SOIS REALMENTE UM “ETERNO” APRENDIZ?

Somos eternos aprendizes?
O que viestes fazer aqui?
Quem sou eu como Maçom?
Somos eternos Aprendizes?

É preciso buscar. Certamente a essas três questões fundamentais da reflexão maçónica apoiamo-nos para tentar explicar ao nosso próprio íntimo sobre quem realmente somos e sobre os nossos propósitos no Sublime Trabalho de Cantaria…

Seria preciso descrever muito mais do que se nos apresenta aqui, neste simples artículo, quando se referem a questões tão profundas do ‘EU maçônico’, filosófico, mas o objetivo aqui é ser direto e conciso sobre principalmente a acepção da expressão “somos eternos aprendizes”.

Preliminarmente, é preciso considerar uma outra perspectiva da acepção da expressão “somos eternos aprendizes”, – ou até mesmo por que não, “desconsiderar”, algumas interpretações que, muitas vezes, são utilizadas como “bordões” para justificativas vãs das nossas próprias negligências, onde para tudo ou qualquer coisa que se procrastine ou negligencie, o escudo, ou ponta-de-lança, é: “somos eternos aprendizes”. Será?

Por outro turno, o termo em que muito amiúde dizemos: “- sou um “eterno” aprendiz”, trata-se, pois, de uma força ou figura de linguagem em que explica e nos ensina que sempre seremos aprendizes ou estaremos a aprender algo, e, assim, melhorando-nos, aprimorando-nos.

É, também, uma forma de dizer sobre a humildade que sempre temos que ter, frente à imensidão infinita do saber, em contraste e combate ao orgulho, à vaidade, presunção e à arrogância. É reconhecer que precisamos, in práxis constantemente aprender, desbastar a Pedra Bruta…

Todavia, esta expressão metafórica “eterno aprendiz”, ipsis litteris, ao estrito e rigoroso olhar aos nossos Rituais Maçónicos, simplesmente não existe. (E se acaso passar a existir, favor trazer-nos o registro apontando tal passagem, para que possamos reconsiderar e aprender).

À luz dos Rituais atuais, como exemplo, citando os dos Rito Moderno, REAA, Rito de Schroeder, Rito Adonhiramita, não há tal termo “eterno aprendiz”, e em nada nos ensina as Sebentas sobre tal termo. E o Ritual do Rito de York, apenas para exemplificar, também não o há. O que há e se pode encontrar escrito, por exemplo, é no Ritual de Aprendiz Franco-maçom para o Rito de York do GOB, Grau 1, (ainda não vigente), na sua página 20, em título de seção Alguns Objetos Peculiares na Sala da Loja, especificamente sobre as Rough Ashlar ou P. B. e Perfect Ashlar P. P. ou P. C., é:

“Evidentemente a tal perfeição, isto é, a pedra perfeitamente polida, jamais será atingida pela nossa origem humana. No entanto a Maçonaria nos ensina que deve ser sempre perseguida, e por este motivo estamos numa eterna aprendizagem, numa eterna busca à perfeição.” [1] (grifo nosso).

No mundo não-maçônico e moderno atual, por outro lado, encontramos o termo “eterno aprendiz” em pensamentos, canções, livros outros e tantos, como em Augusto Cury, Vagner Andrei Brunn e Sebastião Bicalho, facilmente encontrados em rápida e elementar busca a qualquer momento na internet, como por simples exemplos aqui elencados [2], [3], [4], [5]. Pode-se, também, exemplificativamente, encontrar o “Eterno Aprendiz” em estrofe da canção do compositor e cantor Gonzaguinha, de mesmo título: Eterno Aprendiz:

“Eterno Aprendiz

Viver e não ter a vergonha de ser feliz Cantar. (E cantar e cantar…) A beleza de ser um eterno aprendiz
Ah meu Deus!
Eu sei… (Eu sei…) Que a vida devia ser bem melhor e será
Mas isso não impede que eu repita
É bonita, é bonita e é bonita.”

(Gonzaguinha) [5]

Às demais questões neste artículo, subseguem duas restantes: Quem sou eu? Quem sou eu como Maçom? e, O que vim aqui fazer? De modo simples, encontramos no formato de perguntas e respostas, e à luz do Ritual do Rito de York, com base nas Preleções de William Preston, (na Primeira Seção da Primeira Preleção), explicação notável sobre o ser Maçom e o seu propósito, e encontra-se:

Quem sois vós?

“P: – Quem sois vós que desejais instrução?

R: Um Maçom Livre e Aceito.…

P: Por isto eu presumo que sois Maçom?

R: Como tal sou considerado e aceito entre IIr.'. e Companheiros.” [1]

Portanto, como Maçom Livre e Aceito, presume-se, através da interlocução, através da conclusão dialética, que o Maçom, e para ser Maçom, é aquele que é considerado e aceito entre os Irmãos. Talvez aí encerre o núcleo do significado maior de ser Maçom: ser considerado como tal, ou seja, numa única palavra, considerado, ou em dois núcleos fundamentais, considerado e aceito entre Irmãos.

E o que viestes fazer aqui?

“P: Visto que não trazeis nada além de sinceras congratulações, o que viestes fazer aqui?

R: Aprender a controlar e subjugar as minhas paixões, e fazer maiores progressos na Maçonaria.

P: Por isto eu presumo que sois Maçom?

R: Como tal sou considerado e aceito entre IIr.’. e Companheiros.” [1]

Logo, todo Maçom deve ter METAS, de diversas ordens, e dentre elas, a de APRENDER e entre as aprendizagens, aprender a controlar e subjugar as suas paixões, para que assim o fazendo, consiga conquistar maiores progressos na Maçonaria. Ou, ainda, por outro vector, sem subjugar as nossas paixões, jamais conseguiremos realizar maiores progressos na Maçonaria. E as paixões são exatamente o não-exercício da virtude, da RAZÃO, PRUDÊNCIA e TEMPERANÇA.

