VAIDADE E VIRTUDE NA MAÇONARIA


 

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo trazer a tona as sutilezas da vaidade humana, suas manifestações e como vigiar para que ela não se torne maior que as virtudes de um homem comprometido com um comportamento ético, moral e virtuoso.

DESENVOLVIMENTO

O que o é Vaidade? Qual sua definição? Segundo o dicionário Aurélio a vaidade pode ser definida como o excessivo desejo por merecer a admiração dos outros. O dicionário diz ainda que o vaidoso pode ser considerado presunçoso ou convencido, orgulhoso, arrogante e fútil. A vaidade consiste em uma estima exagerada de si mesmo.

Hoje muito utilizada para a beleza, mas também com aplicação no campo do intelecto. Para entendermos melhor o significado da palavra vamos entender sua tradução em Hebraico e no Grego e seu significado em tempos antigos.

Vaidade em hebraico advém de duas palavras, Habel, Shav, que significa vazio, oco. Seu uso no Antigo Testamento estava relacionado ao abandono do único Deus verdadeiro e a busca por ídolos que não podiam satisfazer as necessidades de Israel pelo simples fato de não existirem.

A adoração a ídolos, tornou-se então sinônimo de vaidade, pois era como se o povo israelita estivesse buscando ajuda no vazio. No Grego a palavra é representada pelo substantivo “mataiotes” e significa vazio. Não há qualquer relação entre vaidade e o uso de joias, roupas ou ornamentos. Seu significado, em primeiro lugar, refere-se ao mundo criado que, no pecado e sem preencher o propósito inicial para o qual foi criado, tornou-se vazio.

A vaidade está ligada ao orgulho, ostentação, presunção, futilidade e a soberba. E sua manifestação em geral ocorre sob o desejo de atrair a admiração de outras pessoas. Toda pessoa cria uma imagem de si mesma com o objetivo de ser admirada pelas pessoas que a cercam. Desta forma podemos afirmar que mesmo em diferentes graus, todos somos vaidosos.

Ela é como um câncer, existe silenciosa dentro dos corações de todos os seres humanos e precisa apenas de uma motivação para ser despertada. Justamente por seu silencio não é difícil cair no vazio da vaidade, assim como um câncer ela pode ser percebida somente quando já tenha provocado danos ao seu hospedeiro. Da mesma forma seu tratamento não é menos doloroso uma vez que um coração tomado pela vaidade sofre para se desligar de tudo aquilo que o havia contaminado.

O tratamento consiste em remédio não menos doloroso pois, a fim de controlar a doença da vaidade o homem que a descobre em si, tem que eliminar em sua maioria aquilo que a alimenta e a torna nociva. Sócrates combatia a visão poética que buscava enaltecer as qualidades de figuras públicas pontuais de forma que servissem de exemplo a ser seguido.

Contudo defendia que todos deveriam buscar de forma igualitária o crescimento intelectual no qual o melhor argumento filosófico seria o vencedor, mas não teria sua verdade como única e imutável. Desta forma podemos entender que, embora no íntimo de cada ser a busca pelo conhecimento deva ser infindável e que por vezes aqueles que dedicam maior parte de seu tempo na busca pelo conhecimento possam se destacar perante seus semelhantes, o conhecimento adquirido já tem demonstrado ao longo de milhares de anos da história da humanidade que uma verdade tem seu tempo, mas que o tempo não tem uma única verdade.

Devemos, portanto nos tornar constantemente vigilantes quanto a nossa postura enquanto dominantes de um determinado conhecimento. Para que este sirva sim de inspiração para as pessoas que nos cercam. Para que estas pessoas sintam em seu âmago o mesmo desejo infindável pela busca do saber. E vigiar para que tal conhecimento não se transforme em orgulho, ostentação e não nos torne presunçosos ao ponto de reprimir nosso semelhante que ainda não tenha alcançado a mesma desenvoltura intelectual.

Fazendo uma analogia com a vida pública Sócrates, no que tange a política ainda afirmava que “Quem combate verdadeiramente pelo que é justo, se quer ser salvo por algum tempo, deve viver a vida privada, nunca se meter nos negócios públicos”.

Fazendo um contraponto era uma afirmação de Sócrates que uma pessoa que não se interessava por política poderia ser considerado um inútil para a sociedade. No entanto o interesse pela política não consiste em tornar-se um político. E sim em dominar o conhecimento e as artimanhas envolvidas na política para não ser um ser manipulável e manter o senso crítico aguçado.

A vida pública ou em grupos sociais tende a destacar seus membros mais despojados e com melhor desenvoltura tanto no raciocínio lógico quanto de oratória.

No entanto os aplausos e o reconhecimento público são uma armadilha e um gatilho fácil para desencadear a doença chamada vaidade. Então como combater a vaidade? Como identificar em si mesmo comportamentos vaidosos? Façamos uso da Virtude que no Latim se pronuncia Virtus, é uma qualidade moral particular. É uma disposição da alma de praticar o bem. E revela mais do que uma simples característica ou aptidão de praticar o bem, trata-se de uma verdadeira inclinação. São todos os hábitos que por sua prática constante levam o homem a praticar o bem, quer como indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.

Segundo Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem, e se aperfeiçoa com o hábito. As virtudes humanas ou cardinais, são perfeições habituais e estáveis da inteligência e da vontade humanas.

Elas regulam os atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta segundo a razão e a fé. Elas 4 são adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos. Entre as virtudes humanas são sempre destacadas as cardeais:

A “Prudência” que dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes, indicando-lhes a regra e a medida, sendo por isso considerada a virtude mãe humana;

A “Justiça” que é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;

A “Fortaleza” que assegura firmeza nas dificuldades e constância na procura do bem;

A “Temperança” que modera a atração pelos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados, sendo por isso descrita como a prudência aplicada aos prazeres.

Para contrariar e se opor aos sete pecados capitais, existe também um outro tipo de organização das virtudes que é baseada nas sete virtudes: castidade, generosidade, temperança, diligência, paciência, caridade e humildade.

A Virtude na filosofia foi tema recorrente desde a sua origem. Para Platão as virtudes são características essenciais que possibilitam a uma pessoa ter uma vida feliz e proveitosa. Essas Virtudes seriam sabedoria, coragem, temperança e justiça, ideia muito semelhante as das chamadas virtudes cardeais. Para Aristóteles não existem virtudes inatas, pois elas seriam adquiridas com a reflexão e a experiência. Para ele tudo o que contribui para completar com excelência a natureza humana é chamado de virtude, e agir conforme a razão seria a mais importante das virtudes.

Na filosofia clássica grega as ideias de felicidade e de virtude sempre estiveram conectadas. Entretanto, nunca houve um consenso se as virtudes eram as condições necessárias para uma vida feliz ou se a felicidade é que era uma condição para a virtude.

O filósofo alemão do século XVIII Immanuel Kant retoma o tema. Para ele as virtudes não fazem de ninguém uma pessoa feliz, mas são elas que tornam alguém digno de felicidade. Enfim, um homem virtuoso não é sem desejos, instintos ou paixões, mas é mestre e controlador destes.

Para a virtude existir deve haver um esforço e combate constantes. A virtude é forte, vigorosa, ativa, livre de paixões, mas sublime em proporção a energia da paixão que subjuga. Trabalhar pelos outros ou pela humanidade é obter a mais alta eminência da virtude, uma eminência que mesmo o mais pobre cidadão pode buscar. Não há prazeres ou verdades maiores que tentaram e perseguir a vitória sobre nossos próprios instintos, ânsias e paixões. Algumas virtudes importantes também são encontradas na Ordem DeMolay que faz referência e cultivo de algumas virtudes que são o amor filial, reverência pelas coisas sagradas, cortesia, companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo.

