MOTIVAÇÃO EM LOJA


 

“Nunca entendemos tão bem uma coisa, e a adotamos como nossa, quando a descobrimos por nós mesmos." (Renê Descartes)

Por que algumas Lojas conseguem motivar os seus Obreiros e outras não? Por que alguns Irmãos são motivados por natureza e outros não? Por que quando se fala em motivação muitos pensam que é algo por prazer material? Por que avocamos motivação para as nossas atividades?

Teríamos vários "por quês" para citar e para analisar. E se ativéssemos a elaborar um estudo, iríamos esbarrar em conceitos mil, passando, fatalmente, pela famosa pirâmide das necessidades humanas, de Abram Maslow. Não é o caso, neste momento.

A maioria das Lojas não sabe como fazer para motivar seus Obreiros. É verdade que a coisa não é tão fácil e simples como pode, a princípio, parecer, mesmo porque a freqüência dos mais assíduos não é assim tão freqüente, isto é, os Irmãos não se fazem presentes em TODAS as reuniões, para que, ao se estar elaborando um programa, um plano de trabalho e até mesmo uma tarefa, não haja solução de continuidade.

Explicando melhor, através de um exemplo:

"Uma Loja de 30 Obreiros, que numeraremos de 01 a 30. Estiveram presentes numa reunião para estudo de um programa, os seguintes Irmãos do quadro:

"01", "02", "04", "06", "08", "09", "13", "14", "15", "18", "20", "29" e "30".

Nessa reunião iniciou-se a discussão de um projeto. Na reunião seguinte, estiveram os seguintes Irmãos:

"02", "03", "05", "08", "10", "13", "14", "19", "20", "21", "24", "25", "29" e "30".

Observa-se que na segunda reunião estavam presentes Irmãos que estiveram na primeira e outros que desconhecem o programa. O que acontece, então? Certos detalhes discutidos e aprovados/reprovados voltam à tona por causa das idéias e considerações daqueles que tomam ciência do assunto pela primeira vez.

Na terceira reunião os presentes eram:

"01", "02", "04", "07", "11", "12", "18", "19", "22", "23", "24", "25", "26", "29", e "30".

Nessa reunião haviam quatro grupos distintos, a saber:

I - Irmãos que estiveram em todas as reuniões;

II - Irmãos que estiveram na primeira e na segunda;

III - Irmãos que estiveram na primeira e na terceira; e,

IV - Irmãos que estiveram na segunda e na terceira.

E existe, ainda, um grupo que não apareceu em nenhuma delas e que, provavelmente, deverá fazer um dia, quando dará os seus palpites.

O que resultará isso? Neste particular, a indagação pode, facilmente, ser respondida com o próprio exemplo:

Um Irmão que esteve na primeira reunião e faltou na segunda vai estranhar que determinada sugestão aprovada na primeira não consta do projeto por ter sido reprovada na segunda. Aí ela é discutida novamente. Novos argumentos são apresentados, novas dúvidas, outros prós e contras, e vai por aí a fora.

Durma-se com um barulho desse!

Surgem os descontentamentos, reclamações com enfoque de "desmotivação" por aqueles que se julgam preteridos em suas idéias, reduzindo suas aparições em Loja, prejudicando o projeto que se estudava, com reflexos, inclusive, em outras atividades da Oficina.

Serão enfatizadas as alegações de "falta de motivação" para comparecer às sessões, além de gerar críticas à Loja, num todo.

Evidentemente, o termo "motivação" está sendo usado incorretamente, e é sabido que as ausências dos Irmãos provocam inúmeros outros problemas. E é fácil de perceber que uma "bola de neve" está se criando.

Podemos falar, também, dos Irmãos que, mesmo com boa freqüência, estão alheios às atividades da Loja. O que leva os Irmãos a agirem dessa forma? Alega-se, quase sempre, que o culpado é o padrinho que convida o profano e, depois de iniciado, larga-o para que, sozinho, tente descobrir os segredos da Arte Real; não induz o aprendiz às pesquisas, à leitura, ao estudo propriamente dito.

O aprendiz se vê deslocado ao ponto de deixar de perguntar, para esclarecer-se sobre dúvidas existentes por não saber interpelar. Com certeza, esse Irmão, já como Mestre, irá alegar que não tem motivação para ir à Loja, engrossando o "team" dos desmotivados e geradores de problemas.

Outros exemplos poderiam ser citados, todavia, independentemente de qualquer outra razão, inclusive material, o Irmão é motivado pela sua automotivação, ou seja, nada consegue motivar alguém cuja automotivação esteja morta.