Com mais esta incursão ou mergulho a mais uma nova reflexão, chegamos à TEMPERANÇA, que limita e controla as paixões humanas. Mas o que seria a Temperança?

“P: Te serei grato pela definição de TEMPERANÇA.

R: É aquela devida limitação das paixões e afeições, que tornam o corpo submisso e governável, e livram a mente das tentações dos vícios. Esta virtude deve ser uma prática constante de todo Maçom, assim ele é ensinado a evitar os excessos, ou a contrair quaisquer vícios ou hábitos licenciosos, de modo que ele possa, por imprudência, ser levado a trair a confiança nele depositada.” [1]

Depreende-se, portanto, concisamente, a seguinte sequência lógica ou equação de palavras à luz do Rito de York, como universalmente:

SER MAÇOM => CONSIDERAÇÃO E ACEITE COMO TAL, ENTRE IRMÃOS

Ou, também, de outra forma:

SER MAÇOM –> ETERNA APRENDIZAGEM –> TEMPERANÇA –> SUBJUGAÇÃO DAS PAIXÕES –> FAZER MAIORES PROGRESSOS NA MAÇONARIA.

Evidentemente que não se pretende aqui “restringir” a definição de ‘ser Maçom’, mas por outro ângulo, observar, estritamente, o que literal e logicamente está escrito, e não simples e meramente negar o “nullius in verba” e aceitar, por assimilação auditiva de replicação, expressões ou termos, que embora reflitam a magnitude de ser Maçom, não se encontram ou estão descritas nos Rituais, como por exemplo, in ipsis litteris: “O Maçom é um eterno Aprendiz”.

Somos, indubitavelmente, aprendizes e em constante aprendizagem! somos ou fomos, também, aprendizes maçons, quando no Grau 1 da Maçonaria Simbólica, estamos, ou um dia estivemos, assim como também noutros graus outrora concluídos, mas, rigorosamente, neste particular, pelo menos este articulista nas suas buscas, não encontrou em Rituais a expressão “sou um eterno aprendiz” ou “somos eternos aprendizes”, muito embora haja a inevitabilidade natural do ser humano em sempre estar a aprender.

Assim, por lógica, na estruturação hierárquica e pedagógica dos graus maçônicos simbólicos, rigorosamente, é correto o entendimento de que uma vez concluído o 3° Grau na Maçonaria Simbólica, sim, será este um eterno Mestre Maçom, uma vez que na Maçonaria Simbólica não há mais que 3 graus – é um Landmark, e, portanto, uma vez Mestre Maçom, sempre e eternamente o será Mestre Maçom da Maçonaria Simbólica, portanto, um Mestre Maçom é e sempre será um “eterno Mestre Maçom”.

Caberá, pois, ao Mestre Maçom, “reunir o que está esparso”; conscientizar-se de que também, assim como o Aprendiz e o Companheiro Maçons, precisa eternamente aprender bem e desenvolver-se, auxiliando a todos os Irmãos e a sociedade, o mundo; conciliar a eterna aprendizagem dos graus antecedentes e todo o universo infindo do conhecimento com o ser eternamente Mestre Maçom, para que, eternamente, possa aprender e ensinar, ensinar e aprender.

Obviamente, não se aprende somente enquanto Aprendiz Maçom; não se aprende somente enquanto Companheiro Maçom e nem tampouco é-se o verdadeiro e “eterno aprendiz” somente quando atingir a plenitude maçónica simbólica, como Mestre Maçom. A aprendizagem é um processo contínuo, e todos nós somos sujeitos e partícipes desse processo. Somos todos eternos aprendizes, os não-maçons ou profanos, assim como os maçons. Todos estamos a aprender.

A falácia, ou silogismo errôneo, encontra-se em conceber ou aceitar que nós, maçons, “somos eternos aprendizes”, como se estivéssemos ou fôssemos sempre pertencer a um grau iniciático da Maçonaria Simbólica, “eternamente”, e protegêssemos nessa “falsa égide”, as nossas diversas falhas e indiligências em aprender, com a argumentação explicativa tomada como “universal”, quando por qualquer erro havido, causado por reflexo das nossas próprias negligências, de que e por que… o motivo de tudo e a justificativa nada honrosa é, “porque…sempre somos ou seremos eternos aprendizes”. É preciso BUSCAR, buscar sempre a verdade, o conhecimento, as virtudes, os princípios, a luz. Assim nos ensinam os nossos Rituais.

Finalizo, em pré-conclusão, como se estivesse eu à porta do nosso Templo, à busca de luz, desejoso de conhecimento, batesse à porta do Templo e de meu Templo interior, e, buscando a verdade, buscando a eterna aprendizagem, pensasse, por um único e lépido instante, nas palavras do grande Rabi Yeshua, sobre a Busca, segundo escrito em Marcos 7:7-11:

“Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se porventura o filho lhe pedir pão, lhe dará pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra?”. [6]

Alexandre Fortes, 33º – CIM 285969 – ARLS Cícero Veloso n° 4543 – GOB-PI

Referências

[1] RITUAL DE APRENDIZ FRANCO-MAÇOM PARA O RITO DE YORK DO GRANDE ORIENTE DO BRASIL. Versão 05/2020.

