SER MESTRE DO POVO MAÇÔNICO


Nós, Maçons, temos de fazer mais, muito mais do que temos feito até hoje!
Mestre – Temos certeza de que muitos Mestres não podem dedicar-se ao estudo da Arte Real, talvez como desejassem. Uns por falta absoluta de tempo, estudar exige certo esforço, continuidade e memorização; todos nós estamos aptos ao estudo, alguns, porém, devido suas obrigações profanas, não têm essa disponibilidade; outros pela falta do hábito de ler.
Na Maçonaria, o estudo é trabalho do Companheiro; o Aprendiz, na realidade, não estuda, apenas observa; mais tarde, aplica o que observou ao estudo, que é a aplicação do seu conhecimento incipiente, para enriquecê-lo. O maçom, antes de vir a ser Mestre, deve passar pela escola como discípulo.
Atingido o mestrado, o maçom aprofunda o seu estudo para descobrir o que está oculto, para atualizar-se e tornar-se sábio. O maçom deve instruir-se para compreender, e só alcançará a meta desejada por meio do estudo, que exige constância, dedicação e, sobretudo, força de vontade.
Contudo, o Mestre precisa para dar instruções em Loja para os Aprendizes e Companheiros Maçons, explicar tópicos desta ou daquela lição, estar preparado.
Há sempre alguma coisa que passa despercebida, mas o Mestre precisa estar atento porque, quando menos se espera, pode surgir alguma pergunta cuja resposta precisa ser dada. Ninguém deve falar se não tiver certeza do que vai dizer. Daí por que o Mestre nunca deve deixar de preparar a lição para a próxima Loja.
Há Mestres que falam com facilidade, senhores do assunto e são imediatamente compreendidos. Mas, há outros que nunca devem abrir a boca. Nota-se que não conhecem nada daquilo que pretendem explicar.
O mais triste em uma Loja é constatar a mediocridade de seus membros, que não dão ao estudo a importância necessária. Quem não estuda, corre o risco de inventar. Nossa Sublime Instituição não é feita de invenções, não admite invencionices.
Estudar conduz ao aprendizado, e este à realização. Estude a si mesmo, observando que o autoconhecimento traz humildade e sem humildade é impossível ser um verdadeiro Maçom.
Marchas e Sinais – As marchas e os Sinais são de caráter obrigatório para os Maçons que são recebidos no Templo quando os trabalhos já foram iniciados.
É bom lembrar que estando a Loja funcionando em qualquer dos Graus, a entrada e a saudação são sempre do Primeiro Grau. A marcha de Mestre, em geral, só é usada por ocasião da Iniciação (exaltação) a esse Grau. No Rito Escocês Antigo e Aceito a marcha é iniciada com o pé esquerdo, enquanto que no Rito Francês ela é rompida com o pé direito.
As marchas, em qualquer dos Graus, devem ser bem ensinadas, logo nas primeiras Lojas.
Sobre os Sinais nada diremos para não desobedecer àquilo que a Maçonaria nos ensina, isto é, para não irmos de encontro à lei do sigilo. Queremos chamar atenção para alguns erros que são cometidos, continuamente, por ignorância das “leis” que regem a matéria.
Atenção! É erro crasso fazer-se qualquer dos Sinais se não estivermos com as mãos inteiramente livres. Portanto, se o Obreiro estiver lendo, por exemplo, o Ritual ou uma carta, ou qualquer outra coisa, segurando o objeto em que está escrito o teor da leitura, ele não pode fazer qualquer sinal e se o fizer estará cometendo erro imperdoável.
Repetindo: qualquer um dos Sinais só poderá ser feito se as mãos estiverem inteiramente livres.
Ingresso no Templo – Ao ingressar no Templo, far-se-á a saudação ao Venerável e aos Vigilantes. No entanto, é bom saber que, nos ritos teístas, a saudação que se faz ao cruzar o equador do Templo, é dirigida ao Delta Luminoso, representação do Grande Arquiteto do Universo.
Grau de Mestre – Título dado inicialmente ao Companheiro destinado a dirigir um canteiro de obras, entre os talhadores de pedra, do início da incipiente Maçonaria. Segundo Castellani, o Grau de Mestre Maçom, só surgiu no ano 1723 – depois da criação, em 1717, da Primeira Grande Loja, em Londres e só seria implantado a partir de 1738.
Com o surgimento do terceiro grau, ampliou-se a Maçonaria operativa; posteriormente,  entendeu-se como apurar os conhecimentos de forma intelectual, passando a ser denominada de simbólica “Maçonaria especulativa”.
Pode-se dizer que este Grau faz do Maçom um verdadeiro Mestre na arte da vida, porque lhe ensina qual é sua verdadeira missão sobre a terra e o papel que sua inteligência e seu valor devem desempenhar em todos os transes da vida.
A palavra Mestre provém do latim magister, e significa aquele que ensina e dirige; cada discípulo terá seu Mestre, inexistirá discípulo se não houver um Mestre.
Desde a Iniciação, o Iniciado passa a ser um maçom completo; mas, com o constante progresso e armazenamento dos conhecimentos, esse maçom sobe de grau em grau até atingir o “ápice da pirâmide”, quando se torna Mestre. Mesmo Aprendiz, o maçom deve aspirar ascender e, com zelo e pertinácia, evoluir dentro de seu rito, até atingir o conhecimento máximo e situar-se em uma posição de mestrado para ser Mestre de seus Irmãos.
Sendo a Maçonaria uma escola, nela haverá aprendizado; a titularidade máxima no simbolismo é a do Grão-Mestre, que significa “grande Mestre”, e nas Lojas a autoridade maior será do Venerável Mestre. Na Maçonaria Simbólica, o Grau de Mestre constitui o teto máximo atingido; com o mestrado, o maçom adquire todas as prerrogativas maçônicas.
Em uma Loja, o Mestre tem atribuições administrativas específicas e atribuições inerentes à sua evolução; nesse caso, tem a obrigação de orientar e ensinar os aprendizes e companheiros, sem que estes o peçam, pois não poderá manter-se Mestre sem ter sob sua espontânea responsabilidade pelo menos um Aprendiz.
Todo proponente de um candidato à Iniciação passará a ser Mestre do proposto, tanto no Primeiro como no Segundo Grau. “O maior deve ser aquele que serve e honra os menores”.
Os aprendizes e companheiros, vencido o prazo de interstício, têm a obrigação de alcançar o mestrado e assim receber todos os sigilos e conhecimentos maçônicos.
A Tolerância - O maçom deve estar alerta quanto ao recebimento das agressões e das ofensas; embora não haja necessidade evangélica de oferecer a outra face, o fato de exercitar a tolerância equivale a esse oferecimento que a mente comanda e o espírito aceita.
O Maçom considera a tolerância como uma virtude.
Voltaire afirmou: “Não concordo com nenhuma palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-las”. Está aí uma síntese fundamental da aceitação, da paciência, enfim, do respeito ao juízo diferente.
Tolerar também significa avaliar o conceito de verdade expresso pelo interlocutor, desde que não se contraponha aos fatos, já que nada é mais intolerante do que a certeza de se ter razão. Por outro lado, a certeza de se ter razão leva ao fanatismo.
E toda verdade é verdadeira, mas não é a única.
Ser Mestre
Ser mestre significa ser Mestre de si mesmo, trabalhar com inteligência e força de vontade em si mesmo, no seu próprio aperfeiçoamento, tendo sempre em mente o fato de que nada mais somos do que simples aprendizes no Grande Mistério, mesmo que nos denominemos Mestres.
Ser mestre é aceitar que não nos pertencemos, mas à coletividade, e que isso por isso mesmo sua inteligência e sua vontade devem estar sempre a serviço dessa coletividade.
Ser Mestre á acender luzes pelo caminho por que passa, luzes de amizade e sabedoria, de bondade e justiça, de harmonia e compreensão, de solidariedade e fraternidade.
Ser Mestre é não se considerar juiz dos defeitos e erros dos outros, mas saber compreender e perdoar.
Ser Mestre é saber aceitar um conselho, para ser ajudado.
Ser Mestre é retribuir com ternura aos que o odeiam.
Ser Mestre é ser perfeito nas minhas realizações.

