O QUE NOS ANIMA A PERMANECERMOS SEMPRE EM LOJA?A ORDEM MAÇONICA,
CUJOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS SÃO A FRATERNIDADE ENTRE OS HOMENS, A LIBERDADE
DE CONSCIÊNCIA E A IGUALDADE COMO FORÇA DE PROGRESSO.
Quando somos inquiridos sobre o que nos anima a permanecermos
sempre em loja, vem uma resposta pronta e imediata:
A Ordem Maçônica tem por princípios fundamentais a Fraternidade
entre os homens, a Liberdade de Consciência e a Igualdade como Força de
Progresso, princípios esses que irão Orientar a condução desse trabalho.
Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasce no dia 21 de junho de 1830 em
Salvador (BA). Portanto, faz 190 anos de seu nascimento. A Maçonaria tem seus
primórdios no Brasil a partir de 1796, com a fundação, em Pernambuco, do
Areópago de Itambé, que não era uma verdadeira Loja, seus membros nem todos
eram maçons. Portanto, até a data de nascimento de Luiz Gama, a Maçonaria dava
os primeiros passos no Brasil.
Logo a seguir, em 1797, com a Fundação da Loja Cavaleiros da
Luz, na povoação da Barra na Bahia, essa Loja ganha um carácter oficial. E no
ano de 1822, ocorrem vários momentos envolvendo maçons e a Maçonaria que,
naquela época, acaba por se confundir com a história do Brasil. E nesse mesmo
ano, em 17 de junho de 1822, é fundado o Grande Oriente. O objetivo principal
dos fundadores do Grande Oriente na ocasião era a Independência do Brasil
D. Pedro I, em 1824, havia proibido as atividades da Maçonaria,
que permanecera inativa até 1831. Nesse ano, com a sua renúncia, o monarca
deixa o trono e os maçons começam a se reagrupar, um ano após o nascimento de
Luiz Gama.
José Bonifácio assume a tutoria do filho do imperador. Antes,
Bonifácio era o Grão Mestre do Grande Oriente e, então, retoma o posto no
Oriente.
Apesar de várias dificuldades, o Grande Oriente continuava
atuando em questões sociais como a abolição da escravatura.
A mãe de Gama chamava-se Luiza Mahin, uma africana livre,
originária da Costa Mina (nação Nagô), a qual exercia muitas atividades. Em
1837, por motivos obscuros, ela vai para o Rio de Janeiro e lá desaparece para
todo sempre, deixando uma marca indelével na memória daquela criança, na época,
com sete anos de idade.
Posteriormente, já adulto, Luiz Gama chega a ir à Corte
procurá-la nos anos de 1847, 1856 e 1861, mas seus esforços foram infrutíferos.
Em 1840, o Pai de Luiz Gama era um fidalgo de família abastada,
esbanja a fortuna herdada, passando a viver em extrema pobreza; assim, vende o
próprio filho Luiz Gama como escravo, quando ele tinha apenas 10 anos.
Inicialmente, vai, a bordo de uma embarcação de nome Saraiva,
para a casa de um português de nome Vieira, para a Rua da Candelária no Rio de
Janeiro, o qual recebia escravos da Bahia à comissão.
No final daquele ano, é revendido ao negociante e contrabandista
denominado Alferes Cardoso, que o obriga a ir a pé de Santos a Campinas, para
ser revendido no interior de São Paulo.
Rejeitado por possíveis compradores por ser baiano, cuja fama
era de problemático, volta para o sobrado na capital paulistana, onde Gama
aprendeu vários ofícios, tais como de sapateiro, copeiro, costureiro, lavador
de roupas, dentre outros, incluindo também capoeira.
No ano de 1847, vai morar nesse mesmo imóvel um jovem chamado
Antônio Rodrigues do Prado Junior para estudar Humanidades, o qual faz grande
amizade com Luiz Gama, este já com 17 anos, e acaba por ensinar o também jovem
negro a ler e a escrever.
No ano seguinte, foge da casa do Alferes Antônio Pereira Cardoso
e, já sabendo ler e escrever, consegue provar juridicamente a sua origem de
nascimento como homem Livre e, em 1848, finalmente Luiz Gama retoma sua
liberdade por ele mesmo.