[2] https://www.google.com/search?q=eterno+aprendiz+augusto+cury&client=firefox-b-d&sxsrf=ALiCzsZsicY0jZ5DpKD_jzSa-HrgGATW_A%3A1652868339321&ei=88SEYsubE4T21sQP7a6QoAI&oq=eterno+aprendiz+augusto&gs_lcp=Cgdnd3Mtd2l6EAEYADIFCCEQoAE6BwgjELADECc6BwgAEEcQsAM6CAgAEA8QFhAeSgQIQRgASgQIRhgAUKIHWJkNYKIbaAFwAXgAgAHHAogBzgqSAQcwLjYuMC4xmAEAoAEByAEJwAEB&sclient=gws-wiz

[3] https://www.estantevirtual.com.br/livros/sebastiao-bicalho/eterno-aprendiz/909989152?livro_usado=1&b_order=preco&gclid=Cj0KCQjwspKUBhCvARIsAB2IYuu9QIN9XYrEw-pTrUrVZWGNzyadaNFrDUHhDakIvDg6OX11RJa0PVYaAt0yEALw_wcB

[4] https://www.estantevirtual.com.br/ceniralivros/vagner-andrei-brunn-o-eterno-aprendiz-1856829428?gclid=Cj0KCQjwspKUBhCvARIsAB2IYuueQpE5d5Zd8JWtmx-fgIAt4AA9MBAuXMo1GEygJJSnqvNRe14nmOEaAgmNEALw_wcB

[5] https://som13.com.br/gonzaguinha/eterno-aprendiz

[6] https://www.bible.com/pt/bible/1608/MAT.7.7-11.ARA

 

 

ÉTICA E MAÇONARIA


Muito se discute sobre a decadência dos costumes na Maçonaria e a perda dos seus valores mais intrínsecos, assim como consequência o desinteresse pelas matérias éticas que envolvem a doutrina maçónica.

Dentro das definições que encontramos, esta nos parece simples de entender:

A Ética é um ramo da filosofia que lida com o que é moralmente bom ou mau, certo ou errado. As palavras ética e moral têm a mesma base etimológica: a palavra grega ethos e a palavra latina moral, ambas significam hábitos e costumes.

Para melhor explorarmos o tema, usaremos as definições contidas na obra da Professora Adriana Farias, Legislação e Ética Profissional:

Ser ético é agir de acordo com “as regras” e com a moral. Nesse sentido, o que é moralmente correto é estabelecido de acordo com cada sociedade, pois o que é certo em algumas comunidades pode ser errado em outras. Em outras palavras, ser ético é ter respeito e seguir os códigos de conduta do ambiente em que se vive.

A ética, como expressão única do pensamento correto conduz à ideia da universalidade moral, ou ainda, à forma ideal universal do comportamento humano, expressa em princípios válidos para todo pensamento normal e sadio.

“É ético tudo que está em conformidade com os princípios de conduta humana; de acordo com o uso comum, os seguintes termos são mais ou menos sinônimos de ético: moral, bom, certo, justo, honesto.”

A professora ainda cita as Fontes fundamentais das Regras Éticas a saber:

Natureza do homem puro e sadio, virtuoso e de ações éticas.

Princípios e pensamentos sãos que regem o comportamento humano.

Busca refletida dos princípios do comportamento humano.

Legislação e Códigos de Ética de cada país.

Normas éticas provindas dos Costumes.

A Maçonaria através dos seus ritos e rituais procura enviar mensagens éticas aos seus membros, e que foram colhidas e cultivadas ao longo do tempo da sua formação como sociedade.

Comum encontrarmos citações sobre os USOS E COSTUMES da Maçonaria, como sendo um código de ética dos maçons.

Senão vejamos alguns exemplos de tais usos e costumes que norteiam os comportamentos éticos ideais dos maçons que extraímos dos seus rituais:

Levantar templos à Virtude e cavar masmorras ao Vício.

Não impõe limites à livre investigação da Verdade, e exige a todos a maior tolerância.

Obedecer às leis democráticas do País.

Viver segundo os ditames da Honra, praticar a Justiça.

Amar ao Próximo, trabalhar pela felicidade do Género Humano.

Subjugar paixões e intransigências.

Prestar fiel obediência aos princípios da Fraternidade.

Tudo ser tratado sob os princípios da Moral e da Razão.

Viver com Virtude, Honra e Sabedoria.

Manter o mais absoluto sigilo sobre tudo que ver ou ouvir.

Tornar-se um elemento de Paz, Concórdia e Harmonia no seio da Maçonaria.

Agir sem ostentação: Que a mão direita não saiba o que a esquerda faz.

Entregar-se ao Estudo e ao Trabalho, nutrindo o seu coração com a Solidariedade.

Iluminar a sua Mente e tornar o seu coração sensível a tudo que é Belo, Justo e Bom.

Aprendei a dominar-vos e fugi de todo sectarismo.

Praticar a Virtude.

Parece-nos o suficiente para exemplificar como a Maçonaria nos envia um Código de Ética e de Moral a ser praticado e desenvolvido. E não faltam sugestões constantes nos seus escritos sobre que nós devemos “Aperfeiçoar Moralmente.”

Um dos conceitos mais completos sobre o que é Maçonaria é-nos fornecido na Enciclopédia Maçônica Coil que reproduzimos a seguir:

Maçonaria, no seu sentido mais amplo e abrangente, é um sistema de moralidade e ética social, e uma filosofia de vida, de carácter simples e fundamental, incorporando um humanitarismo amplo e, embora tratando a vida como uma experiência prática, subordina o material ao espiritual; é moral, mas não farisaica; exige sanidade em vez de santidade; é tolerante, mas não indiferente; busca a verdade, mas não define a verdade; incentiva os seus adeptos a pensar, mas não diz a eles o que pensar; que despreza a ignorância, mas não reprova o ignorante; que promove a educação, mas não propõe nenhum currículo; ela abraça a liberdade política e de dignidade do homem, mas não tem plataforma ou propaganda; acredita na nobreza e utilidade da vida; é modesta e não militante; que é moderada, universal, e liberal quanto a permitir que cada indivíduo forme e expresse a sua própria opinião, mesmo sobre o que a Maçonaria é, ou deveria ser, e convida-o a melhorá-la, se puder (Coil’s Masonic Encyclopedia, COIL & BROWN, 1961, p. 159).

