Acompanhe-me numa singular viagem.
Para isso é necessário que você aceite alguns postulados e a
pouca consistência do que mostrarei, considerando que, em essência, tudo não
passa de simples fantasia, mas os conceitos são os mais modernos de que a
ciência dispõe.
Façamos à semelhança das nossas lendas na Maçonaria, que mesmo
em sendo ficções, pretendem transmitir profundos conhecimentos filosóficos,
dependendo apenas do grau de interesse e desenvolvimento de cada indivíduo e da
perseverança em alcançar o conhecimento que leva a educação natural.
Tenha certeza que a pretensão é flutuar por caminhos fascinantes
que poderão revelar entendimento de verdades complexas e difíceis de explicar
de outra forma.
Preparando o ambiente da viagem
Façamos de conta que estamos parados no centro de uma Loja
aberta ritualisticamente. Uma Loja aparelhada com todos os instrumentos de
trabalho do Maçom, bem como a sua matéria prima: a pedra bruta.
Esotericamente falando, o teto não existe, então, vamos tirar de
vez esta cobertura do lugar de onde está e empurrá-la para bem longe, tão longe
que desapareça. Descortina-se sobre nós o espaço infindo e ao longe brilha o
sol.
Empurremos também as paredes do nosso templo para bem longe.
Estamos no centro do espaço infindo que só não é totalmente negro porque a luz
do luzeiro o ilumina.
Eliminemos igualmente o piso de nosso templo, afastando-o mais
devagar para que a nossa mente se acostume lentamente com o flutuar no espaço.
Como não temos mais referenciais, não sabemos ao certo se é o piso da loja e a
Terra que se está a afastar, ou se somos nós que estamos levitando, viajando
espaço afora.
Se pensar que paramos aí, enganou-se, agora possuímos poderes
sobrenaturais que nos permitem parar o tempo, o que fazemos.
Este é o nosso novo Universo: nada ao nosso redor, o tempo
parado e apenas o Sol a nos iluminar. Neste ambiente especial construído pela
nossa imaginação, apenas nós nos movemos. Estamos sem ponto de referência a não
ser o sol. Longe de tudo.
Não existe ruído ou necessidade de ar. Somos
poderosos
Olhamos ao redor e observamos a imensidão. Como é diminuta a
nossa estatura em relação a este Universo ilimitado e sem horizonte.
Com a nossa nova capacidade de imaginação deixamos o nosso corpo
material e flutuamos para fora da nossa prisão. Olhamos para as pedras brutas
que somos pelo seu lado externo de formas como nunca nos foram dadas observar.
Observamos como é o nosso túmulo material. Como já aprendemos, o
que este corpo tem por fora é mero invólucro da nossa manifestação material no
Universo tridimensional, o importante desta massa é o seu conteúdo interno,
algo que aos olhos materiais é impossível identificar.
Foi devido a esta limitação que saímos dos nossos túmulos
materiais e estamos aqui fora a olhar para eles.
Aqui somos finitos e infinitos. Nesta existência artificial não
rege tempo ou matéria, não existe início ou fim. Todas as coisas materiais que
possuímos na nossa efêmera vida material são nada se comparados com a imensidão
que ora contemplamos ao lado de fora dos nossos cárceres que nos servem apenas
como instrumentos das nossas experiências sensoriais.
Locke defendeu que as ideias são formadas a partir de
experiências sensoriais exteriores e que a reflexão interior colocava no seu
devido lugar. Combateu o Inatismo, filosofia que parte do pressuposto do homem
possuir ideia inata do Grande Arquiteto do Universo; que esta ideia já nasce
com a pessoa. Vamos comprovar esta assertiva ao sairmos do nosso corpo apenas
por força do nosso pensamento e levarmos junto conosco apenas as nossas
capacidades de ver e pensar.