Fonte de consulta: CARTILHA DO MESTRE / Raimundo Rodrigues
Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda. – Londrina – PR.

Autor – Ir.’. Valdemar Sansão


A BEM DA ORDEM, DA VERDADE E DO CONHECIMENTO


 Meus queridos irmãos.

 Estava eu na rotina de um domingo, só, pois sou viúvo, e moram comigo minha única filha e meu querido neto, estes porem, tinham indo a outros destinos como sempre ocorre. Pensando bem, a palavra mais correta seria solitário, jamais procuro permanecer só.

Se não estou acompanhado de minhas boas lembranças, tenho a companhia do G.’.A.’.D.’.U.’. e de um livro ou revistas, sejam quais forem. Aguardava porem, como faço todos os domingos o iniciar de um jogo, qualquer, às tarde das 16 horas. O jogo que iria começar era do meu bem amado Sport Club Corinthians Paulista, sinceramente, uma das boas “religiões” praticadas neste Brasil afora.

Há os que contestam ou protestam! Porem, afora, ser uma rotina, o Coringão está de matar de raiva o mais tranqüilo dos Mestres fundamentalistas do Budismo. Não há pratica do Ioga ou Zen-budismo que me levasse a ficar assistindo a derrota que se prenunciava. Desliguei a maldita TV, melhor dizendo, o maldito vício.

O que fazer? Se alternativas não havia predeterminado. Resolvi! Vou tomar um copo de água para saciar a sede..., sede esta motivada pela ansiedade.

Enchi o maior copo que existia em casa, melhor dizendo, uma caneca de chope, procurei um livro qualquer que minha mão alcançasse no primeiro toque, sendo pouquíssimos e ínfimas as diversidades, e voltei para sala. Sem sequer olhar o título, abri-o numa pagina qualquer.

Antes porem, ficara imaginando: Estava eu, ali, solitário com um copo de água a mão, justo a água, que tem o Universo de terra como sua máxima companhia.