 CONCLUSÃO

Este trabalho remete o M.’.M.’. aos ensinamentos sutis e subentendidos desde o ritual de iniciação onde o A.’.M.’. ávido pela busca do saber trilha toda uma caminhada para formação de uma base sólida, passa pelo G.’. de C.’.M.’. onde aprende que será ele as colunas de sustentação de todo um conhecimento maior e carregado de responsabilidades que tem suas faces fascinantes pela consciência daquilo que antes era escuridão e agora pode ser tornar luz ou um veneno amargo se a vigilância constante pela manutenção dos valores morais, éticos e de fraternidade não forem um objeto de reflexão diários.

Espera-se com este trabalho reavivar a mente e a consciência de todo M.’.M.’. de que todo conhecimento acumulado ao longo de uma vida não terá um aproveitamento pleno, sem um propósito alinhado com os valores morais e de verdadeira fraternidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ______. Platão, apologia de Sócrates & críton. São Paulo: Hunter Books, 2013.

CAMINO, Rizzardo da. Simbolismo do terceiro grau. 5 ed. São Paulo: Madras, 2014. ______. Aristóteles, poética e tópicos I, II, III e IV. São Paulo: Hunter Books, 2013.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário aurélio básico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.

Charles Claudio Scheel Confederação Maçônica do Brasil – COMAB Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC A.’.R.’.L.’.S.’. Colunas da Sabedoria nº 130 Oriente de Joinville (SC)

SÃO JOÃO, NOSSO PATRONO!


 

Quando os trabalhos são declarados abertos, há referência a São João, dito nosso patrono. Porém, qual o São João? São muitos, na Igreja Cristã, os santos com o nome de São João “disso e daquilo, etc.” Os regulamentos maçônicos recomendam se festejar a dois: a São João, “o Batista”, e a São João, “o Evangelista”.

O Batista

São João Batista, também dito “o Precursor”, era filho de Isabel, prima da Virgem Maria e, por conseguinte, também parente de Jesus. Ele ganhou o epíteto de “batista” porque, no rio Jordão, “batizava” as pessoas, derramando -lhes água sobre as cabeças, assim limpando-os espiritualmente (batismo significa banho).

Era também conhecido por viver no deserto, alimentando-se de mel e gafanhotos, vestindo apenas com uma pele de carneiro, andando assim meio nu, meio vestido. Seguramente, pertencia, entre os judeus, ao grupo dos essênios, que vivia em Quram, perto do mar Morto. Local onde, em 1947, foram encontrados alguns documentos de sua época.

Tinha vários seguidores, mas se dizia Precursor de Alguém Maior que ele, e de quem não era digno sequer de lhe desatar as sandálias. Vituperava a Herodes Antipas, o rei imposto pelos romanos aos judeus, porque Antipas mandara matar a seu meio-irmão para ficar com a sua esposa. Antipas mandou decapitar a João Batista, atendendo ao pedido de Salomé, sua enteada, filha de seu meio-irmão, acima referido.

O dia 24 de junho foi estipulado pela Igreja Católica como o de sua comemoração.

O Evangelista

O outro São João, o Evangelista, era apóstolo de Jesus. Chamam-no de Evangelista porque, além de pregar os ensinamentos do Mestre, foi o autor do 4º Evangelho, de três epístolas e do famoso Apocalipse. Essa palavra quer dizer “revelação”. Nele, João relata as revelações que teria tido sobre o fim dos tempos e dos caminhos para a salvação.

Por falar nos fins dos tempos, catástrofes, guerras, pestes, castigos, a palavra “apocalipse” ganhou a conotação de “algo ruim, apavorante, cataclísmico, terrificante”. A linguagem é extremamente simbólica, de difícil compreensão.

Seu dia é comemorado em 27 de dezembro.

Maçonaria Operativa

Na verdade, porém, como vem registrado no item XXII, dos Regulamentos Gerais das Constituições de Anderson, de 1723, e com elas publicados, o dia que os maçons operativos do passado tinham escolhido para a reunião anual era o de São João Batista, em 24 de junho, ou, opcionalmente, no dia de São João Evangelista, em 27 de dezembro.

Mas, com ênfase ao primeiro. Aliás, notar que a fundação da Grande Loja de Londres, em 1717, ocorreu precisamente nesse dia, 24 de junho. Veja-se como vem redigido esse cânone dos Regulamentos Gerais, aprovados, pela segunda vez, no dia de São João, 24 de junho de 1721, por ocasião da eleição do Príncipe João, duque de Montagu, para Grão-Mestre:

“XXII. Os Irmãos de todas as Lojas de Londres e Westminster e das imediações se reunirão em uma COMUNICAÇÃO ANUAL e Festa, em algum Lugar apropriado, no Dia de São João Batista, ou então no Dia de São João Evangelista, como a Grande Loja pensa fixar por um novo Regulamento, pois essa reunião ocorreu nos Anos passados no Dia de São João Batista.

Razões Esotéricas:

Só por uma segunda opção a reunião e festa ocorreria, portanto, no dia 27 de dezembro, na festa do outro São João. Mas, por quê? O porquê dessa alternativa tem uma explicação esotérica, que remonta às prováveis origens da Maçonaria, aos Collegia Fabrorum dos romanos. A esses colégios de artesãos, de diferentes ofícios, pertenciam também os da construção.

Eles acompanhavam as tropas romanas, para o trabalho de reconstrução e instalação da administração imperial, nas terras conquistadas e colonizadas. E com eles ia a sua religião ou religiões, para ser mais exato, ainda que entre os romanos a predominante fosse a da adoração à Mitra, que era representado por uma figura humana. No lugar da cabeça, um Sol.

Havia muitos outros deuses, notadamente, o de Janus, uma figura de duas cabeças coladas e opostas, cada uma olhando em sentido contrário a da outra, e que simbolizavam: uma, o solstício da entrada do verão (21 de junho, hemisfério norte); a outra, o solstício da entrada do inverno (21 de dezembro, hemisfério norte).

Esses solstícios estão sempre presentes nas festas pagãs, vinculadas à Natureza. É aí que encontramos uma provável explicação histórica para os festejos juninos e os natalinos, a que a nova religião romano-cristã, não podendo desenraizar dos costumes populares, o mínimo que conseguiu foi a substituição. Todavia, no seio da maçonaria operativa, mesmo sob tal disfarce, ambas as datas sobreviveram, em face do conteúdo esotérico de seus significados.

Não esquecer que os colégios, principalmente, os dos construtores, seriam depositários dos conhecimentos e mistérios de antiquíssimas sociedades iniciáticas, todas praticantes de ritos solares.

Autor: Bruno Calil Fonseca.

 

HISTÓRIA SINTÉTICA DO RITO BRASILEIRO

Existem relatos de que o Rito Brasileiro teria tido uma origem aparentemente romântica em Pernambuco, quando o comerciante e Maçom José Firmo Xavier pertencente à Grande Loja Provincial de Pernambuco, do Grande Oriente do Passeio, no século XVIII.

Segundo alguns autores em 1878, segundo outros, em data muito anterior, ou seja, mais ou menos em 1848, o qual com um contingente além dele, mais 837 Maçons, elaboraram uma Constituição Especial do Rito Brasileiro, colocando o mesmo sob a tutela de D. Pedro II e do Papa.

Existem documentos depositados na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, dois documentos que pertenceram a D. Pedro II que nos dão informações sobre esta entidade, mas não há registros da sua efetivação.

O Rito Brasileiro passou por várias tentativas de implantação no decorrer dos anos, mas por problemas as vezes políticos e de interferências externas, não prosperou. Em 1914 o então Grão-Mestre Irmão Lauro Nina Sodré através do Decerto n° 500, determinou a sua criação, mas não foi adiante por não ter os Rituais, Constituição e uma Oficina Chefe.

