AMAZÔNIA E SOBERANIA NACIONAL NA ÓTICA DE UM MAÇOM



A grande beleza da Maçonaria está na forma individual, sempre válida, de vivenciar cada simbologia que nos guia.

Como um Iogue aprendiz que ainda sofre para executar um Asana, é ele que está evoluindo mais, e não o outro, de postura perfeita depois de anos de prática.

Assim somos, e assim vamos melhorando a nossa visão interna e nossa ação no Mundo. Mesmo me sentindo ainda esse Iogue quase sem equilíbrio nas poses mais ousadas de meus exercícios esotéricos, ouso me aventurar na percepção de que uma de nossas mais maravilhosas lendas se conecta com minha missão de auxiliar a nós em uma das atuações vitais na vida profana: a proteção do meio ambiente.

Para mim, a Viúva de quem somos filhos é a Mãe Terra. Fecundada pelo Supremo Masculino e largada ao cuidado de seus filhos. Os mesmos que a devastam e violam, desde o momento que instalaram entre nós o Monoteísmo masculino, que tirou a Santidade da Vida, da Terra, e de nós sobre ela.

O Homem Crístico é esse Eu Sou, da manifestação Divina em nós, na Terra. O deixar o Divino manifestar nos traz além da Plenitude de Ser, a consciência da responsabilidade com tudo e todos. Eu, ainda só um Buscador, me inspiro então na Carta 9 do Tarô, o Eremita.

Na leitura de Eliphas Levi, o Eremita segue Iluminado pela Lâmpada de Hermes Trimegisto (a Sabedoria Crística), o Manto de Apolônio (a bondade e fraternidade Crística) e o Cajado dos Ancestrais (nossa vinculação temporal com a Terra e nossas raízes).

Assim, protegido de seu principal inimigo, a arrogância e soberba de seus próprios pensamentos, o Eremita anda para trás. Volta para dentro e busca seu V.I.T.R.I.O.L.

Com essa carta que me arrisco a uma análise na interface dos fatos e dos sentimentos cósmicos sobre o momento, e a mudança de rumo político do Brasil com relação à preservação da Amazônia e todos outros nosso Biomas.

Precisamos perceber que a soberania nacional está sim na ocupação e uso dos recursos amazônicos para o benefício da Humanidade, a começar pelo povo brasileiro.

O povo brasileiro, na sua porção maravilhosa e original, nossos povos indígenas, já a ocupam com seus descendentes e miscigenações, um povo rico e ignorado pelo Sudeste. O uso que sempre deram à Floresta, ganha nova vestimenta nos dias de hoje. O uso não é, e nunca vai ser, a destruição e substituição da floresta por gado ou soja. Aliás, nada mais improdutivo, concentrador de renda, e com graves consequências para a Humanidade poderia ser pensada do que essas escolhas.

Os problemas dessas escolhas, atreladas a desmatamento e fogo, é em especial dramático se considerar o que estamos trocando (e destruindo) por isso:

1) moléculas bioativas só existentes nessa floresta, que podem trazer a cura para as mais diversas doenças;

2) a comercialização sustentável de recursos pesqueiros, profundamente dependentes da floresta em pé, saudável e madura;

3) manejo sustentável e responsável do uso de Madeira, essências aromáticas, frutos, dentre outros. E, em tempos de responsabilidade climática;

 4) o sequestro de Carbono e garantias para sua permanência em solo, que só a floresta madura pode dar. O Mercado Mundial de Carbono existe, é bilionário, e está vamos no caminho de implementar todas as garantias para cobrarmos do Mundo a segurança climática do Planeta.

Nosso maior Ativo internacional, no entanto, foi queimado por poucos que lucrarão, largando um rastro de destruição, de muito lenta recuperação, e de culpa por crime de responsabilidade ambiental, que vai recair sobre a Nação inteira, e não os criminosos.

O Senado prepara agora um relatório sobre as organizações criminosas em ação na Amazônia. Em que isso implica, nem sequer temos desenvolvimento, não temos recolhimento de impostos sobre esses impactos, sobre essa extração ilegal, sobre os produtos da floresta extraídos ilegalmente.

Assim, como em qualquer caso criminoso, não há soberania garantida. Como não há soberania nem a preservação da diversidade cultural, tecnológica social de um país. 

Sem identidade, ou sem desenvolvimento científico, não há, meus irmãos Soberania.

Sou pesquisador e ecólogo desde 1990, e nunca, em governo algum, deixei de alertar sobre essas questões. Na Inglaterra, em 1995, eu já participava de um projeto sobre mudanças causadas pelo aquecimento global. Já tínhamos alertas que se ouvidos pelos políticos das nações desenvolvidas com a devida seriedade, 25 anos atrás, nos teriam colocado em um rumo mais rico, seguro e humano que o que seguimos hoje.

Tenham uma boa reflexão em seu equinócio da primavera, queridos Irmãos.

Ir.’.  Sérvio Pontes Ribeiro é Secretário de Meio Ambiente da Grande Loja Maçônica de Minas Gerais

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