A pagina aberta continha o seguinte texto ou primeiros parágrafos: “Estando sentado, de noite, em secreto estudo, sozinho, repousando sobre o tamborete, uma chama exígua saindo da solidão faz desenvolver quem não é vão em crer. Segurando com a mão a vara colocada na bacia, Branchus no meio me aparece; ele molha com ÁGUA não só o LIMBO de sua roupa, mas também os pés. Um medo e uma voz fremem pelas mangas: Esplendor divino. O espírito divino perto se assenta”.

Caramba estava eu ali acompanhado com o líquido mais precioso do mundo, com certeza o mais precioso para o ser humano em todo o universo.

E nada percebera ou havia percebido até então. Se condensado o vapor de águas, existente na atmosfera, e o degelo total dos pólos, a terra seria coberta em mais de 90%.

Em recente estatística, numa revista geográfica, 97% da água do planeta está nos oceanos, 2% nos pólos em forma de gelo e apenas 1% é própria para o consumo humano e metade disso está concentrado no subsolo.

Até na composição corporal do ser humano sua importância é fundamental, neste ser, tem mais de 70% de águas. É tal a importância nesta composição que o ser humano pode ficar por semanas sem comer, mais se em 72 horas não lhe for ministrado um litro de água, seu corpo entra em total colapso, seguindo-se a morte, irreversivelmente.

Que poder estranho tem este Líquido composto de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio, sem cor, cheiro ou sabor, transparente em seu estado de pureza.
Mais estranho se torna quando se sabe que aonde não há águas não a vidas, há extratos da vida. Que poder estranho! Ao tentar eliminá-la, colocando-lhe fogo, tal qual o pássaro mitológico, ela renasce de sua “nova alma”: o vapor de água. 

Indestrutível. Que poder estranho! Ela pode extinguir o fogo e o fogo apenas muda-a na sua forma. Ela impõe e sobrepõe-se a terra e tal como faz à pedra: diluindo-a, dá-lhe novas formas. Que poder estranho! Em vários relatos de inúmeras civilizações antigas e contemporâneas a água não apenas saciava a sede, ela servia como elo que elevava o homem ao G.’.A.’.D.’.U.’..

Ela purifica-o física e espiritualmente. Vocês já se aperceberam que o G: .A:. D:. U:. não criou a Água. Vejamos em Gênesis: Gênesis 1: 1. No princípio, Deus criou o céu e a terra. 2. A terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas. Notaram... A água já era existente.

Ele ainda confirmou isto ao dizer... Versículo 6: Deus disse: “Que exista um firmamento no meio das águas para separar águas de águas”! O primeiro castigo generalizado aplicado pelo G:. A:. D:. U:. também foi promovido com a água.

Lembram-se. E acho sem querer fazer qualquer tipo de polemica religiosa ou do porque dos porquês, que o Grande Arquiteto do Universo claudicou nas palavras quando afirmou no Versículo 11, ainda de Gênesis: "Estabeleço minha aliança com vocês: de tudo o que existe nada mais será destruído pelas águas do dilúvio, e nunca mais haverá dilúvio para devastar a terra". E os tsunamis? Bem isto é um tema para depois se fazer uma dissertação ou contraditórios de elucubrações filosóficas ou religiosas.

A água, simbolicamente é representada na bíblia como elemento de religiosidade e de submissão respeitosa, Abraão no primeiro contato com o G:. A:. D:. U:. conforme descrito em Gênesis 18 – versículos, praticou esta submissão: 1. Javé apareceu a Abraão junto ao Carvalho de Mambré, enquanto ele estava sentado à entrada da tenda, pois fazia muito calor. 2.

Levantando os olhos, Abraão viu na sua frente três homens de pé. Ao vê-los, correu da entrada da tenda ao encontro deles e se prostrou por terra, 3. dizendo: "Senhor, se alcancei o seu favor, não passe junto ao seu servo sem fazer uma parada. 4. Vou mandar que tragam águas para que vocês lavem os pés e descansem debaixo da árvore”.

No antigo testamento (Êxodo 30 : 18 ~ 21), vê-se que os sacerdotes tinham a Água como purificadora: “O Senhor disse a Moisés: Farás uma pia de cobre, com base de cobre, para lavar, e a porás entre a tenda da congregação e o altar; e deitarás água nela; e Aarão e seus filhos nela lavarão as mãos e os pés; quando entrarem na tenda ou chegarem ao altar, lavar-se-ão para que não morram; lavarão os pés e as mãos para que não morram; e isto lhes será para estatuto perpetuo a ele e a sua semente.”

Assim também o fazem os Muçulmanos. E outras religiões e seitas. Até nas leis naturais e hoje estudadas na vida contemporânea, o homem em sua natureza primária é vivido no estado aquoso, na bolsa amniótica. No batismo, novamente imerso, renasce purificado espiritualmente.

A água é o mais transitório dos quatro elementos; de um lado temos o fogo e o ar, etéreos, de outro temos a terra sólida. Por analogia, a água é a mediadora entre a vida e a morte, na dupla corrente positiva e negativa de criação e destruição. Lao-Tsé, o pai do Taoísmo, prestou grande atenção, ao mesmo tempo físico e espiritual, a este fenômeno e disse: “A água não se detêm nem de dia nem de noite. Se circular pela altura origina a chuva e o orvalho. Em circulando abaixo e sobre a terra, forma rios e as torrentes”.