Na Maçonaria é-nos ensinado que nascemos livres porque nascemos
racionais e os seres humanos são, por isto, considerados iguais, independente
de governos e outros homens. Usamos desta experimentação sensorial não apenas
através dos nossos dispositivos de percepção da realidade, criamos uma nova
percepção, pela fantasia, e por um exercício do pensamento estamos passeando
fora dos nossos corpos físicos pelo espaço infindo.
Parece insanidade, mas é divertido. E como diz Domenico de Masi:
não sei se estou trabalhando, aprendendo ou me divertindo.
Os trabalhos do Rito Escocês Antigo e Aceito querem demonstrar
ser o homem infinito e que as suas posses são finitas. Locke concebe o infinito
como resultante da unidade homogênea de espaço, número e duração, e o que
diferencia uma da outra é que o infinito apenas não tem limite. Deduzimos que o
homem material é finito enquanto presa da materialidade e torna-se infinito
quando desperta para a liberdade da razão apoiada pelo conhecimento.
É isto a que este passeio conduz.
Início do passeio
Percebe quão devagar estão os nossos passos neste passeio? Não
há necessidade de correr. As nossas experiências mais eficientes não ocorrem
sempre aos saltos, mas em pequenos avanços de uma dimensão para a outra de um
conhecimento alicerçando o próximo, ciclos eternos de tese, antítese e síntese.
Assim se faz na Maçonaria. O salto é dado pela mente e não pelo
corpo material. É disto que devemos libertar-nos para penetrar nos segredos de
nós mesmos. Apenas em condições especiais obtemos a verdadeira luz para
investigar a verdade oculta em nós mesmos. A nossa fantasia cria o ambiente, a
nossa racionalidade preenche os vazios.
Se olharmos todo o trajeto que nos trouxe até aqui é realmente
um salto imenso para a nossa pequenez de criatura vivente do espaço
tridimensional. Aqui só existe a noção de espaço porque trouxemos junto conosco
as carcaças que nos contêm.
Qualquer forma que adaptarmos, seja ela material ou assim como
nos imaginamos agora, não passamos todos de simples viajantes espaciais, é o
que todos somos; astronautas deslocando-se permanentemente pelo espaço sideral
numa velocidade estonteante a um destino desconhecido.
Vamos diminuir de tamanho, aliás, nós não temos dimensão,
podemos ser imensamente grandes ou infinitamente pequenos, basta querer. A
nossa mente vai fazer com que diminuamos de tamanho lentamente, porque ainda
faz pouco tempo que abandonamos a nossa clausura física e adentramos nesta nova
condição de existência.
Vamos encolher até que possamos entrar pelo ouvido do meu corpo
material aí em frente e que conheço bem, haja vista que já fiz alguns passeios
dentro dele ultimamente. Vamos diminuir de tamanho até que possamos divisar as moléculas
desta carcaça.
Percebeis como o meu corpo está a desaparecer? O corpo está-se a
dissolver lentamente.
Por que será? Um Universo Interior.
Boyle foi o primeiro que não aceitou mais as teorias de
Aristóteles dos quatro elementos: água, terra, ar e fogo e formulou as bases e
conceitos dos elementos químicos.
A diversidade de moléculas com que um corpo físico é composto é
enorme, então escolhamos a primeira molécula que encontrarmos e vamos continuar
a diminuir de tamanho para podermos abordar um dos átomos.
Sabia que não foi Boyle quem criou a ideia de átomo? Isto já foi
cogitado na antiga Grécia, por Demócrito; é dele a ideia que os materiais são
formados por partículas minúsculas. Hoje dispomos deste conhecimento porque
estamos apoiados nos ombros de gigantes do passado.
Pode-se dizer que o átomo é formado por duas regiões que ocupam
o espaço: o núcleo, que é o seu centro compacto e pesado, e uma coroa ou
eletrosfera. No núcleo estão os nêutrons e protões e na eletrosfera movem-se os
elétrons em diversas órbitas.
Rutherford sugeriu que o tamanho do átomo seria algo em torno
0,000.000.01 centímetro. Para imaginarmos melhor o significado desta dimensão
consideremos o homem do tamanho de um átomo e toda a população da Terra caberia
na cabeça de um alfinete e ainda sobraria muito espaço.
