INTRODUÇÃO
Este trabalho
tem como objetivo trazer a tona as sutilezas da vaidade humana, suas
manifestações e como vigiar para que ela não se torne maior que as virtudes de
um homem comprometido com um comportamento ético, moral e virtuoso.
DESENVOLVIMENTO
O que o é
Vaidade? Qual sua definição? Segundo o dicionário Aurélio a vaidade pode ser
definida como o excessivo desejo por merecer a admiração dos outros. O
dicionário diz ainda que o vaidoso pode ser considerado presunçoso ou
convencido, orgulhoso, arrogante e fútil. A vaidade consiste em uma estima
exagerada de si mesmo.
Hoje muito
utilizada para a beleza, mas também com aplicação no campo do intelecto. Para
entendermos melhor o significado da palavra vamos entender sua tradução em
Hebraico e no Grego e seu significado em tempos antigos.
Vaidade em
hebraico advém de duas palavras, Habel, Shav, que significa vazio, oco. Seu uso
no Antigo Testamento estava relacionado ao abandono do único Deus verdadeiro e
a busca por ídolos que não podiam satisfazer as necessidades de Israel pelo
simples fato de não existirem.
A adoração a
ídolos, tornou-se então sinônimo de vaidade, pois era como se o povo israelita
estivesse buscando ajuda no vazio. No Grego a palavra é representada pelo
substantivo “mataiotes” e significa vazio. Não há qualquer relação entre
vaidade e o uso de joias, roupas ou ornamentos. Seu significado, em primeiro
lugar, refere-se ao mundo criado que, no pecado e sem preencher o propósito
inicial para o qual foi criado, tornou-se vazio.
A vaidade está
ligada ao orgulho, ostentação, presunção, futilidade e a soberba. E sua
manifestação em geral ocorre sob o desejo de atrair a admiração de outras
pessoas. Toda pessoa cria uma imagem de si mesma com o objetivo de ser admirada
pelas pessoas que a cercam. Desta forma podemos afirmar que mesmo em diferentes
graus, todos somos vaidosos.
Ela é como um
câncer, existe silenciosa dentro dos corações de todos os seres humanos e
precisa apenas de uma motivação para ser despertada. Justamente por seu
silencio não é difícil cair no vazio da vaidade, assim como um câncer ela pode
ser percebida somente quando já tenha provocado danos ao seu hospedeiro. Da
mesma forma seu tratamento não é menos doloroso uma vez que um coração tomado
pela vaidade sofre para se desligar de tudo aquilo que o havia contaminado.
O tratamento
consiste em remédio não menos doloroso pois, a fim de controlar a doença da
vaidade o homem que a descobre em si, tem que eliminar em sua maioria aquilo
que a alimenta e a torna nociva. Sócrates combatia a visão poética que buscava
enaltecer as qualidades de figuras públicas pontuais de forma que servissem de
exemplo a ser seguido.
Contudo defendia
que todos deveriam buscar de forma igualitária o crescimento intelectual no
qual o melhor argumento filosófico seria o vencedor, mas não teria sua verdade
como única e imutável. Desta forma podemos entender que, embora no íntimo de
cada ser a busca pelo conhecimento deva ser infindável e que por vezes aqueles
que dedicam maior parte de seu tempo na busca pelo conhecimento possam se
destacar perante seus semelhantes, o conhecimento adquirido já tem demonstrado
ao longo de milhares de anos da história da humanidade que uma verdade tem seu
tempo, mas que o tempo não tem uma única verdade.
Devemos,
portanto nos tornar constantemente vigilantes quanto a nossa postura enquanto
dominantes de um determinado conhecimento. Para que este sirva sim de
inspiração para as pessoas que nos cercam. Para que estas pessoas sintam em seu
âmago o mesmo desejo infindável pela busca do saber. E vigiar para que tal
conhecimento não se transforme em orgulho, ostentação e não nos torne
presunçosos ao ponto de reprimir nosso semelhante que ainda não tenha alcançado
a mesma desenvoltura intelectual.
Fazendo uma
analogia com a vida pública Sócrates, no que tange a política ainda afirmava
que “Quem combate verdadeiramente pelo que é justo, se quer ser salvo por algum
tempo, deve viver a vida privada, nunca se meter nos negócios públicos”.
Fazendo um contraponto
era uma afirmação de Sócrates que uma pessoa que não se interessava por
política poderia ser considerado um inútil para a sociedade. No entanto o
interesse pela política não consiste em tornar-se um político. E sim em dominar
o conhecimento e as artimanhas envolvidas na política para não ser um ser
manipulável e manter o senso crítico aguçado.
A vida pública
ou em grupos sociais tende a destacar seus membros mais despojados e com melhor
desenvoltura tanto no raciocínio lógico quanto de oratória.