A sua vitoriosa e efetiva reimplantação ocorreu em 1968 pelo Irmão Professor Álvaro Palmeira, quando formatou todos os Rituais dos Graus Simbólicos e Superiores (exceto o Grau 33), Constituição, Regulamentos, separando os Graus Simbólicos dos Graus Superiores criando a Oficina Chefe do Rito, dando ao Rito Brasileiro a característica Universal.

O Rito Brasileiro é produto da doutrina, da inteligência e da sabedoria de todos os Ritos que se acomodam no seio na Maçonaria no nosso Território. Assim, Álvaro Palmeira, na condição de Grão-Mestre Geral deixou, nas considerações, do Decreto n° 2080, de 19.03.1968:

“Considerando que a Maçonaria, sem perder este caráter principal, intrínseco e característico de Instituição Iniciática de formação moral e filosófica, deve, entretanto, está presente ao estudo dos problemas da civilização contemporânea e neles intervir superlativamente, para que a Humanidade possa encaminhar-se, sobre o suporte da Fraternidade, a um mundo de Justiça, Liberdade e Paz, porque não há antagonismo entre a Verdade e a Vida”.

O Rito Brasileiro está inserido nos pressupostos da Ordem, referente à regularidade, à legalidade e à legitimidade. Acata os Landmarks e demais postulados tradicionais da Maçonaria, com os usos e costumes antigos.


Proclama a Glória do Deus Criador o qual denominamos o Supremo Arquiteto do Universo e a Fraternidade dos homens. Estabelece a presença, nas suas Sessões, das Três Grandes Luzes: o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso e emprega os símbolos da construção universal. Pode, desta forma, ser praticado em qualquer País. Tem, como base ritualística, a da Maçonaria Simbólica (Graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre) sobre a qual se eleva a hierarquia filosófica de 30 Altos Graus (Graus 4 a 33).

O Rito Brasileiro é evolução, é futuro, é o nosso “Jeitão”, sem interferências internacionais. Na sua Oficina Chefe há normas precisas de uma Potência Soberana, Legítima e Legal destinada a cumprir as exigências de Regularidade Internacional; permitir às suas Oficinas o exercício pleno da defesa dos direitos da pessoa humana, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer formas de discriminação; condenar a exploração do homem, a ignorância, a superstição e a tirania; proclamar que o direito ao trabalho, à tolerância, à livre manifestação do pensamento e de expressão constituem apanágios da Franco-Maçonaria, cujo fim é a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, tendo a Justiça como valor inexcedível da sociedade humana fundada na harmonia social e comprometida com a solução pacífica das controvérsias. Isto implica justiça social e, antes de tudo, solução de problemas como fome, subnutrição, doença e habitação; império da Razão que, no contexto do mercado livre, pode ser ferramenta para a divisão harmoniosa dos recursos e das riquezas.

O Rito Brasileiro concilia a Evolução com a Tradição, para que assim, a Maçonaria não se torne uma força esgotada.

Especializa-se no cultivo da Filosofia, Liturgia, Simbologia, História e Legislação Maçônicas e estuda todos os grandes problemas nacionais e universais com implicações ou consequências no futuro da Pátria e da Humanidade. Realiza a indispensável cultura doutrinária maçônica e, também a cultura político-social dos Obreiros. Concilia a Razão com a Fé.

Impõe a prática do Civismo em cada Pátria, porque a Maçonaria é supranacional, mas não pode ser desnacionalizante. Álvaro Palmeira quando da reimplantação vitoriosa em 1968 declarou; “A Maçonaria não tem Pátria, mas, os Maçons a tem”.

O Rito Brasileiro conviverá fraternalmente com todos os Ritos

Regulares, através das Inter visitações e da multiplicidade de filiação como forma de divulgação dos seus ideais. O Rito exige dos Obreiros a Vida Reta e o Espírito Fraterno e as suas legendas são:

  • URBI ET ORBI e HOMO HOMINIS FRATER.

 

Por ser um Rito Teísta, o que significa: afirmação da existência de Deus, da possibilidade de Deus se revelar (Revelação Divina), de Deus interferir nas nossas vidas (Providência Divina) e a sua concepção de Deus é que ele seja o Supremo Arquiteto do Universo, e não Grande Arquiteto do Universo, pois “grande” não define bem e com profundidade a ideia de Deus, uma vez que “grande” é uma qualificação muito usada frequentemente para definir coisas imensas.

Porém, se respeita as concepções de outros Ritos sem quaisquer restrições. O Rito Brasileiro é hoje uma realidade, e, apesar de todos os seus percalços, ele está aí, ele existe e sempre existirá, e vai continuar crescendo dentro do seu espaço, sem molestar ou interferir na prática dos outros Ritos, os quais respeita sem contestá-los.

O Rito Brasileiro está inserido e adotado nas três Vertentes da Maçonaria Regular Brasileira, com mais de 500 Lojas Simbólicas e vários Altos Corpos Filosóficos espalhados em todo Território Nacional. Já rompeu fronteiras com sua Doutrina e Ortodoxia sendo praticado no nosso País vizinho, o Paraguai.

O Rito Brasileiro é o segundo Rito mais praticado no Brasil, crescendo harmonicamente devido à sua identificação com a Cultura Nacional.

Gilmar Bellotti

 

Fontes:

  • Constituição e Regulamento do Rito Brasileiro
  • Rituais do Rito Brasileiro
  • Fernando de Faria – Trechos do seu livro “Rito Brasileiro uma Doutrina para o Século”

 

 

PROTESTANTISMO E A INFLUÊNCIA MAÇÔNICA


 

Poucos sabem dos esforços que os maçons fizeram para colaborar com a imigração de um grupo de sulistas americanos para o Brasil, após o fim da Guerra de Secessão, e com isso proporcionar o desenvolvimento económico, agrário, industrial e pedagógico na região de Santa Bárbara d’Oeste – SP e da atual cidade de Americana – SP. Em continuidade desta história vou explanar o como a colónia americana e a sua Loja maçónica proporcionou a laicidade do Estado brasileiro.

Em 1866 vigorava a Constituição Política do Império do Brasil de 1824, outorgada pelo nosso imperador e Irmão Dom Pedro I (Guatimozim), e esta dispunha no seu Art. 5:

“A Religião Católica Apostólica Romana continuará a ser a Religião do Império. Todas as outras Religiões serão permitidas com o seu culto doméstico, ou particular em casas para isso destinadas, sem forma algum exterior do Templo.” (Respeitando a ortografia da época).

Assim sendo, os cultos protestantes não possuíam reconhecimento e prerrogativas jurídicas. Vale recordar que os nascimentos eram comprovados pela Certidão de Pia (Batismo); o matrimônio pela Certidão de Casamento, e o óbito pela sua declaração, todos emitidos pela Igreja Católica.

Não se permitia sepultamentos de não católicos em cemitérios públicos ou que houvesse católicos ali. A sugestão era que fossem enterrados com os animais ou em terras longínquas. As escolas na sua totalidade católicas e doutrinadoras desta fé.

Toda e qualquer religião excetuada a constitucional, deviam manter as suas reuniões em caráter caseiro, vedadas de utilizar sinos, cruzes e torres, simbologia exclusiva da Igreja Católica.

Em 1866 desembarcam no porto de Santos-SP os primeiros sulistas norte-americanos, oriundos na sua maioria do Estado do Alabama. Sendo as primeiras famílias: Baird, Bookwalter, Bowan, Broadnax, Capps, Carlton, Carr, Cullen, Daniel, Fumas, Fenley, Ferguson, Creen, Hall, Harris, Hawthorne, Holland, Jones, Keese, Kennerly, McFadden, McKnight, Meriwether, Miller, Mills, Moore, Norris, Parks, Pyles, Quillen, Rowe, Smith, Steagall, Taver, Tanner, Terrel, Thatcher, Thompson, Vaugham e Whitaker.

