A PERDA DA MOTIVAÇÃO EM LOJA E O ÊXODO DOS IRMÃOS


Uma das causas do êxodo de Irmãos de nossas Lojas é a falta de motivação. Isto está acontecendo em todo o país e também em todo o mundo.

São vários os motivos, mas o maior deles, sem dúvida é a falta de motivação. Se a Maçonaria não levar ao Neófito aquilo que ele esperava antes de Iniciar-se, ele se desmotivará e será um sério candidato a deixar a Ordem na primeira oportunidade.

Assim, em paralelo com a motivação, devemos ter cuidado nas apresentações de Candidatos. Se um determinado cidadão não traz em sua vida as qualidades mínimas para tornar-se Maçom, jamais deveria será apresentado em uma Loja Maçônica.

Maçonaria não é escola de correção e o cidadão, quando aceito, é recebido limpo e puro e costumamos dizer que ele é justo e perfeito. Não vamos nos iludir que nossa Ordem, ou outra qualquer, conseguirá tornar um elemento ruim em bom.

Se for ruim não nos serve, pois não irá colaborar com nosso principal objetivo, que é tornar melhor o gênero humano. Devemos apresentar boas pessoas, com algumas qualidades básicas para tornarem-se nossos iguais na Maçonaria, como ser educado, ter capacidade para aceitar ordens, ter tolerância, ser estudioso e meticuloso em suas ações, ter capacidade para o aprendizado e principalmente possuir espírito maçônico.

Se possuir todas as qualidades citadas atrás, mas não tiver espírito maçônico, não será um bom Maçom. Então vamos escolher bem nossos Candidatos.

O QUE É MOTIVAÇÃO EM MAÇONARIA?

Falemos então da motivação. Temos visto algumas Lojas em que o Venerável Mestre chega quinze minutos antes do início dos trabalhos ou quando não atrasado e pergunta ao Secretário o que tem para aquela Sessão.

O Secretário acabou de abrir as correspondências e também não sabe. Ou seja, ninguém sabe: os Vigilantes, o Orador, o Secretário, o Chanceler, enfim, toda á diretoria acaba ficando perdida.

Os trabalhos são iniciados e fechados sem nada de novo. Classificamos uma Sessão assim, meus Irmãos, como uma verdadeira perda de tempo. Isto não é Maçonaria. Nossas Sessões devem ser preparadas. O Venerável Mestre deve prepará-la antecipadamente com a participação de toda sua diretoria.

A Comissão de Educação, Cultura e Instrução deve programar-se de maneira a apresentarem todas as Sessões uma boa palestra, se possível audiovisual, com bons temas, e que sejam apresentados sem muita leitura, pois este método torna o Período de Instrução cansativo.

Os temas devem ser expostos oralmente, com bastante didática e principalmente com a participação de todos os Irmãos presentes. A interação de um trabalho maçônico torna o Período de Instrução mais atraente e motivado.

Não se deve preocupar com o tempo gasto em sua apresentação. Se um tema é bom, bem apresentado e discutido, os Irmãos não reparam o tempo despendido nele.

Ao contrário do atrás exposto, alguns Irmãos começam a bocejar, outros olham no relógio, outros se entreolham. Isto é, inequivocamente, um sintoma de que algo não vai bem.

TRABALHOS FORA DO TEMPLO

Os trabalhos também podem ser motivados por ações fora do Templo. Palestras em escolas, em órgãos públicos, em outras Lojas etc.

A interação com outras entidades maçônicas ou não maçônicas elevam o cabedal de cultura e conhecimento dos Irmãos.

Assim, se uma Loja possui um Irmão que seja especialista em algo, ele deve ser convidado para fazer palestras em outras Lojas, em entidades não maçônicas, como uma escola, um asilo, um órgão público, sempre em nome da Loja.
E isto é recíproco.

CONVIDADOS MAÇONS E NÃO MAÇONS

Irmãos de outras Lojas devem ser convidados para apresentarem-se em nossa Loja e, caso não sejam Maçons, a Sessão pode ser encurtada e fechada, permanecendo todos os Irmãos em seus lugares, quando se dará entrada ao convidado não Maçom para sua apresentação.

 Evidentemente nesta hora não será mais uma Sessão Maçônica, pois não haverá liturgia, e os Irmãos ficarão à vontade, porém com o respeito que exige todo Templo.