A água se sobressai em fazer o bem. Se lhes põe diques, pára; se lhes abre o caminho, percorre-o. Eis por que se diz: ela não luta “persevera”.

Até no contemporâneo popular já diz o velho ditado: Água mole...! Não obstante, sua aparente carência de forma, nada lhe iguala em romper o que é forte e duro, é indispensável: ao crescimento, germinação, amadurecimento, reprodução e regeneração. No simbolismo religioso, a água limpou a terra com o dilúvio. Na maçonaria encontramos a água como um dos quatro elementos purificadores nas cerimônias de iniciação.

É o elemento da terceira prova, prova alquímica, o símbolo de pureza da vida maçônica. Vejamos que na Alquimia tanto quanto na maçonaria a água é a Prima Matéria, ideia por certo herdada dos pré-socratianos. Logo pensam os alquimistas que uma substancia não poderia ser transformada sem antes ter sido reduzida à Prima Matéria.

A água é trabalhada através da operação solútio (ação solutiva), esta provoca o desaparecimento de uma forma e surgimento de uma nova forma regenerada.

No poema escrito por Lao-Tsé, podemos afirmar que a Maçonaria fala a mesma linguagem que a Alquimia, com o elemento água: O menor dos homens é como a água. A água a todas as coisas beneficia E com elas não compete. Ocupa os (humildes) locais visto por todos com desdém Nos quais se assemelha ao Tao.

Em sua morada (o Sábio) ama a (humilde) terra Em seu coração ama a profundidade Em suas relações com os outros, ama a gentileza. Em suas palavras, ama a sinceridade. No governo ama a paz No trabalho, ama a habilidade.

Em suas ações ama a oportunidade “Porquanto não querê-la, Vê-se livre de reparos.” Por fim, meu querido irmão Venerável, a água afora saciar a minha sede, salvou o meu domingo, visto que, me criou a condição de mais uma vez escrever estas maus traçadas linhas aos queridos irmãozinhos da Sphinx.

A tempo: O livro do texto referenciado, tem o titulo as PROFECIAS DE NOSTRADAMUS até outubro de 1989 (“Fim dos Tempos”), de José Marques da Cruz, 21ª Edição, Editora Pensamento. 

Um tríplice e fraternal abraço a todos os irmãos.


Ir Fernando Guilherme Neves Gueiros 

CRISTIANISMO E FRANCO-MAÇONARIA


Considerado por uns como uma maçonaria elitista – uma super-maçonaria ou uma maçonaria dentro da maçonaria – e visto por outros como um desvio – uma para-maçonaria, uma maçonaria marginal ou até mesmo uma “falsa maçonaria” – o Regime Escocês Retificado, criado por Jean Baptiste Willermoz na segunda metade do século XVIII, coloca aos membros da ordem, assim como aos “maçonólogos” que o observam de fora, um enigma, tanto em razão das suas origens quanto dos seus usos e, dos seus ensinamentos.
Sabemos que, como a Vida, única em suas fontes essenciais, e múltipla em suas manifestações substanciais, a Ordem dos Franco-maçons, UNA em seu projeto fundamental de erigir a Cidade Ideal onde reinariam o Espírito e o Amor Universal, se fragmenta exteriormente num elenco de ritos cuja diversidade, fonte de indiscutível enriquecimento, inscreve-se grosseiramente nas heranças históricas e culturais dos membros que os praticam.
Sem esta diversidade de formas e usos pode-se apostar que a franco-maçonaria não teria atravessado vitoriosamente três séculos de história no curso dos quais não lhe foram poupados golpes e provações tanto internos – conventos tempestuosos, cismas… – quanto externos – anátemas pontificais, hostilidade latente dos meios ditos racionalistas. Irmãos mantenham-se à direita, irmãos, mantenham-se à esquerda…
Cada rito maçônico apóia-se numa corrente iniciática, que ele exprime com maior ou menor sucesso e maior ou menor coerência no tortuoso dédalo dos graus sucessivos, cujos número é variável, e que se repartem em classes (Lojas, capítulos, etc.) distinguidos por cores extraídas da simbólica alquímica: azul, verde, vermelho, branco. Os três primeiros graus, os graus azuis, constituem a passagem inicial comum a todos os ritos.
Quando de sua elevação ao terceiro grau, o novo Mestre Maçom aprende que a “PALAVRA” foi perdida. É, tradicionalmente, a consequência infeliz do assassinato do Arquiteto Hiram Abiff por três maus companheiros. Se, como defendem alguns, como Ragon, o curso maçônico deveria limitar-se aos três graus azuis – aprendiz, companheiro e mestre – constataríamos que os maçons experimentariam um sentimento de frustração em sua fome, sendo a vocação dos graus superiores justamente a de reaver a verdadeira PALAVRA que (de que serviria saturar-se de perífrases evasivas?) foi trazida de volta e revelada pelo Cristo àqueles que têm ouvidos para ouvir.
Em nome de um humanismo mal compreendido e mal digerido, a quase unanimidade dos maçons se empenha em complicar – ocorreu um processo de valorização neste sentido – o que é, no entanto, muito simples: Hiram morreu levando consigo a PALAVRA para o fundo de sua sepultura; Cristo ressuscitou para nos devolver a PALAVRA (os gnósticos em seu tempo não se equivocaram ao associar o Cristo ao Logos) e nos restabelecer em nossa dignidade prístina, a de antes da prevaricação do Anjo. Neste ponto, o Regime Escocês Retificado, fundamentado na corrente iluminista do século XVIII, é o mais esclarecedor.
O quarto grau, o de Mestre Escocês de Santo André, fundamenta-se no pensamento filosófico de Martinez de Pasqually e de Louis-Claude de Saint-Martin. Ele dá ao HOMEM DE DESEJO as chaves da REINTEGRAÇÂO, e depois do parêntese capitular de Escudeiro Noviço e de Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa, este ensinamento fundamental, este núcleo da Tradição será continuado e aprofundado nas classes da Profissão e da Grande Profissão.
Assim, o Regime Escocês Retificado representa o Centro de União de todos aqueles que reivindicam o Cristianismo em pureza filosófica, de todos aqueles que compreenderam que o Cristianismo é o ponto culminante da tradição ocidental, que ele é o “verdadeiro humanismo espiritual” que a Franco-maçonaria “filosofal”, assim como o martinismo, avatares modernos da espiritualidade eterna, veicularam até os nossos dias.

