OS MAÇONS PARARAM NO MEIO DO CAMINHO



A Maçonaria moderna foi inventada pelos grandes pensadores dos séculos XVII e XVIII para reunir todos os homens de qualidade, “isto é, homens que são verdadeiros e bons, ou homens de honra e honestidade, não importam por que nome ou convicção eles podem ser extintos".

Eles deveriam se tornar o "centro da união" independente de suas diferenças, nem as negando nem as apagando. (O fato de as mulheres terem sido excluídas é unicamente devido ao contexto social da época; as mulheres foram posteriormente autorizadas a participar).

A Constituição de Anderson - e Désagueliers também - não afirmam claramente o objetivo dessa “união”, mas, logicamente, deve se esforçar para a coexistência pacífica de toda a humanidade.

Para tornar possível reunir esses “homens que são verdadeiros e bons” que, de outra forma, certamente teriam “mantido distância um do outro”, os fundadores da primeira obediência maçônica moderna afastaram as religiões e igrejas de suas oficinas. Cerca de dez anos depois, a religião foi reintroduzida como parte dos valores trazidos pelos maçons escoceses tradicionais que viviam em Londres, que eram católicos devotos.

Foi sob essa influência que a ideia de uma "união" entre "homens de honra e honestidade" se transformou em uma "irmandade universal"?

Talvez porque os cristãos se considerem "irmãos". Felizmente, a influência da Igreja Católica não impediu o ideal de tolerância da Maçonaria.

Os cristãos são "irmãos" porque acreditam que compartilham o mesmo "pai". Eles pertencem à mesma "família" e somente aqueles que adotam essa visão de mundo podem fazer parte dela.

Os maçons escolheram serem irmãos livremente, além de qualquer vínculo preestabelecido.

Os cristãos geralmente acreditam que fraternidade é sinônimo de amor. Pode ser esse é o ideal, mas, acima de tudo, fraternidade significa interdependência visceral. 

Todo mundo que tem irmãos e / ou irmãs sabe o quanto eles estão ligados, apesar de uma variedade infinita de personalidades, comportamentos e interesses que podem ser completamente opostos.

É possível que as descobertas científicas compostas desde os dias do Renascimento permitissem aos membros da Royal Academy of Sciences de Londres ter consciência da interdependência dos seres humanos e de todas as outras formas de vida. Nesse caso, o centro da união pode ser considerado como o de todo o mundo vivo. Essa crença está alinhada com as idéias atuais de ecologia humanística.

A formidável "mecânica" da Maçonaria moderna conseguiu criar um sentimento de fraternidade, simpatia e amor entre os membros das lojas, mesmo sendo muito diferentes entre si. Esse sentimento pode se estender a todos em sua obediência, às vezes se espalhando para incluir várias obediências. Mas nunca abrangem todos eles, apesar das repetidas e onipresentes proclamações de pertencer à irmandade universal.

A construção do centro de união ainda não foi concluída. Sem terminar este trabalho, a Maçonaria não está em posição de construir o “templo de um mundo fraterno”, que é sua razão de ser final. Isso explica, pelo menos em parte, por que a Maçonaria perdeu mais da metade de seus membros no século 20 (especialmente nos Estados Unidos, mas não apenas lá)?

Os maçons pararam no meio de um rio, tomados pela indecisão.

Nota: O entusiasmo pelas "redes sociais" Face book, Twitter, Whats App etc. mostra que as novas gerações - maçons ou não – ampliam seus horizontes em direção ao universalismo.

Fonte: http://www.call-of-bratislava.com

O TRATAMENTO POR “IRMÃO”



A origem do cordial tratamento por “Irmão” é atribuída, pela maioria dos autores, a Euclides (“pai da Geometria”), sendo este tratamento adotado e nunca mais esquecido pelos maçons.

Euclides tornou-se mestre das sete ciências (Retórica, Gramática, Lógica, Aritmética, Música, Geometria e Astronomia), e a partir das suas aulas, estabeleceu regras de conduta para os seus discípulos: em primeiro lugar, cada um deveria ser fiel ao Rei e ao país de nascimento; em segundo, cumpria-lhes amarem-se uns aos outros, serem leais e dedicados mutuamente. Além disso, para que os seus alunos não descuidassem estes últimos deveres, ele sugeriu aos mesmos que se dessem, reciprocamente, o tratamento de “irmãos” ou “companheiros”.

