando os dados da pesquisa do Ir Ismail em conjunto com o relatório da CMI, podemos notar que a Maçonaria brasileira vem seguindo os prognósticos outrora trazidos pelos estudiosos e historiadores maçônicos, ou seja, se nada for feito para inverter o quadro atual, em 15 anos a Maçonaria brasileira experimentará uma queda vertiginosa na quantidade de seus membros, ocasionando o fechamento de diversas Lojas e Potências.

Os pesquisadores maçônicos sérios são unânimes em afirmar que ainda há muita desvalorização dos Aprendizes e Companheiros em Loja, os quais são relegados a "escorar" as paredes das Lojas nos extremos Norte e Sul, sem um planejamento de preparação, capacitação e desenvolvimento dos recém iniciados.

Geralmente são ministradas as instruções obrigatórias e nada mais.

Vamos planejar o futuro da nossa Ordem. Você também é responsável!


Enviado por  Ronaldo Ramiro De Paula


MAÇONARIA - MUDANÇA DO MODELO MENTAL



Perplexa, a sociedade moderna assiste simultaneamente a ruptura de antigas estruturas societárias e a emergência de uma nova ordem mundial. Acompanhar as mudanças em curso no mundo e estar afinado com seu diapasão e implicações são deveres de todo ser mortal que deseja administrar relativamente bem sua vida neste plano do Universo.

Refletir para reconstruir poderia ser o lema a ser adotado pela atual geração de maçons nesse limiar do Terceiro Milênio. Para pensar a Maçonaria do século XXI é preciso partir da base do modelo mental (ou modo de pensar, ou sistema de pensamento) por meio do qual construímos o nosso mundo.

Há poucas esperanças de mudar o mundo que elaboramos, ao longo de nossa interação com ele, se não modificarmos antes o modo de pensar que utilizamos Maçonaria do século XXI: pensar, sentir e viver para essa construção.

Assim, propomos que, do ponto de vista do Acolhimento Maçônico, o pensar (que inclui o sentir), e o viver sigam a seguinte dinâmica: mudar o modo de Sentir; mudar o modo de Pensar; mudar o modo de Falar; mudar o modo de Agir.

O diagrama exprime algumas das principais dimensões do ser humano: o sentir, o pensar, o falar e o agir. Todas estão entrelaçadas, de modo que modificações em qualquer uma repercutirão sobre as demais. Trata-se de uma abordagem integrada e integradora, na qual tudo acolhe tudo e por tudo é acolhido.

Isso significa que é preciso, antes de tudo, compreender que o privilégio dado por nossa cultura à tecnociência, em prejuízo das humanidades, é um dos principais obstáculos à colocação, em prática, das iniciativas ou objetivos da Maçonaria.

Portanto, desde o início convém ter em mente que aquilo que se deseja é introduzir ações de acolhimento numa cultura que é ou está basicamente não-acolhedora, uma cultura na qual a competição predatória, a devastação da natureza e a exclusão social não recebem o grau de atenção e questionamento que deveriam.

Estas palavras, porém, não devem ser tomadas como desestímulo ou pessimismo, mas sim como um convite à reflexão. Para pôr em prática os objetivos sociais da Maçonaria é preciso mudar de modelo mental. Trata-se de uma mudança ampla e profunda, que não pode ser feita por meio de iniciativas superficiais e de curto prazo.

Eis o nosso desafio. Sem compreendê-lo e buscar meios de superá-lo, nossas boas intenções cairão no vazio.

Lidar com esses obstáculos exige, antes de tudo, que pratiquemos o que propomos. O pensar inclui o sentir. Em geral, sentimos antes de pensar. Ou, de modo inverso, o que pensamos produz sentimentos. Pode-se dizer, então, que o sentir e o pensar se influenciam mutuamente, isto é, estão em relação circular.

Para trabalhar a interação entre o sentir, o pensar, o falar e o agir propõem começar examinando o que sentimos diante do sofrimento e da doença ou de outro infortúnio. 

Nossa proposta é iniciar pelo sentir e depois entrar em contato com o que pensamos segundo vários pontos de vista, ou seja, o dos que podem e deve resolver o problema, o do “paciente” ou queixoso, o de seus familiares e o da comunidade.

Examinemos alguns dos nossos sentimentos diante de tais situações e da necessidade de buscar atendimento, ou mesmo da necessidade de, fora dessas situações, procurações preventivas.

Em geral, os profissionais, como é a praxe em nossa cultura, foram preparados para sentir, pensar, falar e agir com base na lógica binária: o modelo mental de causa e efeito, a lógica do “ou/ou”. Trata-se de um padrão que exclui em vez de acolher, que separa em vez de juntar, que fala de ações, não de interações, de vivência e sobrevivência em vez de convivência.

Em especial, é um modelo que privilegia as partes isoladas, em prejuízo das relações. A esse respeito Václav Havel, ex-presidente de República Checa, tem uma frase que não deve ser esquecida: “Educação é a capacidade de perceber as conexões ocultas entre os fenômenos”.