E nós estamos do tamanho de um átomo agora. Só que não vemos
nada.
Por que? Se moléculas das mais diversas compõem um corpo físico,
elas deveriam estar em todo o lugar, trilhões delas deveriam estar presentes
aqui, e deveriam obliterar a luz do sol.
Onde estarão?
A eletrosfera de um átomo é cerca de 10.000 a 100.000 vezes
maior que o núcleo. Então, porque não estamos vendo nada?
Vamos diminuir mais umas 100.000 vezes o nosso tamanho. Ainda
não vemos nada.
O corpo pelo qual estamos viajando simplesmente sumiu. O que
existe ao nosso redor é apenas espaço vazio. Só a luz do sol chega até nós.
Continuemos a procurar até encontrar um núcleo de átomo, formado
de protões, nêutrons e outras partículas insignificantes, e assim como nós,
desloca-se solitário nesta imensidão do espaço. É do tamanho de uma laranja, e
cabe na nossa mão.
Onde estará o eletro que faz par com este núcleo?
Sabemos que a massa do eletro tem em torno de 1840 vezes menos
massa que o núcleo. Muito pequenos para serem vistos, mesmo com estes olhos que
temos agora. Temos que diminuir ainda mais de tamanho para divisar corpúsculo
tão diminuto, será por isto que não vemos o eletro?
Não! Ele não é visto porque nós paramos o tempo, recorda-se?
Somos criaturas muito poderosas no nosso mundo de fantasia.
O eletro deste átomo está parado em algum lugar que pode estar
em termos proporcionais à nossa atual estatura a alguns quilômetros daqui, ou
até bem perto como alguns centímetros. Não o vemos apenas devido às suas dimensões
relativamente diminutas.
Estou cansado. Vamos diminuir mais a nossa estatura, até
ficarmos tão pequenos que possamos sentar confortavelmente sobre o núcleo deste
átomo.
Ainda não vemos o eletro, e teríamos que encolher ainda cerca de
quase umas 2.000 vezes a nossa atual estatura, e ainda assim seria muito
difícil encontrá-lo.
Vamos restaurar o fluxo do tempo. Não se assuste com a
escuridão!
Consegue imaginar o que aconteceu? Por que esta escuridão
súbita?
São os elétrons! Eles deixaram-nos cegos! Esconderam o Sol.
O mundo material
Os elétrons em movimento impedem a luz de chegar até nós. Isto
porque a velocidade com que o eletro gira em torno do núcleo é tão alta que
mesmo com a sua minúscula massa impede a passagem da luz.
A sua velocidade é tal que pode ser comparada à própria
velocidade da luz.
A velocidade dos elétrons é de tal magnitude que num determinado
instante cada um deles pode estar ocupando qualquer espaço ao redor do núcleo.
Ele tem apenas uma probabilidade de estar fisicamente num determinado lugar,
num determinado instante. As fórmulas matemáticas da mecânica da física
quântica não oferecem valores determinados, apenas probabilidades.
Compare com as hélices de um avião; as pás parecem estar ao
redor do seu eixo ao mesmo tempo, podemos olhar através delas porque a sua
velocidade é inferior a da luz. Mesmo assim, as pás parecem estar em todo lugar
ao mesmo tempo. Com o eletro é parecido, mas em escala de velocidades
imensamente superior.
É assim que se forma a matéria sólida de que são formados os
nossos corpos, o mausoléu dos nossos pensamentos. A velocidade com que os elétrons
giram ao redor dos seus núcleos cria a matéria e proporciona-lhe solidez. É
como tudo no Universo físico é construído.
Esta é a assinatura do Grande Arquiteto do Universo dentro de
nós mesmos.
Isto até contradiz Locke, mas não esqueçamos que a nossa
existência aqui é apenas resultado de ficção, do exercício da nossa mente
criativa.