Entende-se que a automotivação é um fator psicológico, intrínseco ou não, que predispõe a pessoa a realizar certas ações. Determina, também, a conduta instintiva despertando-lhe o interesse com tendência preferencial, que tanto pode ser para leitura, para trabalho, para esporte, para lazer ou para participação ativa junto à comunidade da sua Loja. A motivação acompanha o ser humano em todos os seus atos e corresponde a uma modificação do organismo que o põe em movimento indicando a sua manifestação.

A automotivação é um dom que todos os seres humanos possuem, porém nem todos descobriram essa maravilhosa força! Muitos tentam exercitar. E sabe-se que somente o ser humano, dentre os animais, é dotado de automotivação...

...e chegamos à conclusão, pois, de que a motivação, somos nós mesmos que a criamos.

IrE.Figueiredo (ARLS Pentalpha Paulista - 208)

Fonte: JBNews - Informativo nº 147 - 21/01/2011

 

APRENDENDO A PENSAR E APRENDENDO A APRENDER


 

Para quem queira ver, há luz suficiente; para quem não quer, há bastante obscuridade. (Blaise Pascal)

Na nossa Ordem, quando conseguimos enxergar, encontramos “o tudo” que precisamos para atingir aquele “alto” da Escada de Jacó que tanto preconizamos.

A Maçonaria nos mostra que o ser humano é modificável; que o indivíduo com quem convivemos é educável; que os cromossomos não têm a última palavra; que a inteligência pode ser desenvolvida; que qualquer pessoa é capaz de elevar seu potencial de inteligência seja qual for a sua idade.

Podemos dizer, inclusive, que temos como objetivo, no mundo profano, promover a modificabilidade dos indivíduos estabelecendo alterações em sua capacidade de se relacionar com o mundo e de se adaptar às situações novas que desafiam sua existência como ser social e singular.

A Maçonaria em muito me ajudou a estimular as minhas funções cognitivas eficientes e a desenvolver as deficientes.

Ampliou meus conceitos e vocabulários, aumentou minhas “ferramentas verbais”, necessárias à ampliação do meu campo mental.

Ela cria, permanentemente, em nós, motivação intrínseca, desenvolvendo o prazer de pensar sobre o próprio raciocínio.

Constrói, em cada um de nós, a crença de que somos, mesmo, um ser modificável e produtor ativo de saber. Ou seja: A NOSSA SACROSSANTA INSTITUIÇÃO TEM COMO OBJETIVO, ENTRE OUTROS, NOS CONDUZIREM À AUTONOMIA COGNITIVA “NOS ENSINANDO A APRENDER A PENSAR E A APRENDER A APRENDER”.

Irmão Luciano Rodrigues de Souza Filho,

Mestre Instalado, Decano da "Loja Constância 4

 

OS CONTRIBUTOS DA MAÇONARIA PARA A PAZ SOCIAL


 

Onde quer que as profissões nos chamem, em qualquer país onde se resida, ainda que não se conheça uma única palavra dessa língua, encontram-se irmãos, sempre prontos a ajudar caso haja necessidade, e a estender a mão com fraternal solidariedade, pois esta (a solidariedade) é a principal característica do sagrado dever de um maçom.

Neste período conturbado da história mundial, onde abundam relatos e fatos inconciliáveis com a paz social, torna-se de fato, à partida, um alívio para cada irmão, entrar no tranquilo santuário a coberto de uma Loja Maçônica onde se pode, sobre a antepara das Cerimônias Rituais, continuar a consolidar e a renovar as amizades que existem entre os maçons de todo o universo.

Por outro lado, os que trazem no coração a Maçonaria, têm ainda a convicção de se conseguir remover as ideias erradas que por vezes entram no nosso seio e de aumentar a união e a harmonia entre os maçons, bem como o de tentar transmitir à sociedade profana que o seu bem-estar e progresso estão, em certa medida, envolvidos no avanço e na nossa prosperidade.

Contudo, parece-me correto afirmar que não se precisaria de nenhum argumento para mostrar à Ordem Maçônica e a todos que a compõem como a qualquer outra ordem ou associação, por mais despretensiosa e sem importância que seja, que as lutas pela posse do poder pelo poder, os ciúmes e os ódios são necessariamente prejudiciais à paz social.

Porém meus irmãos, lá bem no fundo, verdadeiramente não acreditamos que isso é tudo. Isto porque pensamos que os mais altos interesses da sociedade e da comunidade em que vivemos, serão de interesses mais amplos e mais gerais, isto é, os que à pátria e à humanidade em geral dizem respeito.