Por sua vez, Elizabeth Rondon Amarante, neta do Marechal Rondon, em contato com os índios myky, descobriu que na língua deles não existe o verbo “viver”; em seu lugar está o verbo “conviver”, que significa morar, viver com, viver com o mundo, com os outros e consigo mesmo.

Relação, eis a palavra-chave, a argamassa do Maçom. Se soubermos tudo sobre uma espécie vegetal ou animal, uma técnica, um tratamento, etc., podemos dizer que somos especialistas, eruditos. Mas só quando compreendemos e vivemos as relações entre as pessoas, as coisas e os fenômenos é que somos realmente educados.

Nesse sentido, Maçonaria é educar. E a formação maçônica é, pois, um processo pedagógico. No contexto das ações de formação de profissionais, a maior preocupação de nossas escolas e faculdades, predominantemente voltadas para a tecnociência, é instruir, adestrar e treinar.

Mas poucas educam. Poucas ensinam aos que nelas estudam a compreender que a percepção das relações, das interações, pode diminuir a incerteza e, portanto, atenuar o medo. Uma sociedade regida por um sistema de pensamento que privilegia a divisão, o afastamento, o não-acolhimento é uma sociedade de desconhecidos, de estranhos. O desconhecimento produz a desconfiança, e esta alimenta o medo e é por ele realimentada.

Se tivermos medo de entrar em contato com nossos sentimentos, emoções e subjetividades acabamos adotando uma visão de mundo em que tudo nos parece externo objetivo. É como se não compartilhássemos o mesmo mundo com as pessoas com as quais lidamos no cotidiano. Como, então, colocar-nos no lugar delas?

Esse raciocínio faz lembrar um mito da Grécia clássica: a história do Curador Ferido. Conta a lenda que a arte de curar foi ensinada por Apolo ao centauro Quíron. Este, por sua vez, a transmitiu a Esculápio, o deus da medicina. Com Quíron, Esculápio aprendeu a praticar a cura pelas ervas. Entretanto, Quíron tinha uma ferida que, jamais, cicatrizava: ele vivia curando os outros, mas estava sempre doente, sempre sofrendo, e, por isso, era capaz de compreender os sofrimentos daqueles a quem tratava.

Esse mito pode ser interpretado como uma sugestão da necessidade que o maçom tem de reconhecer a sua própria vulnerabilidade, isto é, precisa tomar consciência de sua própria ferida, que representa a possibilidade de ele próprio “adoecer” e sofrer. 

Em outros termos, colocar-se no lugar do outro para poder avaliar o sofrimento dele e, então, exercer a solidariedade e a fraternidade.

No contexto das ações interpessoais, nossos modos básicos de sentir têm como apoio a divisão, a fragmentação, a pouca compreensão do que significa relacionar-se, ligar-se, acolher, comprometer-se, compartilhar.

Nossas ações são, em geral, vistas como relações de uso. Nos vemos como fornecedores de produtos e serviços que se destinam a “usuários”.

O uso pressupõe o descarte e a posterior exclusão, isto é, um segmento da população utiliza outro e depois o descarta. Em suma: nosso sentir atual é desagregador, separador, disjuntivo. Não compreendemos bem a extensão e a profundidade da ideia de relação, junção, participação.

Nosso sentir é o de quem não aprendeu a pôr-se no lugar do outro. É um sentir não-maçônico, não-acolhedor. Se, como no diagrama a pouco apresentado, a Maçonaria é identificada com um processo que requer a simultaneidade de várias iniciativas, é necessário começar pela modificação do nosso modo de sentir.

A primeira providência para tanto é educacional. Ela requer uma reaproximação com a cultura humanística, que vem há longo tempo sendo posta em plano secundário.

Luiz Carlos Silva


OS SEGREDOS DA MAÇONARIA, O SILÊNCIO E O SABER CALAR-SE



Por poucos que sejam, há, de fato, segredos na Maçonaria. Num tempo e numa sociedade em que a vida de cada um se encontra cada vez mais exposta, não é senão natural que a simples existência de segredos cause curiosidade e mesmo perplexidade. Contudo, a existência dos segredos tem mais do que uma justificação.

Em primeiro lugar, há as razões culturais, morais e éticas. Diz-se da Maçonaria ser “um sistema peculiar de moralidade, velado por alegorias e ilustrado por símbolos”.

Ora, se os sistemas de moralidade variam de sociedade para sociedade, as raízes anglo-saxônicas da Maçonaria são bem visíveis através daquilo que esta valoriza como a delicadeza de trato associada aos gentlemen, ou essa mistura de contenção e refreamento que constitui a tão conhecida fleuma britânica.

Pode, nesta perspectiva, dizer-se que o segredo, o silêncio e o “saber calar “são manifestação de três virtudes que a Maçonaria muito preza: a circunspeção, a discrição e o auto-controlo.