Mesmo assim, esta constatação leva-nos a inferir ser este, de fato,
o nosso local mais sagrado. Como é imenso o corpo físico de qualquer ser
vivente! O homem na sua globalidade, considerando a carcaça, a mente, as
emoções, a sua espiritualidade e outros detalhes é um Universo tremendamente
complexo, semelhante ao grande Universo.
A este Universo que existe dentro de cada ser vivente, devido exatamente
a esta diversidade e complexidade, denominamos Macrocosmo apenas para
simplificar as nossas limitações de entendimento.
É assim, de forma espantosa, com quase nada de matéria, com
quase absoluto espaço vazio que o Grande Arquiteto do Universo produziu toda a
matéria sólida do Universo.
Milagre ou realidade?
Será que legitima a expressão do penso, logo existo, de
Descartes?
Se tomarmos a realidade do ponto de vista em que nos encontramos
agora, certamente deduziríamos que nada somos. Tudo o que existe é feito
essencialmente de espaço vazio, somos feitos do nada, então nada deveríamos
ser. Existimos apenas como que por milagre. Um maravilhoso feito do Incriado.
Heidegger argumentava que o ser se faz no tempo; e é o que
constatamos na nossa experiência; o ser é o nada que o constitui.
Platão afirmava que o Universo em que vive o homem é ilusório,
feito de sombras e aparências; na nossa experiência, quanto desta assertiva é
verdadeiro?
O que acabamos de afirmar e virtualmente constatar, foi baseado
na informação de que o eletro e o próton contêm massas, isto é, que sejam efetivamente
feitos de matéria sólida, mas que o garante?
Existem considerações científicas atuais que dizem terem os
átomos ora o comportamento de partícula e ora de fenômeno ondulatório, isto é,
não possuírem massa e serem constituídas exclusivamente de campos de força, de
campos eletromagnéticos, de energia.
Aí então a nossa pasma intelectualidade entra em pane!
Se os átomos não são nada mais que campos de força, então somos efetivamente
feitos de puro espaço vazio, nada somos!
Simples fótons?
Campos magnéticos em interação e deslocando-se à velocidade da
luz?
Ainda sem considerar a teoria das Super cordas que remetem até o
instante do inicio da expansão do Universo, o inicio de toda a história que os
nossos cientistas sonhadores dão para o Universo e ao qual denominam de big
bang, já nos satisfazemos com o fato de constatar que existe um projeto
racional e um objetivo válido para tomar parte nesta grande orquestra da vida,
esta milagrosa massa de seres viventes.
Porque olhando na nossa própria essência, sequer deveríamos
existir! É um milagre!
Os fatos apontam para uma realidade onde a vida tem uma
insignificante possibilidade de se manifestar.
A improbabilidade da vida
Partindo da constatação que as fórmulas da mecânica quântica nos
fornecem apenas probabilidades e nunca certezas qual seja a verdadeira
constituição do átomo.
Acrescente-se que as moléculas de que as nossas carcaças
são formadas constituem apenas um por cento de toda a massa do Universo, isto
porque, 75% de toda matéria do Universo é formada por Hidrogênio, 24% é Hélio,
e o restante 1% (um por cento) é constituído por todos os demais elementos da
tabela periódica. Desde o lítio, passando pelo carbono até chegar ao urânio.
A química que dá origem à vida é uma insignificância
quantitativa em relação ao gigantismo do Universo!
Daí a nossa intelectualidade vir a se preocupar com a existência
e a realidade nos faz singelos na imensidão deste Universo – especula-se que
existam outros Universos. É deveras um milagre possuirmos consciência!
Percebe a maravilha desta descoberta dentro de nós mesmos?
Consegue observar o quanto somos infinitos na forma em que nos
encontramos e o resto do Universo é finito? Em termos absolutos poderíamos até
dizer que nem infinitos somos, mas inexistentes.
Conscientizou-se agora do quanto somos livres e iguais neste
Universo criado pelo Grande Arquiteto do Universo?
É razão mais que suficiente para buscar o conhecimento para nos
entendermos melhor uns com os outros.