Eques ab Unionis Quaestu
M.E.S.A. – C.B.C.S.

Esta matéria foi publicada originalmente em L’Initiation no Nº 4 de 1985.
Fonte: Revista L’Initiation no Nº 1 – Abril-Junho de 2001


A CONDUTA DE UM MAÇOM JUSTO E PERFEITO


Pelos dispositivos constitucionais e regulamentares maçônicos, a base de todos os nossos compromissos é firmada na Honra e na Justiça.

Isto quer dizer, pois, que todo maçom deve ser honrado e justo, não só porque assim participará da grande família dos OObr.'. do bem – incomparável pela sua moral – como porque, essas são as qualidades que o Criador inspira às suas criaturas para sua felicidades neste mundo de padecimentos.

E, quando dizemos imperativamente que o maçom deve ser, é tão somente porque espontaneamente ele assumiu uma grande responsabilidade no momento em que, também espontaneamente, se filiou à grande instituição.

Não pode, portanto, deixar de mostrar praticamente, a beleza dos princípios maçônicos, porque, ninguém o tendo obrigado a assumir deveres de caráter tão graves e elevados, desviando-se da sua fiel observância, só poderá esperar, como recompensa, o desprezo da família maçônica.

Não é idêntica, porém, a repulsa que a sociedade profana inflige aos casos de infração moral, porque, entre os maçons, é imediata e efetiva, depois da sentença de um tribunal verdadeiramente equitativa, que não fecha ao afligido as portas da reabilitação, visto que a nossa justiça não é mais do que a caridade pura.

Deve o maçom trilhar constantemente, o caminho da perfeição moral, porque, assim, convencerá aos seus inimigos de ideais – e praticamente – de que a Maçonaria procura, em realidade, elevar o nível do caráter de todos quantos fortalecerem as suas colunas.

Que a conduta do maçom seja sempre a da Honra e da justiça, e que, longe de preceitos religiosos, impróprios de um homem de bem, respeite todas as religiões porque todas procuram concorrer para o bem social.

Só assim, com essa prática, não atribuirá a nenhuma superioridade sobre as demais, revelando desse modo, ainda, a noção perfeita da tolerância, elemento essencial para a prática perfeita da Fraternidade.