Pressupõe-se, portanto, que sendo a Maçonaria um sistema de moralidade e ética social, espera-se que os seus membros, os seus líderes internos ou externos, sejam no mínimo e essencialmente, morais e éticos.

E claro está que a partir dos seus líderes é que toda a comunidade se espelha. Podemos afirmar sem sombra de erro que o Venerável Mestre da Loja é a liderança mais próxima que um Maçom possa ter e conviver.

Muitas são as prerrogativas e qualidades para que um Maçom possa alcançar o trono de Salomão e se tornar um Venerável Mestre.

William Preston na sua obra Illustration of Masonry, descreve parte do juramento de um Venerável Mestre com os pressupostos explícitos:

Concorda em ser um homem bom e verdadeiro, e estritamente obedecer às leis morais? Concorda em ser cauteloso no comportamento, cortês com os seus irmãos e fiel à Loja? Concorda em promover o bem geral da sociedade, a cultivar as virtudes sociais, e a propagar o conhecimento da Arte Maçónica, tanto quanto a sua influência e capacidade possa alcançar? (Illustrations of Masonry, PRESTON, 1867, p. 59)

Cabe ainda pressupor que um líder ético, como o Venerável Mestre também incentive e desenvolva os seus liderados para que alcancem maior responsabilidade moral e ética e, finalmente, sejam exemplos morais na sociedade. Uma das máximas da Maçonaria é a de que um Maçom não precisa de se identificar como tal na sociedade, pois será reconhecido como tal por suas atitudes morais elevadas assim como éticas.

Este tema como podemos deduzir é infindável, mas finalizamos com uma avaliação pessoal sobre a liderança ética de um Venerável Mestre. Você responderia sim a estas perguntas?

Meu Venerável Mestre é confiável.

Confio o bastante no meu Venerável Mestre que defenderia e justificaria a decisão dele, mesmo se ele não estivesse presente para fazê-lo.

Meu Venerável Mestre disciplina os membros que violam padrões éticos.

Acredito plenamente que meu Venerável Mestre conduz a sua vida pessoal de maneira ética.

Meu Venerável Mestre sempre pensa nos interesses dos membros da Loja.

Meu Venerável Mestre toma decisões justas e equilibradas.

Meu Venerável Mestre ouve o que os membros da Loja têm a dizer.

Creio plenamente que meu Venerável Mestre se sacrificaria para me ajudar.

Meu Venerável Mestre discute ética e valores maçónicos conosco.

Meu Venerável Mestre é um exemplo de como fazer as coisas de forma correta, no sentido ético.

Meu Venerável Mestre reconhece meu potencial e desenvolvimento.

Meu Venerável Mestre pergunta “o que é a coisa certa a fazer?” ao tomar decisões.

Pesquisa por Alberto Feliciano

Bibliografia

COIL, Henry Wilson; BROWN, William M. Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Ed. Macoy,1961.

FARIAS, Professora Adriana – Legislação e Ética Profissional – apost_eticaccr.pdf

ISMAIL, Kennyo Mahmud Soares Oliveira – A influência da liderança na identidade e comportamento maçónico – 2013.

PRESTON, William. Illustrations of Masonry. New York: Masonic Publishing and Manufacturing Co., 1867.

YATES, Frances A., The Rosicrucian Enlightenment. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1972.

 

O APRENDIZ QUE SE TORNOU UM MESTRE


Havia uma vez um aprendiz que sonhava em se tornar mestre maçom. Ele admirava os mestres que conhecera em sua loja, e desejava aprender os segredos e mistérios que eles guardavam. Ele se esforçava em cumprir as tarefas que lhe eram designadas, e em assimilar os ensinamentos que lhe eram transmitidos. Mas ele não se contentava com isso. Ele queria mais. Ele queria saber o que havia por trás dos símbolos, das alegorias e dos rituais da ordem. Ele queria descobrir o que fazia dos mestres maçons homens sábios e virtuosos.

Um dia, ele tomou coragem e foi falar com o seu venerável, o líder da sua loja. Ele lhe perguntou, com respeito e humildade, o que ele precisava fazer para se tornar um mestre maçom. O venerável olhou para ele com bondade e lhe disse:

- Meu filho, para se tornar um mestre maçom, você precisa estudar os símbolos, as alegorias e os rituais da ordem, e praticar as virtudes maçônicas de fraternidade, tolerância e beneficência. Você precisa trabalhar constantemente e perseverantemente na busca da verdade e do aperfeiçoamento.

O aprendiz ficou surpreso com essa resposta. Ele pensou que o venerável lhe diria algo mais profundo e revelador. Ele pensou que o venerável lhe confiaria algum segredo ou mistério que ele deveria conhecer para se tornar um mestre. Ele pensou que o venerável lhe daria alguma prova ou desafio que ele deveria superar para se tornar um mestre.

Ele não se conformou com a resposta do venerável. Ele achou que o venerável estava escondendo algo dele. Ele achou que o venerável não confiava nele. Ele achou que o venerável não queria que ele se tornasse um mestre.

Ele resolveu procurar outro mestre que pudesse lhe revelar os segredos e mistérios da maçonaria. Ele deixou a sua loja de origem e partiu em uma jornada pelo mundo. Ele visitou muitas lojas e países, e conversou com muitos mestres de diferentes origens e tradições. Ele fez a mesma pergunta a todos eles: o que eu preciso fazer para me tornar um mestre maçom?