Ao se instalarem na atual cidade de Santa Bárbara d’Oeste e Americana se dão conta dos muitos desafios a superar, entre eles, a fé. Pertencentes as denominações: Batista, Metodista e Presbiterianas, constroem duas pequenas capelas de tábuas, descaracterizadas por conta da Constituição Política.

A primeira delas no chamado Campo, local que serviu e ainda serve de cemitério exclusivo para os americanos e os seus descendentes. A segunda na propriedade rural do Irmão Joseph Henry Moore (tataravô do autor deste artigo), sob o nome de Moore’s Chapel, servindo de igreja e escola as crianças.

Muito dessas denominações devem a estes imigrantes sulistas maçons, pois os Irmãos e Pastores Richard Ratcliff e Robert Porter Thomas assentam oficialmente em 10/09/1871 a primeira Igreja Batista estabelecida em solo brasileiro, utilizando estas duas capelas improvisadas, contando com outros 8 maçons batistas na sua génese.

As outras duas denominações também tiveram refúgio nas capelas: os Metodistas (Irmão e Pastor Junius Estaham Newman) e os Presbiterianos (Reverendo Irmão William Emerson e o Reverendo Irmão William Macfadden).

Todos foram obreiros da George Washington Lodge n° 309 (Rito de York), fundada em 1874 na colônia. As colunas B e J foram gentilmente esculpidas pelo Irmão John Edward Steagall e ainda hoje estão em uso pela Loja Campos Salles II, na cidade.

Ilumino a informação de que a capela do Campo que hoje conhecemos foi agraciada pela George Washington Lodge, após a anterior desabar. Juntou-se de vários Troncos de Beneficência a importância de $:970$000, para a construção de uma nova, e o tesoureiro, o Irmão John F. Whitehead fez o destino, nos finais de 1899, próximo da Loja abater as suas colunas.

A colônia não só movimentou a fé, mas também o ensino; dela se acendeu a chama formadora da Universidade Presbiteriana Mackenzie; a Universidade Metodista e ramificações para a ESALQ/USP.

Há muitas outras histórias destes imigrantes que as páginas de revistas e livros não são capazes de suportar, mas os lampejos vão revelando o quão importante foi esta colônia para o desenvolvimento da nossa pátria e para a liberdade religiosa, tudo isso evidentemente, movido pelos nossos amados irmãos do passado.

Renan Williams Soglia Moore – ARLS Fronteira Paulista n° 448 (Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo) – Or. de Bragança Paulista / SP

Referências

Americanos em São Paulo, Edição XV – Frank Goldman

Soldado Descansa, Judith MacKnight Jones

Fraternidade Descendência Americana – Santa Bárbara d’Oeste – SP

Americanos no Brasil, Camila Reis / Fernanda Marques Valente

O fim de uma história triste, Barros Ferreira

Os confederados de Americana, José Nêumanne Pinto

Americana, uma cidade que nasceu dos confederados, Stephen Bloom

A epopeia dos confederados, F.S Piauí

Boletim A BIGORNA, N° 56 de 1986 – Kurt Prober

 

 

HUMANIZAR A MAÇONARIA

“Vós, pois, como eleitos de DEUS, santos e amados, revesti-vos de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade”.
Paulo –Colossenses, 3:12

Meus Irmãos Todos:


Indubitavelmente, não basta apreciar os sentimentos sublimes que a nossa sublime Ordem, a MAÇONARIA, nos inspira. É indispensável revestirmo-nos deles.

Afinal, a Maçonaria foi feita para o Maçom. Há necessidade de estimulá-lo a se desenvolver em sua educação, postura, ação e conhecimento para que possa enfrentar como VERDADEIRO CONSTRUTOR SOCIAL nossa complexidade social atual.

E com essa visão que julgamos necessário HUMANIZAR A MAÇONARIA.
Humanizar que é do latim “humanus” = humano, processo de tornar mais humano.

E por termos observado no meio maçônico várias questões ligadas ao personalismo das lideranças, a falta de preparo e estudo dos dirigentes ou gestores maçônicos. Questões essas que resultam em ante- fraternalíssimo, dissidências, fofocas, relações estremecidas, ciúmes, etc. E tudo isso, revelando que na prática os Maçons estão com dificuldades para agir de acordo com a teoria passada em nossos TEMPLOS.

Enquanto isso, nossas Lojas, com raras exceções, estão sempre envolvidas na formatação burocrática. Há anos realizando as mesmas coisas, as mesmas sessões. Sempre do mesmo jeito, sem questionar nada.
 

Sem evolução e nós já estamos no século XXI. E sem evolução nos mais variados sentidos, faltando dinamismo, criatividade e inovação naquilo que pode e deve ser assim encaminhado. 

Por isso, com qualidade, com espiritualização é possível torná-la mais humana. E assim, alcançarmos nossos objetivos de CONSTRUTORES SOCIAIS.

Por isso é necessário HUMANIZÁ-LA.

Há necessidade de termos uma melhor didática, que cative o maçom, que retenha talentos e que seja mais interativa. Termos esses, usados em vários meios sociais. Aliás, de onde vem o profano para ser Maçom? Da sociedade.

Uma melhor docência, que se pode obter via intervisitarão, com interação do maçom com sua Loja e com as coirmãs. Com Bibliotecas, Museus, Clubes de Cultura e Grupos de Estudos. Nós estamos hierárquicos e burocratizados em demasia.

Esta convivência, nos mostra que só há evolução, se juntos praticarmos e juntos aprendermos. Há necessidade de aprender a aprender.

A Loja Maçônica, por ser um organismo vivo, é local onde é possível uma fraternal troca de ideias e conceitos. Tem sim, que ser cada vez mais humanizada. Não basta saber sobre ritualística, se o relacionamento interpessoal é falho. A FRATERNIDADE, se faz com os irmãos e não com o ritual.

Devem os irmãos, com essa troca, com esse convívio, caminhar em comum união, para os pensamentos, conceitos e valores, propostos pela MAÇONARIA. Unidos serão mais humanos, desunidos beneficiarão a BUROCRACIA, que inibe o desenvolvimento.

“SINTO REMORSOS POR DEIXAR MINHA VIDA SE AFOGAR NUMA EXISTÊNCIA BUROCRÁTICA”. Franz Kafka.

Humanizar a Maçonaria, via trabalho social, pode e deve, sim, dar a verdadeira dimensão social daquilo que em TEMPLO pregamos e difundimos para todos. Ter convicções, mas não ter obras, é tornar estéril o conhecimento. É egoísmo.

A solidariedade maçônica, precisa ser vista como um avanço e não como algo para cumprir sem sentimento.

Uma das maneiras mais eficientes de HUMANIZAR A MAÇONARIA, é estreitar o relacionamento da instituição com a família do MAÇOM.
Não só o Maçom, mas também sua família precisa do nosso cuidado institucional.

É lá que inicialmente é praticado o que nós todos aprendemos na Maçonaria.

Uma outra maneira, que precisamos desenvolver mais é de usar a TOLERÂNCIA proativa em nosso meio. Saber ouvir para orientar e ajudar sem a pretensão de resolver o problema do outro. Mas o auxílio não pode faltar. Ouvir em todos os sentidos, as necessidades, em suas peças de arquitetura e não confundir a mensagem com o mensageiro. Isso não! Dar o devido tempo e atenção a todos.

Assim, meus irmãos todos, as lojas, os irmãos e, por fim, a Maçonaria como um todo, deve se preocupar em vivenciar o SENTIMENTO PURO da FRATERNIDADE, da TOLERÂNCIA, da SOLIDARIEDADE que são ferramentas do sentimento mais nobre que é o AMOR.