Assim, podemos dizer que, este grande personagem (nascido no século III a.C.) foi quem deu origem ao mencionado tratamento fraterno, que os maçons, por tradição, até hoje, mantém e preservam essa boa prática, que inclusive se encontra ratificada nos dispositivos legais da nossa Ordem.

Aprovando inteiramente este costume saudável, oriundo das escolas de Euclides, a Maçonaria resolveu sugeri-lo aos seus iniciados, que o receberam com todo agrado e sem nenhuma restrição, passando a ser uma norma obrigatória nos diversos Corpos dessa Sublime Instituição, para não mais ser apagado da lembrança dos seus obreiros.

Este tratamento, de fato, traduz uma maneira de proceder muito afetiva e agradável a todos os corações dos que trabalham nos seus Augustos Templos. Assim, passaram os iniciados, na nossa Sublime Ordem, ao uso desse tratamento em todas as horas, quer no mundo maçônico, quer no profano.

É importante destacar que, “Irmão “era o tratamento que se davam entre si os Maçons operativos, mantendo-se até os dias de hoje esse costume, seja o Maçom de qualquer grau. Este título, acrescentado a vários qualificativos, incorporou-se a muitos graus e cargos maçônicos, além de vincular-se a outras instituições mais ou menos ligadas à nossa Ordem.

Vale lembrar que, na antiguidade, só eram considerados parentes os que tivessem os mesmos deuses e praticassem o mesmo culto. Observamos ainda que, Irmão é o título que, em geral, se atribuem, mutuamente, os religiosos de uma mesma Ordem e os membros de um mesmo convento, ou de uma mesma associação religiosa. Era também como se tratavam os soberanos da cristandade quando se correspondiam entre si. Portanto, em geral, Irmão é um tratamento comum na Maçonaria e nas várias religiões.

Este tratamento existe em todas as sociedades iniciáticas e nas confrarias, nas quais o seu significado representa a condição adquirida como participante de um mesmo ideal, baseado na amizade.

O vocábulo “Irmão” é um substantivo masculino (do latim: germanus), que segundo os principais Dicionários, pode designar, dentre outros significados, o homem que, em relação à outra pessoa, tem os mesmos pais, ou somente o mesmo pai ou a mesma mãe. Fisiologicamente, os irmãos provindos dos mesmos pais são denominados de “germanos”, que, em latim, significa “do mesmo germe”.

Embora não haja, na Maçonaria, esse aspecto fisiológico, existe a fraternidade (frater, em latim, irmão), que harmoniza os seres na parte espiritual. Diz-se que, os maçons são irmãos porque provêm da mesma Iniciação, na qual morrem simbolicamente, enterrando a vida mundana para renascer do germe filosófico que transforma integralmente a criatura humana, refletindo no seu comportamento posterior.

Ainda de acordo com os Dicionários, o termo “Irmão” pode significar amigo inseparável. Este sentido, na Maçonaria representa que, (além da amizade fraternal que nos deve unir) nós, maçons consideramo-nos irmãos por sermos, simbolicamente, filhos da mesma mãe, a Mãe-Terra, simbolizada pela deusa egípcia Ísis (a Lua ou a Natureza), viúva de Osíris (o Sol ou a Luz). Por isso, os maçons são também, simbolicamente, considerados irmãos de Hórus (filho de Ísis e Osíris).

É sabido que, os irmãos possuem, através da sua origem sanguínea, características comuns e afeto sólido, dentro e fora do âmbito familiar. Por isso, acreditamos não existir tratamento mais afetuoso do que “Irmão”.

Vale destacar que, já no Poema Regius do ano 1390, um dos mais antigos documentos maçônico conhecido, recomendava-se o tratamento de “caro irmão” entre os maçons.

Grande parte da história da Maçonaria pode ser encontrada nas Constituições Manuscritas ou Manuscritos Regius, os quais tradicionam e nos deixam como legado que: “Sendo os maçons do mesmo ofício não podem ser tratados por súbditos ou servos, mas, sim como ‘meu caro irmão’. Todavia, os mais avançados no ofício, deveriam receber o tratamento de mestre”, independentemente de posição social.