A INTERVISITAÇÂO

A intervisitação, fundamento previsto em nossos "landmarks”, concorre para a motivação de uma Loja Maçônica. Ao promover uma caravana para uma visita em uma Loja de outro Oriente, o Venerável Mestre estará trazendo algo novo e bom para sua Loja. A viagem é sempre agradável, fazem-se novos contatos, novas amizades e a Maçonaria se engrandece.

Depois, a Loja visitante torna-se Loja visitada e a recepção dos visitantes que tão bem receberam aqueles Irmãos, será muito bem retribuída. Isto é motivação.

A PRESENÇA DA FAMÍLIA

A participação de nossas famílias na Maçonaria deve se dar sempre que possível. A presença de nossos filhos e esposas é de muita importância para trazer motivação.

Por exemplo, por que não se comemora o Dia das Mães dentro de nossos Templos, em uma Sessão Pública? Algo novo, bonito, emocionante e que trará muito prestígio para os Irmãos da Loja.

No mesmo Ritual de Sessões Especiais em que apresentamos o Dia das Mães, trazemos uma nova versão da antiga Confirmação Matrimonial, que preferimos chamar de Consagração Matrimonial.

Ora, o casamento é confirmado por meio de um Registro civil em cartório especializado, a Maçonaria não confirma nada. Porém ela pode consagrar o enlace, por meio de sua liturgia, invocando a presença do Grande Arquiteto do Universo, em uma Cerimônia das mais lindas de nossa Ordem.

E isto não acontece só no enlace matrimonial, nossos Rituais de Sessões Especiais trazem a liturgia para Consagração Matrimonial de Bodas de Prata, de Ouro, de Diamantes e outras datas comemorativas.

São apresentações belíssimas em que a família maçônica se encontra em nossos Templos e que sempre trazem prestígio para a Loja.

SESSÕES PÚBLICAS PARA AS DATAS CÍVICAS

Nossas comemorações homenageando nossas datas cívicas e maçônicas devem ocorrer sempre em nossos Templos.

O Dia do Aniversário de Fundação da Loja, o Dia da Pátria - Independência do Brasil, o Dia da Bandeira, o Dia da Libertação da Escravatura, o 21 de Abril, o Dia da República, o Dia de Finados, o Dia das Mães, como já citamos, o Dia do Maçom, as Festas de Natal e Ano Novo e assim por diante.

Estas comemorações, maçônicas ou não, sempre acompanhadas de uma boa palestra e de um bom protocolo, deixam rastros luminosos para a Loja e os Irmãos que a promovem.

O RECONHECIMENTO DO TRABALHO DOS IRMÃOS

Nossas leis preveem alguns títulos à Loja e a Irmãos de seu Quadro de Obreiros. Pouquíssimas Lojas Maçônicas solicitam estes títulos tanto para a Loja como para Irmãos merecedores.  reconhecendo de uma maneira cordial e fraterna, o trabalho de seus detentores.

Vamos colocar em prática estes fundamentos.

A AÇÃO MAÇÔNICA FORA DE NOSSOS TEMPLOS

A ação fora de nossos Templos, embora cuidadosa, deve ser praticada. Em algo institucional a Maçonaria pode e deve participar, como por exemplo, as campanhas às entidades carentes, etc.

É a participação da Maçonaria em algo institucional, algo que fará bem para todos, de maneira geral. Quando dizemos que as ações fora de nossos Templos devem ser cuidadosas, nos referimos a ações que se polarizam, como por exemplo, algo político-partidário, ou sectarismo religioso. Algo que divida a população em simpatizantes e antipatizantes.

Algo que tenha dois lados, onde alguns apoiam e outros reprovam. Nestes casos a Maçonaria não deve tomar parte. Em algo deste tipo, os Irmãos Maçons devem tomar parte, mas em seus nomes, aplicando o que foi aprendido em nossos Templos, nunca em nome da Maçonaria, pois seria uma exposição a qual se correria um risco desnecessário.

A Maçonaria deve atuar na política sim, mas de forma suprapartidária. As paixões político- partidárias não devem ultrapassar os umbrais de nossos Templos.

Assim fazendo, meus caros Irmãos, nossa Ordem será outra. O êxodo de nossos Templos não se dará e, finalmente, além de cumprir nosso objetivo, teremos de volta o respeito e o apoio de toda a comunidade.

 Denilson Forato


POR QUE "MEU IRMÃO", E NÃO "MEU AMIGO"?


Os maçons tratam-se, entre si, por "irmão", tratamento que é explicitamente indicado a cada novo maçom após a sua iniciação.