No entanto os
aplausos e o reconhecimento público são uma armadilha e um gatilho fácil para
desencadear a doença chamada vaidade. Então como combater a vaidade? Como
identificar em si mesmo comportamentos vaidosos? Façamos uso da Virtude que no Latim
se pronuncia Virtus, é uma qualidade moral particular. É uma disposição da alma
de praticar o bem. E revela mais do que uma simples característica ou aptidão
de praticar o bem, trata-se de uma verdadeira inclinação. São todos os hábitos
que por sua prática constante levam o homem a praticar o bem, quer como
indivíduo, quer como espécie, quer pessoalmente, quer coletivamente.
Segundo
Aristóteles, é uma disposição adquirida de fazer o bem, e se aperfeiçoa com o
hábito. As virtudes humanas ou cardinais, são perfeições habituais e estáveis
da inteligência e da vontade humanas.
Elas regulam os
atos humanos, ordenam as paixões humanas e guiam a conduta segundo a razão e a
fé. Elas 4 são adquiridas e reforçadas por atos moralmente bons e repetidos.
Entre as virtudes humanas são sempre destacadas as cardeais:
A “Prudência”
que dispõe a razão para discernir em todas as circunstâncias o verdadeiro bem e
escolher os justos meios para o atingir. Ela conduz a outras virtudes,
indicando-lhes a regra e a medida, sendo por isso considerada a virtude mãe
humana;
A “Justiça” que
é uma constante e firme vontade de dar aos outros o que lhes é devido;
A “Fortaleza”
que assegura firmeza nas dificuldades e constância na procura do bem;
A “Temperança”
que modera a atração pelos prazeres, assegura o domínio da vontade sobre os
instintos e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados, sendo por isso
descrita como a prudência aplicada aos prazeres.
Para contrariar
e se opor aos sete pecados capitais, existe também um outro tipo de organização
das virtudes que é baseada nas sete virtudes: castidade, generosidade,
temperança, diligência, paciência, caridade e humildade.
A Virtude na
filosofia foi tema recorrente desde a sua origem. Para Platão as virtudes são
características essenciais que possibilitam a uma pessoa ter uma vida feliz e
proveitosa. Essas Virtudes seriam sabedoria, coragem, temperança e justiça, ideia
muito semelhante as das chamadas virtudes cardeais. Para Aristóteles não
existem virtudes inatas, pois elas seriam adquiridas com a reflexão e a
experiência. Para ele tudo o que contribui para completar com excelência a
natureza humana é chamado de virtude, e agir conforme a razão seria a mais
importante das virtudes.
Na filosofia
clássica grega as ideias de felicidade e de virtude sempre estiveram
conectadas. Entretanto, nunca houve um consenso se as virtudes eram as
condições necessárias para uma vida feliz ou se a felicidade é que era uma
condição para a virtude.
O filósofo
alemão do século XVIII Immanuel Kant retoma o tema. Para ele as virtudes não
fazem de ninguém uma pessoa feliz, mas são elas que tornam alguém digno de
felicidade. Enfim, um homem virtuoso não é sem desejos, instintos ou paixões,
mas é mestre e controlador destes.
Para a virtude
existir deve haver um esforço e combate constantes. A virtude é forte,
vigorosa, ativa, livre de paixões, mas sublime em proporção a energia da paixão
que subjuga. Trabalhar pelos outros ou pela humanidade é obter a mais alta
eminência da virtude, uma eminência que mesmo o mais pobre cidadão pode buscar.
Não há prazeres ou verdades maiores que tentaram e perseguir a vitória sobre
nossos próprios instintos, ânsias e paixões. Algumas virtudes importantes
também são encontradas na Ordem DeMolay que faz referência e cultivo de algumas
virtudes que são o amor filial, reverência pelas coisas sagradas, cortesia,
companheirismo, fidelidade, pureza e patriotismo.
CONCLUSÃO
Este trabalho
remete o M.’.M.’. aos ensinamentos sutis e subentendidos desde o ritual de
iniciação onde o A.’.M.’. ávido pela busca do saber trilha toda uma caminhada
para formação de uma base sólida, passa pelo G.’. de C.’.M.’. onde aprende que
será ele as colunas de sustentação de todo um conhecimento maior e carregado de
responsabilidades que tem suas faces fascinantes pela consciência daquilo que
antes era escuridão e agora pode ser tornar luz ou um veneno amargo se a
vigilância constante pela manutenção dos valores morais, éticos e de
fraternidade não forem um objeto de reflexão diários.
Espera-se com
este trabalho reavivar a mente e a consciência de todo M.’.M.’. de que todo
conhecimento acumulado ao longo de uma vida não terá um aproveitamento pleno,
sem um propósito alinhado com os valores morais e de verdadeira fraternidade.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS ______. Platão, apologia de Sócrates & críton. São Paulo:
Hunter Books, 2013.
CAMINO, Rizzardo
da. Simbolismo do terceiro grau. 5 ed. São Paulo: Madras, 2014. ______.
Aristóteles, poética e tópicos I, II, III e IV. São Paulo: Hunter Books, 2013.
FERREIRA,
Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário aurélio básico da língua portuguesa. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
Charles Claudio Scheel
Confederação Maçônica do Brasil – COMAB Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC
A.’.R.’.L.’.S.’. Colunas da Sabedoria nº 130 Oriente de Joinville (SC)
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