GRUPO MAÇÔNICO ORVALHO DO HERMON 
Fundado em 31 de maio de 2006

Rio de Janeiro – RJ – Brasil

A MAÇONARIA E O SALMO 133

O Livro da Lei, símbolo da vontade suprema, integra os ornamentos de uma Loja Maçônica, o mesmo impõe as crenças espirituais estabelecidas pelas religiões (seja ela qual for) e não se traduz apenas o Velho e Novo Testamento dos cristãos, mas de acordo com a filosofia religiosa de cada povo. Ao livro se juntam o Esquadro e o Compasso constituindo as três Grandes Luzes da Maçonaria.
O Livro da Lei é considerado indispensável nos trabalhos de uma Loja Maçônica. Sua presença foi estabelecida em 1717, a partir da fundação da Grande Loja da Inglaterra, de onde veio o costume para as Lojas abrirem a bíblia no Salmo 133.
Não é regra geral, dependendo dos costumes locais se usam outros livros sagrados (Alcorão, por exemplo).
No Brasil, as Lojas Maçônicas Simbólicas, obedecendo à decisão da Assembleia Geral da Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil, de junho de 1952, seguem a orientação da Grande Loja da Inglaterra, e costumam abrir o Livro da Lei no Salmo 133, versículos 1, 2 e 3.
No Salmo 133 Davi saúda a vida em fraternidade, vejamos cada um dos três versículos:
 “Oh! quão bom e quão suave é que os Irmãos habitem em união”.
A interjeição “Oh” designa admiração, surpresa, realça o espírito do texto ao relatar a “excelência do amor fraternal”, o grau máximo de bondade e de perfeição causado pelo encontro dos que se amam.
Para os hebreus de antigamente, a palavra “irmão” apresentava significado bem definido. Jerusalém não era apenas a Capital civil, mas também uma entidade espiritual. Em algumas ocasiões, práticas religiosas eram celebradas no Templo de Salomão.
Era um período feliz, pois todos os judeus reconheciam a sua comum irmandade e “habitavam em união” por diversos dias, na Cidade Sagrada para onde todos convergiam.
Mais do que qualquer outro povo, os judeus davam importância à unidade familiar. Os filhos nunca deixavam a tenda do pai, mesmo quando nômades. Quando um rapaz casava, outra tenda era levantada. Somente as moças deixavam o lar, para se mudar para a tenda de seus maridos. Era o ideal da família, que “os Irmãos habitassem em união”.
Assim como os irmãos de sangue sentiam a necessidade de unir-se em torno do Templo Familiar, entende-se que a filosofia maçônica tomou como exemplo essa experiência, para ensinar seus membros a estarem sempre juntos como única família, constituindo o seu Templo Espiritual.
Davi salienta a importância que dava aos povos de diversas aldeias que iam aos templos de Jerusalém para rezar, e Jerusalém acolhia quem quer que fosse, viesse de qualquer lugar. Sugere “…que os irmãos vivam em união…” traçando um programa de convivência amena e construtiva, e veremos que a palavra “irmão” se constitui uma necessidade entre os homens daquela época.
Quando são lidos os versículos do Salmo 133 o texto atua em todos os Irmãos presentes, como unificador das mentes em torno do grande objetivo comum, pois neste momento constitui-se uma egrégora voltada ao criador e à Jerusalém celeste.
“É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Aarão, e que desce a orla de suas vestes”.
O óleo citado acima, usado para unção sagrada,  era uma espécie de óleo muito especial, era um perfume raríssimo à base de mirra e oliva,  usado para ungir os reis e sacerdotes, e ou aqueles neófitos que aspiravam a alguma iniciação. O óleo possuía um valor extraordinário sobre todos os aspectos.
Era o símbolo da unidade e do amor entre os Irmãos. Ungir da cabeça aos pés com óleo era sinal de grande respeito e amor entre os Judeus. Se um convidado fosse recebido para jantar, as boas vindas lhe eram dadas, derramando óleo sobre a cabeça.
Se alguém era bem vindo, o óleo era derramado em abundância e corria livremente da cabeça aos pés, passando pela barba, pescoço até o vestuário. O perfume do óleo dava ao ambiente um odor refrescante.
A barba e o cabelo compridos eram marca de distinção entre os judeus. A barba era um sinal de veneração e virilidade, símbolo de austeridade moral. Os Israelitas evidenciaram especial estima pela barba, a ela conferiam forte merecimento, apreciável atributo do varão, que externava pela sua aparência, sua própria dignidade. Para os Israelitas raspar  ou eliminar a barba demonstrava sinal de dor profunda.
Aarão era Israelita, membro destacado da tribo de Levi, irmão mais velho de Moisés e seu principal colaborador e possui um peso próprio na tradição bíblica, devido ao seu caráter de patriarca e fundador da classe sacerdotal dos judeus. A referência a Aarão é correta, uma vez que ele foi ungido como Alto Sacerdote para Moisés, antes do povo escolhido deixar o Egito em direção à terra prometida.
Atualmente, sentimos alegria em recebermos a visita de Irmãos de outras Lojas, os quais conosco vêm se juntar para a realização dos Trabalhos. E essa satisfação se difunde como o óleo gerando um perfume espiritual que transcende a nossa própria individualidade, uma vez que a união de todos constitui o somatório da força geradora da obra a que todos os Maçons se propõem.
As vestes daqueles que tinham por missão exercitar atos religiosos, como a unção, o sacrifício, o culto, eram de especial significado litúrgico e ritualístico, e variavam de conformidade com os diversos ofícios religiosos para invocação da divindade.