Fazer estes tipos de viagens é o único caminho que dispomos para
trilhar pelos caminhos que conduzem para a liberdade e perfeição; simplesmente
porque nos conscientizamos que existe um criador, não é possível que tudo seja
resultado de obras do acaso sem a presença de uma mente pensante por traz de
tudo o que se manifesta na natureza.
Esta nossa realidade, esta nossa insignificância perante o
milagre da existência material já é suficiente para nos levar a entender do
porque o amor fraterno é o único caminho para a verdadeira igualdade.
Na essência somos todos relacionados e iguais. Somos imperfeitos
na nossa materialidade, mas alcançamos a perfeição na nossa racionalidade, da
mesma forma como disse Platão: o único círculo perfeito é a ideia de círculo
que existe na nossa imaginação.
Abrangência do mundo interior
Estenda esta visão às outras dimensões que temos:
espiritualidade, emotividade, pensamentos, e outros. Este conhecimento de nós
mesmos não fica limitado ao que estamos percebendo neste instante, este
crescimento exige a perfeição tanto do espírito como do coração.
Há necessidade que treinar as nossas percepções tanto do visível
como do invisível, e tudo é dedutível pela nossa capacidade de abstração, de
fantasia, até vir a se comprovar pela experimentação científica.
Assim como aconteceu com
Pitágoras, que na tradição intelectual do mundo ocidental teve transformada a
sua capacidade de mística matemática numa espécie de ponte entre a razão humana
e a inteligência divina.
Da nossa parte, enquanto sonhamos, não temos provas materiais da
imaginação ser realizável, ao menos enquanto estivermos restritos ao nosso
cárcere material, ao nosso corpo físico. Tampouco criamos proposições que não
possam ser questionadas, até contrariadas, pois algo assim, nas palavras de
Isaiah Berlin, não contém informação.
Devemos procurar a justiça e a fraternidade, o amor fraterno,
para obter a possibilidade de, mesmo imperfeitos em alguns aspectos, sermos
levados à perfeição do intelecto e da espiritualidade pela força do pensamento.
E assim como efetuamos a nossa caminhada até ficarmos sentados
aqui nesta escuridão sem ter medo de nada, quando o tempo está em marcha, aonde
chegamos devagar, um passo de cada vez.
A Maçonaria ensina-nos que o caminho da perfeição também não se
dá aos saltos, senão com muita prudência e lentidão. Velocidade é coisa de eletro
na sua órbita, nós devemos lentamente ir formando uma base educacional em busca
da verdadeira liberdade que nos liberta do fanatismo, do ódio e outros vícios.
Pois se viéssemos até aqui na superfície deste núcleo de átomo
num salto, certamente desfaleceríamos. A escuridão enlouquecer-nos-ia! Não
entenderíamos que na escuridão do nosso mais recôndito ser, na falta da
liberdade a que o eletro nos levou, sentir-nos-íamos presos, imobilizados, com
medo de nos mexermos, inclusive de pensar.
E o medo desta prisão certamente induzir-nos-ia a adotar alguma
postura fanática e alienante, quem sabe até, num ato desesperado, o suicídio.
Percebe o quanto a nossa capacidade de sonhar é infinita e como
isto nos diferencia do homem-fera primitivo? A filosofia do Rito Escocês Antigo
e Aceito está conectada ao conhecimento humano, desde a sua pequenez diante do
Universo, até o gigantismo da sua capacidade de sonhar e pensar. É pela
capacidade racional inteligente que todo Maçom deriva conhecimentos detalhados
e genéricos para a sua própria sobrevivência física e intelectual. Uma coisa
puxa a outra.
O sonhar leva a predispor o iniciado na busca contínua de
instruções e conhecimentos. Isto o leva a efetuar saltos mentais e impõem-lhe
denodo quando se interna na caminhada dos mundos desconhecidos, reservados
apenas aos que têm coragem de enfrentar as veredas do desconhecido. Mesmo que
lá reine escuridão, a mente continuará a irradiar a luz do entendimento de
verdades cada vez mais complexas e intrincadas.