Imediatamente depois de terminada a sessão de Iniciação é normal que todos os presentes cumprimentem o novo Aprendiz com efusivos abraços, rasgados sorrisos e, entre repetidos "meu irmão", "meu querido irmão" e "bem vindo, meu irmão", recebe-se, frequentemente, mais afeto do que aquele que se recebeu na semana anterior.

O que seria um primeiro momento de descontração torna-se, frequentemente, num verdadeiro "tratamento de choque", num momento de alguma estranheza e, quiçá, algum desconforto para o novo Aprendiz.

Afinal, não é comum receber-se uns calorosos e sinceros abraços de uns quantos desconhecidos, para mais quando estes nos tratam - e esperam que os tratemos - por irmão... e por tu! Sim, que outro tratamento não há entre maçons, pelo menos em privado - que as conveniências sociais podem ditar, em público, distinto tratamento.

O primeiro momento de estranheza depressa se esvai - e os encontros seguintes encarregam-se de tornar naturalíssimo tal tratamento, a ponto de se estranhar qualquer "escorregadela" que possa suceder como tratar-se um Irmão na terceira pessoa...

Aí, logo o Aprendiz é pronta e fraternalmente corrigido, e logo passa a achar naturalíssimo tratar por tu um médico octogenário, um político no ativo, ou um professor universitário. E de fato assim é: entre irmãos não há distinção de trato.

Não se pense, todavia, que todos se relacionam do mesmo modo. Afinal, não somos abelhas obreiras, e mesmo entre essas há as que alimentam a rainha ou as larvas, as que limpam a colmeia, e as que recolhem o néctar.

Do mesmo modo, todos os maçons são diferentes, têm distintos interesses, e não há dois que vivam a maçonaria de forma igual. É natural que um se aproxime mais de outro, mas tenha com um terceiro um relacionamento menos intenso.

Não é senão normal que, para determinados assuntos, recorra mais a um irmão, e para outros a outro - e podemos estar a falar de algo tão simples quanto pedir um esclarecimento sobre um ponto mais obscuro da simbologia, ou querer companhia ao almoço num dia em que se precise, apenas, de quem se sente ali à nossa frente, sem que se fale sequer da dor que nos moi a alma.

Mas não serão isto "amigos"? Por que "irmãos"? Durante bastante tempo essa questão colocou-se-me sem que a soubesse responder. Sim, havia as razões históricas, das irmandades do passado, mas mesmo nessas teria que haver uma razão para tal tratamento.

O que leva um punhado de homens a tratar-se por "irmão" em vez de se assumirem como amigos? Como em tanta outra coisa, só o tempo me permitiu encontrar uma resposta que me satisfizesse. Não é, certamente, a única possível - mas é a que consegui encontrar. 

Quando nascemos, fazêmos no seio de uma família que não temos a prerrogativa de escolher. Ninguém escolhe os seus pais ou irmãos de sangue; ficamos com aqueles que nos calham.

O mais natural é que, em cada núcleo familiar, haja regras conducentes à sua própria preservação e à de todos os seus elementos, regras que passam, forçosamente, pela cooperação entre estes.

É, igualmente, natural que esse fim utilitário, de pura sobrevivência, seja reforçado por laços afetivos que o suplantam a ponto de que o propósito inicial seja relegado para um plano inferior.

É, assim, frequente que, especialmente depois de atingida a idade adulta, criemos laços de verdadeira e genuína amizade com os nossos irmãos de sangue, que complementa e de certo modo ultrapassa, em certa medida, os meros laços de parentesco.

Do mesmo modo, quando se é iniciado numa Loja - e a Iniciação é um "renascimento" simbólico - se ganha de imediato uma série de Irmãos, como se tivesse nascido numa família numerosa.

Neste registro, os maçons têm, uns para com os outros, deveres de respeito, solidariedade e lealdade, que podem ser equiparados aos deveres que unem os membros de uma célula familiar. Porém, do mesmo modo que nem todos os irmãos de sangue são os melhores amigos, também na Maçonaria o mesmo sucede.

Não é nenhum drama; o contrário é que seria de estranhar. Diria, mesmo, que é desejável e sadio que assim suceda, pois a amizade quer-se espontânea, livre e recíproca. E, tal como sucede entre alguns irmãos de sangue, respeitam-se e cumprem com os deveres que decorrem dos laços que os unem, mas não estabelecem outros laços para além destes. Pode acontecer - e acontece.