Lembramos que, o grande sábio Euclides exigia que os seus discípulos devessem ser leais ao rei e ao senhor que serviam. Deviam amar-se entre si e serem leais uns com os outros. Deviam tratar-se por Companheiro ou Irmão. Deviam designar o mais sábio como o Mestre da Obra, e nem afeição, ou linhagem, ou riqueza deveria influir na escolha do Mestre, pois o senhor poderia ser mal servido e eles seriam desonrados. E deviam chamar de “Mestre”, o dirigente dos trabalhos. E, atribuiu-lhes mais deveres. E sobre tais deveres, os fez prestar o grande juramento usado naquele tempo.

Além disso, estabeleceu que, eles se reunissem em assembleia para encontrar um meio de melhor trabalhar em proveito do senhor e em sua própria honra, corrigindo-se, caso necessário. De acordo com essas premissas, foi fundado o Ofício, ao qual esse grande sábio denominou de Geometria; e que, agora, nós a chamamos de Maçonaria.

Ressaltamos que, a essência da fraternidade é o “amor”. Por essa razão é que devemos dedicar muito amor uns aos outros; é essa prática que “une o espírito” para que haja, na Maçonaria, “um só homem” num só espírito.

Finalmente, concluímos observando que, não podemos esquecer-nos de que, não cabe a nós escolhermos os nossos Irmãos de sangue, todavia, é nosso dever escolhermos bem os nossos Irmãos de Maçonaria. Lembremo-nos disto!

Aildo Virginio Carolino
Grão Mestre do GOB-RJ


ALFABETO MAÇÔNICO E PRANCHA DA LOJA



O Alfabeto Maçônico é um instrumento utilizado para criptografar as mensagens enviadas entre IIr, criado por HEINRICH CORNEILLE AGRIPPA VON NETTESHEIM, com o fim de deixar as informações sigilosas Entr CCol. Inspirado nos quadrados mágicos e no Alfabeto Templário, este alfabeto também utilizava como norte a criptografia chamada ATBASH, muito utilizada pelos Hebraicos.

Teve seu inicio ao ser utilizado em 1745, por Louis Travenol, mas sua origem vem da obra de AGRIPPA “A Filosofia Oculta ou a Magia de Henri Corneille Agrippa”, onde o mesmo utilizando das heranças supra, organizou o atual sistema.

A Cifra maçônica ou cifra PIGPEN é uma cifra utilizada pela maçonaria que consiste na simples substituição de símbolos por letras, de acordo com um determinado esquema.

Este instrumento, se traduz em um quadrado sem margens, composto por duas linhas Vert Paral e simétricas, e duas linhas Horiz Paral e simétricas, formando nove cubos; desenho semelhante ao conhecido “jogo da velha”.

Neste quadrilátero há o alfabeto comum, que separado acomoda duas letras por cubo, da letra A até a letra R, sendo utilizado o ponto para identificar a segunda letra de cada cubo. Há de salientar que somente após algum tempo, ante a necessidade, fora estabelecida a Cruz de St. Andrew, que finalizou a inserção do alfabeto comum no sistema citado, estabelecendo duas retas diagonais perpendiculares, formando um X, criando quatro triângulos onde se encaixam as letras, também em dupla, de S até a letra Z.

A escrita é feita de forma silábica, onde o utilizador organiza os cubos e nichos, com ou sem ponto para montar as PP que deseja.

A Estrutura acima descrita pode ser visualizada na Prancheta da Loja, que é uma das três joias fixas da loja, e pode ser visualizada no Pain do Grau de Apr, também conhecida como prancha de traçar, ela esta ligada ao grau de M, assim como a pedra cubica ao C e a pedra bruta ao Apr, lembrando ao Maç que ele sempre deve traduzir seus pensamentos de forma maçônica.

No REAA a prancheta contém a chave para o alfabeto maçônico, à medida que em outros ritos pode conter os planos e ensinamento a serem transmitidos aos AApre CC.