Por outro lado, também é verdade que os estadistas, os homens de negócios e o mundo de uma maneira geral, não atribuem o valor e a importância devidos uma visão consistente e perene de paz social.

Assim partindo do princípio de que o bem-estar de cada nação, como o de cada indivíduo, é triplo, isto é, físico, moral e intelectual e como tal, dinâmico e não estático, cabe aqui referir que o verdadeiro alcance de paz social, não assenta na sua essência em atingir em si mesmo esse estádio, mas sim no ultrapassar consecutivo das dificuldades surgidas, por forma que com perseverança se possa mantê-la justa e sustentadamente no tempo.

Ora, se a Ordem Maçônica fosse meramente uma coisa de ontem e de hoje e não fosse de amanhã, se fosse local e confinada a um país ou a homens de uma só fé, ou se o número dos seus iniciados fosse pequeno e, por consequência, a sua capacidade para o bem ou para o mal fossem reduzidos e limitados, seria relativamente pouco importante questionar qual era sua moralidade e a sua filosofia. Mas assim não sucede.

Sendo certo que os maiores e alguns dos melhores homens de todos os países fizeram, fazem e farão parte da maçonaria. Será que com este simples olhar e pensamento sobre a história, sobre os antecedentes e as pessoas que a constituem, que nos devemos contentar? Bastando para isso, somente mostrar que é de alguma importância para a comunidade, para a união e para o mundo, saber quais são as morais e as filosofias ensinadas?

Irmãos, porque a Maçonaria inculca cuidados e bondade a todos os seus irmãos e por essa via dissemina os valores da honestidade, do respeito, da verdade, do compromisso, em suma, do direito a uma vida digna. E porque também, espera que cada irmão faça algo de acordo com os seus meios; pois nunca se sabe a importância do ato que se realiza.

Também será curial afirmar-se no que ao que a esta temática se refere que inicialmente o espírito e vontade de paz social só se alcançam e consolidam dentro de cada individuo (sendo para tal a ética na conduta essencial), alastrando-se por sua vez, através da interação dos valores que lhe subjazem desde logo às suas famílias núcleo, na sua subsequência às organizações de que fazem parte e na sua correlação, aos países onde praticam a cidadania, alcançando- se assim no tempo e por esta via, uma dimensão e grandeza de caráter universal.

Para tal o Maçom deve ainda, ser devotado à causa da tolerância, da liberalidade, da instrução e do esclarecimento. Deve ser contra o fanatismo, a perseguição e a injustiça. Deve também tratar os seus semelhantes, com “Fé”, “Esperança” e “Caridade”. Virtudes estas que cada homem e cada mulher devem possuir.

Por outro lado, quando todos ao nosso redor enveredam pelo egoísmo, o desânimo, a má opinião da natureza humana e o julgamento duro e amargo, pesem embora sendo muito difícil, devemos perseverar na verdade, na sinceridade, na justiça, na esperança, na indulgência e na solidariedade.

Portanto, o desafio e o compromisso são de se certificar que os princípios e valores da maçonaria são bem plantados e instilados em cada indivíduo que entra.

Termino traduzindo para português uma frase da autoria do Muito Respeitável Irmão Montague Arthur Rowntree Howard – Grão- Mestre (1959-1960) of Grand Lodge of British Columbia and Yukon – Canadá.

“Os princípios do nosso Ofício são os princípios mais elevados de moralidade, caridade, verdade e justiça, que recebemos como um legado sagrado dos nossos antepassados, ensinando-nos por sinais e símbolos os deveres que devemos aos outros e a nós mesmos”.

A R S – M M

 

PERJÚRIO


 

Tenho observado, com bastante tristeza, muitos maçons pedindo, em redes sociais ou manifestações de rua, o fechamento do Congresso Nacional e/ou do Supremo Tribunal Federal e a cassação da autorização de funcionamento de veículos de comunicação. Acredito que esses maçons esqueceram-se dos juramentos que prestaram por ocasião de sua iniciação e nas colações de graus posteriores, sejam simbólicos ou filosóficos.

Primeiro vamos analisar as condições para que um Estado seja considerado uma democracia: Que o poder seja tripartido de forma que quem executa não legisla nem julga quem legisla não julga nem executa e quem julga não executa nem legisla. Que tais poderes sejam independentes e harmônicos entre si. Que a imprensa seja livre e não submetida à censura. Isso é o básico...

