É difícil definir
filosofia, existem várias definições, uma delas diz que filosofia é o estudo
das questões gerais e fundamentais relacionadas com a natureza da existência
humana; do conhecimento; da verdade; dos valores morais e estéticos; da mente;
da linguagem, bem como do universo em sua totalidade.
Diz-se que o termo foi cunhado por Pitágoras. Filosofia não tem
regra de bolso para estudar, serve para cada um de forma individual, com a
própria visão. Tomás de Aquino disse certa vez que: “O que quer que seja
recebido é recebido ao modo do recipiente”. Perante os mesmo símbolos, as
mesmas alegorias, as mesmas situações têm percepções diferentes e interpretamos
conforme nossos próprios conceitos e agimos conforme nossa própria moral.
Segundo Joaquim Figueiredo (2006) o simbolismo maçônico pode ser
dividido em emblemático (transmite por analogia um sentido moral) ou
esquemático (tem um significado mais intelectual, filosófico ou científico).
Alegoria é aquilo que representa uma coisa para dar a ideia de outra por meio
de uma ilação moral. É uma quase imediata compreensão, (exemplo régua =
retidão).
Já o símbolo tem várias interpretações. Tem uma interpretação
moral. É vago, não é de fácil compreensão e aparentemente pode querer dizer uma
coisa, mas na verdade, quer dizer outra. Cumpre ao contemplador (ao Irmão)
compreender o significado. É um processo privado, único, individual, como é a
caminhada maçônica.
Ao ouvirmos uma instrução é salutar que expressamos como
entendemos esse processo, assim vamos assimilando os símbolos. O ato de somente
repetir não nos faz passar pelo processo simbólico ocorre somente à acomodação.
Os dois caminhos para o processo simbólico são o intelectual e o emotivo: no
intelectual você acrescenta, através do estudo, conexões mentais. No emotivo, é
a experiência de vida que nos acrescenta conhecimento. Por isso é que nossa
interpretação é importante sobre os assuntos, especialmente os maçônicos, não
devemos somente repetir aquilo que nos foi dito e sim incorporar nossas
percepções sobre o assunto.
A frase “conhece-te a ti mesmo e conhecerá o Universo e os
deuses”, oriunda do período de apogeu da cultura Grega no mundo ocidental, leva
àquele que a incita a pensar sobre sua existência, suas próprias
características, seus erros e também o que o motiva a seguir o caminho.
Desde os primórdios o homem se pergunta qual a finalidade da
vida humana, qual o objetivo da vida, de onde vem e para onde vai. Nesse
ínterim que temos entre nosso nascimento terreno e morte é o período que nossa
alma possuiu esse corpo, e é o tempo que aqui estamos para evoluir, sendo as
sociedades iniciáticas, em especial a maçonaria, auxiliar no desenvolvimento do
homem de forma individual e da humanidade como um todo.
VITRIOL é talvez o mais famoso axioma hermético, síntese dos
conhecimentos aplicados à maçonaria especulativa. Visita interiore terrae rectificando
invenies occultum lapidem. Pode ser traduzida do latim como: Visite o interior
da terra, retificando-se, encontrarás a Pedra Oculta. É a porta que nos conduz
a um novo estado moral ou espiritual a partir do qual se inicia uma nova
maneira de ser e de viver.
É através da auto-observação que o homem consegue saber o que
lhe faz feliz. Quem quer que se empenhe na dura obra do seu aperfeiçoamento
moral e espiritual deve penetrar no âmago do seu ser, com o propósito sincero
de encontrar e eliminar todas as imperfeições por ventura encontradas. E elas
certamente não serão poucas.
Viver a maçonaria diariamente é um eterno processo de
retificação. Este caminho a percorrer haverá de levá-lo à descoberta da Pedra
Filosofal ou Pedra Polida; que é o princípio, a Centelha Divina que repousa
viva dentro de cada um de nós. Que nada mais é que o maçom polido.
Uma das virtudes da alma é o conhecimento. Se a Virtude da alma
é o Conhecimento e se a Fraternidade Maçônica só se sustenta pela Virtude,
então Conhecimento e Fraternidade são equivalentes e necessitam-se.
Assim, ignorância e fraternidade são excludentes. O Conhecimento
exige a fraternidade, portanto, o equilíbrio da Fraternidade Maçônica exige do
Maçom conhecimento, em especial autoconhecimento, exatamente o que preconizava
Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo”. É necessária uma predisposição perene do
maçom na constante busca do conhecimento e da virtude. Como diz nosso manual
“levantando templos à virtude”.