Além de conter a chave para o alfabeto, a prancheta é o símbolo que marca a função dos MM de guiar os AApr e CC na caminhada maçônica, traçando os trajetos necessários para a evolução.

O sistema de Alfabetos possui variações, quais sejam:
A cifra da Ordem Franco Maçônica ou Maçons Livres é composta por dois quadriláteros, totalizando dezoito cubos, e duas formas em X, totalizando oito nichos. Em cada cubo e nicho é inserida uma letra, sendo do À ao I, cubos vazios (sem pontos), do J ao R cubos pontuados, S ao V nichos vazios (sem pontos), e W ao Z nichos pontuados. Neste sistema os pontos sempre se encontram próximos ao cubo central, no que tange ao quadrilátero, e próximos ao ponto perpendicular na forma em X.

Aqui insta salientar que nas formas em X as letras não são organizadas utilizando do sentido horário, e sim de pontos cardeais no seguinte sentido: “Norte, Ocidente, Oriente, Sul”.

Há ainda o Alfabeto Inglês Moderno, que possui mesma forma a cifra Fraco Maçônica, entretanto sendo composta por apenas um quadrilátero e um forma e X, sendo diferente apenas na ordem de disposição das letras que preenchem a Forma em X, duas por nicho e em sentido horário, iniciado no Norte e terminando no Ocidente. A pontuação é sempre central.

Há ainda de observar o Alfabeto Alemão Moderno que utiliza sistema idêntico ao Alfabeto Inglês, entretanto por não possuir as letras J, K, V e W, possui em sua Forma em X apenas uma letra por nicho.

Existem ainda os Alfabetos Inglês Medieval que organiza as letras em pequenos triângulos dentro do quadrilátero, e o Alfabeto Alemão Medieval que organizas as letras em sequência de linear, entretanto de 9 em 9, repetindo o primeiro cubo após a nona letra, criando combinações como “ALU”, “BMV” e assim por diante.

Cabe salientar que nestes Alfabetos não existem as letras “J,K,V,W”.

No REAA se utiliza como regra o Alfabeto Maçônico Inglês, entretanto o mesmo perdeu parte de sua utilizando devido à evolução da sociedade, sendo mais utilizado na transmissão da Pal Sem, qual inserida em ritual próprio se mantém Entr CCol.

Por fim cabe observação, onde suspeita este Apr Maç existir influencia do Alfabeto Maçônico, ou pelo menos da chave de codificação no mundo profano, vez que considerando os anos de aparecimento, muito se aproximam em sua estrutura.

Ao olhar com atenção ao sistema utilizado nas teclas já nos primeiro Telefones Celulares é possível identificar um quadrilátero, separado por cubos, contendo letras e números, na mesma forma e ordem da chave do Alfabeto Maçônico.

A diferença aparece quando o sistema de celular expande a utilização para a utilização de pontuação, asterisco e o famoso “jogo da velha”, acrescendo uma terceira linha horizontal.

Isto, acrescido da conhecida historia da atuação dos MMaç no mundo gera a suspeita desta grande influencia da Ordem Maçônica no mundo profano.

A VIRTUDE SERVE OS DETERMINADOS

Cifra a dos franco maçons
Or de Ilha Comprida, 27 de Fevereiro de 2020 - EV
Trabalho do Ir Guilherme Aires Rocha de Souza – Apr Maç da
ARLS Retidão e Prudência, nº 2143.

Solicitado pelo Ir Douglas Antônio Baptista – 2º Vig
Bibliografia: https://pt.scribd.com/presentation/389322106/o-Alfabeto-Maçônico-Através-do-Tempo



O SIGNIFICADO DA PASCOA



A Páscoa, como a maioria das pessoas imagina, não é uma festa somente cristã.

A palavra Páscoa, vem do hebraico Passach, que significa passagem. Ela foi instituída pelos judeus, quando ainda estavam no cativeiro no Egito. O significado de palavra refere-se não a passagem do povo judeu do Egito para a terra prometida, mas sim que Deus iria “passar” pela terra do Egito, e ferir os primogênitos, sejam de homens ou animais. 

Ela deve ser comemorada no dia 14 do mês de Nissan, que é o primeiro mês do calendário judaico.

