Mais do que uma idade certa, há uma maturidade certa para se ser
iniciado.
Muitos nunca atingem essa maturidade: nascem, vivem e morrem sem
nunca perder um segundo com as “grandes questões”, tal a azáfama com que passam
por esta existência.
Outros a atingem encontram as suas próprias respostas, e deixam,
a partir de certo ponto, de fazer sentido procurarem outro método de
aperfeiçoamento, pois já encontraram o seu próprio método, chegaram às suas
próprias conclusões, traçaram o seu próprio caminho.
Cada Maçom tem a sua própria história, o seu próprio ritmo, o
seu próprio percurso.
Uns chegam mais cedo, outros mais tarde.
Uns caminham mais depressa, outros mais devagar.
Outros ainda levam mais tempo numa fase, e noutra disparam a
correr.
Ou ao contrário.
Temos entre nós quem tenha sido iniciado aos vinte e poucos
anos, e quem o tenha sido já depois de ser avô.
Temos quem tenha sido aprendiz ou companheiro durante bastantes
anos, e quem ao fim de menos de dois anos já fosse mestre.
Temos quem tenha ficado pouco tempo, quem tenha ficado alguns
anos, e quem ainda cá esteja.
Por tudo isto, encontra-se numa loja uma grande diversidade de
idades, maturidades e sensibilidades.
A todos une, porém, a vontade de se tornarem pessoas melhores, e
de o fazerem juntos, e aprendendo uns com os outros.
Os aprendizes mais jovens podem aproximar-se mais facilmente de
mestres mais próximos da sua idade, até estarem mais à vontade com os mais
velhos.
Os aprendizes mais velhos terão porventura maior afinidade, pelo
menos inicialmente, com os maçons mais maduros.
Com o passar do tempo, à medida que aquelas caras vão adquirindo
nomes, aos nomes vão-se juntando feitios, e os feitios, as caras e os nomes
tornam-se pessoas que vamos conhecendo e distinguindo das demais.
Os aprendizes vão-se percebendo com quem podem aprender melhor o
quê, e acabam por aprender com todos – com uns mais do que com outros, mas isso
também faz parte…
Chegado a companheiro, o Maçom conhecerá já razoavelmente a
maioria dos irmãos da sua loja, e estes a ele.
Terá, para, além disso, passado pela experiência de ter “irmãos
mais novos”, iniciados depois dele.
Estes irmãos mais novos podem ser até mais velhos em idade, o
que torna tudo muito mais interessante.
E quando se chega a mestre, percebe-se por fim que todos têm
alguma coisa a aprender com cada um dos demais.
Os mestres mais novos encontram-nos mais velhos a experiência de
quem já passou por muitas situações difíceis, tomou muitas decisões – algumas
mais certas que outras – e tem, enfim, a sabedoria que só a idade, a
experiência e as dificuldades proporcionam.
Por seu lado, os mestres mais velhos encontram-nos mais novos a
possibilidade de reviver e questionar o seu próprio percurso, de tornar de novo
novas as suas velhas dúvidas e questões, e a possibilidade de passarem para
outros aquilo que receberam dos que os antecederam.
Uns e outros partilham da alegria de estarem juntos, de serem diferentes,
e de terem algo a aprender uns com os outros.
Sem sangue novo, uma loja está condenada, mais ano menos ano, a
abater colunas: não há quem ensinar e, à medida que os mestres forem passando
ao Oriente Eterno, a loja vai ficando menor, até deixar de se poder manter.
Por outro lado, sem o “sangue velho” – e muitas começaram assim
– a loja pode até existir, mas é uma loja sem raízes nem memória, que só
adquirirá com o decorrer dos anos.
Diz-se que em Maçonaria nada se ensina, e tudo se aprende.
É, por isso, um privilégio poder-se aprender com quem já está há
mais tempo.
Grupo Memórias e Reflexões Maçônicas
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