Ao pedir o fechamento do Congresso Nacional e/ou do Supremo Tribunal Federal, esses Irmãos estão pedindo o estabelecimento de uma ditadura no Brasil. Só sobraria aberto o Poder Executivo, exercido pelo Presidente da República, o qual concentraria em suas mãos todos os três poderes. É óbvio que o resultado será o estabelecimento de um governo tirânico e sem limites.

Também pedem a cassação da autorização de funcionamento dos veículos de comunicação, quando estes publicam reportagens não favoráveis ao seu grupo político-ideológico. Esquecem-se da história recente: Lembro da Globo fazendo reportagens diárias sobre os diversos escândalos do Mensalão e Petrolão. Recordo claramente da capa da VEJA com um Diretor dos Correios gravado entregando propina do Mensalão e da entrevista que a jornalista Renata Lo Prete, na época na Folha, fez com o Deputado Roberto Jefferson e desvelou o esquema do Mensalão.

Hoje são execrados pelos governantes e partidários do grupo político no poder quando publicam qualquer coisa desfavorável a eles. Engraçado, só pode publicar matérias favoráveis? Querem uma imprensa chapa branca? Liberdade de imprensa é um dos pilares da democracia.

Aqui chegamos à questão do perjúrio. Quando de nossa iniciação na Ordem juramos, de livre e espontânea vontade, cumprir a Constituição do Grande Oriente do Brasil, a qual traz claramente nos seus princípios a defesa da democracia como obrigação de todos os maçons. Inclusive, o próprio Grande Oriente do Brasil se organiza administrativamente com a tripartição de poderes.

Além da Constituição do GOB, que todos os iniciados nessa potência juraram cumprir, temos também o Ritual do Grau de Aprendiz, que em sua parte dedicada à iniciação traz várias passagens em que se reafirma o fundamental apreço da Ordem Maçônica pelos ideais democráticos. Para os esquecidos, vamos relembrar a Constituição do GOB: Dos Princípios Gerais da Maçonaria e dos Postulados Universais da Instituição Art. 1º A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista, cujos fins supremos são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Parágrafo único. Além de buscar atingir esses fins, a Maçonaria:

I – proclama a prevalência do espírito sobre a matéria;

II – pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade;

III – proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um;

IV – defende a plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano, observada correlata responsabilidade;

V – reconhece o trabalho como dever social e direito inalienável;

VI – considera Irmãos todos os Maçons, quaisquer que sejam suas raças, nacionalidades, convicções ou crenças;

VII – sustenta que os Maçons têm os seguintes deveres essenciais: amor à família, fidelidade e devotamento à Pátria e obediência à lei;

VIII – determina que os Maçons estendam e liberalizem os laços fraternais que os unem a todos os homens esparsos pela superfície da terra;

IX – recomenda a divulgação de sua doutrina pelo exemplo e pela palavra e combate, ter minantemente, o recurso à força e à violência para a consecução de quaisquer objetivos;

X – adota sinais e emblemas de elevada significação simbólica;

XI – defende que nenhum Maçom seja obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;

XII – condena a exploração do homem, os privilégios e as regalias, enaltecendo, porém, o mérito da inteligência e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade;

XIII – afirma que o sectarismo político, religioso e racial são incompatíveis com a universalidade do espírito maçônico;

XIV – combate a ignorância, a superstição e a tirania.

E agora vejamos o que diz o Código Disciplinar Maçônico do GOB: Art. 50. São atos indisciplinares aos quais se aplica a sanção disciplinar de expulsão do Grande Oriente do Brasil, descrita no inciso V, do art. 24: I – trair juramento maçônico, por declaração oral ou expressa, manifestação pública ou de qualquer meio que o caracterize; Portanto, se você não está satisfeito com os atuais ocupantes de cargos eletivos no Congresso Nacional ou qualquer outra casa legislativa, aguarde a próxima eleição e vote em outros candidatos.

Se achares que algum Ministro do STF está descumprindo a Lei, procure as instituições com poderes para propor o Impeachment dele.

Aprenda a aceitar matérias da imprensa, favoráveis ou não ao seu grupo político. Isso é democracia e você jurou defendê-la!!!

Vamos a todo custo e nunca a qualquer custo!!!

Carlos Magno Monteiro Freitas ARLS Vale do Itapemirim – Marataízes (ES)

O EQUILÍBRIO ADEQUADO DA MAÇONARIA: OS GRANDES E OS PEQUENOS MISTÉRIOS


 

“Acho que você está a cometer um erro“, escreve um gentil Irmão, “ao condenar sem reservas aquela parte da Maçonaria que se preocupa com a performance ritualística“.  E continuou:

“Não é verdade – talvez uma verdade desagradável, eventualmente – que para muitos de nós, esse ritualismo deva permanecer como o principal objetivo e o objetivo de nossa conexão com a Fraternidade? Sabemos que existe um lado intelectual na instituição, onde o acadêmico e o aluno encontram a maior satisfação. Mas porque é que  aqueles que ainda não atingiram os níveis mais altos, ou que podem não ser capazes de apreciar o valor pleno desses estudos avançados, devem ver negado o prazer e a vantagem que estão disponíveis para eles nos níveis inferiores?”