Mas a verdade é que o mais frequente é que, especialmente dentro de cada Loja, cada maçom encontre, de entre os seus irmãos, grandes amigos - e como são sólidos os laços de amizade que se estabelecem entre irmãos maçons!

Paulo M.  "


ASSISTÊNCIA SOCIAL MAÇÔNICA


Um dos grandes desafios no trabalho filantrópico é distinguir o assistencialismo e a assistência social, como ações distintas, e em alguns casos antagônicas.

A maneira mais clara de descrever essa equidade está no fato de que a primeira não tem condições de transformar a realidade social de indivíduos, famílias e comunidades, enquanto a última tem em seu objetivo principal a mudança de paradigma social, e emancipação dos sujeitos, de forma que os recursos necessários a sua vida digna e humana sejam alcançados por seus próprios esforços e méritos.

Além disso, a Assistência Social, em seu ideário ético político, visa garantir o acesso da sociedade a direitos sejam eles tácitos ou expressos, em todas as áreas que o advento da Constituição Federal de 1988, reuniu e classificou como princípios fundamentais da pessoa humana.

Assistencialismo e Assistência Social são conceitos totalmente antagônicos, haja vista que a assistência social é regulamentada por lei em nosso país e dispõe de metodologias específicas para tratamento e controle de políticas sociais para àqueles que perderam, ou estão prestes a perder sua dignidade. Ao passo que o assistencialismo é uma prática onerosa à cidadania e confrontante com os anseios de crescimento de uma determinada comunidade.

Podemos distinguir tais conceitos exemplificando algumas políticas sociais ou ações. Um bom modelo de ação baseada na assistência social é o programa Bolsa – Família do governo federal. Ressaltando aqui o programa em sua plenitude não admitindo vícios de execução.

Esse programa não só destina recursos financeiros para pessoas carentes, mas nele estão previstos condicionantes como acompanhamento escolar, atenção a saúde, participação de cursos e qualificações para o mercado de trabalho, enfim mecanismos que alterem a situação familiar em busca a sua autonomia.

Já um exemplo clássico de assistencialismo são os corriqueiros amparos políticos, levando pessoas a hospitais ou simplesmente “doando” cestas básicas, pagando esporadicamente alguma conta de consumo, enfim sendo e ou não visando benefícios eleitorais, essa prática mantém a classe desfavorecida nas mesmas condições de dependência. Não transforma o ser nem a “Célula Mater” que á a família.

Sendo a Maçonaria uma entidade que estatutariamente tem como objetivo a defesa dos direitos sociais, bem como aos princípios fraternos e de liberdade, itens fundamentais para o processo democrático de qualquer nação, é substancial as ações propostas e executadas por esta instituição, formada por homens esclarecidos, direcione suas ações de forma a não reproduzir os reflexos da questão social como a fome, a miséria, o desemprego como produtos naturais e conjunturais da sociedade contemporânea.

É de extrema importância que o potencial maçônico esteja consoante com uma assistência social completamente desvinculada do assistencialismo, e aqui não se resume a celebre frase “não basta dar o peixe, é preciso dar a vara e ensinar a pescar”, é preciso ir além e conceber e mostrar ao cidadão que ele tem o direito a pescar, a buscar os melhores caniços e anzóis e que esses itens são garantidos legalmente.

Esse direcionamento passa por uma reformulação de conceitos e (pré)conceitos, referentes a relação maçonaria, estado e sociedade, onde haveria a necessidade de uma salutar tecnização da ação da ordem, de forma a fazer parte da rede socio-assistencial.

O redirecionamento aqui proposto não exigiria a abertura da ordem para a participação de leigos, uma vez que as engrenagens que operam os serviços prestados por parte da ordem são ligadas, porém distintos, da mesma forma a participação das arquidioceses nos diversos espaços do serviço social, difere de sua concepção eclesial, ritualística e até mesmo filosófica.

É preciso se profissionalizar na assistência sob pena de ficar preso ao assistencialismo. É necessário estar presente nos espaços de controle social, Conselhos e Fóruns setoriais, estar interligado numa rede eficaz cujo objetivo é o progresso e o desenvolvimento da coletividade e a emancipação do cidadão da tutela do estado e da classe dominante.

As questões sociais são evidentes, visíveis aos nossos olhares e sabemos que o poder público não dá conta deles, o que transfere e exige que a sociedade trate delas, sendo que somente a sociedade organizada pode fazer algo nesse sentido, através de seus líderes, pessoas esclarecidas e, teoricamente, pessoas de bem a sua frente.