Livre, vai servir como praça; servindo até 1854, gradua-se como
cabo de Esquadra Graduado e, no fim desses seis anos, afasta-se do serviço
militar por divergências com um superior.
Atuou como escrivão para várias autoridades policiais e foi
nomeado amanuense (aquele que escreve textos à mão, escrevente, secretário) da
Secretaria de Polícia, onde serviu até 1868. Por motivos políticos e devido a
mudanças dos cargos superiores, foi demitido por conservadores que, então,
subiram ao poder.
Até chegar à posição de escrivão e, posteriormente, de
amanuense, adquire conhecimentos sobre os ofícios jurídicos com Francisco Maria
Furtado de Mendonça.
Francisco Mendonça exerceu altos cargos na Secretaria de Polícia
e era catedrático na Faculdade de Direito; Luiz Gama era ordenança desse
eminente professor e acabou aprendendo muito com o advogado, tanto que tais
conhecimentos o permitiram postular o direito de advogar. Com essa habilidade,
foi advogado dos pobres e libertou mais de 500 escravos, em pleno Brasil
escravagista.
Um fato de extraordinária importância aconteceria para o
movimento republicano no cenário político de 1873. A convenção de Itu, de
inspiração maçônica, que acontecera em 10 de novembro de 1871. Quando, em 1873,
partidários da república federativa haviam se reunido em Itu SP.
Como resultado desse movimento, a 18 de Abril de 1873, essa
reunião ficou conhecida como primeira convenção republicana do Brasil. Foi
designada, então, Convenção de Itu. Ciente da campanha republicana, várias
Lojas prosseguiam com o processo da abolição da escravatura, que contava com
maçons de peso como o próprio Luiz Gama, José do Patrocínio e Joaquin Nabuco.
Luiz Gama foi um dos fundadores da Loja Maçônica América, que
tinha como um dos principais objetivos a promoção e a emancipação escrava por
meios legais.
A Loja América foi regularizada em 07 de julho de 1869, sendo
que já funcionava desde 09 de novembro de 1868, quando foi organizada. Luiz
Gama, em 23 de agosto de 1869, recebeu o Grau 18 (Príncipe Rosa-Cruz), da Ordem
Maçônica. Em 1870, aos 40 anos, Luiz Gama filia-se à Augusta e Respeitável Loja
Simbólica América, figurando como fundador ao lado de renomados nomes da época,
como Ruy Barbosa e, possivelmente, Joaquim Nabuco.
Nas sétima e oitava administração, de 1874 a 1876, e também nas
décima segunda e décima terceira, de 1879 a 1880, Luiz Gama ocupou o Altar da
Loja América com 44 /45 anos e 49/50 anos de idade.
Em uma sociedade escravocrata, Luiz Gama ousou ingressar na ala
radical do grupo dos liberais, “para promover processos em favor de pessoas
livres criminosamente escravizadas”.
Luiz Gama denunciou o comércio ilegal de negros, cobrando
sanções das autoridades para aqueles que encobrissem o contrabando.
Assim com uma atuação impecável em vários momentos ao longo dos
seus 52 anos, sobretudo sua atuação como Maçom, em 24 de agosto de 1882, morre
Luiz Gama em São Paulo.
O Maçom, Advogado, Jornalista, Escritor e o Afro Descendente
Luiz Gama deixa para todos nós Maçons um legado indiscutível de Fraternidade
entre os homens, Liberdade de Consciência e a Igualdade como Força de
Progresso. Um verdadeiro Maçom!
FLAVIO LUIZ DA SILVA – CIM 298674 –27/10/2020
ARLS Cedros do Líbano, 1688 – Miguel Pereira/RJ
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ritual do Aprendiz Maçom - Rito Escocês Antigo e Aceito.
Site A. ̇. R. ̇. L. ̇. S. ̇. Luiz da Gama nº 0464 em 24/10/2020
http://lojaluizgama.com.php?Idpagina3&Site=Site
CARVALHO, William Almeida, Uma Breve História da Maçonaria no Brasil-
REHMLAC –
Revista de Estudios Históricos de La Masonería – LATINOAMERICAN
Y CARIBEÑA.
SANTOS, Eduardo Antonio Estevam Santos. A Tinta Acima da Cor – Revista de História da Biblioteca Nacional - Ano 11, Nº 122. RJ: Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional, Novembro de 2015.
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