PROCURA E ENCONTRARÁS

O gentil Irmão crítico dá-me a oportunidade de discursar brevemente sobre o equilíbrio adequado da Maçonaria. É verdade que nestas páginas, como em outros lugares, o editor solicitou insistentemente os imperativos mais elevados, como aqueles que devem ter força dominante no mundo do pensamento e da ação maçônica.

Ele sugeriu a todos os irmãos a promessa intelectual, em vez de mostrar em termos mais grosseiros as recompensas e satisfações da Arte. Ele pediu que todo o Maçom entrasse na busca “pelo que estava perdido”, embora convencido de que poucos haverá que conseguirão concluir o objeto da busca.

A partir da mesa do rei Artur, muitos valentes cavaleiros se levantaram, com grande determinação em busca do Santo Graal – homens ousados de coração e verdadeiros de alma – embora apenas a poucos tivesse sida dada a visão do cálice sagrado, místico.

E, no entanto, se li corretamente estas histórias de significado do passado, os cavaleiros que passavam muito tempo em lugares perigosos, realizando grandes feitos de lealdade e fé, embora negados o precioso objeto pelo qual lutavam e oravam, foram melhorando, ficado mais corajosos, mais nobres, mesmo porque ter sido considerado que falharam.

A Maçonaria adequadamente equilibrada é aquela que dá lugar e oportunidade completos a todos os homens. O Mestre que desenha desenhos no cavalete não pode falar com desprezo daqueles que trabalham fielmente nas montanhas e nas pedreiras. Ele pode, de fato, procurar discípulos e estudiosos entre os mais ansiosos e ambiciosos, com maior probabilidade de beneficiar com as suas instruções. Estes de fato, ele tentará levá-los para coisas mais elevadas, sabendo muito bem que a grande causa deve ser promovida com maior segurança e rapidez por homens treinados com as mais altas capacidades de cabeça e coração.

Mas na Maçonaria, como no mundo exterior, deve haver sempre um número de conteúdos com tarefas menos exigentes. No entanto, a eles – a todos – devem ser mostrados e explicados os planos e os significados completos da estrutura à qual o seu trabalho e habilidade são dedicados.

Eles devem perceber o significado das madeiras e das pedras sobre as quais seu trabalho é gasto. Tais irmãos não são meros trabalhadores assalariados, postos pelos chefes de tarefas nos seus diversos trabalhos. Eles são artesãos livres e devem receber instruções, beneficiando cada vez mais com o seu entendimento.

Assim, para o Templo da Humanidade e Fraternidade, a Sabedoria deveria envidar esforços cada vez mais nobres, com Força evidente e a Beleza a transparecer em todos os detalhes.

ONDE É QUE ESTÁ O EQUILÍBRIO ADEQUADO

Eu não conheço outra comparação para a Maçonaria, para além dos grandes sistemas religiosos do mundo, passado e presente. A partir deles, talvez possamos aprender onde está o equilíbrio adequado, onde o esforço associativo antes falhou e onde e como o melhor propósito foi servido.

Portanto, descobrimos que, sempre que na história do mundo um sistema organizado fez um apelo bem-sucedido às massas de homens, houve sempre uma ampla margem para as diferentes capacidades dos adeptos.

A faceta exotérica, virada para o exterior, é para um número maior – para que aquele corpo maior de adeptos se mantenha na área externa. Onde desejos mais subtis não são sentidos, os sofrimentos espirituais mais elevados não têm significado.

 É suficiente para tal religião exotérica que as normas de conduta sejam estabelecidas e que o medo de punição ou a esperança de recompensa sejam tão ajustados às inteligências não despertadas que imponham conformidade com elas. Eu sei que isto será chamado de superstição e de forma alguma justificará a comparação com tudo na Maçonaria. Mas a superstição, em minha opinião, tem dois significados distintos.

Para o homem que avançou para além da necessidade de compulsões mais grosseiras, o termo não representa mais do que as antigas definições e exigências da lei comum, totalmente substituídas por mandatos mais elevados.