Mas em todos os lugares que ele foi, ele recebeu a mesma resposta: para se tornar um mestre maçom, você precisa estudar os símbolos, as alegorias e os rituais da ordem, e praticar as virtudes maçônicas de fraternidade, tolerância e beneficência. Você precisa trabalhar constantemente e perseverantemente na busca da verdade e do aperfeiçoamento.

O aprendiz ficou cada vez mais frustrado e decepcionado com essa resposta. Ele não entendia como isso podia ser suficiente para se tornar um mestre maçom. Ele não entendia como isso podia ser tudo o que havia na maçonaria. Ele não entendia como isso podia ser o segredo e o mistério da maçonaria.

Ele continuou a sua busca por muitos anos, mas nunca encontrou o que procurava. Ele nunca encontrou um mestre que lhe revelasse os segredos e mistérios da maçonaria. Ele nunca encontrou um mestre que lhe dissesse algo diferente do que o seu venerável lhe havia dito.

Ele começou a perder a esperança e a fé na maçonaria. Ele começou a duvidar de si mesmo e dos outros. Ele começou a se sentir sozinho e vazio.

Ele decidiu voltar à sua loja de origem, já velho e cansado. Ele queria pedir perdão ao seu venerável por ter duvidado dele, e reconhecer que ele tinha razão. Ele queria voltar ao seu lugar de aprendiz, e recomeçar do zero.

Ele chegou à sua loja de origem depois de muito tempo. Ele encontrou o seu venerável ainda vivo, mas já muito idoso. Ele se aproximou dele com reverência e lhe disse:

- Meu venerável, eu vim lhe pedir perdão por ter duvidado de você, e reconhecer que você estava certo. Eu viajei pelo mundo inteiro em busca dos segredos e mistérios da maçonaria, mas nunca os encontrei. Eu percebi que você me disse a verdade desde o início. Eu percebi que eu desperdicei a minha vida em uma busca vã. Eu percebi que eu me afastei do verdadeiro caminho da maçonaria. Eu quero voltar a ser seu aprendiz, e recomeçar do zero.

O venerável olhou para ele com amor e lhe disse:

- Meu filho, você não precisa me pedir perdão, nem se arrepender do que fez. Você fez o que achou que devia fazer. Você seguiu o seu coração. Você buscou a luz. Você não desperdiçou a sua vida, mas a enriqueceu com experiências e conhecimentos. Você não se afastou do verdadeiro caminho da maçonaria, mas o percorreu de uma forma diferente. Você não precisa voltar a ser meu aprendiz, pois você já se tornou um mestre.

O aprendiz ficou confuso e lhe perguntou:

- Como assim, eu já me tornei um mestre? Eu nunca descobri os segredos e mistérios da maçonaria. Eu nunca fiz nada de extraordinário ou digno de nota. Eu nunca me senti um mestre.

O venerável sorriu e lhe disse:

- Meu filho, você já descobriu o maior segredo e mistério da maçonaria: que não há segredo nem mistério. Você já fez algo de extraordinário e digno de nota: você se manteve fiel à sua busca pela verdade e pelo aperfeiçoamento. Você já se sentiu um mestre quando compreendeu que o único trabalho da maçonaria é o trabalho de si mesmo.

O aprendiz ficou emocionado e lhe perguntou:

- Então, isso é tudo? Isso é o que significa ser um mestre maçom?

O venerável abraçou-o e lhe disse:

- Sim, meu filho, isso é tudo. Isso é o que significa ser um mestre maçom.

E assim termina a história do aprendiz que se tornou um mestre maçom.

 

A SIMBOLOGIA DA CAPELA DOS OSSOS E A CÂMARA DE REFLEXÃO


 

“Pensar que as coisas desta vida hão de durar sempre, é escusado. Até parece que anda tudo à roda: à Primavera segue-se o Verão, ao Verão o Outono, ao Outono o Inverno, ao Inverno a Primavera, e assim o tempo gira nesta roda contínua. Somente a vida humana corre para o seu fim mais ligeira do que o tempo, sem esperar renovar-se, a não ser na outra, que não tem fins que a limitem.”

Trecho do Capítulo LIII do Livro O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha. Edição Especial 400 anos, Lisboa, Portugal.

Na cidade mais antiga de Portugal e uma das mais remota da Europa, Évora, pouco mais de 100 km de Lisboa, cuja fundação dá-se à época do domínio romano, encontramos alguns monumentos erguidos por mestres construtores, como o Templo a Diana, e a Igreja de São Francisco.

Nesta, em um anexo, está erguida a Capela dos Ossos construída no século XVII por frades franciscanos, estes teriam chegado a Évora em 1224, oriundos da Galiza e quando Francisco de Assis ainda era vivo.

Certamente, o que chama e atrai atenção de todos os turistas que visitam a cidade de Évora é a Capela dos Ossos. Sua construção teve um único objetivo, chamar a atenção dos visitantes, pois, sendo uma construção muito peculiar, suas paredes e pilares foram revestidos por milhares de ossos e crânios humanos.

Toda a ossada fora retirada dos mais de 40 cemitérios abandonados que existiam na região de Évora e que ocupavam muito espaço na cidade.

Desta forma, os monges em um trabalho hercúleo, requisitaram as ossadas e como dito, querendo chamar os olhares de todos, sobre a brevidade da vida humana e sua transitoriedade, encontraram uma forma única e tocante, revestir a Capela com ossos e crânios, criando um espaço de reflexão sobre a vida.

 É certo que se tornou um local turístico, alguns destes, com olhar de pura curiosidade histórica, outros tem uma visão mais espiritualista, mas, a Capela dos Ossos, cumpriu fielmente o objetivo inicial dos frades, um espaço para meditação e estímulo à humildade e mais ainda, queriam mostrar a todos os visitantes que tudo na Terra é impermanente.