De acordo com as tradições judaicas, ela foi comemorada pela primeira vez há 3.500 anos, quando Deus enviou ao Egito as dez pragas, conforme relatado no livro de Exodus. 

Ao contrário dos cristãos, que se abstém de carne na sexta feira, os judeus comem carne de carneiro com pão ázimo.

Enquanto os judeus comemoram a Páscoa indicando a passagem de Deus pelas terras do Egito, os cristãos celebram a ressurreição de Cristo, ocorrido três dias após sua crucificação, sendo considerado um dos dias mais importantes do cristianismo.

O cristianismo adotou muito dos ritos judaicos, sendo a Páscoa uma delas. Mas a igreja, para distinguir da Páscoa judaica, decidiu que a data cristã seria comemorada no primeiro domingo após a Páscoa dos judeus, ou seja, após a primeira lua cheia da primavera que ocorre no hemisfério norte. Dai a Páscoa sempre ocorrer entre o dia 22 de março e 25 de abril.

 Muitos dos costumes ligados ao período pascal originam-se dos festivais dos povos pré-cristãos da primavera.

Na Europa, esses povos homenageavam a deusa Ostera ou Ostara ou ainda Esther, sendo que na língua inglesa Easter que dizer Páscoa.

Ostara era a deusa da Primavera, que era representada segurando um ovo em sua mão e observando um coelho, que era considerado símbolo da fertilidade. Tanto ovo como o coelho, são símbolos da chegada de uma nova vida. A celebração era realizada no Equinócio de primavera no hemisfério norte. 

Representa também o renascimento da terra após o inverno, a chegada da luz. Assim como muitos deuses antigos, Ostara foi cristianizada, bem como os seus símbolos, o ovo e o coelho.

Na Maçonaria essa data é celebrada, nos graus filosóficos, por uma sessão especial, a da Quinta-feira de Endoenças. Essa tradição pertence ao Grau de Cavaleiro Rosa Cruz, praticado no Brasil pelo Grau 18 do Rito Escocês Antigo e Aceito. 

Independentemente de ter origem pré-cristã, o significado da Páscoa hoje é reforçar no coração de todos, que devemos ter um novo recomeço, perdoando nossos desafetos, sendo também um momento de começar uma nova jornada abandonando velhos vícios e hábitos.

DERMIVALDO COLLINETT

M.M. DA ARLS RUI BARBOSA OR.'. DE SÃO LOURENÇO
Bibliografia
- A diferença entra as Páscoa Judaica e Cristã e sua influência na Maçonaria – College Adonhiramita.
- A origem da Páscoa – Autor desconhecido
- Pessach e Páscoa - A diferença entre as festas judaicas e cristãs e suas influências na Maçonaria. Luis Genaro L. Fígoli (M.´.I.´.)*


AS TRADIÇÕES MAÇÔNICAS ESQUECIDAS



Nos Rituais, Manuais e Catecismos Maçônicos pululam em todas as páginas, personalidades, símbolos, tradições, mitos e lendas plenos de mistérios, mas que se completam de forma autônoma, ao longo dos Graus, enriquecendo, não só a Literatura Maçônica, mas o aprendizado e a Cultura da Arte Real. Alguns desses personagens, símbolos e tradições, lendas e mitos estão por completos ou parcialmente esquecidos. A ideia é caminhar em sua direção com o objetivo de promover resgates.

O Rito Escocês Antigo e Aceito, formatado em 33 Graus, apresenta-se como um conjunto harmônico, entrementes, cada Grau possui sua própria ritualística, personagens, simbolismo, lendas, tradições e mistérios que se de desvelam aos iniciados em cada um dos Graus respectivos, e no momento preciso, como num jogo de juntar peças. 

O mesmo se pode afirmar com relação aos demais Ritos que tiveram origens no Velho Continente, notadamente Inglaterra, Escócia, França e Alemanha.

No nosso modesto e humilde entender, as tradições, em especial, as lendas, os personagens, os fatos e acontecimentos que serviram (e ainda servem) de repositório de conhecimentos e/ou informações acumuladas pela Ordem na sua longa marcha civilizatória, estão perdidas e/ou se perdendo em face das alterações desfigurativas dos Rituais; da ausência de métodos instrucionais eficazes na transmissão dos saberes; e da falta de interesse dos maçons em se aprofundarem no conhecimento das tradições maçônicas.