Havia especial preferência pela cor branca nas vestes sacerdotais, nas representações egípcias contemporâneas ou posteriores ao médio império, os sacerdotes usavam um avental grosseiro e curto, já o sacerdote leitor, usava uma faixa que lhe cobria o peito como distintivo de sua categoria, enquanto que o sacerdote vinculado ao ritual de coroação exibia uma pele de pantera.          
No velho testamento presume-se o uso de um avental quadrado, quando se fala na proibição de aproximar-se do altar.
Então o óleo sagrado era jorrado sobre a cabeça da pessoa a ser ungida, descia pela barba e escorria pela orla de suas vestes.
“É como o orvalho de Hermon que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre”.
O esplendor da natureza oferece a magia do orvalho, que desce das alturas para florir de viço às plantas, nada mais belo e nada mais sedutor do que o frescor das manhãs. No capim deposita-se o orvalho em gotículas que, juntando-se umas às outras, vão nutrir a terra ávida de alimento, parecem espadas de aço ao calor do dia, nas pétalas floridas, formando-se pérolas do líquido cristalino, espelho da vida que exulta ao redor.
Agora quando ouvimos “…é como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião…” esta passagem refere-se ao monte em sua pujança, sua importância para a existência de Israel, dos montes vem o orvalho e o orvalho é a água, a vida, a natureza, o bem mais precioso.
Os montes de Sião são um maciço rochoso  situado ao sul-sudeste do antilíbano do qual se separa um vale profundo e extenso. Antilíbano é a cordilheira que se estende paralelamente ao Líbano, separando-o das planícies de Bekaa.
De todas as cadeias montanhosas, é a que se posta mais ao oriente, pois se situa do nordeste ao sul-sudeste, por quase 163 quilômetros, suas extensões e alturas são visíveis a partir do mar mediterrâneo. Seu ponto culminante é o monte Hermon, com mais de 2.800 metros de altitude, possui neve em seu cume e de lá o vento traz o orvalho.
O Monte de Hermon está localizado ao longo da fronteira norte de Israel, seu nome quer dizer “o que pode ser visto de longe“. Mesmo durante o calor do verão, quando o restante da região está ardendo em virtude do vento seco denominado “siroco”, a neve que cobre a montanha é visível há muitos quilômetros de distância.
A terra pode estar seca e árida, mas a neve, “o orvalho de Hermon”, permanece brilhante e alva. O sistema do rio Jordão é alimentado por esse orvalho que se derrete, tem suas principais nascentes ao sopé do Monte Hermon.
 É uma bênção para a nação, pois o rio corre por um vale entre duas cordilheiras, que são ricas em ferro e cobre, com abundante suprimento de carvão, fornecendo excelente base para a indústria. O solo é alimentado por esta água, e ali se cultivam em abundância azeitonas, uvas e outras frutas.
O Jordão tendo sua foz no Mar da Galiléia torna possível uma intensa indústria pesqueira, colaborando para a produção de alimentos. O monte Hermon, um verdadeiro oásis, contrastando com os países vizinhos, a neve derretida forma os rios e os lençóis de água,
Também chamado de monte de Deus, o monte Sião foi escolhido pelo Senhor para ser sua morada, para todos, o monte será um refúgio seguro e inabalável (Em Salmos 2:6 vemos que Deus mesmo instalou seu reino sobre o monte santo, “Eu, porém, constituí meu reino sobre o monte Sião ”).
O orvalho que escorre de Hermon para os montes de Sião, como o senhor ali mora, é dele que escorre o orvalho abençoado, e todas as suas complacências. O “Orvalho de Hermon” é físico, exterior e visível a olho nu. O que desce da montanha de Sião é escondido, interno, brotando em fontes por debaixo do solo. O primeiro é simbólico, terreno; o outro é espiritual, eterno.
O homem apresenta o aspecto material, temporal, ao lado da manifestação invisível, espiritual. Assim o “orvalho de Hermon” foi de grande significado para a existência da Palestina. “Montes de Sião” era um lugar sagrado, o local do Templo, a Casa do Senhor, onde se ordena “a bênção e a vida para sempre”, o que nos induz a pensar na imortalidade da alma. A irmandade, ou a fraternidade, é uma graça interna e algo que brota de dentro do coração. Seus frutos são facilmente vistos, assim como a cevada, o trigo, as uvas, os figos, que crescem resultantes da neve derretida de Hermon. Essas frutas, embora não eternas, por sua importância para o povo, são símbolo de paz, harmonia, amor.
A benção significa tudo que é bom e lhe é agraciado. Em Hebraico, seu significado é “berakak” palavra que deriva de “Berek” que por sua vez significa joelho. Nota-se a relação entre uma e outra palavra, porque, sendo a benção a invocação das graças de Deus sobre a pessoa que a recebe, deve ser colhida com humildade e unção, portanto, de joelhos em terra, reverenciado e respeitosamente.
Para os Semitas, benção possui força própria e, por isso, é capaz de produzir a saúde, se despertada a sua potencialidade energética, é palavra que se acha envolvida por vibração, carregada de energia dinâmica e magia, como vemos em Gênesis 49:25 “O onipotente te abençoará com a benção do céu, com as bênçãos do abismo, que jaz embaixo, com as bênçãos dos seios maternos e dos úteros”.
Assim “… Porque ali o senhor ordena a benção e a vida para sempre.. ”.
A bênção que todos devemos procurar é o fruto da união fraternal, é a dádiva espiritual, é a vida eterna.
O Salmo 133 encerra o símbolo do Amor Fraternal, com certeza a razão de ter sido escolhido para representar a união dos maçons do Universo.
Honório Sampaio Menezes, 33°, REAA.