A Maçonaria se insere nesse contexto, indo além, é nossa missão participar da evolução social em todos os sentidos, político, cultural, humanístico, enfim, onde o homem possa colaborar no progresso de seu desenvolvimento.

Ir.’. Sebastião Capdeville
ARS Caridade e Esperança

Or.’. Jacaraipe - Serra-ES



UM MAÇOM NO INFERNO – UMA FÁBULA



Certa vez, perguntaram para um sábio Mestre Maçom:

Por que existem Irmãos que saem facilmente dos problemas mais complicados, enquanto outros sofrem por problemas muito pequenos, morrem afogados num copo de água?

O sábio Mestre Maçom sorriu e contou esta estória….

Era um Irmão que viveu toda sua vida, fiel às palavras do GADU, quando passou para o Oriente Eterno, todos os Irmãos disseram que ele iria para o céu.

Um Irmão tão bondoso, caridoso, estudioso, cumpridor dos seus deveres só poderia ir para o céu e ficar ao lado do GADU.

 Mas houve um erro em sua chegada ao céu.

O Anjo Irmão da secretaria que o recebeu, deu uma olhada rápida em suas pranchas, e como não viu o nome do Irmão na lista de Obreiros, lhe orientou para ir ao Inferno.

Disse-lhe: “No inferno, você sabe como é, ninguém exige carteirinha com CIM, qualquer um é convidado a entrar”.

Assim o Irmão foi resignado, entrou e ficou lá.

Alguns dias depois Lúcifer chegou furioso às portas do Paraíso, para tomar satisfações.

Isto não é Justo nem Perfeito! “Nunca imaginei que fossem capazes de uma coisa como essa.”

Lúcifer, transtornado, desabafou:

 “Vocês mandaram aquele Maçom para o inferno, ele está fazendo a maior bagunça lá. Ele chegou escutando as pessoas, meditando e refletindo numa tal pedra bruta, olha nos olhos delas, fala sobre vigilância e perseverança, cavar masmorras aos vícios, agora esta todo mundo dialogando, se abraçando, dizendo coisas horríveis como fraternidade, igualdade, liberdade, o Inferno está parecendo o paraíso”.

Então fez um apelo:

“Por favor, pegue aquele Maçom e traga-o para cá!”

Quando o Sábio Mestre Maçom terminou de contar esta história olhou carinhosamente e disse:

Viva sempre com tanto amor no coração que se, por engano, você for parar no inferno, o próprio demônio lhe trará de volta ao Paraíso.

Problemas fazem parte da nossa vida, porém não deixe que eles o transformem em uma pessoa amargurada. As crises vão estar sempre se sucedendo, testando nossa natureza e às vezes você não terá escolha.

Enfrente de coração aberto, com amor e doçura, empregue seu conhecimento, seu estudo, se você não tiver estudo nem conhecimento, reveja seus conceitos e se for necessário retorne ao processo onde você teve que morrer para renascer e comece a construir o seu templo interior novamente, nunca é tarde demais para recomeçar.

Fonte: Obreiros de Irajá.
S.'.F.'.U.'.


O MAÇOM, ESSE DESCONHECIDO.



O Homem é um ser complexo, estranho e imperfeito.

Às vezes se julga senhor do mundo e às vezes em depressão, ou quando algo em sua vida não está bem se sente muito pequeno inútil e destruído. Em seus momentos de fantasia, aspira ser Deus, sendo que jamais poderá vir a sê-lo.

Quer ser imortal, pois não admite a morte, mas nunca se lembra que se perpetua através de seus gens em seus descendentes.

É um ser gregário, aliás, condição vital para sobreviver.

Desde os tempos das cavernas ele aprendeu a viver em grupo.

É curioso. Pergunta muito, muito embora não tenha respostas para causas maiores de sua existência. Isto lhe traz um conflito existencial muito grande. Quer conhecer a todo custo o que se passou com as civilizações anteriores e quer entrar em contato com seres inteligentes do Universo.

Explora o Cosmo como um todo e em particularidades, explora a própria Terra, em busca de suas raízes, suas origens, sem tê-las conseguido até a presente data.

Desconhece a razão da vida e da morte, e temeroso diante das forças telúricas e universais passou a respeitar venerar e até idolatrar o criador invisível de tudo. Ai reside o princípio religioso da maioria dos Homens, mais pelo temor da grandiosidade que o cerca, que pela sua inteligência, a qual é limitada.