Para HUMANIZAR A MAÇONARIA, precisamos nos tornarmos mais tolerantes, mais fraternos, benévolos, afáveis com todos, sem nos preocuparmos com pompas e circunstâncias que estão desvirtuando nossos sentidos. Mas há necessidade de uma CORAGEM COLETIVA para isso.

E a CORAGEM COLETIVA, passa pelo caminho humanizado da EDUCAÇÃO MAÇÔNICA, que é sim a finalidade da MAÇONARIA UNIVERSAL. Não só o como fazer, mas o porquê fazer também. Saímos deste encontro de repetição ritualística, para compreensão do SER MAÇOM.

Uma escola de BONS COSTUMES, de HOMENS LIVRES, de SERES POLÍTICOS, aprendendo a CONSTRUÇÃO SOCIAL, para tornar FELIZ A HUMANIDADE. Eliminando a Vaidade, o Egoísmo, o Orgulho, as muitas coisas efêmeras do mundo atual. Que são gigantes atrapalhando o Maçom em seu desenvolvimento integral.
 

Unidos todos nós, compreenderemos melhor, os objetivos de elevação do Homem, compreendendo melhor o ser que é, e a si mesmo. Não somos só corpo biológico, por isso é necessário espiritualizar-se, o que nos torna diferentes do homem mundano atual. Assim, nossos rumos além de corrigidos serão direcionados para o SER, para o Maçom, e isso é HUMANIZAR A MAÇONARIA.

Teremos a vontade, o querer e a ação que bem estruturadas, ajudem ao maçom e ao próximo mais próximo, seu irmão nos fundamentos morais, filosóficos e intelectuais que nos é proporcionado pelo sentimento de sermos MAÇONS.
 

E pela vivência fraterna, amistosa e alegre em LOJA. E isso é possível, nas Lojas por aqueles que já vivenciaram esses momentos, e que dão o exemplo com suas contribuições nos trabalhos semanais. Movidos pelo EXEMPLO. Nossa maior arma, junto com o VERBO. HUMANIZAR PELO EXEMPLO. É que fazem os Pais.

E o AMOR FRATERNAL, compromisso maior de nossa instituição, será revivido e praticado por todos, após essa necessária compreensão, que a MAÇONARIA FOI FEITA PARA O MAÇOM - por isso se faz necessário HUMANIZAR A MAÇONARIA.

Meus Irmãos Todos;
“O PROGRESSO GERAL DA MAÇONARIA É RESULTANTE DE TODOS OS PROGRESSOS DOS MAÇONS “.

E a Humanização passa sem dúvida pelo LÍDER. Esse Líder deve ouvir, entender e atender o MAÇOM, no que for viável em suas variadas e numerosas necessidades. Assim faz o LÍDER, está apto a dar o exemplo, porque faz.

E dessa maneira, fazendo da LOJA não um ser fechado ao cumprimento burocrático, mas um SER VIVO para o MAÇOM. Esse se sentirá acolhido e despertado em sua humanidade. Compartilhando sentimentos, exemplos e conhecimento, poderemos todos nós evoluirmos, para fazermos um futuro melhor para todos.

O PASSADO é para ser entendido e não vivenciado. Ele não pode ser mudado, mas compreendido para que os erros não se repitam.
HUMANIZAR A MAÇONARIA É ESTARMOS JUNTOS, sem superioridade, nem hierarquia. Essas servem para as tais pompas e circunstâncias, para as formalidades quando se fazem necessárias, mas não para o convívio nas Lojas. SOMOS IRMÃOS.

“SOLIDÁRIOS, SEREMOS UNIÃO. SEPARADOS UNS DOS OUTROS SEREMOS PONTO DE VISTA. JUNTOS ALCANÇAREMOS A REALIZAÇÃO DE NOSSOS PROPÓSITOS”. Dr. Bezerra de Menezes, Médico Espírita.

HUMANIZAR, com um trabalho profundo de entendimento, com uma vivência sincera, em busca do real ensinamento maçônico de AMOR FRATERNAL. Lealdade, sem reservas mentais, uma fala clara e transparente com todos e para todos e de todos. Assim, transformaremos uma IGUALDADE falada em praticada.
 

Uma FRATERNIDADE COMPROMETIDA, que é consequência natural do processo este de HUMANIZAR A MAÇONARIA. E assim a LOJA passa a ser um CENTRO DE CONVIVÊNCIA, para um melhor desbastar a PEDRA BRUTA. Convergente para o COMPREENDER e PERDOAR o próximo, porque assim também seremos. Será um SEMEAR de ideias e atos, já que é necessário concretizá-las.

“QUE BELO É TER UM AMIGO! ONTEM ERAM IDÉIAS CONTRA IDÉIAS.
HOJE É ESTE FRATERNO ABRAÇO A AFIRMAR QUE ACIMA DAS IDÉIAS,
ESTÃO OS HOMENS”. Miguel Torga – Escritor Português

Meus Irmãos Todos, Líderes, vamos acolher, vamos higienizar nossos pensamentos, nossas ações, em direção do FRATERNO, do convívio salutar e na direção do IRMÃO e não da burocracia.

Vamos todos HUMANIZAR A MAÇONARIA já que para enfrentarmos o SÉCULO XXI, precisaremos de uma MAÇONARIA e de um MAÇOM do SÉCULO XXI. Que entenda de gente, que seja líder e proativo em benefício dos irmãos e não de uma pompa e circunstância que é para dentro do TEMPLO. Para fora que é nossa missão, devemos nos solidarizar com ações para TORNAR FELIZ A HUMANIDADE.

Com UNIÃO FRATERNAL, sem fronteira de raças e credos, como aliás, fala nosso Ir:. CHANCELER, sem melindres. Agindo com LEALDADE e SINCERIDADE com todos será muito mais fácil ultrapassarmos os interesses pessoais e trabalharmos coletivamente.

Devemos substituir a desconfiança pela esperança e confiança nos irmãos, onde assim vamos irmanados em busca de nossas melhorias e de melhorias para todos. 

 Mas, não podemos confundir, meus irmãos, componentes com conteúdo, meio com fim, sob pena de nos tornarmos experto (de experiente) em rituais, e reprovados em relações humanas, do viver social que é um dos grandes objetivos de nossa instituição.


Meus Irmãos todos;

HUMANIZAR A MAÇONARIA é o que achamos necessário neste mundo globalizado, tecnológico, que quanto mais evolui, mais importante se torna o HOMEM que é para nós o MAÇOM.

PARE DE OBSERVAR, COMECE A FAZER.
Fraternalmente.
Carlos Augusto G. Pereira da Silva
EX:.V:.M:. da CINQ:. BEN:. LOJA SIMB:. OBREIROS DE SÃO JOÃO Nº 42
PORTO ALEGRE – RS mano@cpovo.net

 

 

O FUTURO JÁ ACONTECEU E O TEMPO É UMA ILUSÃO



“A diferença entre passado, presente e futuro é apenas uma persistente ilusão…”, Albert Einstein

Existe um lugar em que o tempo passa diferente de pessoa para pessoa. Nesse lugar, nenhum relógio marca a mesma hora e passado, presente e futuro estão essencialmente congelados, e, também aconteceram ao mesmo tempo. Também tudo o que aconteceu desde a origem do universo até o seu fim existe ao mesmo tempo.

Nesse lugar, o que para você é o futuro já é uma memória distante para outra pessoa. Para você, seu filho nem sequer nasceu, mas para seu vizinho ele já tem 20 anos. Em outras palavras, você pode nem ter decidido se quer ter filhos ou não, mas você não tem escolha. Deve ser chato morar em um lugar como esse, afinal de contas, você não parece ter liberdade de escolha, é tudo uma ilusão.

