O DEVER DA VISITAÇÃO MAÇÔNICA



O dicionário da língua portuguesa no Brasil do filólogo e professor Aurélio Buarque de Holanda define visita como “ir ao encontro de alguém; ato de encontrar uma pessoa, num local determinado, para contemplar alguma coisa”. Partindo desta definição pode-se entender que em Maçonaria o aludido conceito condiz com o que nós maçons pretendemos ao realizarmos nossas visitas em uma loja coirmã.                                                                             
O décimo quarto Landmark consagra como direito universal e inerente a todo maçom, o de visitar e tomar assento em qualquer Loja Maçônica do universo. Esse direito é garantido em decorrência do fato de a Maçonaria ser uma instituição universal, estar localizada em todos os recantos da terra e não fazer quaisquer distinções entre seus iniciados, o que a constitui em uma grande e fraterna família.     
                                                                                                                     
Corroborando com o Landmark anterior, o décimo quinto Landmark estabelece que o ingresso de um irmão maçom em uma assembléia de loja maçônica diversa da qual ele pertença, independentemente do rito ou da obediência, só será permitido caso este seja um irmão já conhecido, for apresentado por um irmão membro da loja visitada ou irmão de outra loja, desde que seja reconhecido como irmão maçom e, caso o visitante ou visitantes não sejam reconhecidos deverão passar por um exame, conforme os antigos costumes da Ordem, o chamado telhamento ou trolhamento. 
                                             
Desde seu ingresso como obreiro da Arte Real, o maçom deve sempre trazer internalizado consigo seu compromisso firmado para com a maçonaria no que diz respeito a este intercâmbio salutar e essencial para que os laços maçônicos se tornem cada vez mais estreitos e sólidos. É através da visitação que nós, irmãos maçons, nos interagimos e podemos trocar experiências e conhecimentos voltados para os mais variados aspectos atinentes ao engrandecimento e perpetuação das tradições de nossa Sublime instituição.  
                   
É através da visitação que surgem oportunidades únicas de experimentarmos as mais variadas sensações atmosféricas e sentirmos as energias que emanam das Egrégora proporcionadas por belíssimas reuniões repletas de conhecimentos e ricas em sabedorias, as quais são realizadas por meio de seus mais variados ritos e rituais maçônicos, fator esse que faz com que o misticismo dos símbolos, das alegorias e das harmonias contidas nos templos captem as mais distantes e puras energias contidas no cosmos celeste,as quais são irradiadas, poderosamente, pelo Grande Arquiteto do Universo. 
                          
Sendo assim, concito aos irmãos maçons reafirmando a importância que há em visitarmos, independentemente do oriente, da potência ou até mesmo da distância que nos separa.

A satisfação deste ato de desprendimento, solidariedade e apreço é de valor imensurável, típico de nossa natureza maçônica. Importa citar que muitas lojas necessitam do auxilio de irmãos visitantes para comporem os cargos a fim iniciarem seus trabalhos com número regular;isto porque, muitas oficinas têm seu quadro obreiros bastante reduzido, sendo a visitação uma oportunidade de colaborar para que essas reuniões não se tornem prejudicadas, os irmãos desanimem, a loja adormeça e, fatalmente, abata suas colunas.
                                                                                                                     
Em contrapartida ao incondicional dever maçônico de visitar, a loja anfitriã tem por obrigação recepcionar os irmãos visitantes com alegria e calorosa festa, pois nada mais gratificante para um obreiro do que receber no seio de sua loja vistas de irmãos valorosos que venham a integrar os trabalhos de modo a contribuir para o maior brilhantismo da reunião; e nada mais prazeroso para um irmão visitante do que sentir-se abraçado e útil em integrar aos trabalhos colaborando para a sua efetiva realização.
                                                                                  
Portanto, lembremos do dia de nossa iniciação, onde, no templo, havia inúmeros irmãos de diversos orientes e obediências, revestidos com seus aventais e insígnias com as mais variadas cores e ornamentações, formando assim um belo e curioso mosaico retratando, assim, não existir fronteiras que possam impedir ou limitar que irmãos maçons se reúnam em prol de um objetivo comum entre si, que é o de tornar feliz a humanidade através da busca constante da verdade.
                                                                                                                                 
A solidariedade que tanto enobrece o maçom através suas atitudes podem ser percebidas ao extrapolarem as paredes do templo e se colocarem a serviço de algo ainda maior e sublime. Tais atitudes ocorrem através de um auxílio ou uma palavra de conforto a um irmão necessitado, adoentado, ou que por algum outro motivo encontra-se afastado do convívio maçônico; e também aos familiares de um obreiro que se encontra enfermo em um leito de hospital ou que passou ao oriente eterno.

Como podemos ver a visita não deve se esgotar ou limitar-se somente às oficinas coirmãs, sua finalidade vai muito, além disso, ela transcende as colunas do templo e os umbrais das salas dos passos perdidos indo levar conforto e alento a quem necessitar, sendo maçom ou não.    
                  
Finalmente, vale aqui destacar um corolário muito utilizado no meio maçônico que nos faz refletir sobre a questão da visitação: “Quem não visita não é visitado”; ou seja, se visitamos, em algum momento seremos retribuídos.

Trabalho maçônico concluído em 12/11/2018 pelo Ir.’. Murilo Américo da Silva, membro da A.’. R.’. L.’. S.’. Onofre de Castro Neves nº 2.555, Or.’. Carangola/MG.

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