A meu entender, não há força capaz de sustentar uma instituição como a nosso sem o apoio do conhecimento, sem a transmissão da tradição, dos usos e costumes, e do simbolismo subjacente, que passam a representar, essencialmente, a pedra angular, a argamassa, o elemento de coesão da Maçonaria e dos Maçons. 

Neles se exprimiram todos os sábios antigos e neles deixaram os seus rastros luminosos de saberes que chegaram até nós. A manutenção da Tradição de nossa Ordem faz com que a pratiquemos, no século XXI, a ritualista estabelecida nos séculos XVII e XVIII. Se assim não fosse a nossa Ordem já teria se pulverizado.

Então, diante deste cenário, parece-nos excessivamente oportuno escrever sobre este assunto – as tradições esquecidas – na tardia esperança de reacender o fogo do interesse pelas “coisas” da Ordem, ainda que, para isto, tenhamos que inscrever no preâmbulo intelectual de cada maçom, marcas que expressem o sentimento de que precisamos reencontrar nas tradições maçônicas, a chave que serve para abrir e/ou fechar o cofre do tesouro do conhecimento dessas coisas que a Maçonaria conserva.

Focando na questão da tradição maçônica, vamos, inicialmente, perquirir os dicionários para averiguar o que eles dizem. No meu velho e bom “Aurélio”, por exemplo, encontro: Tradição é o ato de transmitir ou entregar (algo ou alguma coisa a outrem); transmissão oral de lendas, fatos, etc., de idade em idade, geração em geração; transmissão de valores espirituais através de gerações; conhecimento ou prática resultante de transmissão oral ou de hábitos inveterados; e, por fim, recordação, memória. 

Poderia me contentar, apenas, com as duas últimas palavras: recordação e memória. Mas, precisamos evoluir, então, recorremos ao meio mais moderno de consulta da atualidade, o Google, e lá encontramos: Tradição (do latim: traditio, tradere = entregar; em grego, na acepção religiosa do termo, a expressão é paradosis παραδοσις) é a transmissão de práticas ou de valores espirituais de geração em geração, o conjunto das crenças de um povo, algo que é seguido conservadoramente e com respeito através das gerações.

Procurando refúgio e apoio nas obras maçônicas, recorro a Nicola Aslan e ao seu Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria Simbólica, que a partir do verbete especifico transcrevo:

“Tradição – Palavra de origem latina usada, em Direito, para indicar a ação de entrega e particularmente de uma propriedade. Por extensão esta palavra aplica-se à transmissão de fatos puramente histórico, de doutrinas religiosas, de acontecimentos de qualquer ordem, de idade em idade, e que sem qualquer prova autentica se tem conservado de boca em boca, constituindo, porém, uma das bases da história e da religião” 

E prossegue aquele autor:
“É por meio da tradição que os grupos humanos transmitem suas crenças, suas ideias, seus costumes, além de todas as conquistas artísticas, técnicas e cientificas. Desta forma, a tradição é um fator de progresso, pois transmite uma herança de cultura, que se renova através das gerações (...)“.

Observa-se, contudo, nas consultas efetivadas, que a ideia central perpassada é a mesma, a tradição é uma forma de perenizar conceitos, experiências e práticas entre as gerações, é a transmissão do conhecimento; é a conservação dos costumes, dos hábitos, de tudo o que no passado era observado. Os aspectos específicos da tradição devem ser vistos em seus contextos próprios, enquanto forma de perenizar conceitos, experiências e práticas entre as gerações. A tradição toma feições peculiares em cada crença e grupamentos humanos. 

Fica registrado, então, que é por meio da Tradição que os grupos humanos mantêm seus costumes seus hábitos, suas conquistas morais e sociais. A cultura maçônica adquirida é assim mantida. A manutenção dos parâmetros estabelecidos em nossos “Rituais”, “Landmarks” e “Antigos Deveres” é o que permite que a Maçonaria seja secular. Em resumo, o termo Tradição significa Transmissão.