O peregrino cego carrega junto de si a luz do entendimento ao
buscar intensamente dentro de si mesmo o conhece-te a ti mesmo, de Sócrates. O
homem pensador passa a se aperfeiçoar.
Depois que se aperfeiçoou e descansou parte em nova jornada, em
ciclos eternos de sonhos, racionalizações e sedimentações de novos conceitos.
Fica evidente que ao adentrarmos no mausoléu que somos,
despertam ideias ocultas que até então não percebíamos. Encontramos alguns
porquês da existência: De onde venho? Para onde vou? Algo que é possível
descobrir com viagens ao interior de nós mesmos. Faz da passagem para o oriente
eterno apenas mais uma etapa da vida; algo que alivia o constrangimento e medo
da morte.
Este é o conhecimento, a luz que o profano busca nos nossos
templos; é a travessia que o iniciado faz quando se desloca do ocidente para a
luz do oriente. Ao nos libertarmos do medo da morte, rompem-se os grilhões da
escravidão do mundo material e passa a brilhar a luz da sabedoria do Grande Arquiteto
do Universo.
Templos vivos
Todo o Maçom é considerado de fato um templo vivo.
Só a partir desta constatação o Maçom passa a se considerar
criatura pura e sagrada. Certamente tudo faz para não conspurcar o ambiente
sagrado de que é constituído o seu templo interior, derivando que isto induza o
desenvolvimento de conceitos morais e éticos cujo objetivo preservará a pureza
do lugar sagrado do seu interior. Isto faz do mundo interior um lugar
perenemente limpo e puro.
Desperta adicionalmente que apenas limpar o templo interior não
é suficiente. A pureza moral e ética é insuficiente. Exige-se que o interior do
templo, local da razão e dos sentimentos equilibrados, nutram o cérebro com
estímulos que levem a buscar a perfeição.
Daí se ressalta a importância em velar na maioria das vezes do
centro das emoções, o coração, de modo a mantê-lo subjugado à mente, pois é
considerado esotericamente um mausoléu e tudo aponta para o coração como túmulo
do Maçom; ao menos enquanto não morrer o Maçom que o contém.
O caminho para a liberdade e perfeição do Maçom é dominar as
suas paixões com o objetivo de acabar com atitudes extremadas e fanáticas. E a
vereda do espírito passa pela capacidade de sonhar, com grandes chances de
converter a fera humana, apenas controlada pelas leis, em ser humilde diante da
grandiosidade do que daqui divisamos.
Quando o tempo se desloca, no nosso interior reina escuridão
enquanto não efetuarmos um salto para dentro de nós mesmos iluminados pela
sabedoria do entendimento desta viagem. Este deslocamento é realizado em
pequenas estações, para que o choque da descoberta desta escuridão não nos
deixe cegos e com medo, assim como fazemos na nossa evolução pelos graus do
Rito Escocês Antigo e Aceito.
O medo pode imobilizar-nos e escravizar-nos aos extremismos. É
necessária coragem para desbravar o caminho.
Agora que mostrei a minha senda, faça as tuas viagens a sós para
dentro de você mesmo e descubra teus próprios caminhos. Só não se assuste com a
escuridão do lugar, leve sempre junto à luz de tua capacidade intelectual para
de lá sair em segurança.
Ao homem Maçom é dado caminhar só na busca da sua
espiritualidade e liberdade, exatamente porque ninguém a pode fazer por outrem.
É tarefa individual e intransferível.
E saiamos daqui, pois os trabalhos encerraram a meia-noite.