OS SÍMBOLOS E OS RITUAIS MAÇÔNICOS: FERRAMENTAS DE TRABALHO


Conta-se que um novo monge, chegado a um mosteiro, é incumbido de auxiliar os outros monges na cópia de textos antigos à mão. Nota, porém, que estão a copiar a partir de cópias, e não de textos originais., o que o leva a perguntar a razão ao superior, notando que, em caso de erro em qualquer cópia, esse seria propagado por todas as cópias seguintes. O superior responde-lhe: «É assim que temos feito há séculos, mas é uma boa questão, meu filho.»

Assim, o velho monge desce com uma das cópias à cripta para comparara-la com o original, e por lá fica horas esquecidas. Não o vendo regressar, os monges, preocupados, enviam um deles ao seu encontro.

Este, ao aproximar-se, ouve o ancião soluçar debruçado sobre um dos livros antigos. Pergunta-lhe o que se passa ao que ele lhe responde, com os olhos rasos de lágrimas: «Aqui diz "celebrado", não diz "celibato"...»

O tempo e as sucessivas passagens de testemunho encarregam-se de que as palavras, os símbolos e os gestos percam o seu significado original, adquirindo eventualmente outros completamente distintos. "Quem conta um conto acrescenta um ponto", diz com razão a sabedoria popular. Aquilo que, na sua gênese, poderia constituir mero artifício literário destinado a ilustrar uma ideia pode, ao fim de algum tempo, ser distorcido pela própria evolução linguística.

Ainda hoje se discute a que se referiria, precisamente, a frase bíblica que diz “ser mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus".

O camelo seria o bicho de duas bossas, ou uma má tradução da palavra grega que significa "cordel", ou ainda um tipo de cabo usado nos barcos para amarrá-los ao cais?

E o buraco da agulha, é mesmo um buraco literal de uma agulha vulgar, ou é uma porta, uma passagem, um estreito, como especulam alguns?

As palavras - simbólicas - ficaram conosco; o seu contexto original perdeu-se. Ficou a ideia que se pretenderia passar: de que aos ricos é difícil"entrar no Reino dos Céus".

Por outro lado, algumas mentes têm tendência para tomar os símbolos por aquilo que representam. A partir deste instinto formam-se verdadeiros cultos: veja-se o das personalidades políticas nos países do bloco soviético ou, mais proximamente, o do Doutor Sousa Martins.

Cientes deste fato, várias religiões têm duras regras de condenação da idolatria, que mais não é do que a adoração de um símbolo, ao tomar-se o objeto por aquilo que ele representa.

O Islã proíbe, por exemplo, qualquer representação de pessoas ou animais, não vá alguém tentar-se e lançar-se em sua adoração; e os protestantes costumam acusar os católicos de idolatria por terem nas suas igrejas imagens humanas.

Quer as restrições alimentares estipuladas por certas religiões como o Islã ou o Judaísmo (segundo as quais não se pode consumir carne de porco, e se impõe que os animais sejam abatidos de forma ritualizada e sangrados) quer a proibição de consumo de álcool pelo Islã, parecem refletir hábitos e costumes anteriores ao surgimento dessas mesmas religiões.
Recordemo-nos de que o álcool desidrata, e que quem o consuma no calor do deserto pode correr perigo de vida; que a carne de porco, rica em gordura, se decompõe facilmente com o calor, podendo provocar epidemias; que o mesmo se pode dizer do sangue, que, se retirado da carne, permite que esta chegue a secar ou, pelo menos, dure mais em temperaturas altas.
Estas medidas constituem por si mesmas, sensatas medidas sanitárias de defesa da saúde pública. Se a sua inclusão enquanto preceito das religiões em causa decorreu de causa humana ou revelação divina já é questão a ser respondida no foro íntimo de cada um.
A Maçonaria tem os seus símbolos e os seus rituais. Os símbolos - que representam princípios, ideias e deveres - servem para evocar, e não para que se lhes preste culto.

Não há nada de idólatra nos símbolos maçônicos. Há, de fato, símbolos e lendas cuja gênese se perdeu; mas persiste o seu significado, que não podemos garantir que seja o original. Há entre os maçons, como em todo o lado, quem tome os símbolos por mais do que eles representam, atribuindo-lhes sentidos oblíquos, afetando significados ocultos, e mesmo especulando encerrarem as mesmas verdades inalcançadas.

 Esta "corrente" existe desde que a Maçonaria existe - e existe ainda hoje - mas a maioria dos maçons tem os pés mais assentes na terra, e considera serem os símbolos, rituais e lendas simples ferramentas de trabalho.

Cada um é, todavia, livre de crer no que quiser, e mesmo de fabricar o próprio objeto da sua crença, mas essa é uma postura que, em certa medida, é contrária ao espírito da Maçonaria, segundo o qual o Homem deveria caminhar para a Luz e para o Esclarecimento.

E aqui se suscita uma questão essencial: onde acaba a liberdade religiosa e começa a superstição e o disparate? Como se concilia, a este respeito, o fato de a Maçonaria defender a liberdade individual (que passa pelo direito de cada um crer no que quiser) com a defesa da Razão enquanto fonte de autoridade e de legitimidade?

Perante princípios antagônicos temos que estabelecer hierarquias; e a Maçonaria dá primazia ao respeito pela liberdade individual, o direito de cada um acreditar no que queira, sobre o interesse em que todos sejam racionais e esclarecidos.

Assim, cada um é senhor de si mesmo e do caminho pessoal que escolheu e, desde que respeite os ideais e princípios maçônicos e a liberdade alheia, tem o direito de não ver questionado, escrutinado ou dissecado aquilo em que acredita.

Paulo M.


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