Cabe ainda destacar o aviso, que está no frontispício da Capela, “Nos ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos”, ou seja, mais uma mensagem de que a vida é transitória e breve.

Saindo de Évora, deixando a Capela dos Ossos, vamos ao encontro de outra construção, se assim podemos dizer, que não está aberta à visitação, e a qual só pode ser adentrada, por pessoas que passaram por um processo de seleção criterioso.           

Estamos falando da Câmara de Reflexão, espaço físico que fica dentro de uma Loja Maçônica, lugar este sigiloso onde cada um deve entrar uma única vez em sua vida maçônica. A sua origem remonta ao Egito Antigo, e tem como simbologia bem próximo daqueles da Capela dos Ossos.

Naquela, o espaço é preparado sob luz tênue onde estão expostos símbolos e frases de impacto e reflexão, na qual, o candidato a iniciação, o profano, tem o primeiro contato com a simbologia maçônica, tais como: o pão e a água, o enxofre e o sal, a ampulheta, o testamento, o galo, a foice, os símbolos da morte (esqueleto e um crânio humano).

Importante destacar que cada objeto ou frases (nem mais, nem menos) que estão nesta sala tem o seu significado maçônico, e que o iniciado uma vez recebendo a Luz da Verdade, isto é, tornando-se um Aprendiz Maçom, seguirá os estudos dos mesmos nos Graus seguintes.

 Frise-se nenhuma pessoa é admitida na Maçonaria se não passar um tempo na Câmara de Reflexão. A Câmara, nas palavras de Sérgio Couto:

É definida como um recinto com paredes e teto pintados de negro, com uma mesa e um banco toscos. Na mesa são encontrados uma ampulheta, um tinteiro com uma caneta, um crânio humano, um vaso com sal, velas e papéis que devem estar preenchidos. Quando a porta de tal lugar é fechada, não é possível ouvir nenhum ruído externo. A pessoa que lá está deve ler algumas instruções que estão nos cartazes e papéis da mesa.

O silêncio incita a meditação, e o cheiro de mofo mais os símbolos mortuários impressos nas paredes servem para lembrar que a morte chega para todos os vivos. Dessa maneira, o maçom terá certeza de que retornou ao “ventre materno” da Terra e que deve “renascer” para novas compreensões. (COUTO, 2009, pág. 58 grifos nosso)

Simbolicamente um dos objetivos dessa passagem pela Câmara é exatamente a que os monges Franciscanos da Capela dos Ossos tinham em mente, isto é, a reflexão sobre a brevidade da vida e que a morte é inevitável e ainda que devemos viver com humildade.

Findando essas breves reflexões, deixando a Capela dos Ossos e a Câmara de Reflexão, retorno novamente a Portugal, agora não em Évora, mas sim, no ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, José Saramago.

Em sua obra As Intermitências da Morte, Saramago, nos traz importantes reflexões sobre a morte, e, em apertada síntese, conta-se que a morte deixou de acontecer em um pequeno país. A alegria tomou conta de toda a população, mas, logo em seguida começaram a perceber o grande problema que acarretaria com a greve da morte.

A certa altura da narrativa, temos a preocupação de um padre que diz “sem morte não há ressurreição, e sem ressurreição não há igreja”.                   

Mais à frente: “As religiões, todas elas, por mais voltas que lhe dermos, não têm outra justificativa para existir que não seja a morte, precisam dela como do pão para a boca.” A grande mensagem que fica da obra de Saramago é: “a morte é necessária para todos”.

Meus queridos II todos nós já passamos pela Câmara de Reflexão, talvez poucos conhecem a Capela dos Ossos e reduzido leitores conheceram a obra citada, e, nas palavras de Saramago, “Se não voltarmos a morrer não temos futuro”, cabe a seguinte reflexão: nós maçons já experimentamos a “primeira morte” e “estamos nos preparando para a segunda?” 

Antônio Marcos Teodoro Silva

Aprendiz Maçom CMI 333589

ARLS – Adelino Ferreira Machado nº 1957 

Bibliografia:

SARAMAGO, José. As Intermitências da Morte. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2005.

COUTO, Sérgio Pereira. Dicionário Secreto da Maçonaria. São Paulo: Universo dos Livros, 2009.

A capela da humildade, de Eugênio Mussak, da revista Vida Simples, edição 194, de abril de 2018, ed. Caras.

Disponível em: https://www.visitevora.net/capela-ossos-evora/. Acesso em 10/03/2023 às 16:44h.

Disponível em: https://igrejadesaofrancisco.pt/capela-dos-ossos/. Acesso em 10/03/2023 às 16:57.

 

O PERFIL E O SEGREDO DE UM VENERÁVEL JUSTO E PERFEITO


 

Antes de mais, importa esclarecer que o cargo de Venerável Mestre não deve ser encarado como um passo inevitável no percurso de um maçon. Pretendo com isto dizer que, eventualmente, nem todos os maçons chegarão a ser VV:. MM:., já que o critério de escolha deve ser o da capacidade e competência e nunca o da antiguidade.

Anualmente é eleito pelos seus pares um novo Venerável Mestre que, entusiasmado pelo cargo, cheio de enorme boa vontade e responsabilidade, prepara o seu programa de atividades, nem sempre o conseguindo cumprir com o êxito desejado. Isso pode ser visto através da forma como a Loja evolui ao longo do Veneralato:

pelo nível de envolvimento e adesão dos IIr:. às atividades da Loja,

pelo nível de indiferença ou ausências às Sessões;

pelo nível de não cumprimento de compromissos junto do Tes:.,

pela falta de apoio, comprometimento, incompreensão e afastamento de alguns Irmãos.