As coisas passadas são valiosas para ele como registros da evolução espiritual pela qual ele próprio ou seus ancestrais passaram. Porém, para os radicais não instruídos e libertos, a palavra “superstição” representa coisas que ele não quer e não pode procurar entender, às quais ele só se preocupa em desprezar ignorantemente e proclamar a sua recusa de obediência.

Para ele, as experiências das forças antigas não são mais válidos, não que sejam sem alcance ou significado, mas porque a sua alma tenha alcançado apenas um estágio de rebelião irracional contra a autoridade. Como um garoto imaturo, este indivíduo procura apenas expressar uma independência recém-sentida, sem ter consciência das eternas compulsões.

A VERDADEIRA MAÇONARIA: EXOTÉRICA E ESOTÉRICA

Quando eu ouço a “superstição” gritar mais alto, em questões de fé ou simbolismo, estou inclinada há permanecer mais tempo, para que possa esperar descobrir algo mais do que foi preservado desde os tempos antigos e hoje é considerado digno da adesão dos homens. Tudo o que perdura tem em si o coração da verdade. E, da mesma forma, o que é verdade para simbolismos e observâncias religiosas, é verdade para a Maçonaria na sua forma exotérica.

Talvez exista uma superstição da fraternidade, que pode ser vista sob os mesmos pontos de vista mencionados acima. O radical, ao condenar e rejeitar indiscriminadamente perde muito do mais alto valor. É somente fornecendo e mantendo o equilíbrio adequado, atendendo às necessidades do maior número possível de homens, abraçando a mais ampla gama de capacidades intelectuais, que esta ou qualquer instituição semelhante pode esperar alcançar e manter um significado real no mundo.

O Irmão que só pode compreender as fases externas da Maçonaria certamente receberá tudo o que pode ter utilidade para ele. Entre nas ante-salas após a conferência de graus e veja se isto não é verdade. Ouça aqueles que são gratos e agradecidos depois de receber o diploma de Mestre e ficaram definitivamente impressionados, embora nenhuma dica do esotérico tenha chegado até eles.

O verdadeiro aprendiz, a partir desse ponto, ainda procura e encontra; irá pedir e receber; baterá, a partir de então, a muitas portas, muitas vezes escondidas, e estas lhe serão abertas. Mas também para quem escolhe permanecer na área externa e fica satisfeito com observâncias sensuais, há ganho, bem calculado em capacidade. Para quem tem ouvidos para ouvir, há coisas enigmáticas, místicas e que valem a pena ser ouvidas.

Para aqueles que estão contentes com o toque dos sinos, os sinos tocam e em bela harmonia. Talvez seja admissível comparar a Maçonaria das Lojas – a Maçonaria da rotina e do ritual – com aquelas antigas religiões escondidas, enquanto o verdadeiro esoterismo do Ofício se eleva à região onde inspirações subtis são recebidas e compreendidas pelos mais altos processos de pensamento.

Em resposta ao meu Irmão, eu aprecio muito aquele que encontra no ritual o seu melhor prazer, embora eu não pare de insistir que, deveria usar esse ritual como um guia para os caminhos superiores. Mas a Maçonaria, mesmo nos seus requisitos mais simples, exige mais do que isso e que permanecer na esteira da verborréia, não fazendo nenhum progresso para cima ou para frente. Se for feito progresso, seja por meio de ritual, estudo ou processo intuitivo, seja esse avanço menor ou maior, a Maçonaria é honrada e beneficiada, e o Irmão Individual obteve o seu ganho.

Elaine Paulionis Phelen

Tradução de António Jorge

 

MAÇONARIA: PAZ, HARMONIA E CONCÓRDIA


 

O que viemos aqui fazer?

A competição humana desenfreada (justificada ou não) em busca de poder, ganhos pessoais e riqueza (sem limites), é a desfaçatez insensata e desmedida que com a passagem do tempo, está comprometendo a Humanidade. A ambição excessiva arruína nações, países, culturas, famílias e os seres individualmente, provocando desarmonias e desestabilizando instituições ou grupos. O direito “sagrado” de estar neste planeta é responsabilidade de todos, somos seres em busca de nosso lugar no Universo.

A evolução é pessoal e coletiva enquanto grupos e nações. Estamos em processo evolucionário e somos responsáveis (direta ou indiretamente) pela evolução de nossos semelhantes, quer disso tenhamos consciência ou não, nos agrade ou não. Nossa Ordem enquanto seletiva propõe que “morremos” para a vida profana, uma morte para os desejos, paixões, vaidades, orgulho, arrogância, prepotência, que sem consciência são alimentados ao longo do tempo.