As crenças, as lendas e os mitos, gostem ou não gostem alguns historiadores da Ordem, são formas de transmissões orais, cujas personagens podem mudar segundo a geografia, padrão social e a cultura de época, mas a componente moral permanecem e transmite-se na consciência das gerações. Permito-me, nesse parágrafo complementar, sem pretender me contradizer ou confundir o leitor, asseverar que a tradição não é só regras, constituições, estatutos, rituais, e normas da Ordem, mas os usos e costumes e simbolismo que neles se inserem e que regulam a vida dos maçons e suas condutas atuais e futuras.

Trazendo esses conceitos e argumentos para o interior da Ordem, podemos entender que a tradição maçônica, não só diz respeito como se imagina, aos Landmarks, Constituições de Anderson e aos antigos usos e costumes da Maçonaria Universal, mas as Constituições em geral, regulamentos, regimentos, rituais, leis, decretos e normas que se relacionam, principalmente, com matérias ritualísticas. Também, se afigura como tradição, o farto simbolismo que permeia em nossas Lojas, seus adornos e objetos de uso interno, e jóias e paramentos que ilustram os maçons. 

Neste particular, o símbolo, a lenda e o mito permanecem como uma necessidade viva, por cujo instrumento se poderiam tornar acessíveis as representações intelectuais do enunciado deste parágrafo e texto.

Daqui partindo, professa Manoel Arão, que a maçonaria quis manter na sua simbologia, o essencial da sua tradição e as regras gerais que são a base de seu ensino filosófico e moral. Porque Ela sabe bem que, ao lado das coisas que evoluem que mudam constantemente de direção, qual ampliam e se modificam, obedecendo a critérios dos intérpretes e às correntes mentais que criam as doutrinas e as escolas, há o princípio fixo e imutável que pode ser conhecido amanhã em outros detalhes, ora ignorados, mas cuja base constituem a própria essência inalterável e eterna que o homem consegue apreender e fixar. Estas razões justificam o símbolo que resume e fixa e que já é inseparável da transmissão dos conhecimentos e princípios maçônicos (Arão, História da Maçonaria no Brasil: desde os tempos coloniais até nossos dias, Recife, 1926, p. 35).

As diversas Escolas do Pensamento Maçônico (Autêntica, Antropológica, Mística e Ocultista) não se omitiram no estudo das antigas tradições, lendas e mitos da Maçonaria, pelo contrário, as tradições maçônicas foram dissecadas, reviradas, examinadas minuciosamente analisados em face de registros documentais, e do muito, pouco foi afastado pelos historiadores, estudiosos e defensores e propagandistas de cada Escola. Em resumo, não puderam refutar documentos conhecidos como as “Old Charges”, ou “Antigos Deveres” ou “Antigas Constituições” e nem outros documentos e relatos, na defesa da busca de autenticidade.

Neste diapasão, resta indicar, na conformidade do título, quais tradições maçônicas estão ou foram esquecidas, ou para ser menos dramático, quais tradições estão ido para o esquecimento pela própria descura maçônica. Impossível relacionar todas as tradições maçônicas a que podemos nos referir neste espaço de leitura, mas uma análise atenta dos documentos antigos e atuais da Ordem permitem que iniciemos apresentando um elenco dos principais princípios (sem comentários) tradicionais da Maçonaria Universal:

- Reconhecer o Grande Arquiteto do Universo, como Força Superior, Princípio Criador, Causa Primeira de Todas as Coisas;

- Admitir a Moral Universal e a Lei Natural, ditadas pela razão e definidas pela Ciência que obriga o Maçom a ser bom, sincero, modesto, honrado, generoso e caridoso;

- Admitir a prevalência do Espírito sobre a Matéria;

- Ser Tolerante, não combater ninguém por sua crença religiosa, reconhecer direito e liberdade iguais a todas as religiões e cultos;

- Não discutir sobre questões religiosas no recinto das Lojas;

- Não impor limites à livre e constante investigação da verdade;

- Proclamar o sagrado e inviolável direito de todo o indivíduo de pensar livremente e Ser livre pensador; 

- Reconhecer que os homens – maçons e não-maçons – deve dirigir seus atos e sua vida exclusivamente de acordo com a sua própria razão; 

- Reconhecer que todos os homens são livres, iguais entre si e irmãos;

- Combater e aniquilar o obscurantismo, a hipocrisia, o fanatismo, a superstição e os preconceitos;

- Praticar as virtudes domesticas e cívicas, na família, na sociedade;

- Respeitar as leis do País;

- Ser absolutamente fiel aos juramentos, deveres e princípios maçônicos; 

- Reconhecer o trabalho manual e intelectual como um deve essencial do homem;

- Proscrever sistemática e terminantemente o recurso à força e à violência;

- Tornar feliz a humanidade pelo aperfeiçoamento dos costumes.