É um ser vicissitudinário. Em sua mente existem milhões de fantasmas de ideias, de sonhos, de tal forma que ele muda sempre, para uma evolução maior ou menor, mas amanhã nunca será o mesmo de hoje. Nunca será o mesmo em todas as épocas de sua vida, embora mantenha suas características de personalidade.

Nos últimos séculos e especialmente no último, sofreu todas as influências possíveis e imagináveis quer pela evolução do próprio pensamento humano quer pelos verdadeiros saltos científicos dados pelas invenções e pelas tecnologias modernas.

O meio intelectual e moral foi mergulhado e envolvido por estas descobertas. No último século o desenvolvimento científico da Humanidade foi maior que em toda a história da atual civilização e civilizações anteriores.

As descobertas científicas aconteceram e acontecem sem qualquer antevisão do futuro.

As suas consequências não previsíveis dão forma para a nossa atual civilização. Quer dizer, não há uma programação objetiva e direta direcionada a um ponto futuro para conduzir a Humanidade. A ciência empurra o homem. Às vezes ele não sabe aonde irá parar.

Os cientistas não sabem para onde estão indo e nem aonde querem chegar. São guiados por suas descobertas, às vezes imprevistas e, grande parte por acaso. Cada um destes cientistas representa o seu próprio pensamento estabelece suas próprias diretrizes para si e para a sociedade.

Por analogia, o mesmo caso acontece com a Internet.

Não sabemos o que irá acontecer. Teremos que “pagar” para ver.

O Homem estuda desesperadamente as leis da natureza, estas, deveriam só ter valor quando chegassem até ele diretamente, não filtradas pelo véu intelectual repleto de costumes incorretos e tendenciosos, chegando assim a sua mente sem preconceitos, consumismos, conformismos e distorções. Aí ocorrem os sofismas, especialmente dirigidos por interesses financeiros manipulados por grupos multinacionais.

O comportamento humano em função destes fatores muda verticalmente de tempos em tempos, ao sabor de uma mídia controlada por estes grupos, que explora as invenções da maneira que mais lucro lhes dá, dando uma direção equivocada à Humanidade em muitos setores. E esta praga ataca o Homem na política, na religião, no comércio e em todos os segmentos da vida, e ainda no que é mais complexo, no seu relacionamento.

O Homem é um ser emocional, agressivo, intuitivo e faz pouco uso da razão para resolver seus problemas. Age mais pela emoção.

Konrad Lorenz, prêmio Nobel de 1973, zoologista austríaco admite que a agressividade do Homem seja uma herança genética de seu passado animal e que o Homem não seria fruto do meio em que vive. As guerras para ele serão inevitáveis por maiores que sejam as conquistas sociais e científicas da Humanidade.

Apesar de ter sido combatido pela maioria dos psicólogos do mundo inteiro, ele parece ter razão. As guerras continuam existindo e a forma de destruição do próprio Homem cada vez mais sofisticada. A invenção mais moderna de autodestruição chama-se terrorismo.

Os Homens para se organizarem criaram regras disciplinares e entre elas a Ética e a Moral, que tanto se escreve a respeito e há autores que as consideram a mesma coisa.

Anatole France em seu livro “Os deuses têm sede”, cita que o que chamamos de Moral não passa “de um empreendimento desesperado de nossos semelhantes contra a ordem universal, que é a luta, a carnificina e jogo cego dos contrários”.

“A Moral varia na cronicidade das épocas, pois o que serviu para nossos pais, não serve para nossos filhos” (Mazie Ebner Eschenbach).

A Moral seria, pois, para entendermos melhor, o estudo dos costumes da época e a Ética, a ciência que regula as regras pertinentes.

Os Homens ditos civilizados costumam afirmar que a Ética é um princípio sem fim.

Mas o mesmo Homem que é um ser competitivo, agressivo, emocional e que seria capaz de destruir a si e ao mundo em determinadas situações, ele também é em outros momentos bom, caridoso, compreensivo, leal, capaz de gestos de desprendimento em favor de seus semelhantes.

Dentro desta dualidade se procura ainda que de forma muito superficial, traçar uma pálida silhueta do Homem, já que é impossível descrevê-lo profundamente como um todo.

Todo Maçom é um Homem, pelo menos no sentido genérico e, como tal não escapa as especificações boas ou más citadas na descrição deste perfil traçado.