Formalmente falando, o V:.M:. deve ser um homem sensato, de conduta irrepreensível, com as qualificações para ensinar e para aprender a desempenhar muito bem a sua função. É preciso iniciar a jornada pela base, pelo estudo, de modo a não nos faltar a paz, o equilíbrio e a tolerância para discernir quem será o melhor candidato.

Um brilhante orador, professor, empresário, médico, juiz ou advogado, nem sempre pode ser qualificado para “guia dos Irmãos” de uma Loja Maçônica. Ter um nome famoso, riqueza e posição social, dispor de força ou de autoridade, não são qualificações para este fim.

Devemos ter a certeza de que ele possui conhecimentos maçônicos, compreensão e prática da fé raciocinada que deverá utilizar para facilitar a jornada evolutiva de todo o quadro de obreiros da Loja. Devemos também assegurar-nos de que tem a vontade “correta” para desempenhar este cargo.

A vaidade pode conduzir um homem a considerar-se poderoso e infalível; porém, os mais avisados sabem que na Maçonaria não existem “poderosos e infalíveis” e, sendo uma fraternidade, não há outra Instituição onde melhor se aplique o lema: “liberdade, igualdade, fraternidade”.

Um dos problemas internos das Lojas é que muitos Irmãos mais presunçosos e despreparados, depois de serem exaltados, deixam de estudar, achando que atingiram a “Plenitude Maçônica”.

Estes são os primeiros a tentar encontrar vias rápidas e alternativas para serem candidatos ao cargo de V:.M:., tendo sucesso em Lojas que, sem critérios ou cuidados, promovem a sua eleição, propiciando o desrespeito pelas tradições da Ordem por pura omissão, conivência ou até cobardia.

Outras vezes Irmãos, por melindres, intrigas, ou apenas pela satisfação de vaidades pessoais ou birra, indicam candidatos para o “trono de Salomão”, somente em função dos seus relacionamentos.

Estes candidatos, uma vez eleitos e empossados, pouco contribuem para a Ordem Maçónica e/ou para a Loja, tendem a banalizar a ritualística, ou a achar que mudar e inventar futilidades é sinônimo de modernização e inovação.

É necessário que meditem sobre a disciplina que envolve o estudo, a reflexão em torno dos princípios maçônicos, e o empenho responsável de renovação do verdadeiro maçon.

O que devemos fazer para ajudar a impedir o sucesso desses insensatos que faltam à fé jurada?

Percebendo qual será o seu “programa administrativo ou de trabalho”;

Vendo o modo como se comportaram nos cargos exercidos nos últimos anos;

Avaliando se aprenderam a lidar com o diferente;

Percebendo que grau e que tipo de envolvimento têm com a Loja e com os IIr:..

Considerando o seu carisma, ou seja, as suas qualidades de liderança.

É imprescindível ter também em consideração aspectos como, o conhecimento doutrinário; se chefia a sua família de forma ajustada; se dispõe de tempo disponível que possa dedicar à Loja e à Ordem, sem com isso prejudicar a sua atividade profissional e familiar, etc. Quanto mais claramente conseguirmos ver as qualidades do candidato, mais valioso ele se torna para nós.

Somando o conjunto destas e de outras qualidades, podemos avaliar se, no seu conjunto, o candidato reúne o necessário para assumir este desafio.

Uma escolha apressada de alguém desqualificado poderá trazer resultados muitas vezes desastrosos. Não bastam anos de frequência às reuniões ou a leitura de alguns livros maçônicos, para se dominar o conhecimento exigido.

Para desempenhar este cargo, é preciso estudar – única forma de alcançar o conhecimento necessário – porque aprender é, evidentemente, um ato de humildade. Mas para adquirir sabedoria, é preciso observar. Só assim conseguiremos, ao invés de colocar o homem no centro de tudo, descobrir o tudo que está no centro do homem.

Para desempenhar este cargo, é preciso também “estarmos envolvidos”; é preciso preocuparmo-nos com os nossos IIr:., com a Loja em si mesma, com a Ordem, etc. Em resumo, é preciso sentirmos que o nosso percurso está intimamente ligado a todos os que de alguma forma se relacionam, direta ou indiretamente, com a Loja. Desempenhar as funções de Venerável Mestre implica reconhecer quem são estes “stakeholders”, e investir no reforço das suas ligações à Loja e entre eles próprios.

O candidato, quando preparado e com o perfil adequado, pode desempenhar esta missão, conduzindo-a com mãos suficientemente fortes para afagar e aplaudir; sabedoria para ensinar e modéstia para aprender, e por este conhecimento, fazer-se paciente, puro, pacífico e justo; adquirindo a aptidão para reconhecer o seu limitado poder e abundantes erros; a sua capacidade e suas falhas; os seus direitos e deveres; dispor de força para, ciente de tudo isso, libertar-se das paixões humanas e assim adquirir a antevisão e o equilíbrio necessários para se livrar dos obstáculos no seu Veneralato, levando Paz, Amor Fraternal e Progresso à sua Loja.

O Venerável Mestre escolhido tem que ser um líder agregador que entusiasme os seus Irmãos pela sua dedicação e abnegação à Maçonaria. Os grandes Mestres sabem ser severos e rigorosos sem renegarem a mais perfeita benevolência. Tratam os Ilr:. da forma como desejam ser tratados e ajudam-nos a serem o que são capazes de ser: filhos amados do Grande Arquiteto do Universo, portanto IRMÃOS.

O Venerável Mestre precisa compreender que assiste ao outro o direito de ter uma opinião divergente da sua. Deve procurar criar uma empatia com o crítico, ver o assunto do ponto de vista dele, manifestando entender o seu sentimento. Sendo todos iguais, ninguém é mais forte ou mais fraco e deixa que perceba isso. Só assim ele compreenderá que o seu direito de opinar (participar) está a ser respeitado.