Mas que lugar é esse?

Esse lugar é justamente o nosso universo. Parece ficção, mas tudo isso foi descoberto pelo cientista mais célebre de todos os tempos, Albert Einstein, em 1905.

Desde que nascemos, temos a ideia de que o tempo passa no mesmo ritmo para todas as pessoas, e que todos no planeta viajam juntos rumo ao futuro. Não parece ser uma ilusão, certo?

Hora de complicar as coisas. De acordo com Einstein, o tempo é uma espécie de lugar, uma dimensão onde andamos até a morte. Enquanto você lê esse texto, o tempo passa, certo? Na verdade, não. É você quem está viajando por um lugar chamado tempo através de um meio de transporte que não pode ver, mas é bem rápido, tão rápido quanto a luz.

Esse meio de transporte invisível viaja a 1,08 bilhão de km/h, a velocidade da luz.

Como você deve saber, de acordo com a relatividade de Einstein, tempo e espaço são uma coisa só, chamada espaço-tempo, onde nada pode viajar mais rápido do que a luz.

E a essa altura, você já deve ter notado um grande problema. Se você está andando na velocidade da luz enquanto lê esse texto, se você se levantar e ir ao banheiro a 4 km/h, você terá ultrapassado a velocidade da luz?

É claro que não. O que acontece é que essa velocidade é descontada. Em outras palavras, “emprestada” pelos motores que empurram o tempo. Eles emprestam um pouco de sua velocidade para tudo o que se move. Isso tem um preço, claro: o tempo passa mais devagar para você.

Sei que provavelmente está tudo muito confuso. Vou tentar exemplificar:

Você está parado nesse instante, atravessando o tempo a 1,08 bilhão de km/h, mas então decide dar uma volta em sua Ferrari novinha a 180 km/h. O que acontece? Você pega emprestado do “banco do tempo” 180 km/h, e ele desconta de seu relógio, isto é, o tempo para você passa mais devagar em relação a todas as outras pessoas que estão paradas no momento. Um momento que durava 60 segundos agora passa a durar 59,9999999999953 segundos. O carro acelera, mas freia seu relógio – apenas o SEU. Depois de uma hora viajando no carro a essa velocidade, você viaja 0,0000000576 milésimo de segundo para o futuro.

Pouca coisa, certo? Sim, as velocidades que experimentamos no dia a dia são extremamente insignificantes para ter um efeito notável na passagem no tempo. 1,08 bilhão parece ser muito mais do que o suficiente…

Mas o banco do tempo pode falir?

Sim, e é aí que tudo fica ainda mais interessante. Se uma nave futurista viajar a 1 bilhão de km/h, o banco do tempo estará em apuros. Aí vai mais um exemplo:

Suponha que sua Ferrari possa atingir a mesma velocidade da suposta nave. Na rodovia que você viaja, há uma pessoa no bar. Então, um ladrão aparece do nada e aponta uma pistola na cabeça do indivíduo. Você passa pela rodovia à 1 bilhão de km/h. Seu relógio marca 14:30h, e quando você passa em frente ao bar você não vê a pessoa sendo ameaçada de morte.

Por quê? Porque o tempo passou mais devagar para você do que para as pessoas no bar. Seu relógio marca 14:30h, mas o relógio do bar marca 14:45h. Você viajou para o futuro. E vê ou uma pessoa morta ou a polícia prendendo o sujeito no bar. Você vê algo que para as pessoas que estavam no bar ainda não está decidido.

Temos então um paradoxo. Tanto você como o homem ameaçado vivem o que os dois chamam de agora. Mas para ele é futuro algo que você já tem na memória, algo que para você já é passado.

Por incrível que pareça, as coisas ainda podem ficar mais complicadas. Segundo Einstein, grandes distâncias também podem distorcer a ideia de que exista um agora para todos. Em outras palavras, para um alienígena vivendo em outra galáxia, o momento em que você está em frente ao celular ou computador lendo esse artigo é um passado distante.

“A concepção dele sobre o que existe neste momento no Universo pode incluir coisas que parecem completamente abertas para nós, como o vencedor das eleições presidenciais dos EUA de 2100. Os candidatos ainda nem nasceram, mas na ideia dele sobre o que acontece exatamente agora já vai estar o primeiro presidente americano do século 22”, escreveu o físico Brian Greene, da Universidade Columbia, nos EUA, em seu livro The Fabric of the Cosmos (O Tecido do Cosmos).

Então o futuro já aconteceu…

Se você pensar um pouco, temos aqui uma conclusão extraordinária. Toda a história do universo já está escrita e, obviamente, não temos o que chamamos poder de escolha. Seu dia de amanhã já está definido no tecido da realidade do universo.

Existe, no entanto, uma teoria de que sim, temos poder de escolha mesmo em um universo determinado. São os mundos paralelos, e são ainda mais bizarros do que tudo o que foi apresentado até aqui.

A Teoria dos Muitos Mundos, criada pelo físico norte-americano Hugh Everett em 1957, sugere que a cada possível ação que fazemos, o universo se divide em realidades paralelas, onde cada possível ação é executada. Por exemplo, você está em uma festa, e encontra alguém que não tem coragem de puxar conversa. Em algum universo paralelo, uma cópia sua chegou até essa pessoa, e levou um fora. Em outro, a cantada deu certo. E em outro, vocês se casaram e tiveram filhos. Assim funcionaria com cada possível resultado de uma ação, infinitos universos gerados com infinitas possibilidades.

Temos, nesse cenário, um futuro aberto para qualquer coisa, o oposto do que a relatividade de Einstein aceita. Em teoria, é bonito, mas testar isso na prática é um desafio imenso (diferentemente da relatividade de Einstein, que já foi testada na prática com observações cósmicas e em laboratórios).

E você, leitor, fica do lado de Einstein e de sua relatividade, ou aposta em realidades alternativas paralelas? Tenha toda a liberdade de escolha para decidir. Ou não…

Autor: Lucas Rabello

Fonte: Mistérios do Mundo

 

 

O RITO ADONHIRAMITA – ALGUNS ESCLARECIMENTOS SOBRE O RITO E OUTROS COMENTÁRIOS


A Maçonaria Adonhiramita nasceu em França durante a segunda metade do século XVIII. Foi praticada lá e nas suas colônias bem como em Portugal e as suas respectivas colônias. Foi o primeiro rito a entrar no Brasil trazido pelo Grande Oriente Lusitano.

Ele atualmente estava sendo praticado só no Brasil, onde vem apresentando um desenvolvimento muito acentuado, com a criação de inúmeras novas lojas, quer no GOB, quer na COMAB e agora também na Grande Loja de São Paulo (GLESP).

Todavia, há alguns anos ele foi reintroduzido em Portugal, graças aos esforços do então Grão-Mestre do GOB-Pará, Irmão Waldemar Coelho que é um dos grandes incentivadores para que o Rito cresça em todo o mundo o qual enaltece também os esforços dos maçons Adonhiramitas do Pará e o Rio de Janeiro que muito trabalharam para que o Rito voltasse a Portugal.

O então Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica Regular de Portugal, o Irmão Mario Martin Guia decretou finalmente a criação da primeira Loja Adonhiramita no país, pelo menos nesta nova fase do Rito, e que levou o nome de Loja Regular “José Estevão”. Evidentemente a primeira Loja do Rito Adonhiramita em Portugal foi fundada no século XVIII.

De início torna-se necessário esclarecer e explicar um erro histórico sobre a fundação deste Rito.