Terá sido esta atitude, a par de um contexto histórico de guerras religiosas e de luta política de que a Maçonaria queria (e quer) manter-se afastada, que ditou o 6º Landmark, “A Maçonaria impõe a todos os seus membros o respeito das opiniões e crenças de cada um. Ela proíbe-lhes no seu seio toda a discussão ou controvérsia, política ou religiosa. Ela é ainda um centro permanente de união fraterna, onde reinam a tolerante e frutuosa harmonia entre os homens, que sem ela seriam estranhos uns aos outros.”

 Quantas vezes uma frágil harmonia se consegue, sabe-se lá com que custo, pela exaltação dos pontos de concórdia, e pela minimização da exposição dos pontos de dissensão… É por isso que, em Maçonaria, se respeita em absoluto a liberdade de expressão de cada um – ao mesmo tempo em que se espera que cada um tenha aprendido a, no seu exercício, não ameaçar a harmonia, o equilíbrio e a fraternidade.

Em segundo lugar há razões simbólicas e metodológicas. Diz-se que, nos tempos da Maçonaria Operativa, seria através de sinais secretos, próprios de cada uma das classes de operários, que os seus membros se identificariam perante os tesoureiros para assim receberem os seus salários diferenciados.

Do mesmo modo, cada grau – Aprendiz, Companheiro e Mestre – tem os seus próprios sinais de reconhecimento, os seus próprios segredos que não podem ser revelados aos de grau inferior.

A natureza do que se cala é menos importante do que a aprendizagem do guardar silêncio, do calar-se e do refrear-se. Sem calar não se pode ouvir; é por isso que nas sessões é imposto absoluto silêncio aos Aprendizes e aos Companheiros.

Como exercício, fora destas, são-lhes confiados os “segredos de grau”, que não passam, neste sentido, de um mero exercício de contenção. Por outro lado, a separação entre os graus evidencia e promove o progresso de cada maçom, e permite que, expostos aos mesmos conceitos na mesma ordem cronológica, todos percorram caminhos relativamente semelhantes.

Os símbolos marcam o caminho, e a sua interpretação ou o aprofundamento do seu estudo constituem segredos na medida em que antecipação do conhecimento dos mesmos poria em risco a sua frutuosa interiorização.

O silêncio não termina, porém, com a elevação a Mestre, antes se transfigura de silêncio imposto em silêncio voluntário. De fato, um Mestre deverá ter já interiorizado o que a sabedoria do povo nos repete: que, se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro.

Por fim, e em terceiro lugar, encontra-se a reserva da identidade dos irmãos, o que não deixará de fazer sentido face à incompreensão, rejeição e mesmo perseguição de que os maçons foram – e, infelizmente, são ainda em muitos lugares – alvo, pelas mais diversas razões, das políticas às religiosas.

Não obstante ser cada um livre de assumir publicamente a sua condição de maçom está-lhe absolutamente vedado revelar a de quem o não fez.

Por poder causar danos reais na vida daqueles cuja identidade fosse indevidamente revelada considero ser este, de entre os vários que os maçons juram guardar, o único segredo verdadeiramente digno desse nome.

Blog “A Partir Pedra” – Texto de Paulo M.

VAIDADE DE VAIDADES, TUDO É VAIDADE!



Quando ainda era aluno do antigo 2° grau tive um professor de Geometria Descritiva, chamado Enio que me ensinou a seguinte frase:

“O importante não é o anel de grau e sim o grau do anel”, isso quer dizer que não adianta a ostentação de símbolos se eles não correspondem ao conhecimento adquirido.

E o que isso tem a haver com a maçonaria? Resposta tudo!

É comum encontrar Irmãos com o peito cravado por inúmeras medalhas, que comparecem as Sessões Magnas parecendo verdadeiras árvores de Natal.

Será que eles possuem o mérito dessas comendas?

Tenho observado que muitos Mestres, ao serem chamados para cumprirem alguma tarefa, não sabem nem pegar e conduzir uma espada.

As Lojas pecam e muito na transmissão do conhecimento, poucas se dedicam a exigir dos aprendizes e companheiros méritos para ascensão dos graus, quando fazem, cobram decoreba de questionários e trabalhos que hoje são encontrados, facilmente, na internet.

O sentido, o porquê das coisas e dos símbolos é negligenciado.

Mestres apresentando trabalhos? Nem pensar!

Tenho notado que Companheiros, que ao atingirem ao grau de Mestre, são imediatamente convidados para fazerem os graus, considerados filosóficos.

Como assim, pergunto alguém recém exaltado, que nada conhece do grau de Mestre, e ainda pior, nem dos graus de Companheiros e Aprendizes, podem fazer os graus superiores?

Como combater a vaidade se ela é tão exposta para que todos a vejam.

Nem eu e ninguém somos donos da verdade e do conhecimento, devemos estudar sempre, não adianta ter chegado ao grau 33 sem nada saber, a Maçonaria é linda, e cabe aos seus membros se tornarem dignos de a ela pertencer.

Vamos estudar meus Irmãos, vamos deixar as comendas na gaveta, sejamos humildes e lutar pela divulgação do que ela nos ensina.

Paulo Edgar Melo
Membro da ARLS Cedros do Líbano, 1688 - GOB-RJ
Miguel Pereira - RJ
   

 
   



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