Esses princípios podem ser interpretados e escritos de várias formas, gerando controvérsias de reconhecimento, mas são clausulas tidas como pétreas, portanto, não passiveis de discussão. Alterá-los significaria romper a sintonia maçônica mundial. Neste diapasão, a Tolerância, a Crença no Grande Arquiteto do Universo, a ideia maçônica da perfectibilidade individual e social, e o trabalho pelo aperfeiçoamento dos costumes são algumas das principais regras da maçonaria que estão sendo relegadas a segundo ou terceiro planos.

No simbolismo, por seu turno, há muitos termos, relatos, lendas e costumes, que muitos maçons desconhecem, embora finja conhecer, e no caso, para não me alongar, destaco e listo apenas doze (sem comentários), a saber: Arca da Aliança; Mar de Bronze; Sanctum Sanctorum; o Silêncio Maçônico; os Banquetes Solsticiais e Ritualísticos; a Taça Sagrada; a Cadeia de União; o Simbolismo das Velas; a palavra Xibolete e os fundamentos históricos do grau de Companheiro; a simbologia do pavimento de mosaico; do Delta Luminoso; e da corda de 81 nós. Mas bem que poderia dizer da Abelha, artes liberais, crânio, cruz, hexagrama, menorah, quadrado dentro de um círculo, quatro coroados, e etc e tal.  

É aos maçons mais antigos, aos maçons mais sábios, através de processos que assegurem a continuidade de uma cadeia ininterrupta, a quem compete transmitir o conhecimento, a sabedoria, a cultura, as lendas, os mistérios e impedir que as tradições maçônicas se percam ou caiam no esquecimento, e para que a memória das novas levas de maçons retenha o essencial a fim de que possa ser transmitido, como uma herança. 

A Maçonaria refere-se aos “Antigos Deveres” e aos “Landmarks“ da Fraternidade, especialmente quanto ao absoluto respeito das tradições específicas da Ordem, essenciais à regularidade das Lojas e Maçons de cada Jurisdição.

Na abertura dos trabalhos do Rito Brasileiro desenvolve-se o seguinte diálogo entre o Venerável Mestre é o Primeiro Diácono (Derly Halfeld Alves, Revelações maçônicas, Trolha, 2011, p. 79):

- Por que usa a Maçonaria de Símbolos, 1º Diácono?

- Porque se origina dos antigos mistérios, onde os Símbolos e as Alegorias eram a chave da ciência. Conserva-os por tradição e para auxiliar a memória a reter os seus ensinamentos pela impressão que causam ao espírito e aos sentidos. 

A guisa de conclusão, a nota triste e final é que leio em Wellington B. de Oliveira (Um conceito de Maçonaria, Trolha, 1994, p. 24), a afirmativa de “que os Mestres... já não merecem assim ser chamados, perderam o amor pela escola, já não ensinam, não sabem o que ensinar. Não transmite confiança ou motivação, pois, a apatia tomou conta de seus ânimos”. 

Para os Mestres, Companheiros e Aprendizes, este é um desafio que precisa ser superado, vencido, derrotado, afastado das mentes dos maçons, para ceder lugar ao entendimento de que, efetivamente, “Os Mestres merecem assim ser chamados e reverenciados, por seu amor e dedicação pela escola e pelo conhecimento, pelo ensino e por tudo que ensinam, por transmitirem confiança e motivação, pois, a alegria da expansão do saber tomou conta de seus ânimos”. 

Fica lançado o desafio: aprender para ensinar e ensinar para aprender. 

Postagem: www.unidosporbrasília.com.br – 23/06/2014 - LGR


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