Não foi o Barão de Tschoudy (Louis Theodore) político de origem suíça nascido em1720 e falecido em 1769 aos quarenta e nove anos de idade quem fundou o Rito. O Rito em realidade foi fundado por Louis Guillerman Saint-Victor que escreveu um livro “Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita” (Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite) onde ele descreveu e incluiu os quatro primeiros graus e publicou em 1781. Em 1785 ele escreveu um segundo livro descrevendo mais oito graus, perfazendo doze Era então, conhecido o Rito como a Maçonaria dos 12 graus.

O grande culpado deste imbróglio do falso fundador do Rito foi um escritor francês, Maçom, de nome Jean Baptiste Marie Ragon de Bettignies (1781- 1862), mais conhecido por Ragon, que ao que parece tinha boa cultura maçônica. Escreveu vários livros sobre a Ordem, porém ao escrever não era criterioso e nada mais do que um leviano que inventava situações a seu belo prazer. E num dos seus livros “Ortodoxia Maçónica” (Orthodoxie Maçonnique) ele afirmou que o Barão de Tschoudy era o fundador do Rito Adonhiramita e, também ele “criaria” o 13º grau do Rito. 

Entre as suas várias balelas existe mais uma, ao afirmar que Elias Ashomole teria sido o primeiro compilador dos rituais dos graus 1, 2 e 3, quando na realidade Aschmole jamais compilou qualquer ritual. Aschmole quando foi iniciado em 8.10.1646, nesta época não tinha ainda sido organizado o catecismo (ritual) do grau 2, o qual foi criado em 1670 (manuscrito Sloan, 3 -1696), e muito menos o 3º grau criado em 1725 e incorporado na ritualística em 1738.

Desta forma, inventando, ele atribuiu a paternidade do Rito Adonhiramita ao Barão de Tshoudy. Só que em 1871 Tschoudy tinha falecido 12 anos antes. Logo, ele jamais poderia ter fundado o Rito Adonhiramita.

Após 1785 Guillerman Saint-Victor escreveu e publicou a tradução de um trabalho alemão a respeito do Grau Noachita ou Cavaleiro Prussiano, de autoria do alemão M. de Beraye e este artigo apareceu publicado no Journal de Trévoux.

Ragon e Thory intrometeram-se, sem nenhuma razão especial interpretaram a publicação como sendo mais um grau, o 13º grau, embora Saint Victor houvesse publicado a tradução por mera curiosidade sem intenção de criar mais um grau. Esta tradução era um grau alemão que nada tinha a ver com os 12 graus já estabelecidos do Rito.

Ragon inseriu o novo grau na parte final da segunda parte do trabalho de Saint Victor e o 13º grau acabou sendo incluído no Rito. Também, seria o 13º grau segundo alguns autores, uma homenagem a Frederico II da Prússia, Maçom e que foi benfeitor da Ordem numa época em que ela se achava em progresso, mas muito perseguida.

Fica assim esclarecido este erro histórico causado por um escritor Maçom até certo ponto inescrupuloso e que apesar de escrever bem e ser culto não media as consequências do que escrevia. Ele terminou desacreditado no final do século XX. Ele era ainda muito citado em trabalhos até há cerca de 30 a 40 anos atrás, por escritores maçons brasileiros e estrangeiros, que não conheciam a verdade sobre o famoso Ragon.

Ainda existem irmãos atualmente no Brasil que afirmam ter sido o Barão de Tschoudy o fundador do Rito Adonhiramita bem como citam Ragon como referência bibliográfica nos seus trabalhos, que costumeiramente ainda se lê nas revistas, ou livros maçônicos.

Existe um Rito da “Estrela Flamejante” (L’etoile Flamboyant) fundado em 1766, portanto três anos antes desenlace do Barão e que foi realmente fundado por ele. Era um rito composto de 15 graus. Tschoudy era um Maçom ativo e honesto.

Ele não tem culpa se Ragon o colocou como fundador da Maçonaria Adonhiramita. Quiseram imputar a fundação de outro rito à Tschoudy, ou seja, o Rito de Tschoudy Reformado de seis graus. Mas, igualmente quando fundaram este Rito o Tshoudy já tido partido para o Oriente Eterno já há alguns anos. Tshoudy era particularmente contra os Altos Graus.

Ele também pertenceu ao Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente, que foram os criadores do Rito de Heredon de vinte e cinco graus. Aliás, este Rito foi a fonte, foi a raiz dos demais ritos que hoje conhecemos pertencentes à vertente francesa, inclusive o Rito Adonhiramita.

Com relação à história da criação do Rito Adonhiramita em si tudo começou em 1743 quando um escritor profano compositor musical escrevendo vários livros cerca de dez, sobre música, teatro, pertencente à Academia Real de Música de França de nome Louis Travenol, usando o pseudónimo de Leornard Gabanon escreveu um livro contra a Maçonaria intitulado de “Catecismo dos Francos Maçons” (Cathécisme de Francs Maçons) onde descreveu uma série de fantasias e mentiras, porem com algumas informações corretas que coincidiam com a maçonaria praticada na época, além da descrição do 3º grau completo como era praticado.

 E ele coloca em cena o nome de Adonhiram que até então não existia na lenda a qual apesar de ser nova, criada há poucos anos só se conhecia o personagem Hiram Abiff.

Em 1742, o Abade Gabriel Luiz Calabre Perau escreveu um livro “A Ordem Maçónica Traída e os seus segredos revelados” (L’Ordre des Francs Maçons Trahi et leur secrete revélé) publicado em 1745 em Genebra que era confundido com a obra de Travenol.

Ambos os livros mencionam Adonhiram, mas a obra de Perau era mais uma descrição de canções e hinos cantados durante as sessões maçônicas, enquanto Travenol descreveu o 3º grau e a sua lenda como eram conhecidos na época, mas colocando em evidência o personagem bíblico Adonhiram.

A obra de Perau é aqui citada porque muitos historiadores confundiram o título com a obra de Travenol. Perau propôs-se apenas revelar os segredos da Maçonaria, mas não denegrir a Ordem a exemplo de muitos escritores da época faziam, aliás, como o próprio Travenol.

Em 1744 Travenol lança outro livro “Compêndio da História de Adonhiram Arquiteto do Templo de Salomão” (Abrége de L’Histoire D’Adoniram, Architecte du Temple de Salomon) onde ele disseminou de vez a confusão entre Adonhiram com Hiram Abiff.

A partir daí os ritualistas maçônicos dividiram as opiniões pois para alguns seriam os mesmos personagens da lenda, enquanto para outros se tratava de personagens diferentes. Interessante como os maçons davam importância para a obra de um profano.

E acresça-se que era um profano escrevendo contra a Ordem. Parece que eles próprios não tinham segurança na redação dos seus rituais e as suas lendas. Aproveitavam o conteúdo dos livros escritos por profanos como fonte de referência, pelo menos naqueles conceitos e história que se podia aproveitar deixando de lado as mentiras, invenções e ficções.

Mas as obras de Travenol de qualquer forma influenciaram o início da Maçonaria Adonhiramita. Mas não foi o único autor a escrever livros que influenciaram a própria Maçonaria. Muitos anos antes em 1730 Samuel Prichard fez o mesmo, publicou todos os segredos da Maçonaria inglesa até aquela data. E esta obra é estudada até hoje pelos cientistas maçônicos da Loja Quatuor Coronati, nº 2076 de Londres. Por ironia trouxe muita informação correta necessária para Maçonaria de hoje.

Mas quanto Adonhiram alguns ritualistas da época mantinham uma situação dualista, mas não concordavam quanto à função de cada um dos personagens na construção do templo de Salomão. Um era hebreu, o outro era fenício. Interessante, que tudo começou a partir de um livro escrito contra a Ordem, nascendo daí o embrião de um movimento maçónico que logo mais se tornaria a Maçonaria Adonhiramita.