A Maçonaria traz a esperança de mudar os Iniciados para melhor. Isto até chega acontecer verdadeiramente para poucos, e estes entenderão que a Ordem é antes de tudo uma tentativa de levar os adeptos ao seu autoconhecimento e ao estudo das causas maiores da vida e que também sua função no mundo atual será político-social.

Entenderão que a Maçonaria é para eles uma forma de evolução ética, moral e espiritual.

Outro grupo de Maçons vive nesta ilusão, mas não vai de encontro a ela. É medíocre e conformado, aceita tudo, mas sabe muito bem a diferença. Apenas por uma questão de não duvidar, aceitar as coisas erradas passivamente, e por preguiça mental letárgica não luta e espera que as coisas aconteçam. Porem, a maior parte dos Maçons jamais entenderá o desiderato verdadeiro da Ordem.

Jamais entenderá esta meta, mas acreditará equivocadamente de que a está conseguindo.

A maioria dos Maçons não lê, não estuda, critica os que querem produzir algo de bom, quer saber quem será o próximo venerável, e quer que a sessão termine logo, para “demolirem os materiais” e sorverem o precioso líquido que traz eflúvios etílicos, das “pólvoras amarela e vermelha”, nos “fundões” das lojas, onde excelentes Irmãos cozinheiros preparam iguarias divinas.

Até nem podemos condená-los, já que são Homens e como tal não são perfeitos.

Os Maçons de um modo geral trazem para dentro das Lojas, todas as transformações e influências que existem no mundo profano, e sem se aperceberem, tentam impor suas verdades como se fossem as verdades ditadas pela Ordem.

Está havendo um grande equívoco na Maçonaria atual, pois esta tem em seus princípios valores antigos tradicionais aparentemente conservados através dos rituais, costumes escritos, constituições etc., que muitos Maçons têm a pretensão de está-los seguindo, sem que isto seja verdade.

O que acontece em realidade é que a maioria destes valores acabam sendo letras mortas, pois o Maçom na sua condição de Homem que recebe todas as influências citadas do mundo profano, especialmente no terreno das comunicações, informações e do moderno relacionamento humano, traz para o seio da Maçonaria, tudo o que ele está sofrendo e se envolvendo fora das lojas, tais como a competitividade desleal, o consumismo exagerado, a agressividade incontida, a ganância pelo poder, a vaidade auto idólatra, enfim uma série de situações que ele mais cedo ou mais tarde, quando fizer uma análise de consciência, se o fizer, pois a maioria nem isso faz, ele verá que não foi bem isso que ele pretendia da Ordem. Então vem a desilusão total, uma das causas de esvaziamento das nossas lojas.

Fala-se em tradição na Maçonaria, mas em realidade esta foi se distorcendo aos poucos, pois os tempos são outros e tudo muda, e as mudanças ocorrem sem se as apercebê-las, pois muito embora aparentemente ligado ao passado, o Maçom vive o tumultuado mundo presente.

A Maçonaria a exemplo da nossa civilização atual foi, organizada sem o conhecimento da verdadeira natureza do Maçom. Embora feita só para Maçons não esteja ajustada ao real espaço que ela deveria ocupar.

O modernismo, como não podia deixar de ser também chegou a Ordem. Hoje, em muitas lojas não se usam mais as velas e sim lâmpadas elétricas. Os rituais foram acrescidos de práticas que não existiam na Maçonaria primitiva.

Os templos se tornaram suntuosos e ricas colunas os adornam. Acabou-se a simplicidade de outrora. Apareceram cerimônias enxertadas, inventadas, rebuscadas.

Tem templos para todos os lados. Um templo às vezes fica ocioso por vários dias da semana, onde poderia ter uma loja funcionando a cada dia e os demais templos construídos com muito sacrifício de alguns, poderiam ser uma escola, um lar de velhinhos, ou qualquer outra modalidade de prestação de serviços enfim, uma obra que depois de construída seria doada a sociedade.

As pendengas políticas entre os lideres da Ordem, chegam a tal rivalidade que com frequência são levadas às barras dos tribunais na Justiça comum.

A ganância pelo poder é um fenômeno bastante frequente na mente de alguns Maçons. Um simples cargo de venerável, às vezes é disputado de forma bastante ignóbil, não maçônica, pelos oponentes. Imaginem então, o que ocorre quando de trata de eleição para o cargo de Grão-Mestre.