Quando um Irmão necessita falar ouve-o; quando acha que vai cair, ampara-o; quando pensa em desistir, estimula-o.

A bondade e a confiança dos seus pares que o elevaram a essa posição de destaque, exige ser usada com sabedoria, aplicando-a no comprometimento da justiça, nunca na causa da opressão.

No desempenho de sua função terá sempre em consideração que ninguém vence sozinho, mas jamais permanecerá ofuscado pelas influências dos que o apoiaram ou se deixará dominar por qualquer tentativa de predominância.

Ele, como V:.M:., é responsável por tudo o que acontecer de certo ou de errado em sua Loja. Por mais que se queixe da “herança perversa recebida” do seu antecessor; de Iniciações de candidatos mal selecionados, fardos que agora estão a seu cargo; de Irmãos que faltam ao sigilo, à disciplina; da desorganização da Secretaria e da Tesouraria da Loja, que motivam contrariedades, causam prejuízos de ordem moral e monetária de difícil reajustamento. Perante um cenário destes, deve concentrar-se antes no que tem feito para modificar, agilizar e melhorar este quadro.

A condução de uma Loja dá trabalho, requer paciência, é como se fossemos tecer uma colcha de retalhos, tratar de um jardim, cuidar de uma criança. Deve ser feita com destreza, dedicação, vontade e habilidade.

Importa também perceber que temos nos nossos Irmãos os reflexos de nós mesmos. Cabe-nos, por isso mesmo tentar compreendê-los, pela própria consciência, para poder extirpar espinhos, separar as coisas daninhas, ruins, que surgem entre as boas que semeamos no solo bendito do tempo e da vida, já que que se não forem bem cuidadas serão corrompidas.

A atitude do Venerável Mestre pode ser descrita como um conjunto de diversos aspectos complementares:

Fraternidade – quando o Venerável Mestre lança a semente da união.

Consciência – quando nos convida a analisar os nossos feitos para reconhecer erros cometidos.

Indulgência – quando aos defeitos alheios pede paciência.

Amor – quando floresce um sentimento puro de amizade aos olhos de todos.

Bondade – quando convive com os nossos erros, incompreensões, medos, desânimos, perdoando de boa vontade.

Justiça – quando deixa que cada um receba segundo os seus actos.

Felicidade – quando nos lábios de um Irmão aparecer um sorriso, e outro sorri também, mesmo de coisas pequenas para provar ao mundo que quer oferecer o melhor.

Instrutor – quando valoriza a ritualística, o simbolismo, utilizando as Sessões Ordinárias como uma forma objetiva de instruir o Irmão, incentivando o estudo e a discussão de tudo que seja relevante para a Ordem em particular e para a sociedade em geral.

Mestria – quando estimula os IIr:. a apresentarem trabalhos de conteúdo, elaborados por eles, e recusa simplesmente cópias retiradas de livros, revistas ou Internet, e o que é ainda mais inconveniente, insensato e desastroso, o recurso do plágio, ou seja, à cópia ou imitação do trabalho alheio, sem menção do legitimo autor.

Mestre sim, porque, sempre independente, nunca perde a alegria, nunca se acomoda e, como fiel condutor que representa o grupo, que ocupa a primeira posição de comando, isto é, comanda (manda com) os seus liderados em qualquer linha de ideia, se assume como o líder. Quando ao sair das reuniões cada um de nós se sentir fortalecido na prática da Arte Real, do bem e do amor ao próximo, podemos apelidar o local de Loja Maçônica Regular, Justa e Perfeita.

Acabando a tristeza e a preocupação, surge então a força, a esperança, a alegria, a confiança, a coragem, o equilíbrio, a responsabilidade, a tolerância, o bom humor, de modo que a veemência e a determinação se tornam contagiantes, mas não esquecendo o perigo que representa a falta do entusiasmo que também contagia.

E, finalmente, quando se aproximar o final do seu Veneralato, deve fazer uma reflexão sobre quais foram as atitudes reais de beneficência que tomou; referimo-nos não só ao auxílio financeiro a alguma Instituição filantrópica, mas também ao “ombro amigo” na hora necessária, ou o empréstimo do seu ouvido para que as queixas fossem depositadas.

O Venerável Mestre nunca deve deixar de agradecer por ter sido a ferramenta, o instrumento de trabalho criado por Deus, usado como símbolo da moralidade, para trazer luz, calor, paz, sabedoria, beleza para muitos corações e amor sem medida no caminho de tantos Irmãos.

Ao encerrar o se mandato, é importante que consiga afirmar a todos os obreiros de sua Loja: “não sinto que caminhei só. Obrigado por estarem comigo. Obrigado por me demonstrarem quanto bem me querem. Eu também vos quero bem. Gostaria de continuar, mas é tempo de “passar o malhete” e dizer: MISSÃO CUMPRIDA!”

Nas nossas reflexões, que o amor desperte nos nossos corações e juntos, com os olhos voltados para frente, consigamos tenacidade para construir o presente e audácia para arquitetar o futuro, por isso, NUNCA DEVEMOS DEIXAR O NOSSO VENERÁVEL LUTAR E CAMINHAR SÓ!

Esta não é a enumeração exaustiva de todas as qualidades que distinguem o Venerável Mestre ideal, mas todo aquele que se esforce em possuí-las, estará no caminho que conduz a todas as outras.

Caro leitor, espero tê-lo ajudado a entender “O perfil e o Segredo de um Venerável Justo e Perfeito…”

Adaptado (de forma muito livre) de texto escrito pelo Ir:. Valdemar Sansão

 

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