Charles Evaldo Boller
Bibliografia
ANTISERI, Dario; REALE, Giovanni, História da Filosofia,
Antiguidade e Idade Média, Volume 1, ISBN 85-349-0114-7, primeira edição,
Paulus, 670 páginas, São Paulo, 1990;
BOSQUILHA, Gláucia Eliane, Mini manual compacto de Química,
Editora Rideel, 1999;
Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa, versão 1.0,
2001;
GUIMARÃES, João Francisco, Maçonaria, A Filosofia do
Conhecimento, ISBN 85-7374-565-7, primeira edição, Madras Editora Ltda., 308
páginas, São Paulo, 2003;
LOCKE, John, Ensaio Acerca do Entendimento Humano, tradução:
Anoar Aiex, ISBN 85-13-01239-4, primeira edição, Editora Nova Cultural Ltda.,
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MARTINS, Maria Helena Pires; ARANHA, Maria Lúcia de Arruda,
Filosofando, Introdução à Filosofia, ISBN 85-16-00826-6, primeira edição,
Editora Moderna Ltda., 396 páginas, São Paulo, 1993.
Biografias
Aristóteles ou Aristóteles de Estagira, filósofo de
nacionalidade grega. Nasceu em Estagira em 384 a. C. Faleceu em 7 de Março de
322 a. C. Um dos mais importantes pensadores de todos os tempos;
Demócrito de Abdera, filósofo grego. Nasceu em 16/01/460 a. C.
Faleceu em 371 a. C.. Criador da teoria atómica. Da era pré-socrática que
fundou a atomística. Estudioso da matemática e física teve cultura semelhante à
de Aristóteles;
Ernest Rutherford, físico de nacionalidade inglesa e
neozelandesa. Também conhecido por Lord Ernest Rutherford of Nelson. Nasceu em
Nelson, Nova Zelândia em 30 de Agosto de 1871. Faleceu em 1937 com 65 anos de
idade. As suas pesquisas obtiveram incrível importância, tendo elucidado uma
série de problemas relacionados à radioatividade, à estrutura dos átomos e à
natureza elétrica da matéria;
John Dalton, escritor, físico, professor, químico e tradutor de
nacionalidade inglesa e irlandesa. Nasceu em Eaglesfield em 6 de Setembro de
1766. Faleceu em 27 de Julho de 1844 com 77 anos de idade. É considerado o
fundador da Teoria Atômica moderna;
John Locke, escritor e filósofo de nacionalidade inglesa. Nasceu
em Wrigton, Somerset em 29 de Agosto de 1632. Faleceu em Oates em 28 de Outubro
de 1704 com 72 anos de idade. Rejeitou as ideias inatas: a fonte dos nossos
conhecimentos seria a experiência;
Martin Heidegger, filósofo de nacionalidade alemã. Nasceu em
Messkirch, Floresta Negra, Alemanha em 26 de Setembro de 1889. Faleceu em
Messkirch em 26 de Maio de 1976 com 86 anos de idade. Um dos mais importantes
representantes do existencialismo e da filosofia alemã do século XX;
Platão ou Platão de Atenas, filósofo de nacionalidade grega.
Também conhecido por Aristóteles Platão de Atenas. Nasceu em Atenas em 428 a.
C. Faleceu em Atenas em 347 a. C. Considerado um dos mais importantes filósofos
de todos os tempos;
René Descartes, cientista, filósofo e matemático de
nacionalidade francesa. Também conhecido por René du Perron Descartes. Nasceu
em La Haye, Touraine. Descartes em 31 de Março de 1596. Faleceu em Estocolmo,
Suécia em 11 de Fevereiro de 1650 com 53 anos de idade. Muitos filósofos
consideram-no o pai da filosofia moderna;
Robert Boyle, cientista, físico, matemático e químico de
nacionalidade irlandesa. Nasceu em Lismore, Irlanda em 28 de Março de 1950.
Faleceu em Londres em 30 de Dezembro de 1691. Estabeleceu de forma clara e
precisa os conceitos de elemento químico, combatendo assim os elementos
alquimistas e aristotélicos;
Sócrates ou Sócrates de Atenas, filósofo de nacionalidade grega.
Nasceu em Atenas em 468 a. C. Faleceu em 399 a. C. Um dos mais importantes
pensadores de todos os tempos.
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