A maçonaria, desde o primeiro grau de Aprendiz, vai nos
revelando sua filosofia, esse segredo que vamos entendendo pouco a pouco. Os
segredos íntimos da Maçonaria são fundamentais para o desenvolvimento harmônico
da humanidade.
Na iniciação é perguntado ao neófito o significado de “virtude”.
Para Aristóteles a virtude não é apenas a disposição da alma para a realização
de ações nobres, mas requer a constância, a repetição. É um hábito constante
que leva o homem para o bem. Para Tomás de Aquino “as virtudes humanas são
hábitos”. No latim vem do virtus, significa viril, em especial ao gênero
masculino. Hoje, virtude é mais um atributo moral e positivo. As virtudes
cardeais são a prudência, fortaleza, temperança e justiça. Já as virtudes
Teologais são a fé, esperança e caridade.
Prudência: É a virtude que permite ao entendimento refletir
sobre os meios que levam a um fim racional. É uma virtude intelectual. Para
atingir um fim devemos pensar nos meios. Fortaleza: capacidade de enfrentar os
perigos, males e a morte.
Uma vitória sobre o medo. Temperança: optar e conter
o prazer sensitivo, dentro dos limites estabelecidos pela sã razão. Justiça:
Consiste na consideração equitativa do e no respeito ao direito e ao valor
devidos ao outro ou a alguma coisa.
O domínio da justiça permite o equilíbrio da temperança, da
fortaleza e da prudência. Virtudes teologais: Fé: Segundo São Paulo, “a fé é a
substância das coisas esperadas e o argumento das que não aparecem”. É a
certeza íntima numa Verdade que não aparece. Esperança é a expectação de algo
superior e perfeito. Caridade é a bondade suprema para consigo mesmo, para com
os outros e para com o Ser Infinito, no sentido do amor Universal. A fé é da
natureza do espírito, a semente da fé é dada no momento de sua criação. É uma
dádiva de Deus.
Virtudes cardeais passam ideia de horizontalidade, exercê-mo-las
nas nossas relações com os outros seres no mundo. Já nas virtudes teologais a
ideia é de verticalidade. Relação do homem com a divindade.
Na fé temos a certeza íntima da existência do Criador, para além
da razão.
Se tivermos fé em Deus e reconhecemos a imortalidade da alma, é
racional que tenhamos a esperança da felicidade futura. É, portanto, uma emoção
relativa ao homem e a Deus. É inata justamente porque sem fé não pode haver
esperança. Na caridade temos o aspecto vertical, pois é o amor universal que
nos leva a caridade, mas tem algo a mais, pois tem também a horizontalidade. É
a maior das virtudes.
Você tem o amor universal, mas você exerce esse amor no mundo
com os irmãos. Benemerência é diferente de caridade. Na benemerência, também
importante, diga-se de passagem, você doa uma cesta básica. Na caridade você
doa a cesta básica e vai ao lugar entregar, ver como o necessitado está. Sem
ostentação nem propaganda. Não é dar o que sobra, é retirar um pouco do muito que
temos para distribuir a felicidade para os nossos semelhantes.
E qual a recompensa de todo esse esforço? O que ganhamos com
isso? Qual a vantagem? Tirar um peso da consciência pode ser a resposta para
alguns. Sentir-se feliz com a felicidade do outro pode ser para outros. Ter um
“aumento de salário maçônico”? Para alguns talvez seja somente cumprir uma
obrigação. Nem todas as perguntas têm respostas que servem para todos. Não
somos iguais. Mas não estamos aqui por nossas diferenças, são nossas virtudes e
desejos de bem estar comum que nos unem.
A maçonaria, segundo nosso manual, é uma associação de homens
escolhidos, cuja doutrina tem por base o GADU. Tem como regra a Lei Natural;
por causa a Verdade, a Liberdade e a Lei Moral; por princípio a Igualdade, a
Fraternidade e a Caridade; por frutos a Virtude, a Sociabilidade e o Progresso;
por fim, a Felicidade dos Povos que, incessantemente, ela procura reunir sob a
bandeira da Paz. Assim, a Maçonaria nunca deixará de existir, enquanto houver a
espécie humana.
Bibliografia:
Manual do Ap∴ REAA GORGS
Reflexões pessoais e da Cadeira Filosofia Maçônica: valores,
virtudes e verdades. Do curso de Maçonologia: História e Filosofia da UNINTER
do Paraná.
Ensaios sobre Filosofia e cultura maçônica – Walter Celso de Lima
editora Madras
Autor Irmão M∴ M∴ André Weizenmann
ARLS Venâncio Aires/RS 2020