Não se concebe e não se justifica que este poder temporal maçônico que em realidade não significa coisa alguma em matéria do Conhecimento que a Ordem pode proporcionar, cause tanta cobiça, tantas situações antimaçônicas, as quais observamos com frequência, sendo que a maioria dos Maçons fingem que não as estão vendo.

Sábio foi um juiz profano que não acatou uma ação de um líder maçônico contra outro, alegando que os problemas de Maçons fossem resolvidos dentro da própria Maçonaria já que a Justiça tinha coisas mais importantes a tratar.

A Maçonaria foi exposta nesta situação, ao ridículo.

Como é triste, como é doloroso, como doe no fundo da alma quando um Irmão torna-se falso, difama, conspira e tenta destruir outro. Às vezes seu próprio Padrinho é o atingido ou um Irmão que tanto lhe queria. E isto sempre ocorre não pela Dialética que é adotada pela Maçonaria que é a arte de poder se expressar e alguém contrariar ou contraditar uma opinião para se chegar a uma verdade, mas tão somente por inveja doentia ou vaidade.

Porem existe o reverso desta análise. Não podemos afirmar que o Maçom como o Homem em si seja totalmente mau. Ele é dual. Foi criado assim. Ele tem o seu lado mau, mas luta desesperadamente para ser bom, sendo que maioria das vezes não consegue. É a eterna luta do Homem. O ofendido altruísta costuma usar a qualidade cristã do perdão e ai volta a abraçar o Irmão que lhe ofendeu. E tudo acaba em fraternidade, às vezes sincera e às vezes falsa.

“A mão que afaga é a mesma que apedreja”. (Augusto dos Anjos)

Não podemos negar que nos causa tanta alegria, quando ficamos conhecendo um Irmão que nos é identificado como tal, onde quer que se esteja. Especialmente longe da cidade onde moramos. E comum este Irmão abrir seu coração, sua residência sua loja. Isto é realmente lindo na Ordem.

É uma satisfação muito grande e uma realidade inconteste.

Outra situação boa que costuma acontecer na Ordem é a hospitalidade fraterna com que somos recebidos em outras lojas não importando a Obediência. Esta situação acontece nas lojas-base, não havendo mais atualmente a discriminação que havia outrora determinada pelos líderes das ditas Obediências. Foi um avanço social dentro da própria Ordem muito importante. Já não existem mais primos, agora somos irmãos de verdade.

O dualismo no Maçom continuará, ele é genético, mas a Maçonaria espera que seus adeptos desenvolvam somente o lado bom. Sua doutrina é toda voltada para esse fim. Então, não culpemos a Ordem, por distorções ou digressões, estas são inerentes ao Maçom, ao Homem imperfeito.

Entretanto, a Ordem deveria mudar o esquema de suas sessões imediatamente. Gastamos parte de uma sessão com problemas administrativos. . Aí está o grande mal. É aí que reside a nossa grande falha. Se houvesse uma sessão administrativa mensal, onde uma diretoria capaz resolvesse todos os problemas rotineiros, e as demais sessões fossem abertas e fechadas ritualisticamente, mas sua sequência fosse tão somente de trabalhos apresentados, debates, instruções, doutrinação, temos certeza de que mesmo aqueles Maçons que não leem, não estudam, aprenderiam muito e tomariam gosto pela leitura, pois seriam despertos de um sono que talvez a própria maneira atual de ser da Ordem seja responsável.

Temos acreditar no Homem, no Maçom, mesmo ele não sendo um ser perfeito. Ele desde que devidamente preparado poderá ainda a vir a ser o esteio da Humanidade.

Estamos no momento mal doutrinados. Temos que nos rever e modernizar, o futuro já é hoje.

Vivemos num mundo de informações. Estas não podem ser sonegadas ou deixar de serem assimiladas. Já estamos ficando para trás em muitos segmentos da sociedade.

Não aguentaremos por muito tempo o modelo anacrônico que estamos seguindo se não nos atualizarmos.

Isto qualquer Maçom poderá deduzir, se refletir um pouco sobre a Ordem.

Acreditamos que a Maçonaria redespertará, e que em num futuro bem mais próximo do que imaginamos tudo mudará para melhor. Porque, apesar de todas as influências negativas ou não ela conservou sua essência Iniciática.

E este fator manterá sua unidade simbólica e espiritual perene.

Assim acreditamos...

(*) Autor: Hércule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas “Brasil” - Primeiro Membro Correspondente da Loja Francisco Xavier Ferreira de Pesquisas Maçônicas


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