Escutei a afirmação de um irmão:
– Não tenho tempo para frequentar os trabalhos da minha Loja,
mas aqui fora, sou mais Maçom que muito irmão no templo…
Após refletir muito sobre a questão, emitimos a nossa
opinião. Embora opinião pessoal, podemos afirmar que esta é bem coerente com o
pensamento da instituição.
Acreditamos que a nossa Sublime Ordem torna possível a todos
os seus adeptos, um terreno fértil para o estudo da verdade. Através da
valorização do trabalho intelectual de cada irmão, por mais simples que seja,
criamos o pano de fundo necessário ao autodesenvolvimento do Maçom.
Embora uma Loja proporcione este ambiente, esta não é a
única organização que proporciona meios para atingir a valorização humana.
Outros redutos, outras instituições do livre pensamento, trazem e oferecem aos
seus seguidores, oportunidades para se alcançar o equilíbrio que, talvez,
possamos chamar de felicidade.
Existem homens que não necessitam de outros e vivem
solitários e, com introspecção, chegam ao Nirvana.
Outros procuram reunir-se, a fim de completar a sua crença
religiosa, em sociedades desportivas, sociais, educativas, etc., e satisfazem
as suas carências.
Existem ainda homens que, participando das atividades
sociais de uma associação religiosa, se veem satisfeitos em todas as suas
necessidades.
– Bem-aventurados.
Outros necessitam algo mais, e encontram na Maçonaria,
refúgio para a sua livre manifestação, não sendo questionados na sua crença,
religião, raça, classe social, no seu partido político, podendo estudar e
manifestar-se livremente.
Existem refúgios de virtudes e de bons costumes, fora da
maçonaria.
A maçonaria não possui o privilégio, nem pretende ser a
única instituição capaz de trazer e dar ao homem a felicidade. Homens virtuosos
existem e existiram em todos os tempos e lugares. Fora de um templo maçônico
também se praticam as boas qualidades. Estaríamos praticando a soberba se assim
não pensássemos.
O único dono da verdade é o G ADU.
Concluímos que fora do templo, praticamos as qualidades de
um Maçom, ou seja, virtudes, que qualquer homem de bem, livre e de bons costumes,
possui. Mas pode haver maçonaria sem os seus símbolos, sem o seu ensinamento
esotérico e sem um templo para abrigar tudo isto? Não, certamente que não.
Ao se reunirem, os primeiros maçons especulativos e aceitos,
nas tabernas inglesas, desenhavam a tábua da loja no piso e somente após está
pronta, declaravam a loja aberta.
Sem aqueles símbolos não existia loja, não existia sessão,
não existia a própria maçonaria.
Com estes dados acreditamos que, para praticarmos maçonaria,
necessitamos obrigatoriamente de um templo maçónico aberto e em sessão.
Sem um templo não existe o Maçom.
Devido aos múltiplos afazeres do mundo moderno, das
obrigações que nos envolvem, muitos irmãos não conseguem frequentar
assiduamente os trabalhos da sua loja, mas existem momentos em que se torna
imperiosa a sua presença. Momentos de afirmação da própria instituição, onde a
ausência do irmão enfraquece e leva à morte a própria ordem.
Por exemplo: no dia em que se instala um novo Venerável
Mestre; nos dias em que homenageamos São João nas datas dos solstícios; nas
Assembleias Gerais; no início das atividades de cada ano; quando
entregamos um irmão a subjetividade; nas iniciações, momento este que a ordem
cresce e a presença de irmãos é fundamental.
Concluímos que fora do templo se praticam as qualidades do
Maçom, mas “nunca” maçonaria. Maçonaria só no templo.
Roberto Raul Hübner Viola
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