Não “brincamos” de querer parecer homens retos e de bons costumes, procuramos e temos oportunidade de sermos livres e trilhar um a caráter evolutivo. Se refletirmos sobre:

·         A dinâmica de nosso trabalho: que é em sua base sistema e ordem;

·       O ritual: um processo que procura reproduzir o trabalho da Natureza cíclica;

·         O avental: advertindo e lembrando o trabalho ininterrupto do maçom;

·         Os toques: um reconhecimento de pessoas com as mesmas motivações;

·         A marcha: um caminhar com determinação;

·         A bateria: que mostra entusiasmo para um trabalho;

·         A aclamação: uma expressão de vigor e estímulo;

·         As ferramentas: simbolicamente mostradas como utensílios úteis com significado de uso universal;

·         Os cargos: que mostram uma escala hierárquica necessária para manter o sistema e a ordem;

·         Os graus: que determinam a necessidade do esforço pessoal para atingir um estágio em que a Instituição se mantém na confiança que depositou no Irmão; começamos a perceber o início do processo maçônico unificador para um mundo melhor e mais evoluído, justo e perfeito, procurando harmonizar os contrários.

Não estamos unidos por mero acaso, fomos direcionados para a Maçonaria por termos sido considerados limpos e puros, não escolhemos entrar para a Ordem, fomos escolhidos, convidados e recebidos. Isso é resultado de um comportamento social que culminou em um convite e ingresso.

O que viemos aqui fazer?

A resposta é clara e sem evasivas, vencer minhas paixões e submeter minha vontade. A dificuldade em controlar nossas paixões e não querer prevalecer nossa vontade é difícil e extenuante parecendo ser uma batalha hostil e sem fim.

Todo começo é difícil e trabalhoso, e diariamente estamos sempre começando; por mais conhecimento e habilidade na execução de qualquer atividade, estamos sempre acumulando conhecimento e experiência, não há fim. O perigo é desistirmos e estacionarmos achando que a sabedoria já está instalada e estarmos de posse da verdade. Não há fim, apenas começo.

Nossa personalidade formada durante a infância e adolescência submetida a cultura familiar e escolar, da tecnologia que avança transformando e que nos aproxima das facilidades oferecidas, pode dificultar uma reflexão mais profunda sobre nosso papel como seres humanos em processo evolutivo.

Estamos empenhados na investigação da verdade (o que é verdade?), em entender a moral (o que significa moral?) e praticar a virtude (como praticar sem favorecer interesses pessoais, familiares, corporativos?). Podemos conciliar? Nossos deveres como Maçons é assim resumido: “Respeito a Deus, amor ao próximo e dedicação à família.”

Somos tolerantes, primamos pela liberdade de consciência, não somos submissos nem reproduzimos opiniões sem reflexão interior ou vergada por interesses pessoais, que podem culminar em desagregação da Instituição. Temos que nos vigiar constantemente, pois, o egoísmo, a inveja e o próprio interesse separam os homens, que acabam isolando-se dos restantes, e essa separação pode conduzir a um desequilíbrio maior em qualquer estrutura.

Nossos princípios sempre foram Liberdade, Igualdade, Fraternidade, ligados ao Grande Arquiteto do Universo (ou Princípio Único, o Criador) que nos impulsiona e nos mantêm homens livres e de bons costumes, irmanados no bem universal.

Deixamos aqui para reflexão um texto que pode auxiliar nosso caminho na Ordem:

Vossas conquistas passadas nada representam diante do futuro que vos espera. De que valem as pedras que pavimentam o caminho que deixastes para trás? Servirão, sim, para os que vos seguem, e também por isso é importante avançar. Como o espírito constrói sua senda no invisível, o caminhante dá seus passos sobre o vazio. O inédito não pode ser percebido até que chegue o momento da sua manifestação.

José Trigueirinho Netto

O que vindes aqui fazer?

Ir. ’. José Eduardo Stamato – MI
ARLS Horus nº 3811 – REAA
Santo André – SP
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil – São Paulo, Brasil

 


INTOLERÂNCIA


 

À primeira vista, intolerância é o oposto de tolerância, virtude que, como muito bem acentua Airton da Fonseca, deve ser praticada pelos maçons. Bastaria então definir esta para, por oposição, nos depararmos com aquela.

Este caminho é tentador. Recordo-me de uma frase que bastas vezes ouvi a Fernando Teixeira, Grão-Mestre Fundador: “O limite da Tolerância é a estupidez”. Portanto, se a estupidez está fora da tolerância, aí temos: a Intolerância não será, então, mais do que uma estupidez!