Em 1747, o livro Catecismo dos Francos Maçons (Cathecisme des Francs Maçons) foi reeditado, voltando a enfatizar o personagem Adonhiram.

Ainda em 1749 Travenol publicou “Novo Catecismo dos Francos Maçons” (Nouveau Cathecisme des Francs Maçons) onde ele publica práticas ritualísticas dos Modernos, que constituem uma referência sobre o Rito Francês.

Um grupo de maçons ritualistas sustentava que Adonhiram tinha sido um subalterno, um mero arrecadador de impostos ao passo que o outro grupo achava que ele seria o verdadeiro personagem da lenda do 3º grau.

Desta forma nasceu a Maçonaria Adonhiramita defendida pelo grupo de Guillerman cuja lenda seria diferente da Maçonaria Hiramita com relação ao principal protagonista dela, mas que no fim os atributos e finalidade dos personagens eram os mesmos. Ambas as correntes tinham a mesma meta, onde existia muita convergência na redacção das lendas, levando-se em conta que se assemelham muito, pois ambas tratavam da construção do templo de Salomão e o seu provável construtor.

Evocando os Landmarks que afirmam a exigência da lenda do 3º grau baseada em Hiram Abiff estes foram contrariados quanto a um dos personagens principais defendido pelos maçons Adonhiramitas. Mas e daí? Por acaso a Maçonaria Adonhiramita também não cultua Adonhiram um personagem bíblico com as mesmas características simbólicas do Hiram Abiff também bíblico?

E outra pergunta considerada lógica e coerente: tanto um como o outro tinham qualificações para ser o mestre de obras, o construtor mór do templo de Salomão? Não tinham por que o Hiram, o fenício era trabalhava com bronze, que hoje o chamaríamos de metalúrgico. Era um artífice em fundição de bronze.

O que ele entendia de construção para ser a principal figura da edificação do templo? E o outro, o hebreu o Adonhiram era administrador e coletor de impostos ou como a Bíblia afirma noutro local, um preposto às corveias, por ocasião do Templo de Jerusalém.

Para esclarecer o que é corveia era o trabalho gratuito que no tempo do feudalismo, o camponês era obrigado a prestar serviços ao senhor ou ao estado. Trabalho escravo, portanto. Também não teria também qualificação para ser o mestre de obras do sumptuoso e famoso templo.

E a própria Bíblia causa as confusões, pois ela é repleta de contradições gritantes. Existem vários Hirans Hirão e mais de um Adonhiram, Adoniram Adoram ou nomes parecidos. Mas este detalhe não altera o arcabouço geral da lenda do 3º grau feita por maçons. Por quê? Porque a principal função da lenda não é a de se ficar discutindo confusos personagens bíblicos.

E ainda tem que se considerar que tanto a Maçonaria Hiramita como a Adonhiramita promoveram, isto na lenda do 3º grau um personagem secundário para ser o arquiteto ou construtor ou superintendente do Templo. Isto seria impossível e improvável atualmente. Tanto Hiram Abiff como Adonhiram não teriam capacitação técnica para ser o construtor do templo de Salomão. Mas lenda é lenda e daí? Lenda é lenda, é fácil fabricar uma. A lenda de Hiram ou Adonhiram não fugiu à regra.

Ainda levando-se em conta o que é uma lenda que segundo os dicionários é “uma narração escrita ou oral de caráter maravilhoso, relatando fatos históricos antigos na qual estes são deformados pela imaginação popular ou pela imaginação poética” (Aurélio).

Logo, uma lenda pode ser alterada, antes de tomar o a redação final, pois ela contém factos verdadeiros e fatos irreais e não tem compromisso com a realidade e nem com a verdade, mas sim com a mensagem e o recado simbólico que ela transmite o exemplo que ela estabelece e impõe a um grupo ou à sociedade. Ela vale pela mensagem que passa aos adeptos.

Já o mito tem diversas explicações, mas uma delas seria complementando o conceito de lenda que seria uma imagem simplificada de pessoa ou de um acontecimento, não raro ilusório elaborado ou aceito pelos grupos humanos e que representa papel significativo de comportamento. Seria o produto, o herói da lenda. Todo povo, nação, grupo de homens, religiões, ou a própria Maçonaria precisam de um mito para sobreviver.

O esplendor da lenda Hiramita ou Adonhiramita não está na defesa deste ou daquele personagem, já que no caso ambos os personagens foram emprestados da Bíblia, mas sim na influência e identidade da lenda com o mito solar. Poucos autores mencionam este fato. Parece que o mantém oculto. A lenda do 3º grau é totalmente influenciada pelos cultos solares da antiguidade, tendo o seu similar mais aproximado na lenda egípcia de Osíris.

Mas destacam-se ainda na lenda do 3º grau as influências das manifestações religiosas e místicas dos povos antigos como os sumerianos, dos persas, dos gregos. Especialmente do mitraísmo, que era uma religião pagã, que adorava o sol e que foi tornada ilegal e o cristianismo oficial pelo Imperador Teodósio em 391.d.C numa ocasião em que ela disputava com o cristianismo quase que em igualdade de condições, qual religião prevaleceria. O cristianismo copiou muita coisa do mitraísmo, dando outros nomes.

A influência do mito solar vem também inserida nos rituais de todos os ritos, quando se faz os diálogos entre o Venerável e os Vigilantes. Na abertura e encerramento ritualísticos das sessões eles descrevem o nascimento, morte e renascimento do sol diuturnamente. É uma referência.

É a descrição do trajeto descrito pelo sol, símbolo principal dos antigos e de todas as religiões naturais antigas. Por isso se diz que a Luz vem do Oriente. O Venerável lembra ou representa o sol dos antigos. Ainda vem a afirmação importante nesta lenda do conceito do nascer, morrer e renascer, um dos principais ensinamentos do 3º grau.

Não se quer atribuir aos rituais maçônicos e nem à própria Maçonaria que ela seja um produto do mito solar. Mas sofreu a sua influência assim como foi influenciada por tantas outras culturas e religiões naturais antigas e principalmente da Bíblia.

A lenda do 3º grau sofreu todas estas influências e foi adaptada para a Maçonaria. Foi uma lenda bem manipulada, construída para nortear a Ordem na sua caminhada através dos tempos e que provou estar correta, pois hoje quer a Maçonaria Adonhiramita, ou a Maçonaria Hiramita tem o seu herói-símbolo, ou seja, o seu mito, fazendo parte de uma mesma lenda, ou seja, a lenda do 3º grau.

“Os autores do ritual do 3º grau, ainda desconhecidos apelaram para todos os recursos da sua imaginação e de uma erudição tão vasta quanto incoerente, produziram um monstro enigmático, cujas pesquisas, as mais conscienciosas não puderam descobrir a sua verdadeira origem”

(Le Foriestier)

Hercule Spoladore – Loja de Pesquisas Maçônicas Brasil – Londrina – Pr.

Bibliografia

CASTELLANI, José Liturgia e Ritualística do Grau de Mestre Maçom

Em todos os Ritos – Editora “A Gazeta Maçônica” – São Paulo, 1987

CARVALHO, Assis Ritos e Rituais – volumes 1,2,3. – Editora “A Trolha” – Londrina, 1993

PERAU, Gabriel Louis Calabre – A Ordem Maçônica Traída e os seus Segredos Revelados – Tradução de Ataualpha José Garcia – Editora “A Trolha” – Londrina, 2001

Original: “L’ordre des Francs Maçons Trahi, et leur Secret revélé” A L’Orient, Chez G. de L’lEtoile, entre L’esquerre & le Compass, vis-à vis du Soleil couchant, 1745”

O RITO ADONHIRAMITA – HISTÓRIA – Publicação feita pelo Sublime Capítulo Adonhiramita do Brasil – Florianópolis – Santa Catarina

 

  

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