O que apetece declarar ser uma grande verdade!

Mas, por muito tentador que seja proclamar isto, uma mais atenta meditação permite-nos apreender que, em bom rigor, o oposto da Tolerância não é a Intolerância, é o Preconceito.

O tolerante renega, rejeita o preconceito. O preconceituoso, esse, não está disponível para tolerar a diferença, o que considera erro ou o que vê como inferior.

Há mais de três anos, aqui no blogue, o José Ruah e eu mantivemos uma não totalmente desinteressante polêmica sobre o conceito de Tolerância. Quem não a leu, ou dela não se recorda, poderá através do marcador “Tolerância”, localizar os doze textos em que essa troca de opiniões se desenvolveu publicados entre 16 de novembro de 2006 e 16 de janeiro de 2007.

O ponto de partida da controvérsia foi o entendimento do José Ruah de que a tolerância pressupõe uma posição de superioridade (moral, social, pessoal, conceptual, o que se quiser) do tolerante em relação ao tolerado, ao que eu contrapus o meu entendimento da igualdade essencial de planos entre ambos, no verdadeiro conceito de Tolerância.

Recordo aqui esta troca de opiniões, porque precisamente entendo que é o Preconceituoso que se pretende colocar numa posição de superioridade, não o Tolerante que nela se coloca.

Curiosamente, não me parece que essa seja necessariamente (pode sê-la, mas não o é necessariamente) a posição do Intolerante. Este, em relação ao objeto da sua Intolerância, não se arroga necessariamente da condição de superioridade. Pode muito bem atribuir ao objeto da sua postura uma posição no mesmo plano da sua – ou pode mesmo reconhecer-lhe a prevalência – e precisamente por isso contra o objeto da sua Intolerância lutar.

Porque a Intolerância não é, nunca, conceitualmente, passiva. É sempre proativa, tendencialmente agressora, ou, pelo menos, agressivamente opositora.

A Intolerância não é, pois, a mera antinomia, oposição, à Tolerância. É bem mais do que isso, é um estado de espírito tendencialmente militante, diverso, suscetível de assumir múltiplas formas ou manifestações.

A Tolerância é sempre uma postura de ordem moral. A Intolerância não é necessariamente uma postura de que a Moral está arredada. Não se admire o leitor: não me enganei e quis mesmo escrever o que acabei de escrever! Esclarecerei por que.

É que, ao contrário do que me parece que entende o Airton, não considero a Intolerância necessariamente um mal. Volte a leitor a não se admirar. Novamente quis escrever o que acabei de escrever. E repito: a Tolerância é sempre uma virtude, um bem; a Intolerância – ao contrário do Preconceito – nem sempre é um mal. Explico então, antes que o leitor conclua definitivamente que ensandeci de vez.

Considero-me uma pessoa tolerante. Esforço-me por sê-lo e por praticar esta virtude. Procuro banir o Preconceito da minha postura. Mas entendo – e julgo que todos também assim o entenderão – que há na Vida e no Mundo coisas e posturas e situações que não podem, não devem, ser toleradas. Em relação às quais não só podemos como devemos ser absoluta, completa e inamovivelmente INTOLERANTES.

Sou completamente INTOLERANTE em relação à pedofilia, à violação, à violência gratuita, ao abuso de poder, à opressão, aos maus-tratos dos mais fracos. Só para dar alguns exemplos e exemplos por todos pacificamente aceites.

Em termos morais, a Intolerância é em si mesma neutra. Não é necessariamente um mal ou um bem. Depende do seu objeto. Admito que muitas das intolerâncias com que nos deparamos são um mal. Mas são-no em função do seu objeto. A Intolerância religiosa, ou de cariz racial, ou derivada de preconceito social são obviamente más.

Era certamente nisso que o Airton pensava quando escreveu o que acima se transcreveu. Mas são más EM FUNÇÃO DO SEU OBJETO, não porque intrinsecamente a intolerância seja necessariamente sempre má. Creio já ter acima elucidado convenientemente que há intolerâncias que, atento o caráter particularmente desprezível dos seus objetos, não são más – pelo contrário, são socialmente úteis e devem ser cultivadas por quem procura ser uma pessoa de bons costumes.

Portanto, e em conclusão: o oposto da Tolerância não é a Intolerância – é o Preconceito. Em termos morais, a Tolerância é boa, o Preconceito é mau, a Intolerância é neutra, sendo boa ou má consoante o objeto sobre que se manifeste.

Surpreendido?

In Blog “A Partir Pedra” – Texto de Rui Bandeira (10.03.2010)

 

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